Autores:
Magda de Andrade Santana1
Denilson da Silva Veras2
1Acadêmica do curso de Bacharelado em Fisioterapia da Faculdade Metropolitana de Manaus- FAMETRO. magdadeandradefisio@gmail.com.
2Mestre em Ciências da Saúde e Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade Metropolitana de Manaus- FAMETRO. denilsonveras55@gmail.com.
RESUMO
No processo de envelhecimento, ocorrem uma série de alterações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam a perda gradual da capacidade funcional e adaptabilidade do indivíduo ao meio ambiente. De forma geral, a propriocepção e as informações sensoriais são fatores importantes para manter o equilíbrio postural em condições normais e durante o treinamento. A propriocepção aumentará esses estímulos para alcançar um melhor equilíbrio postural. Com a perda da propriocepção durante o envelhecimento, ela aumentará o limite para detectar movimento articular, ou seja, propriocepção. Objetivo: analisar a atuação fisioterapêutica na prevenção de quedas em idosos com ênfase equilíbrio e propriocepção. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura onde utilizou-se artigos científicos em bases de dados eletrônicos (PEDRO, SCIELO, PUBMED), livros e revistas no período de 2011 a 2021, adotando critérios de inclusão e exclusão. Resultados e Discussão: Os artigos que não atenderam esse critério foram excluídos desta pesquisa. Por fim, foram escolhidos 10 artigos voltados para análise da atuação da fisioterapia na prevenção de quedas de idosos. Com base nos estudos revisados, os idosos que praticam frequentemente exercícios realizados através das práticas fisioterapêuticas focadas no equilíbrio e ganho proprioceptivo, demonstraram melhoria do equilíbrio, aumento da produção de força, flexibilidade, diminuição do risco de quedas e aumento da qualidade de vida do idoso. Conclusão: A fisioterapia tem um papel importante na vida ativa do idoso e na
prevenção de quedas nos idosos utilizando programas de exercício que incluem treinos de equilíbrio e propriocepção.
Palavras-chave: equilíbrio, propriocepção, quedas, idosos.
ABSTRACT
In the aging process, a series of morphological, physiological, bio-chemical, and psychological alterations occur, which determine the gradual loss of the individual\’s functional capacity and adaptability to the environment. In general, proprioception and sensory information are important factors in maintaining postural balance under normal conditions and during training. Proprioception will increase these stimuli to achieve better postural balance. With the loss of proprioception during aging, it will increase the threshold for detecting arterial movement, i.e. proprioception. Objective: To analyze the physiotherapeutic role in the prevention of falls in the elderly with emphasis on balance and proprioception. Methodology: This is a literature review using scientific articles in electronic databases (PEDRO, SCIELO, PUBMED), books and magazines from 2011 to 2021, adopting inclusion and exclusion criteria. Results and Discussion: Articles that did not meet this criterion were excluded from this research. Finally, 10 articles were selected to analyze the role of physiotherapy in the prevention of diseases in the elderly. Based on the reviewed studies, the elderly who frequently practice exercises performed through physiotherapeutic practices focused on balance and proprioceptive gain, showed improved balance, increased strength production, flexibility, decreased risk of falls, and increased quality of life of the elderly. Conclusion: Physiotherapy plays an important role in the active life of the elderly and in prevention of falls in the elderly using exercise programs that include balance and proprioception training.
Keywords: balance, proprioception, falls, elderly.
INTRODUÇÃO
O número e a porcentagem de pessoas com 60 anos ou mais estão aumentando. Em 2019, o número de pessoas com 60 anos ou mais era de 1 bilhão. Esse número aumentará para 1,4 bilhão em 2030 e 2,1 bilhões em 2050. Esse crescimento está ocorrendo em um ritmo constante e se acelerará nas próximas décadas, principalmente nos países em desenvolvimento (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2021).
Essa mudança historicamente significativa na população mundial requer uma adaptação da estrutura das sociedades em diferentes setores.
No processo de envelhecimento, ocorrem uma série de alterações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam a perda gradual da capacidade funcional e adaptabilidade do indivíduo ao meio ambiente. As famílias possuem restrições implícitas às funções dos idosos, que podem se tornar facilitadores ou obstáculos para suas vidas. (SOUSA; OLIVEIRA, 2015).
