REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6640394
Autores:
Jefferson Luiz de Aguiar1
Josimar de Lima Souza2
João Flávio Rodrigues de Souza3
Silviane Galvan Pereira4
Beatris Tres5
RESUMO
Introdução. O envelhecimento individual caracteriza-se por um declínio das funções dos diversos órgãos do corpo, sendo linear e irreversível ao longo do tempo. O envelhecimento populacional ocorre a nível coletivo devido ao aumento da proporção de idosos na população total, e pode ser entendido como a mudança na estrutura etária de uma população. A transição etária da população tem aumentado a expectativa de vida do povo brasileiro e, consequentemente gerado novos desafios para a sociedade. Há a necessidade de conhecer as condições de saúde e vida dos idosos e as causas determinantes envolvidas no processo de envelhecimento. Sabe-se que velhice não é sinônimo de doença, mas que existe uma alta prevalência de doenças crônicas nesta população, o que exige o planejamento de políticas públicas de saúde focadas nas necessidades do idoso. Objetivo. Descrever o perfil epidemiológico dos idosos cadastrados no Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saúde – SIGSS da Unidade Básica de Saúde do Distrito de Vista Alegre – Município de Missal. Método. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, do tipo exploratório-descritivo. A coleta de dados foi realizada conforme dados dos idosos cadastrados e ativos no sistema, que atualmente contêm 193 idosos que estão aptos à amostra, de ambos os sexos, contendo 60 anos ou mais. Resultados. Do total de cadastros, 57,10% são do sexo feminino, 42,90% do sexo masculino. O principal problema de saúde detectado foi a Hipertensão Arterial, com 73,05% dos cadastrados, seguido de 14,50% com Diabetes. Há um percentual elevado de 42,48% do total, que exercem práticas integrativas e complementares. Evidenciou-se expressiva ausência de doença respiratória e cardíaca, o que de fato é um quadro satisfatório para essa população. Conclusão. O perfil epidemiológico dos idosos investigados no município de Missal, mostrou que a maior parte dos idosos possuem hipertensão arterial e diabetes. Apesar das doenças podemos ver que grande parte dos idosos estão no peso adequado e realizam práticas integrativas e complementares. Os resultados apresentados e analisados, mostram idosos que ainda, que, fossem portadores de alguma doença, apresentam um quadro bom de saúde.
Palavras-chave: Epidemiologia, Idosos, Envelhecimento, Doenças.
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento individual caracteriza-se por um declínio das funções dos diversos órgãos do corpo, sendo linear e irreversível ao longo do tempo. Seu início não é bem definido, até que apareçam as primeiras alterações funcionais ou estruturais características do envelhecimento, sendo diferente de um indivíduo para o outro (COIMBRA, 2008).
O envelhecimento populacional ocorre a nível coletivo devido ao aumento da proporção de idosos na população total, e pode ser entendido como a mudança na estrutura etária de uma população. No Brasil, o declínio da fecundidade de forma rápida e sustentada e a redução da mortalidade infantil é o que tem provocado e acentuado o envelhecimento (VERAS, 2009).
A transição etária da população tem aumentado a expectativa de vida do povo brasileiro e, consequentemente gerado novos desafios para a sociedade. Há a necessidade de conhecer as condições de saúde e vida dos idosos e as causas determinantes envolvidas no processo de envelhecimento. Sabe-se que velhice não é sinônimo de doença, mas que existe uma alta prevalência de doenças crônicas nesta população, o que exige o planejamento de políticas públicas de saúde focadas nas necessidades do idoso (DRIUSSO; CHIARELLO, 2007).
Dos 210 milhões de brasileiros 37,7 milhões são pessoas idosas, ou seja, tem 60 anos ou mais, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE, 2021). Segundo a Projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2021, no estado do Paraná a população idosa representa 16% da população paranaense, correspondendo aproximadamente a 1,8 milhões de habitantes, tendo um aumento de 4,8% em relação ao último Censo do IBGE de 2010.
