Dra. Ana Beatriz Oliveira
Fisioterapeuta; Doutorado em Fisioterapia pela UFSCar; Aprimoramento em Segurança e Saúde Ocupacional pela Swedish National Institute for Working, Royal Institute of Technology (KTH); Professora Associada II do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, SP; Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFt – UFSCar).
Dr. Dechristian França Barbieri
Fisioterapeuta; Mestrado e Doutorado em Fisioterapia pela UFSCar; doutorado sanduíche na Virginia Polytechnic Institute and State University (Virginia Tech); Pós-doutorando pela UFSCar na área de Ergonomia.
Dr. Luiz Augusto Brusaca
Fisioterapeuta; Doutorando em Fisioterapia pelo Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos (PPGFt – UFSCar).
Contextualização:
O comportamento sedentário é definido como qualquer atividade realizada na posição sentada ou reclinada com gasto energético igual ou inferior a 1.5 METS. Com o aumento das tecnologias de informação como o computador, grande parte das atividades ocupacionais estão em transição para atividades sedentárias, que são, normalmente, realizadas na posição sentada por longos períodos ininterruptos. Existe uma conexão geral entre o tempo excessivo na posição sentada e resultados adversos à saúde, como maior chance de doenças cardiovasculares, sobrepeso e obesidade, alguns tipos de câncer, diabetes tipo II e mortalidade prematura. No entanto, ainda há perguntas remanescentes: Qual o impacto do sedentarismo no ambiente de trabalho? Quais os desafios para a fisioterapia?
Desenvolvimento:
Trabalhadores de escritório que utilizam o computador como principal ferramenta de trabalhado, são caracterizados por apresentarem um alto comportamento sedentário. O comportamento sedentário apresentado por essa população está relacionado à postura prolongada na posição sentada (≥6h/dia), com baixo gasto energético e com pobre demanda musculoesquelética.
O sedentarismo individualmente pode impactar de forma negativa a saúde dos trabalhadores, predispondo o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes tipo II, doenças metabólicas e sobrepeso/obesidade, ou ainda pode potencializar outros problemas. Por exemplo, um trabalhador obeso que tenha tido um afastamento de trabalho por dor lombar – relacionada ou não ao trabalho – terá uma recuperação mais lenta.
A fisioterapia tem papel importante na avaliação de fatores de risco ocupacionais, mas ainda possui como desafios a avaliação de mudanças de comportamento de forma global e a implementação de iniciativas para prevenção do sedentarismo. Atualmente, os acelerômetros têm sido utilizados para avaliar mudanças de postura e nível de atividade física no trabalho e lazer. A avaliação do nível de atividade física do trabalhador por longos períodos de tempo (vários dias) possibilita uma visão mais específica (dia-a-dia) ou global de qual comportamento afeta mais negativamente a saúde do trabalhador. Os resultados das avaliações podem auxiliar o fisioterapeuta no acompanhamento de eficácia de iniciativas como mudança de postura, por exemplo, o uso de mesa de altura ajustável – que possibilita a alternância entre trabalho sentado e trabalho em pé.
No XXIII Congresso Brasileiro de Fisioterapia (XXIII COBRAF) ocorrerá apresentações e debates sobre a Fisioterapia do Trabalho, possibilitando a ampliação dos conhecimentos dos participantes sobre essa área. Acompanhe na grade da programação científica do evento, onde destacamos alguns temas como: “Fisioterapia do Trabalho no Brasil: da prática à normatização e reconhecimento do mercado de trabalho (Lucy M. Baú)”, “Comportamento sedentário no trabalho – desafios para a Fisioterapia (Ana Beatriz Oliveira)” e “A perícia judicial em fisioterapia utilizando a ergonomia como meio de prova (Marco A. S. Gama).
Considerações finais:
Convidamos a todos para conferirem a grade científica do XXIII COBRAF e participarem da mesa redonda do eixo “Fisioterapia do Trabalho”. Neste bloco serão debatidos as conquistas, desafios e novos horizontes da Fisioterapia do Trabalho. Adicionalmente, haverá uma discussão sobre ergonomia como prova pericial. Não deixe de participar do XXIII COBRAF!
Leitura complementar:
Josaphat, K.J., Kugathasan, T.A., E.R. Reid, R., Begon, M., Léger, P.M., Labonté-Lemoyne, E., Sénécal, S., Arvisais, D., Mathieu, M.E., 2019. Use of Active Workstations in Individuals with Overweight or Obesity: A Systematic Review. Obesity 27, 362–379. doi:10.1002/oby.22388
Proper, K.I., Singh, A.S., Van Mechelen, W., Chinapaw, M.J.M., 2011. Sedentary behaviors and health outcomes among adults: A systematic review of prospective studies. Am. J. Prev. Med. 40, 174–182. doi:10.1016/j.amepre.2010.10.015
Ojo, S.O., Bailey, D.P., Brierley, M.L., Hewson, D.J., Chater, A.M., 2019. Breaking barriers: using the behavior change wheel to develop a tailored intervention to overcome workplace inhibitors to breaking up sitting time. BMC Public Health. 19, 1126. doi.org/10.1186/s12889-019-7468-8