O processo de envelhecimento humano, da maturidade à senescência está associado à um declínio significativo na função neuromuscular e no desempenho (LIN et al., 2013). Portanto, uma das principais alterações que ocorrem com a idade é o declínio da função muscular, que afeta diretamente a capacidade de realizar as tarefas diárias, aumenta o risco de quedas e diminui a independência funcional, afetando negativamente a qualidade de vida das pessoas idosas (SOUSA; LIRA, 2015).
Diante disso, a queda dos idosos pode causar hematomas e fraturas, sendo a mais comum delas o fêmur, mais comuns em casos de internação, cegueira, morte e pequenos ferimentos. Portanto, significa qualidade de vida, depressão, medo de cair novamente, isolamento social, mobilidade, restrições de função e atividade física. Saiba que a maioria desses eventos ocorre na família (FABRÍCIO et al., 2004).
A alteração no equilíbrio leva ao declínio, portanto, essa mudança é considerada um dos principais fatores que limitam a vida do idoso na atualidade (BITTAR et al., 2002).
É um fato que os idosos que sofrem quedas têm menor capacidade de manter o controle postural, porém, mesmo os idosos que nunca caíram, muitas vezes admitem ter dificuldade em manter o equilíbrio e a estabilidade (BARRETT-CONNOR et al., 2009).
Em 80% dos casos de queda, esse fato não pode ser atribuído a uma causa específica, e são responsáveis por 87% das fraturas e de 50% dos casos de internação (DE OLIVEIRA, 2021).
O equilíbrio inclui capturar os estímulos sensoriais para que possam realizar um movimento para equalizar o centro de gravidade sobre uma base de apoio, que é realizada pelo sistema de controle postural que atua em conjunto com o sistema vestibular, os receptores visuais e o sistema somatossensorial. Junto com o déficit desses sistemas, ocorrem mudanças em várias etapas do controle postural, levando à instabilidade dos idosos (SILVA et al., 2014).
Depois de receber as informações sensoriais, o sistema nervoso central as processa no contexto da resposta previamente aprendida e executa uma resposta de correção postural automática, que é guiada ou expressa por respostas mecânicas de suporte. A desaceleração geral no processamento da informação sensorial está relacionada à diminuição da condução nervosa comum no processo de envelhecimento, levando a um retardo na resposta postural automática (CHANDLER, 2002).
A propriocepção e as informações sensoriais são fatores importantes para manter o equilíbrio postural em condições normais e durante o treinamento. A propriocepção aumentará esses estímulos para alcançar um melhor equilíbrio postural. Com a perda da propriocepção durante o envelhecimento, ela aumentará o limite para detectar movimento articular, ou seja, propriocepção (CARVALHO et al., 2006).
Diante do exposto, a prevenção é o principal meio para evitar o índice de morbimortalidades e a consequentes incapacidades, além da manutenção e promoção da função (GONÇALVES et al., 2015).
Os fisioterapeutas são um dos importantes profissionais de saúde que atuam para melhorar a qualidade de vida e saúde dos idosos. Seu objetivo é manter a função motora, prevenir as incapacidades decorrentes do processo de envelhecimento e tratar as alterações e sintomas causados por doenças, dentro das suas especialidades, atua na prevenção de quedas de idosos (BRASIL, 2002).
Foi comprovado que a atividade física melhora a saúde dos idosos em todo o mundo, ajuda a prevenir quedas, aumenta a segurança nas atividades cotidianas, promove interações sociais, reduz o risco de doenças crônicas, afetando assim a saúde física e mental e a aptidão funcional, garantindo a independência, autonomia e qualidade de vida (LOURENÇO DE OLIVEIRA et al., 2017).
Este estudo tem como objetivo sensibilizar os profissionais de saúde e o público em geral sobre a importância do papel do fisioterapeuta na prevenção de quedas em idosos, delimitando-se na abordagem do equilíbrio e propriocepção.
