A HIDROTERAPIA COMO TRATAMENTO DE ALTERAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM BAILARINAS CLÁSSICAS

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PATRICIA BEZERRA QUEIROZ
Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia, faculdade Uninassau, para obtenção do título de Fisioterapeuta.
Orientador: Prof. Francisco Carlos Santos Cerqueira.

DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ser essencial em minha vida, autor de meu destino e meu guia, аоs meus queridos pais Iolanda Bezerra е Altamir Queiroz que sempre fizeram ao máximo para eu chegar até aqui. Ao meu marido Davi Cesar pelo incentivo no decorrer desses 5 anos de muito aprendizado. com eles a caminhada acadêmica se tornou mais fácil. OBRIGADO

AGRADECIMENTO
Agradeço aos meus pais por todo o esforço, investimento e apoio na minha educação, aos meus familiares e amigos pelos encorajamentos diários.
Agradeço ao meu marido que sempre me incentivou e motivou nos momentos difíceis dia após dia, e por ter sido parceiro e paciente o tempo todo.
Ao meu orientador Carlos Cerqueira, sou grata pela confiança depositada na minha proposta de projeto, obrigado por me manter motivada durante todo o processo.
Por último, quero agradecer também à faculdade Uninassau-Manaus e todos os meus professores pelas correções e ensinamentos que foram essenciais na minha construção profissional.



EPIGRAFE
“Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa. (Isaías 41:10)”
Bíblia Sagrada.

RESUMO

TEMA: a hidroterapia como tratamento de alterações musculoesqueléticas em bailarinas clássicas. O balé clássico é uma atividade profissional que exige alta performance e nível técnico de bailarinas, gerando assim constantes sobrecargas musculoesquelética desencadeantes de lesões, processos álgicos e inflamatórios. Dentre os tratamentos da dor em bailarinas segundo prescrição medica temos o tratamento medicamentoso e terapia manual os quais tem gerado resultados na diminuição das alterações musculoesqueléticas. OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo mostrar a efetividade da hidroterapia no tratamento das alterações musculoesquelética em bailarinas pois temos um recurso dentro da fisioterapia pouco prescrito por médicos e fisioterapeutas muito eficiente na reabilitação e tratamento das lesões causadas pelo balé que é a hidroterapia que utiliza suas propriedades físicas, fisiológicas e cinesiológicas promovendo excelentes resultados nos processos álgicos e inflamatórios. METODOLOGIA: Para tanto foi realizada uma revisão bibliográfica da literatura baseada em artigos que abordassem a temática proposta e foi desenvolvida a partir dos bancos de dados relacionados ao Scielo e Google Acadêmico no período de junho a outubro de 2020. RESULTADOS: Observou-se que os efeitos da hidroterapia é um recurso benéfico e eficaz no tratamento de pacientes com lesões musculoesqueléticas permitindo melhoras no quadro álgico.

Palavras-chaves: hidroterapia, bailarinas, musculoesquelética.

ABSTRACT

BACKGROUND: hydrotherapy as a treatment for musculoskeletal disorders in classical dancers. Classical ballet is a professional activity that requires high performance and technical level of dancers, thus generating constant musculoskeletal overloads triggering injuries, pain and inflammatory processes. Among the pain treatments in ballerinas according to medical prescription we have drug treatment and manual therapy which have generated results in reducing musculoskeletal changes. OBJECTIVE: This study aims to show the effectiveness of hydrotherapy in the treatment of musculoskeletal disorders in dancers because we have a resource within physiotherapy little prescribed by doctors and physiotherapists that is very efficient in the rehabilitation and treatment of injuries caused by ballet which is the hydrotherapy that uses their physical, physiological and kinesiological properties promoting excellent results in pain and inflammation. METHODOLOGY: For this purpose, a bibliographic review of the literature was carried out based on articles that addressed the proposed theme and was developed from the databases related to Scielo and Google Scholar from June to October 2020. RESULTS: It was observed that the effects of hydrotherapy is a beneficial and effective resource in the treatment of patients with musculoskeletal injuries allowing improvements in pain.

Keywords: hydrotherapy, ballerinas, musculoskeletal.

