ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA EM PACIENTES PÓSMASTECTOMIA

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Milena Auzier de Araújo¹
Fernanda de Moura Castro2
Douglas Silva Ataide3

  1. Milena Auzier de Araújo- Acadêmica de fisioterapia da CEUNI – FAMETRO
  2. Fernanda de Moura Castro- Acadêmica de fisioterapia da CEUNI – FAMETRO
  3. Douglas da Silva Ataíde- Mestre em saúde, sociedade e endemias da Amazônia. Pro orientador do curso de fisioterapia da CEUNI – FAMETRO

RESUMO

Introdução: A mastectomia é um dos recursos cirúrgicos para o tratamento do câncer de mama, com isso a fisioterapia está incluída no planejamento da assistência para a reabilitação física no período pré e pós-operatórioproporcionando uma melhor qualidade de vida. Objetivo: Verificar a eficácia do tratamento fisioterapêutico em pacientes mastectomizadas. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, realizado pesquisas através das bases de dados, Lilacs, Pubmed, Scielo, usando os seguintes critérios de inclusão artigos do ano de 2010 a 2020, que abordam sobre a mastectomia, estudos com ensaios clínicos e fisioterapia pós-operatório. Para critérios de exclusão artigos que não abordava sobre a fisioterapia pós-mastectomia e com equívocos metodológicos. Resultados: Foram contabilizados 10 artigos que obtiveram como resultado a fisioterapia pós câncer de mana, 8 deles obtiveram melhora na sua capacidade funcional. Os tipos de estímulos foram: alongamentos, exercícios ativo-livres, ativo assistido e terapia manual. Conclusão: Dessa forma fica evidente que a fisioterapia se mostra eficaz para a melhora do desempenho funcional, redução do linfedema e aumento da amplitude de movimento. Palavras-Chave: Mastectomia, Fisioterapia, Cinesioterapia e Linfedema.

ABSTRACT

Introduction: Breast cancer is the most common neoplasm among women, mastectomy is one of the surgical resources for its treatment, with that physiotherapy is included in the planning of assistance for physical rehabilitation in the pre and postoperative period providing a better quality of life. Objective: To verify the effectiveness of physical therapy treatment in mastectomized patients. Methodology: It is a literature review, carried out searches through the databases, Lilacs, Pubmed, Scielo, using the following inclusion criteria articles from the year 2010 to 2020, which address mastectomy, studies with clinical trials and post-physical therapy -operative. For exclusion criteria, articles that did not address post-mastectomy physiotherapy and with methodological mistakes. Results: There were 10 articles that obtained physical therapy after mana cancer as a result, 8 of them obtained an improvement in their functional capacity.The types of stimuli were: floods, active-free exercises, assisted active and manual therapy. Conclusion: Thus, it is evident that physical therapy is effective for improving functional performance, reducing lymphedema and increasing range of motion.

Keywords: Mastectomy, Physiotherapy, Kinesiotherapy and lymphedema.

INTRODUÇÃO

O câncer de mama é a neoplasia de maior ocorrência entre as mulheres, sendo provavelmente o mais temido, devido ao seu comprometimento físico, mental e social. É uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor. É o que mais causa morte entre as mulheres, nas idades de 40 a 69 anos. O público feminino apesar de temer muito esse tipo de neoplasia, faz o controle do autoexame, evitando o risco de aumentar a mortalidade. (INCA,2010)

De acordo com Venâncio (2018) A mastectomia é um dos recursos cirúrgicos para o tratamento de câncer de mama. Podendo ser retirada total ou parcial da mama, associada ou não à retirada dos gânglios linfáticos da axila (esvaziamento axilar). Com o objetivo de impedir que o câncer se espalhe pelo corpo.

A reabilitação dessas alterações depende da extensão da área atingida e da gravidade da doença, porém visa essencialmente recuperar as funções comprometidas, prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida dessas pacientes em todas as etapas do tratamento oncológico. (PAIVA,2018).

De acordo com Jammal (2008) Atualmente, a fisioterapia está incluída no planejamento da assistência para a reabilitação física no período pré e pós- operatório do câncer de mama, prevenindo algumas complicações, promovendo adequada recuperação funcional, e consequentemente, proporcionando uma melhor qualidade de vida.

Portanto o objetivo deste trabalho, foi buscar maiores informações e explorar mais detalhes sobre a atuação do Fisioterapeuta em pacientes pós-cirurgia de câncer de mama, quais aspectos esta atuação aborda.

METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão de literatura, realizado através da pesquisa de artigos originais disponíveis nas seguintes bases de dados: Lilacs, Pubmed e Scielo, no período de agosto a novembro de 2020. Foram selecionados artigos em português e inglês utilizando como descritores Mastectomia (Mastectomy), Fisioterapia (Physiotherapy), Ciniseioterapia (Kinesiotherapy) e Lifedema (Lymphedema), usando os seguintes critérios de inclusão artigos do ano de 2010 a 2020, que abordam sobre a mastectomia, estudos com ensaios clínicos e fisioterapia pós-operatorio. Para critérios de exclusão artigos que não abordava sobre a fisioterapia pós-mastectomia e com equívocos metodológicos. Os artigos que não se referiam a outros tratamentos associados à pratica de exercícios terapêuticos durante a reabilitação foram incluídos.

RESULTADOS

Após as buscas realizadas sobre o tema foram encontrados 160 artigos, sendo selecionadas 87. Após a leitura dos títulos foram excluídos 33 e na sequência 25. Foram avaliados para leitura 29 e, por fim incluídos 10 artigos nesta revisão de literatura.

Tabela 1: Resultado encontrado pelos autores acerca da atuação do fisioterapeuta pósmastectomia.

AUTOR/ANOMETODOLOGIARESULTADO
Ret et al, 2012.Estudo de casos analítico
descritivo e longitudinal entre maio
e outubro de 2011 que envolveu
alongamentos, exercícios ativoslivres
e ativo assistido.
Redução da intensidade
de dor.
Aumento da ADM.
Ret et al, 2013.Estudo, onde o tipo não foi
especificado entre setembro e
novembro de 2011 que envolveu
alongamentos e exercícios ativolivres.
Melhora significativa da
amplitude de movimento e
do desempenho funcional
do membro superior
Leal et al, 2011.Estudo do tipo ensaio clínico piloto
com realização de 7 semanas,
onde foram divididos dois grupos
com 6 participantes cada para a
aplicação de Fisioterapia
Complexa Descongestiva.
Não se observou
diferença na redução do
linfedema entre os
protocolos utilizados.
Barros et al,
2013.
Estudo piloto, onde foram
realizadas 14 sessões em
mulheres submetidas a
mastectomia e linfodectomia axilar
unilateral. Com exercícios,
automassagem e orientações.
Redução do Linfedema.
Lahoz et al, 2010.Estudo, entre março e julho de
2008 onde foram selecionadas 20
mulheres submetidas a
mastectomia. Foi realizada uma
avaliação funcional.
Diminuição da amplitude
de movimento e da forca
muscular nos
movimentos.
Dor no ombro
promovendo um impacto
negativo na qualidade de
Vida.
Filha et al, 2016.Estudo do tipo ensaio clinico
randomizado. Com duração de 10
semanas. Onde foram divididos 2
grupos submetidos ou não a
exercícios.
Melhora dos aspectos
psicológicos, sociais e
físicos.
Tacani et al,
2013.
Estudo retrospectivo por análise de
prontuários, entre agosto de 2008
a dezembro de 2009 e foram
analisados 44 prontuários de
pacientes com diagnóstico de
câncer de mama.
Aderências cicatriciais.
Aumento da sensibilidade.
Nascimento et al,
2012.
Estudo descritivo, retrospectivo,
entre janeiro de 2016 e dezembro
de 2017 onde foi realizado terapia
manual.
Recuperação físico
funcional.
Sales et al, 2013.Estudo de ensaio clínico
intervencionista de maio de 2010 a
fevereiro de 2012, onde foram
divididos 3 grupos com 12
mulheres para a realização das
técnicas.
Técnicas em conjunto
obtiveram uma resposta
mais rápida e eficaz.
Oliveira et al,
2016.
Estudo piloto realizado entre
outubro e novembro de 2015, onde
foi realizado o protocolo de
facilitação neuromuscular
proprioceptiva (FNP).
Não houve diferença
significativa antes e
depois da aplicação da
técnica.

DISCUSSÃO

Ret et al, (2012) realizou um estudo onde foram selecionadas 39 mulheres submetidas a mastectomia que apresentavam dor no MS, queixas álgica na região ântero-interna do braço, que poderia ou não estender-se para a parede lateral do tórax, ou na região do ombro no qual foi incluído alongamentos, exercícios ativo-livres e ativo assistido que obtiveram bens resultados em redução de dor e aumento de adm.

No estudo de Ret et al, (2013) que envolveu mulheres encaminhadas à fisioterapia após a cirurgia de mastectomia ou quadrandectomia associada à linfadenectomia axilar, no qual foi realizado alongamentos exercícios ativo-livres em todos os planos de movimento dos membros superiores utilizando bastão, faixa elástica e bola. Obtendo melhora significativa do desenvolvimento funcional e da amplitude de movimento.