Portanto, o estudo tem como finalidade demonstrar práticas da fisioterapia para prevenção de quedas em idosos, que é um problema de saúde pública e um dos principais motivos de internação de idosos com elevada taxa de mortalidade. Tem como intuito a orientação e prática de fisioterapia para prevenir a queda em idosos.
O objetivo geral deste trabalho é, portanto, a partir de estudos publicados em sites de busca de pesquisas acadêmicas, analisar a atuação fisioterapêutica na prevenção de quedas em idosos com ênfase equilíbrio e propriocepção.
Trata-se de uma revisão de literatura na qual os autores pretendem promover a síntese de conhecimentos para possível inserção na prática da Fisioterapia. A discussão foi ditada pela experiência profissional e argumentativa dos autores. A pesquisa e análise da produção científica iniciou-se com a identificação dos artigos, seguida da compilação, fichamento, análise e interpretação. O levantamento bibliográfico foi realizado online, nas bases de dados SciELO, PEDro, PubMed, e Google Acadêmico, além de publicações no Fisioweb publicados no período de 2011 a 2021. A pesquisa bibliográfica realizada utilizou os descritores “Fisioterapia”, “Idosos”, “Prevenção de quedas”, “Equilíbrio” (“Physiotherapy\”, \”Elderly\”, \”Prevention of falls\”, \”Balance\”). Para a seleção da amostra, foram definidos como critérios de inclusão as revisões sistemáticas e os ensaios acadêmicos voltados para a análise da atuação da Fisioterapia em prevenção de quedas de idosos, tendo como foco equilíbrio e ganho proprioceptivo. Os artigos que não atenderam esse critério foram excluídos desta pesquisa. Por fim, foram escolhidos 10 artigos voltados para análise da atuação da fisioterapia na prevenção de quedas de idosos. Após seleção dos artigos, foi realizada leitura exploratória, relacionando as referências dos meios terapêuticos para melhorar o equilíbrio nos idosos para prevenção de quedas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados do estudo de Nascimento et al. (2012) evidenciaram melhora no desempenho funcional, com exercícios de dupla tarefa e cinesioterapia dos pacientes com Alzheimer. Nota-se que os resultados apresentados pelo autor foram satisfatórios, levando em conta que, no estudo de Nascimento et al. (2012), os pacientes apresentavam alterações cognitivas.
Pedrosa et al., (2019) em seu estudo quase experimental feito com 60 pacientes idosas portadoras de doenças neurológicas, por meio de um programa de hidrocinesioterapia, onde realizavam as atividades durante quatro meses, duas vezes por semana, por cinquenta minutos. Os resultados do estudo, evidenciaram que a hidrocinesioterapia foi capaz de diminuir significativamente o risco de quedas nas idosas, e consequentemente, atuar no aumento da funcionalidade, uma vez que a autonomia funcional tem uma forte relação com o risco de quedas em idosos, além de influenciar positivamente na funcionalidade das idosas que apresentavam disfunções musculoesqueléticas como a artrite/artrose e a osteoporose.