1. INTRODUÇÃO

O uso da hidroterapia como forma terapêutica data de 2400 a.C. é um dos recurso mais antigos, no Brasil a hidroterapia científica teve seu início na Santa Casa do Rio de Janeiro, com banhos de água doce e salgada, com Artur Silva, em 1922, que comemorou o centenário do Serviço de Fisiatria Hospitalar, um dos mais antigos do mundo sob orientação médica. No tempo em que a entrada principal da Santa Casa era banhada pelo mar, eles tinham banhos salgados, aspirados do mar, e banhos doces, com a água da cidade. (CUNHA, et al., 1998 p. 129)

É um recurso que utiliza piscinas aquecidas para o tratamento e reabilitação de variadas alterações dentre elas as musculoesqueléticas. (CARREGARO E TOLEDO, et al., 2008) diz que a compreensão das propriedades físicas da água e das respostas fisiológicas à imersão, associadas ao uso de movimentos e exercícios, pode favorecer a atuação da fisioterapia aquática e potencializar o processo de intervenção fisioterapêutica.

Os efeitos fisiológicos e terapêuticos da água são resultantes do exercício executado e variam de acordo com as temperaturas da água, a pressão hidrostática, a duração do tratamento e a intensidade dos exercícios. Outro fator importante é que as reações fisiológicas podem ser modificadas pelas condições da patologia de cada paciente. Quando relacionado aos exercícios, a hidroterapia apresenta inúmeras vantagens comparadas ao solo pelo baixo impacto imposto sobre o corpo.

Os benefícios das propriedades físicas da água e sua capacidade térmica desencadeiam efeitos terapêuticos, sensório-motores, psicológicos, somado ao relaxamento produzido, obtendo uma melhora da elasticidade de estruturas musculoesqueléticas como músculos, fáscias e tendões, além de um aumento da plasticidade articular.

No balé clássico existe a exigência de uma performance perfeita ou quase, para que possa chegar o mais perto possível desta perfeição existe uma dedicação da bailarina, fazendo com que ela ultrapasse, muitas vezes, o seu limite, acarretando lesões, causadas, algumas vezes, por quedas, erros de execução devido ao treinamento intenso.

As possíveis lesões que podem ocorrer em função dessa prática são os movimentos excessivos e com elevada precisão podendo ocasionar desordens de cunho anatômico, biomecânico e postural, conferindo alterações consideráveis na saúde corpórea dos seus adeptos (Lima e Barreto, et al., 2014). Assim, vários fatores são observados na relação com o surgimento de lesões, dor e inflamação em bailarinas.

Portanto, esse estudo se justificativa pela busca de um maior conhecimento sobre a temática da hidroterapia nas lesões musculoesqueléticas em bailarinas, já que ainda não existem muitas pesquisas realizadas no Brasil e também no Estado do Amazonas que destaquem a temática estudada.

Através dos resultados obtidos neste estudo os profissionais da saúde poderão aprimorar e prescrever um tratamento eficiente no que diz a respeito as lesões musculoesqueléticas em bailarinas pois, quando se tem conhecimento da lesão, de suas causas e consequências, pode-se desenvolver tratamentos apropriados à musculatura exigida.

O artigo se caracteriza por ser uma revisão bibliográfica, do tipo exploratória e com abordagem explicativa e qualitativa.

No primeiro capitulo será apresentado às lesões que podem ocorrer em função da pratica do balé. No segundo capitulo será mostrado a correlação dos níveis de dor e do processo inflamatório com a prática do ballet e no terceiro capitulo serão evidenciados os benefícios da hidroterapia para bailarinas clássicas.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 LESÕES QUE PODEM OCORRER EM FUNÇÃO DA PRÁTICA DO BALLET

O balé sobrecarrega especialmente os membros inferiores, aumentando a predisposição para lesões. O treinamento exaustivo que envolve as articulações em posições excessivas, geralmente, é composto por exercícios de aquecimento, alongamento, flexibilidade, quedas, saltos, equilíbrio, amplitudes exageradas de movimento, forcas dinâmica, estática e explosiva, giros, trabalho sobre sapatilha de ponta, resistência aeróbica, anaeróbica, entre outros, (SIMÕES E ANJOS et al., 2010 p. 119)