Leal et al, (2011) realizou um estudo onde as participantes realizaram esvaziamento linfático axilar unilateral, foram divididos dois grupos com 6 participantes em cada. No grupo 1 foi realizado FCD composta por cinesioterapia, drenagem linfática manual e uso de braçadeira, já no grupo 2 foi aplicada a EAV associada à cinesioterapia e ao uso de braçadeira. No qual não se observou diferença na redução de linfedemas entre os protocolos utilizados.

Já no estudo de Barros et al, (2013) foram selecionadas mulheres submetidas a mastectomia e linfonodectomia axilar unilateral; com linfedema leve e moderado que não apresentavam lesões de pele no membro linfedematos, foi realizado estimulação elétrica nervosa transcutânea, com corrente de alta voltagem, exercícios de aquecimento gradativo das cadeias musculares, exercícios para incremento de amplitude articular, alongamento muscular, relaxamento e orientações de automassagem e autocuidados. Onde foram obtidas redução do linfedema com a utilização do protocolo proposto.

No estudo de Lahoz et al, (2010) foram selecionadas 20 mulheres submetidas a mastectomia, que apresentavam limitação da ADM do ombro homolateral. Foi realizada uma avaliação funcional do membro superior, da Qualidade de Vida e as atividades de vida diária onde observou-se diminuição da amplitude de movimento e da forca muscular nos movimentos além de Dor no ombro promovendo um impacto negativo na qualidade de vida.

Filha et al, (2016) realizou um estudo onde foram selecionadas 24 mulheres com diagnóstico de câncer de mama que se dividiu em 2 grupos grupo controle e grupo experimental. No grupo1 (GE) as mesmas foram submetidas a pratica de exercícios e as do grupo 2 (GC) não realizaram os exercícios. Os resultados mostram que o G1 se comparando com G2 obteve melhorias nos domínios de vitalidade, aspectos sociais e limitações por aspectos emocionais. Concluindo que a pratica de exercícios físicos no pós-cirúrgico contribui para melhorias dos aspectos psicológicos, sociais e físicos.

No estudo de Tacani et al, (2013) foram analisados 44 prontuários pós- mastectomia no qual foram utilizados as técnicas como terapia manual, pompage, massagem clássica, massagem cicatricial, vacuoterapia e tens, onde obteve bons resultados como na redução da dor, redução das aderências cicatriciais e alterações de sensibilidade pericicatriciais.

Nascimento et al, (2012) onde foram feitas analises de prontuário em mulheres submetidas a mastectomiaonde foi realizado terapia manual, mobilização articular, massagem pericicatricial, autodrenagem e complexo descongestivo fisioterapêutico obtendo resultados positivos na recuperação físico funcional para a maioria das mulheres.

No estudo de Sales et al, 2013 foram selecionadas 12 mulheres submetidas a mastectomia que foram divididas em 3 grupos com 4 participantes em cada. No grupo A 1 participante apresentou dor e 3 não, no grupo B todas as participantes apresentaram dor no membro acometido, no grupo C todas também apresentavam dor. Foi realizado as técnicas de pompagens, trações, deslizamentos intra e interarticulares da articulação glenoumeral. Observou-se que a técnica mais aceita pelos pacientes foi a de pompagem pelo fato de gerar mais conforto aos pacientes.

Oliveira et al, (2016) realizou um estudo onde foram selecionadas pacientes pós-mastectomia que apresentam algum grau de limitação funcional em membro homolateral a cirurgia. Foi realizado o protocolo de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP). Porém os resultados obtidos na avaliação do linfedema através da perimétria demonstram que não houve diferença significativa antes e depois da aplicação da técnica de FNP.

CONCLUSÃO

Após a pesquisa e o levantamento literário realizado nas bases de dados revisando as principais interferências fisioterapêuticas no tratamento de pacientes pós- mastectomia. De acordo com os estudos analisados foi observado que o tratamento mais eficaz para a reabilitação é a utilização da cinesioterapia, utilizando alongamentos, exercícios ativos-livres e ativo assistido para obter melhora na redução de dor, aumento de amplitude de movimento e também melhorias dos aspectos psicológicos, sociais e físicos.

Por isso é importante a presença de um fisioterapeuta em hospitais e ambulatórios que recebem pacientes pós- mastectomia, melhorando assim a funcionalidade e qualidade de vida desse pacientes precocemente.

REFERÊNCIAS

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