ANO | AUTOR | OBJETIVO | TIPO DE ESTUDO | RESULTADO |
2012 | Nascimento et al., | Analisar o efeito de quatro semanas de treinamento proprioceptivo nas medidas do equilíbrio postural de idosos afim de determinar a efetividade de uma estratégia simples de intervenção. | Estudo de caso | Após quatro semanas de treinamento, houve diminuição signiϐicativa nas oscilações durante a realização do Romberg com olhos abertos em solo estável (p = 0,001), com olhos fechados em solo estável (p = 0,02) e com olhos fechados em solo instável (p = 0,002); evolução no escore da escala de equilíbrio de Berg (p = 0,001) e um aumento na velocidade da marcha na pista (p = 0,00001). |
2012 | Pinheiro | Avaliar os efeitos da facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF) no risco de queda de um paciente com degeneração espinocerebelar recessiva utilizando como instrumentos de avaliação a escala de equilíbrio de Berg (EEB) e a o teste time get up and go (TUG). | Estudo de caso | Observou-se melhora progressiva no tempo de execução do TUG teste a cada atendimento e, quando comparado a primeira à última sessão, essa melhora che-gou a redução de 50% do tempo inicial. Já na EEB não se observou melhoras significativas visto que o paciente não conseguiu realizar tanto no pré como no pós-testes alguns domínios da escala. |
2012 | Albino et al., | Verificar a influência do treinamento de força muscular (n= 7) e de flexibilidade articular (n= 15) sobre o equilíbrio corporal em idosas. | Estudo comparativo com 22 idosas de 60 a 75 anos. | Constatou-se que, em ambos os grupos, o equilíbrio se mostrou significativamente maior após os programas de treinamento. No grupo que participou do treinamento de força, a média dos pontos pré e pós-treinamento foi de 53 e 55,86, respectivamente. No grupo que participou do treinamento de flexibilidade, as médias pré e pós foram 52,47 e 55,47 pontos, respectivamente. |
2012 | Fernandes et al., | Verificar os efeitos de um programa de exercícios físicos na marcha e na mobilidade funcional de idosos | Estudo de caso. | Verificou-se aumento no comprimento dos passos E (de 0,71 ± 0,19 para 0,80 ± 0,19 cm) e D (de 0,73 ± 0,17 para 0,81 ± 0,17 cm), e das passadas E (de 1,44 ± 0,36 para 1,59 ± 0,32 cm). Para o TUGT, além de forte correlação entre idade e velocidade da marcha e base de suporte, observou-se diminuição no tempo de realização do teste (de 13,92 ± 3,84 para 9,46 ± 1,68 segundos). |
2015 | Franciulli et al., | Avaliar a efetividade do protocolo de hidroterapia e cinesioterapia no equilíbrio, na agilidade e na estatura em idosos que costumam cair. | Estudo quase-experimental. | Verificou-se que ambos os grupos apresentaram maior pontuação na escala de equilíbrio de Berg, menor tempo na realização do Timed Up & Go e uma tendência à significância na estatura corporal após a aplicação do protocolo No entanto, não houve diferenças estatisticamente entre os grupos. Pode-se concluir que a hidroterapia e a cinesioterapia são efetivas para a melhora do equilíbrio e agilidade dos participantes, amenizando o declínio da capacidade funcional inerente ao envelhecimento. |
2016 | Tanaka et al., | Avaliar o efeito de um programa de treinamento sobre o equilíbrio semiestático de idosos, comparando a forma de aplicação supervisionada em grupo e individual domiciliar. | Ensaio clínico cego randomizado. | Na análise intragrupo, o GD apresentou melhora na oscilação corporal pós-treinamento nas posições Tandem OF (velocidade e amplitude média AP) e Unipodal (amplitude média ML). O GS apresentou piora na posição Tandem OA em todas as variáveis. Na análise intergrupo, o GD apresentou melhora na posição PFOA (amplitude média ML), Tandem OF (velocidade média ML) e Unipodal (amplitude média AP e ML). Já o GS apresentou melhora na posição PFOA (amplitude média ML) e Unipodal (amplitude média AP), contudo apresentou piora na posição PFOA (variável velocidade média AP) e na Tandem OA (amplitude média AP). |
2017 | Mendes et al., | Comparar o equilíbrio, através da Escala de Equilíbrio de Berg, num grupo de idosos. | Escala de Equilíbrio de Berg. | Após a coleta dos dados, observou-se que, comparando as avaliações dos participantes, houve um ganho de equilíbrio de 23,57% com as séries de exercícios propostas sendo que apenas um participante teve resultado negativo devido o mesmo ter parado o tratamento por 6 meses. |
