Mangueira querida

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6840732


Autoria:
Margareth Rosa Lopes


Minhas lembranças de família começam na casa de Mangueira. Eu sempre ouvi as histórias que minha mãe contava sobre as casas em que moramos, na Rua Alegre e na Rua Jorge Rudge, antes de virmos para a Rua V de. de Niterói 238 (depois 774), mas sobre elas não guardo lembranças próprias. A casa de Mangueira é hoje um pardieiro, numa favela famosa, sede da escola de samba do mesmo nome. No meu tempo de infância foi um lugar delicioso onde encontrei segurança, conforto e amizade para me formar no exemplo de meus pais, na observação do meio pobre em que estávamos encravados e no regime dos colégios que frequentei. Eu me lembro que lia muito, em cima da caixa d água do Bartolete, à sombra de uma caramboleira, onde as horas se passavam rápidas e gostosas. No quintal o racha de futebol, o jogo de bola de gude, o tiro ao alvo com espingarda de chumbinho, a brincadeira nas árvores de fruta, coisa que na casa de D. Irene era muito melhor por causa das inúmeras mangueiras, cada uma melhor que outra. Essa boa vida até eu entrar para o Realengo, mesmo porque, com a idade os interesses foram se deslocando para outras atividades.

Mas nesse ponto acho que seria bom explicar porque morávamos na Mangueira e não em outro lugar qualquer. A casa da Mangueira tinha sido impingida a meu pai por um oficial da marinha, Cmte. Barreto, que se endividara no Ligneul Santos e Cia (casa de rádio e discos fundada por meu pai) a ponto de não poder mais resolver a situação, senão dando a casa (já um problema) em pagamento. Meu pai não teve escolha e nós vivemos lá dezenove anos, até 1946, quando as condições de deterioração do bairro, praticamente nos expulsaram para as Laranjeiras, onde fomos morar numa casa alugada, no número 19 da Rua Tibagy, hoje Eugênio Hussak. A casa de mangueira foi mais tarde desapropriada pelo governo da cidade, mas continua de pé, servindo de abrigo a famílias de baixa renda que a invadiram após a desapropriação.

Mesmo não tendo sido uma escolha de meu pai, a Mangueira continua sendo uma lembrança feliz para todos nós que vivemos nela infância e adolescência. Quem de nós pode se esquecer dos domingos, quando reuníamos amigos e parentes, gente especial, nos almoços de família e nos aniversários? E a transmissão dos jogos de futebol, pelo “espiquer” da rádio clube, para o pessoal do morro que se juntava na rampa gramada, à frente de nossa casa? E os almoços de mais cerimônia, (começando com a sopa de cebolas de D Iracema) para os amigos de S. Paulo? A casa era simples e não conhecíamos refinamentos de gente rica como quadros e tapetes, mas comida tínhamos da melhor, porque disso papai fazia questão. Do Maielo, no mercado da praça XV, o velho trazia tudo de bom, Hábito de certo aprendido da época em que vovô Ligneul estivera bem. Papai, mamãe, meus irmãos, vovó Constança, tios Victor e Waldemar, que às vezes moravam conosco, nossas empregadas e seus filhos, companheiros de brincadeira com Beleléu, por exemplo…

A casa era antiga, construção de 1895, o pé direito alto, janelas com grades se bem que não tivéssemos, normalmente, problemas de segurança. Havia trancas nas portas, mas pela porta de frente, entrávamos levantando o trinco com o dedo pelo lado de fora.

Para nosso conforto, dispúnhamos de todos os aparelhos modernos que começavam a chegar, importados dos Estados Unidos, pois papai trabalhava com esses artigos em sua loja comercial e era o primeiro a experimentá-los quando apareciam. Assim é que, já em 1930, nós tínhamos geladeira, máquina de lavar, rádios e vitrolas, e tudo mais que aparecesse do gênero. Tínhamos também um automóvel, um modesto e já antiquado Ford 29, no qual conhecemos a família toda junta, os recantos mais escondidos da cidade e das localidades próximas. Quando passávamos gritavam: Calhambeque! Mas nós continuávamos no “fordeco”, fazendo os passeios de domingo, os piqueniques em Petrópolis ou até em Teresópolis, nesse tempo acessível só pela estrada de Itaipava.