Para entender como os idosos vivem em nossa sociedade, fazer prevenção de riscos, planejar políticas de saúde e compreender o processo de envelhecimento é necessário dispor de dados. A informação é essencial nos serviços de saúde para ajudar a solucionar problemas, atingir metas e facilitar a gestão, sem dados é impossível tomar decisões (BORGES; COIMBRA, 2008).
A todo o momento, profissionais da saúde produzem informações através do preenchimento de fichas, relatórios, alimentação de programas. A produção de dados em saúde não se finda a isso, ela é apenas um meio de melhorar a atenção à saúde, determinar prioridades, instrumentalizar e monitorar situações (BORGES; COIMBRA, 2008).
Considerando-se esses aspectos buscou-se descrever o perfil epidemiológico dos idosos cadastrados no Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saúde – SIGSS, da Unidade Básica de Saúde do Distrito de Vista Alegre, Município de Missal, identificando o estado geral de saúde dos idosos, diagnosticando as doenças mais determinantes.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, do tipo exploratório-descritivo, os estudos exploratórios visam propiciar uma familiarização com o problema, possibilitando assim uma maior explicitação do mesmo permitindo o levantamento de novas hipóteses para pesquisas futuras.
A pesquisa foi realizada na Unidade Básica de Saúde do Distrito de Vista Alegre, município de Missal-PR, utilizando um programa de sistema de informação adotado pelo município, denominado Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saúde – SIGSS.
A coleta de dados foi realizada conforme dados dos idosos cadastrados e ativos no sistema, que atualmente contêm 193 idosos cadastrados e ativos que estão aptos a amostra, de ambos os sexos, contendo 60 anos ou mais. Cadastros inativos e idosos com idade inferior a 60 anos foram excluídos pelo critério de exclusão.
Identificou-se o perfil epidemiológico e clínico de idosos e os resultados poderão servir de base para outros estudos e reflexões acerca da temática, além de fornecer subsídios para planejamento, implementação e avaliação de ações e políticas de saúde pública.
Foi utilizado um software WEB denominado SIGSS, que foi implantado pelo município de Missal-PR em 2002, a qual a Unidade Básica de Saúde do Distrito de Vista Alegre município de Missal-PR, como as demais UBS e ESF do município utilizam diariamente. Esse sistema de Informação está em vigente utilização pela Secretaria Municipal de Saúde, para cadastros e informações de pacientes, contendo uma base de dados completa de toda população, permitindo visualizar relatórios das mais variáveis informações, em especial o perfil epidemiológico da população, como também sexo, idade, doenças crônicas, grau de risco e demais variáveis.
A análise das informações relacionadas ao perfil epidemiológico dos idosos foram tabuladas e analisadas estatisticamente, sendo sintetizadas em uma tabela do Microsoft Word Office 19. Estudo aprovado pelo CEP sob parecer número 5.189.806.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados 193 cadastros individuais no SIGSS da Unidade Básica de Saúde do Distrito de Vista Alegre do município de Missal-PR, referente aos dados sociodemográficos e condições de saúde dos idosos que possuem sessenta anos ou mais.
Do total de cadastros, 57,10% são do sexo feminino, 42,90% do sexo masculino. Em relação a escolaridade e situação no mercado de trabalho, 72,10% possui ensino fundamental 1ª a 4ª série, 89,63% são aposentados/pensionistas.
TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS DADOS SÓCIODEMOGRÁFICOS DOS IDOSOS COM 60 ANOS OU MAIS CADASTRADOS NO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DE SAÚDE E SERVIÇOS DA UNIDADE BÁSICA DO DISTRITO DE VISTA ALEGRE – MUNICÍPIO DE MISSAL/PR
| DADOS SÓCIODEMOGRÁFICOS | N | % |
| SEXO Feminino Masculino | 111 82 | 57,10% 42,90% |
| NACIONALIDADE Brasileiro | 193 | 100% |
| ESCOLARIDADE Ensino Fundamental 1ª a 4ª série Ensino Fundamental 5ª a 8ª série Ensino Fundamental completo Superior, Aperfeiçoamento, Especialização, Mestrado, Doutorado Nenhum | 139 25 01 05 23 | 72,10% 12,95% 0,51% 2,53% 11,91% |
| SITUAÇÃO MERCADO DE TRABALHO Empregador Assalariado com carteira de trabalho Assalariado sem carteira de trabalho Aposentado/Pensionista Desempregado Não trabalha | 05 04 03 173 03 05 | 2,59% 2,09% 1,55% 89,63% 1,55% 2,59% |
Os Sistemas de informação constituem em um recurso estratégico, com acesso fácil e rápido aos dados, sendo adequadamente armazenados, processando informações relevantes, facilitando a utilização para a tomada de decisões dos profissionais da saúde, auxiliando na agilidade do atendimento (MOTA; PEREIRA; SOUSA, 2014).