2017 | Pereira et al., | Verificar a influência da aplicação de um protocolo de treinamento funcional sobre o equilíbrio e funcionalidade de idosos não institucionalizados. | Escala de Equilíbrio de Berg, Escala de Equilíbrio e Marcha de Tinetti e Índex de Independência de Atividades de Vida Diária de Katz. | Observou-se melhora de 100% na avaliação do equilíbrio pela Escala de Berg, 85,71% e 77,77% na avaliação da Escala de Tinetti marcha e equilíbrio respectivamente, no pós-treinamento se comparados ao pré-treinamento (p0,05). |
2019 | Prado e Graefling | Verificar o efeito de um programa de exercícios de cinesioterapia no equilíbrio e na qualidade de vida em um grupo da terceira idade. | Estudo de Campo. | Os resultados encontrados apresentaram um aumento do equilíbrio dos participantes na pós-intervenção de 1,72 pontos, com um p-valor de 0,02; enquanto que apenas os escores dos domínios da qualidade de vida limitação por aspectos físicos e vitalidade, obtiveram um aumento de 17,86 e 8,58 pontos, respectivamente, sem diferença significativa. |
2019 | Pedrosa et al., | Avaliar os efeitos de um programa de hidrocinesioterapia na funcionalidade, risco de quedas e alterações musculoesqueléticas de idosas ativas participantes da Universidade Aberta à Terceira Idade da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (UNATI PUC-GO). | Estudo quase experimental. | A média de idade foi de 67±6,0 anos, índice de massa corporal 28,88±6,0 kg/cm², sendo que 56,7% apresentavam Artrite/artrose e 40% Osteoporose. Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes após a intervenção na funcionalidade (p=0,0001) e risco de quedas (p=0,0001). Ao se realizar uma análise de subgrupos, as idosas com Artrite/artrose e osteoporose após intervenção apresentaram melhora significativa na funcionalidade (p=0,0001). Observou-se uma correlação estatisticamente significante, moderada e negativa entre a idade e a velocidade da marcha pré-intervenção (r=-0,333, p=0,009). Após a intervenção (r=-0,202, p=0,122) a correlação não foi significativa |
Pinheiro (2012), em seu estudo de caso, através de 10 atendimentos através da facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF), que é uma técnica utilizada para ganho de flexibilidade em um indivíduo de 41 anos que desde a infância apresenta dificuldades de equilíbrio e coordenação motora, mostrou-se benéfico no tratamento da estabilidade, minimizando o risco de cair em um indivíduo com degeneração espinocerebelar recessiva (DER).
O estudo de campo feito por Prado e Graefling (2019), com um grupo de idosos, composto por 30 indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 55 e 90 anos. Na pesquisa foi utilizada a Escala de Equilíbrio Funcional de Berg e o Questionário de Qualidade de Vida SF-36, através de um programa de exercícios durante sete semanas, com duas sessões semanais no período vespertino, com uma hora cada, totalizando 14 sessões, com um protocolo de exercícios de cinesioterapia. Dos 30 indivíduos que participavam do grupo da terceira idade, apenas sete tornaram-se amostra do estudo, por motivos de exclusão dos critérios avaliados no estudo, dois do sexo masculino e cinco do sexo feminino, com média de idade de 72,3 (± 9.2) anos. Os resultados do estudo mostraram que a implantação de um programa de cinesioterapia para grupos da terceira idade, é uma alternativa importante tanto para a prevenção da redução de variáveis fisiológicas e patológicas do envelhecimento, quanto para a promoção da QV e do equilíbrio de idosos.
Albino et al., (2012), buscaram verificar a influência do treinamento de força muscular e de flexibilidade articular sobre o equilíbrio corporal em uma amostra composta por 22 mulheres de 60 a 75 anos, sendo que sete sujeitos participaram do programa de força e 15 fizeram parte do programa de flexibilidade. O instrumento utilizado para o estudo foi o teste de mensuração do equilíbrio corporal (Escala de Equilíbrio de Berg). O programa de treinamento físico foi realizado durante 11 semanas, com frequência de duas sessões semanais, com duração de uma hora e meia, tanto para o de força muscular quanto para o de flexibilidade articular. Os resultados evidenciaram que a melhora ou manutenção da força muscular e flexibilidade articular tem grande influência no equilíbrio corporal em idosos, podendo reduzir o risco de quedas e melhorar a qualidade de vida.
Pereira et al., (2017), em seu estudo, buscou avaliar os efeitos de um protocolo de treinamento funcional sobre o equilíbrio e funcionalidade de idosos não institucionalizados. Os resultados da pesquisa apontaram a eficácia do protocolo no sentido de redução dos riscos de quedas permitindo com que este público permaneça mais ativo e diminua a inabilidade decorrente de lesões desencadeadas pelas alterações fisiológicas sistêmicas.