De fordeco íamos ao banho de mar na Urca, praia que naquele tempo não era poluída como hoje, íamos à missa na Candelária aos domingos, passeávamos pelas praias de Ipanema e Leblon, pisando naquela areia branquíssima e fina, que fazia um chiado que até hoje não me sai do ouvido. No fordeco aprendi a dirigir aos treze anos, apesar de todas as aflições de meu pai e instrutor. Nunca me esquecerei de uma dramática volta da pedra de Guaratiba, por estradas esburacadas de terra, quando comecei a sentir dores insuportáveis, que só terminaram à meia noite, numa operação de apendicite supurada. Fui operado com anestesia local, no Hospital Evangélico, pelo Dr. Calmon, mais tarde um conceituado cirurgião, que começava então sua prática.

Na Mangueira, tínhamos um terreno de 22×40, dividido em três platôs. Lembro – me de um galinheiro que era a dedicação de vovó Constança, enquanto viveu conosco. Lembro – me da “Frou – Frou”, uma cadelinha vira-latas, e do “Jumper”, um policial que ganhei de minha madrinha, D Nenzinha, e que caiu em desgraça no dia em que atacou e mordeu D. Constança, minha avó materna. Papai deu o “Jumper”. Havia também uma cabrita, Mimosa, e Celso Ramalho tem uma história sobre ela: Um dia, durante uma daquelas comemorações de família, Celso teria me perguntado: “Essa cabrita dá leite?” Eu lá pelos sete anos: “Olha Celso, que eu sabia, até agora só deu pipi e cocô”.

É dessa época também, a lembrança de uma cabine de revelação fotográfica que, não sei que amigo da onça, deu ao meu pai. Era uma cabine de aglomerado de madeira, muito bem construída, com todo equipamento necessário para revelações fotográficas. Ficou colocada no quintal, atrás do tanque, no caminho para o platô de cima e para o galinheiro. Era uma atração para nós, mas área proibida pelo perigo de ingredientes e pelo valor dos equipamentos. Papai gostava de fotografar, mas daí a passar horas numa câmara escura revelando fotografias ia muita distância. A tal cabine acabou se estragando e foi jogada fora alguns anos depois. Não se pode falar da Mangueira sem recordar a família inteira de D. Irene, Ismar, Irenita, Ivete, Cecy, Iris, Iberê, Ismail, Isa, Artidônio, Seu Leopoldo, Euriquinho, a música em família, a alegria sem muito dinheiro, mas no meio de verdadeira amizade. As mangueiras, de todas as espécies conhecidas, e a delícia de saborear as frutas no pé, trepados nas árvores, sujos e suados até que D. Iracema mandasse chamar para o banho do fim do dia.

Em nosso terreno havia também algumas árvores frutíferas que papai tinha plantado. Por falta de trato adequado, pois tirando vovó, ninguém da família entendia do negócio, as plantas não produziam. Só as árvores davam alguma coisa, como os cajueiros, o sapoti, os abieiros, as jaqueiras e a famosa caramboleira que nascia atrás da cozinha e subia até o platô de cima, cobrindo com sua sombra a laje superior da caixa d água do Bartolete. A propósito, esclareço que essa figura era um italiano, residente no Morro da Mangueira, que alugava barracos aos favelados e lhes fornecia água bombeada de dentro do nosso terreno, um trambique a mais do tal Cmte. Barreto, o que pagou as dívidas com a casa, naquela de pegar ou largar.