Segundo estudo de Nicodemo e Godoi (2010), a expectativa de vida geral das mulheres aumentou significativamente durante os anos, o que leva um aumento maior no número de mulheres idosas na população brasileira, conforme observado na Tabela 1. A expectativa de vida dos homens passou de 72,8 para 73,1 anos e das mulheres de 79,9 para 80,1 anos (IBGE, 2020). Segundo o Censo de 2010 o total de habitantes do Município de Missal é 10.474 dos quais 15,4% são idosos.
Observando os dados da atual transição demográfica sob a ótica e gênero constatou-se um aumento do número de mulheres, classificado como a feminização da velhice, sendo resultado de uma desigualdade de gênero na expectativa de vida e que por isso existe essa proporção maior de mulheres do que homens nesse grupo populacional, as mulheres vivem em média, oito anos a mais do que os homens (BANDEIRA; MELO; PINHEIRO, 2010).
A escolaridade predominante nesta faixa etária foi o Ensino Fundamental de 1º a 4º série. Freire (2003) ressalta que vem aumentando a consciência de que os idosos podem sentir-se mais felizes e realizados e de que, quanto mais forem atuantes e estiverem integrados em seu meio social, menos ônus trarão para a família e para os serviços de saúde.
Segundo Kuchemann (2012) o número de aposentados e pensionistas se mostra elevado. O país envelhece a passos largos e esse crescimento da população idosa gera uma série de alterações na sociedade, relacionadas ao setor econômico, ao mercado de trabalho, aos sistemas e serviços de saúde.
As condições de saúde apresentadas na Tabela 2 verificou-se que 73,05% dos cadastrados apresentam Hipertensão Arterial, 14,50% Diabetes. Sendo 10,88% são tabagistas, 2,07% usuário de álcool. Apenas 1,55% teve AVC e 1,03% é acamado. Infarto e câncer apresentam o mesmo percentual de 3,10%. Apurou-se que 2,59% realiza tratamento psiquiátrico/internação por Saúde Mental, entretanto há um percentual elevado de 42,48% do total, que exercem práticas integrativas e complementares. Foi avaliado o percentual referente a Doença Respiratória e Doença Cardíaca, o que representa 1,55% para asma e DPOC e para insuficiência cardíaca 3,10%.
Observou-se que a maioria 79,27% apresenta peso adequado, 17,09%, acima do peso e 3,64% abaixo do peso.
TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS DADOS DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS IDOSOS COM 60 ANOS OU MAIS CADASTRADOS NO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DE SAÚDE E SERVIÇOS DA UNIDADE BÁSICA DO DISTRITO DE VISTA ALEGRE – MUNICÍPIO DE MISSAL – PR
| CONDIÇÕES DE SAÚDE | N | % |
| PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS – DEFICIÊNCIAS Auditiva Física Intelectual/Cognitiva Não têm Deficiência | 02 01 01 189 | 1,06% 0,51% 0,51% 97,92% |
| CONDIÇÕES DE SAÚDE Tabagista Usuário de Álcool Hipertensão Arterial Diabetes Teve de AVC / Derrame Teve de Infarto Câncer Acamado Tratamento com Psiquiatra/Internação por Saúde Mental Práticas Integrativas e Complementares | 21 04 141 28 03 06 06 02 05 52 | 10,88% 2,07% 73,05% 14,50% 1,55% 3,10% 3,10% 1,03% 2,59% 42,48% |
| AUTO-REFERIDO SOBRE PESO Abaixo do Peso Peso Adequado Acima do peso | 07 153 33 | 3,64% 79,27% 17,09% |
| DOENÇA RESPIRATÓRIA Asma DPOC / Efisema Não tem doença respiratória | 03 03 187 | 1,55% 1,55% 96,90% |
| DOENÇA CARDÍACA Insuficiência Cardíaca | 06 | 3,10% |
O principal problema de saúde detectado foi a Hipertensão Arterial seguido de Diabetes. Estudos apontam para o fato de que pessoas hipertensas apresentam maior predisposição para o desenvolvimento do diabetes, existindo uma considerável evidência da coexistência dessas duas patologias em muitos indivíduos (RIBEIRO et al., 2020).