Desta forma, Fernandes et al., (2012), no seu estudo de caso com oito sujeitos (três homens e cinco mulheres) com idade entre 78,1 ± 9,3 anos, através de um programa de exercícios físicos direcionados para o treino da força, equilíbrio e propriocepção, mostrou que as variáveis espaço-temporais da marcha podem ser alteradas pela prática de um programa de exercícios; e a alteração destas variáveis repercutem positivamente sobre a mobilidade funcional desses sujeitos, melhorando o desempenho físico e funcional dos idosos, e diminuindo o risco de quedas.
Mendes et al., (2017), realizou um estudo retrospectivo, no qual foram estudados dez participantes com mais de 60 anos de idade, ao final, totalizou em dez participantes. A amostra continha 1 participante do sexo masculino e 9 do sexo feminino e a média de idade foi de 69,6 anos. O estudo se deu por meio de uma análise comparativa dos dados de equilíbrio, através da Escala de Equilíbrio de Berg, aplicada em agosto de 2013 e em agosto de 2014, uma vez por semana, com duração de 50 minutos cada sessão, desde agosto de 2013. Os resultados evidenciaram a importância dos exercícios fisioterápicos na prevenção de quedas em idosos. Todos os exercícios propostos, ajudaram a alcançar o ganho real de coordenação e equilíbrio, que concretizam sua eficácia na vida dos idosos diminuindo o risco de quedas e, consequentemente, promovendo saúde desses indivíduos.
Franciulli et al., (2015), relataram que a fisioterapia tem um papel fundamental na reabilitação funcional de idosos com histórico de quedas. Em seu estudo com o protocolo de hidroterapia e cinesioterapia, o grupo que realizou cinesioterapia apresentou diminuição no tempo de teste maior do que o grupo que realizou hidroterapia. Os resultados encontrados neste estudo, sugeriram que programas de fisioterapia que objetivam a prevenção de quedas e independência funcional de idosos com tendência a cair amenizam o declínio do equilíbrio e da capacidade funcional inerente ao envelhecimento.
Nesse sentido, Tanaka et al., (2016), por meio de um estudo por ensaio clínico randomizado controlado com múltiplos braços. 56 idosos foram randomizados idosos com idade igual ou superior a 60 anos, da comunidade local, de ambos os sexos, duas vezes na semana, por 55 minutos cada sessão, no total de 10 semanas pelo Grupo Supervisionado (GS), e Grupo Domiciliar (GD). O GS realizou 20 sessões. As sessões foram supervisionadas em grupos de no máximo seis idosos, por dois fisioterapeutas. O GD realizou duas sessões de intervenção supervisionada no CIR, para aprender os exercícios e assim conseguir reproduzir em seus domicílios as 18 sessões de atividade domiciliar individual (sem supervisão) do programa de exercícios, realizados duas vezes por semana, durante 10 semanas. Os resultados confirmaram que tanto o GS como o GD obtiveram melhora no equilíbrio por meio do programa de exercícios. Contudo, houve uma tendência de o exercício domiciliar ter obtido mais benefícios em relação ao grupo supervisionado.
CONCLUSÃO
A queda representa um alto risco para a saúde do idoso, embora não seja consequência do envelhecimento, é sinal de fraqueza ou sinais de alguma doença presente.
A abordagem do fisioterapeuta para a prevenção de quedas inclui a avaliação das possíveis causas que podem ter levado o paciente à lesão, ao tratamento, que envolve programas de exercícios e atividades funcionais para reduzir a frequência de quedas.
De acordo com a observação dos estudos realizados, pode-se observar que a prática de exercícios regulares sob supervisão de fisioterapia é eficaz na prevenção de quedas em idosos e na obtenção da manutenção de todas as atividades funcionais. Além disso, é importante a realização de exercícios que aumentem a força muscular e a amplitude de movimento, pois esses fatores afetam diretamente a manutenção do equilíbrio estático e dinâmico.
Concluímos que programas de exercícios físicos, treinamento de equilíbrio e propriocepção, cinesioterapia e exercícios terapêuticos na água são métodos eficazes de prevenção e tratamento das alterações decorrentes de quedas em idosos.
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