Foi mamãe que me ensinou a ler. A cartilha era de Thomás Galhardo e eu não ficava satisfeito com uma lição por dia. Desse modo em quinze dias acabamos com o livrinho. Aí mamãe resolveu me matricular no Colégio das Freiras, no meio do ano letivo. No ano seguinte entrei para a escola pública, na Rua Vde. De Itamarati, depois do Maracanã. Lá cursei os segundo e terceiro anos primários, sendo transferido para a escola Bezerra de Menezes para fazer o quarto ano. No meio do quarto ano aplicaram um teste nos alunos e, conforme orientação do Dr. Anísio Teixeira, Secretário de Educação do Distrito Federal, me promoveram para o quinto ano, para economizar vagas em benefício dos que precisavam mais da escola. E foi assim que, em 1935, prestei exame de admissão para o São Bento e para o Colégio Militar. Passei nos dois e cheguei a cursar o São Bento por um mês, mas quando veio o resultado do CM, mamãe decidiu que eu iria para esse último. Houve um episódio do qual não posso me esquecer, e que, aos dez anos de idade me fez passar muito embaraço. Mamãe fazia muito empenho em que eu entrasse para o CM e nós tínhamos uma amiga, D Meira, que era parente do Mal. Esperidião Rosas, comandante do CM. Ela havia sido apresentada a mamãe por Facy, mulher do meu querido tio Victor. Pois vem daí induziram minha mãe a ir falar com um figurão do CM para pedir um pistolão e eu fui levado junto, no maior constrangimento. No CM tive o desgosto de ouvir o delicado mas severo sermão dirigido por um coronel a minha mãe, talvez porque a tal D. Meira não estivesse com toda aquela bola, mas quem sabe até se porque o coronel, representando o marechal Esperidião, era uma pessoa decente. Mamãe ficou decepcionada e eu muito envergonhado. Veio o vexame e eu provei que não precisava de nenhum favorecimento. Mas a lição foi boa.

Tenho lembranças pouco agradáveis de algumas doenças que nos afligiram, como o crupe que me tirou da escola por mais de quarenta e cinco dias. A doença final de vovó Constança, que foi a primeira morte sentida e chorada por nós. As convulsões de Lalie e Letícia, quando pequenas, muitas vezes socorridas pelo Iris, nosso vizinho. Da operação de apendicite já falei e acabou logo, em menos de quinze dias.

As quintas-feiras eu e Fernando costumávamos ir à casa de Alzira, colega de colégio da mamãe, mulher de Seu João e mãe de Celso, Cida, Alicinha e Cecy. Íamos brincar a pé ao Rocha pela Rua Anna Nery, e passávamos o dia na brincadeira, com direito a um feijão especial no almoço chegadinho a um louro e a carne seca.

Papai saía cedo para a cidade e voltava antes do jantar. Não tinha nunca férias e só ficava em casa quando a asma atacava, de bombinha na mão, fumando cigarros de estramônio, sofrendo com a falta de ar e a ociosidade forçada.

Mamãe decidia tudo em casa sem prejuízo do respeito e da obediência que prestava ao papai. O dinheiro era dado em espécie à mamãe para o dia a dia. Nós nunca tivemos mesada. Dinheiro para um cinema. Com filmes selecionados e aprovados por D Iracema, só na ocasião do evento, caso a caso. Doroti Lamour nem pensar.

Livros eram bem recomendados, mas também passavam por uma censura prévia de D. Iracema que, ela sim, lia tudo. Gostava de ler em francês e falava muito a respeito dos romances de Pierre Loti, Eça de Queiroz, Machado de Assis e muitos outros. Mamãe gostava de tudo que fosse francês a começar por papai. Os dois não perdiam a Comedie Française quando excursionava pelo Rio. O Álvaro charuteiro fornecia as entradas, como cortesia, em retribuição pelo uso da loja, para guardar a mercadoria que usava, em suas andanças, vendendo nas charutarias da cidade.