Em sentido inverso, o tratamento da hipertensão produz um significado impactante para a proteção do desenvolvimento do diabetes (SOWERS, 2001). As doenças como câncer e infarto se apresentam na igualdade e com baixo índice.
Sendo que todos os casos de câncer do mundo, cerca de 70% ocorrem em idosos após os 65 anos de idade (PILLERON et al., 2019).
Grande parte dos idosos realiza práticas Integrativas e complementares, conforme dados da tabela, e isso revela uma melhoria da saúde e bem estar dos idosos.
Gestores da saúde apoiam a oferta dessas práticas na atenção primária à saúde. A observação de padrões diferenciados de envelhecimento e a busca por compreender os determinantes da longevidade com qualidade de vida, tem fomentado pesquisas científicas, que podem contribuir positivamente sob vários aspectos.
Irigaray e Schneider (2008) relatam que se iniciou uma preocupação com a qualidade de vida dos idosos apenas nos últimos 30 anos.
A maioria desse grupo está dentro do peso adequado, isso se deve a medidas de prevenção e dos cuidados ofertados pelos profissionais de saúde com orientações, palestras e acompanhamento nutricional.
Evidenciou-se expressiva ausência de doença respiratória, o que de fato é um quadro satisfatório para essa população.
Analisando o contexto dos dados, podemos considerar que a saúde dos idosos cadastrados se apresenta num nível considerado Bom.
A queda da mortalidade, conjugada às melhorias nas condições de saúde provocadas por uma tecnologia médica mais avançada, bem como a universalização da seguridade social, maior acesso a serviços de saúde e outras mudanças tecnológicas levaram o idoso brasileiro a ter a sua expectativa de sobrevida aumentada, contribuindo para a redução do seu grau de deficiência física ou mental (TRENTINI et al., 2008).
4. CONCLUSÃO
O perfil epidemiológico dos idosos investigados no município de Missal, mostrou que a maior parte dos idosos possuem hipertensão arterial e diabetes. Apesar das doenças podemos ver que grande parte dos idosos estão no peso adequado e realizam práticas integrativas e complementares. Os resultados apresentados e analisados, mostram idosos que ainda, que, fossem portadores de alguma doença, apresentam um quadro bom de saúde.
Por esse motivo, considera-se necessário aprimorar as esferas de governo, esforços na articulação de políticas públicas e sociais, voltadas para o entendimento sobre o envelhecimento, observando as peculiaridades que envolvem os idosos.
Conclui-se que, a utilização de sistemas de informação na área de saúde é essencial para melhorar a prática assistencial, tendo acesso fácil e rápido aos dados do paciente, o profissional da saúde consegue agilizar o atendimento, facilitando no controle das doenças e na tomada de decisões.
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1Discente concluinte do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Uniguaçu.
E-mail: jefferaguiar@hotmail.com
2Discente concluinte do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Uniguaçu.
E-mail: josimarsousa904@gmail.com
3Fisioterapeuta. Especialista em Osteopatia Estrutural pelo Instituto Docusse de Osteopatia e Terapia Manual (IDOT), Orientador(a) do presente trabalho.
E-mail: joaoflavio.fisio@gmail.com
4Enfermeira. Doutora em Ciências da Saúde pela UPS. Professora da Disciplina de Seminário e Monografia II da Faculdade Uniguaçu.
E-mail: sil_galvan@hotmail.com
5Enfermeira. Especialista em Saúde do Adulto e Idoso, Unidade de Terapia Intensiva e Gestão Hospitalar. Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Uniguaçu.
E-mail: beatris.tres@hotmail.com