Nas férias papai sempre achava uma saída de nos proporcionar uma escapada. Uma vez nos mudamos para a Ilha do Governador, onde tivemos umas férias memoráveis, na vizinhança dos grandes amigos Antônio Nóbrega e família. Ginástica pelo rádio toda manhã e depois praia o dia inteiro. Papai e Antônio iam para o Rio de barca trabalhar, todo dia. Nos fins de semana pescaria e, às vezes, queimaduras nos desavisados, de levar para o hospital.

Durante as férias na Ilha ocorreu uma viagem a São Paulo, para o batizado de Irene, filha de Léon e Luiza. Eu fui incluído na comitiva e foi uma grande experiência, de que trouxe impressões guardadas até hoje.

Houve férias em comércio, na fazenda dos Corção, em Lavrinhas, na casa de Adson, filho de Mariquinhas e Catô. Em São José do Rio Preto, na fazenda de Belém, de Paulo Werneck, nas estações de águas, com tio Victor ou tia Alice, etc. Mas papai sempre trabalhando e mamãe no Rio com ele. E vimos da janela as tropas indo e voltando na revolução de 30 e repetimos a dose, em escala maior, na revolução de 32. Nessa até tio Raul embarcou como soldado de engenharia. Foi e voltou são e salvo, cheios de casos para contar aos seus sobrinhos encantados com sua alegria e imaginação.

Nos dias de nevoeiro. Gostávamos de olhar para as linhas da estrada de ferro onde os trens passavam invisíveis, percebidos somente pelo ruído que faziam. Sabíamos todos os modelos e combinações de locomotivas e carros das várias companhias de então, a Central, a Leopoldina dos ingleses, a Linha Auxiliar e a Rio D’ouro.

Das janelas da sala de visitas víamos, além das linhas da estrada de ferro, na mão esquerda da Rua São Francisco Xavier, o movimento da casa dos Braga, nos dias de grande festa. Víamos também as formações de nuvens que, no inverno cobriam a Serra da Tijuca. Com o céu limpo víamos o corcovado em cujo cume observamos toda a construção da estátua do Cristo. No dia inauguração esperamos, em vão, que o Marconi iluminasse a estátua pelo rádio lá de Roma. Dentro da sala mexíamos nos tesouros do papai, naquele móvel onde ele guardava zelosamente seus discos de ópera e música clássica.

Do jardim da frente da casa testemunhamos a passagem dos dirigíveis Zeppelin e Hindenburg que, nas viagem triangulares Berlim- Rio – Nova York, ao chegarem nossa terra, sobrevoaram o vale ocupado pela estrada de ferro, em demanda do campo de pouso, em Santa Cruz.

Em cima da caixa d’água, à sombra da caramboleira li tudo que um filho de D. Iracema podia ler. Passei várias vezes pelo tesouro da juventude, li Julio Verne, todas as histórias infantis e juvenis que me chegaram às mãos além dos livros de literatura séria permitidos. Com Ismar, aprendi a jogar xadrez e ensinei a papai que resolveu aprender nos livros para me ganhar. Estudou sozinho até que conseguiu, e aí não jogamos mais.

O Colégio Militar não conseguiu me tirar do ninho da Mangueira. Além de freqüentar as aulas e estudar em casa de uns poucos colegas não cheguei a me enturmar. Meu ambiente continuava sendo a família, os hábitos os mesmos. Havia umas festinhas às quais nunca fui convidado, mas se tivesse sido, provavelmente, não as teria atendido. As relações sócias de nossa família eram muito limitadas.

Papai, filho de imigrantes já falecidos, não tinha outros parentes que seus quatro irmãos. Victor foi o primeiro a se casar e aí começou o relacionamento com os Palhares, no casarão do Sampaio. Aniversários animados, comas famosas empadinhas de Rosí. Mas Fací morreu logo e Victor curtiu sua viuvez com dedicação total a Marisa e à memória da esposa, continuando a morar no casarão do Sampaio. Enquanto os Palhares lá estiveram. Depois veio a vez de Raúl, que se casou com Amelinha, conhecimento feito no casarão dos Busin, onde o próprio Raúl havia sido criado por seu padrinho francês, após a morte de nossa avó paterna, Eulalie. Finalmente casou-se Waldemar, com Carmem, que trouxe para nosso convívio mais uma família numerosa, que passou a representar um papel importante em nossas relações sociais. Alice nunca se casou e passou a vida entre o seu trabalho no serviço público, suas viagens e passeios pelo Brasil e sua dedicação aos sobrinhos, filhos de seus irmãos.

Uma família assim explica nosso natural isolamento, ainda mais que encontrávamos, em casa, na dedicação de nossos pais, a proteção suficiente para nos integrarmos, progressivamente, àquele Rio de Janeiro, das décadas de 30 e 40, com suas crises, seus preconceitos e suas oportunidades.

Com a entrada para a Escola Militar de Realengo começou, para mim, o distanciamento da Mangueira. Passava a semana no Realengo e só vinha para casa nos fins de semana. Muita coisa mudou lá em casa nessa época de dificuldades criadas pela guerra mundial, que acabou com as importações que eram o negócio de meu pai. Junto com isso aconteceu o desfalque dado pelo o irmão do sócio de papai, que por acaso era, ao mesmo tempo, funcionário da polícia. Meus irmãos menores testemunharam e sofreram mais que eu esse tempo difícil. Mamãe chegou a ter que trabalhar costurando para fora para equilibrar um orçamento deficitário e uma constante insatisfação de meu pai. Eu vinha aos sábados e ia às festinhas dos clubes que recebiam com satisfação os cadetes, mesmo sem dinheiro. Nossa presença era garantia de animação. Havia também as competições com a Escola Naval, a famosa Taça Laje, e outras atividades do mesmo estilo. Eu gastava quase nada, apenas o que me pagavam no Realengo. Na hora de pegar o trem de volta, não só por coincidência, mas muito mais, por bondade, tio Victor estava nos visitando na Mangueira e disfarçava uma nota de vinte mil reis na minha mão. Eu dizia que não era preciso, mas ele insistia e minha vida ficava mais folgada. Na escola me pagavam quarenta mil reis por mês, menos o desconto da lavanderia que não era barato.

A Mangueira não acabou completamente quando saí aspirante. Fui para Itajubá, onde fiquei sete meses, e depois para Mato Grosso, de onde voltei em princípio de 1945, quase ao fim da guerra. E voltei para a Mangueira. Morei lá como Tenente, servindo no CPOR, em São Cristovão. Ia e voltava de trem elétrico e andava a pé a Rua Vde. de Niterói, nesse tempo já bem diferente pela invasão de novos moradores resultantes da destruição do mangue pelo chefe de polícia Gen. Etchegoyen. Nossa Mangueira estava chegando ao fim. No início de 1946 fui classificado na AMAN como instrutor do curso de engenharia. Fui morar no quarto piso da academia e deixei a Mangueira para os últimos fins de semana que ainda viria a passar com meus pais antes de se mudarem para as Laranjeiras. A guerra acabada, o ladrão afastado, novas importações, agora da Inglaterra, que nos devia muito e deu calote, e papai melhorou a ponto de poder se mudar trocando os velhos móveis e renovando toda a casa. A essa altura Fernando era Cadete, Martha e Lalie estudavam no Liceu Francês, e Letícia foi para o Sión. No fim do ano fui contemplado com uma oportunidade inesperada. Mandaram-me fazer um curso em Fort Belvoir Va. USA.

Mangueira tinha acabado. Mamãe, porém não se cansava de dizer que lá ela tinha sido feliz. Todos nós tínhamos sido felizes.

Memórias de Hugo José Ligneul