As principais lesões que acometem os bailarinos são: calo macio, calo duro, bolha, hálux valgus (joanete), hálux rígido, entorses no tornozelo, fratura de estresse no tornozelo, sesamoidite, bursite no tornozelo e joelhos, neuroma de Morton, tendinites (região do pé́, tornozelo, joelho e quadril), laceração do menisco, luxação e subluxação do tornozelo e da patela, contusões, lesão ligamentar, abrasão, quadril estalante, artrite degenerativa no quadril, lombalgia, espondilolistese degenerativa, espondilólise e radiculopatia lombar. (MONTEIRO E GREGO et al., 2003 p. 64)

Lesões nos praticantes de balé clássico são mais localizadas nos membros inferiores (quadris, joelhos e pés) e coluna lombar sendo que as distensões musculares, entorses, com o aparecimento de processo inflamatório e fratura por estresse são as lesões mais comuns, além do quadro álgico que é sempre acompanhado durante o desempenho da atividade da dança. (LIMA et al., 2014 p. 646)

Os autores acima concordam que a combinação de fatores extrínsecos e intrínsecos pode acarretar os mais diversos comprometimento devido as posições e movimentos exigidos no balé clássico que envolvem posições articulares de extremo esforço e de grande amplitude de movimento. Através de um numero de repetições incansáveis, bailarinos geram uma sobrecarga no corpo, podendo causar, ao longo do tempo, modificações anatômicas, biomecânicas, morfológicas e físicas, desestabilizando o equilíbrio funcional das bailarinas. A dança traz benefícios à saúde do praticante, porém, quando o objetivo é o alto desempenho, a máxima exigência dos tecidos osteoarticulares atua como agente patológico sobre o aparelho locomotor o que pode gerar lesões e dor.

2.2 A CORRELAÇÃO DOS NÍVEIS DE DOR E DO PROCESSO INFLAMATÓRIO COM A PRÁTICA DO BALÉ

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor define-se como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a lesões reais ou potenciais, descrita em termos de tais lesões”. Esta definição remete para a sua natureza subjetiva e sugere que a dor só́ existe quando reportada pelo individuo. (Ferreira et al., 2014)

A dor é uma experiência multidimensional que inclui componentes nociceptivos, emocionais e cognitivos. Provoca grandes sofrimentos, alterando os neurotransmissores e inibindo o sistema imunológico, provocando afastamento do trabalho e limitando a qualidade de vida dos pacientes (FORMIGA et al., 2010)

A dor musculoesquelética é uma consequência conhecida do esforço repetitivo, do uso excessivo, e de distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho. Essas lesões incluem uma variedade de distúrbios que causam a dor em ossos, articulações, músculos, ou estruturas circunjacentes. A dor pode ser aguda ou crônica, focal ou difusa. A dor lombar baixa é o exemplo mais comum da dor musculoesquelética crônica. Outros exemplos incluem a tendinite e tendinose, neuropatias, mialgias e as fraturas por estresse. (IASP, 2009)

A inflamação caracteriza-se por dilatação dos vasos sanguíneos com consequente aumento do fluxo de sangue no local, aumento da permeabilidade dos capilares com extravasamento de líquidos para os espaços intersticiais e consequente edema tecidual. Muitas vezes ocorre a coagulação destes líquidos nos espaços intersticiais devido às quantidades excessivas de fibrinogênio e de outras proteínas que extravasam dos capilares. Nesta fase ocorre migração de granulócitos e monócitos para o tecido. A intensidade do processo inflamatório é comumente, proporcional ao grau de lesão tecidual. A inflamação pode ser classificada em aguda ou crônica, dependendo da duração, tendo a inflamação aguda uma duração desde poucos minutos até dias, e a crônica a duração de semanas ou meses. (Ramos et al., 2016)

De acordo com os autores acima a dor é que algo interferir na mobilidade, estabilidade é uma resposta que alerta os indivíduos para a ocorrência de alterações na integridade ou na funcionalidade do organismo, permitindo que mecanismos de defesa ou de fuga sejam adotados. Em consequência da pratica do balé, a bailarina apresenta frequentes queixas relacionadas à dor, principalmente em região lombar e de membros inferiores, como quadril joelhos, tornozelos e pés. Porém elas usam dessas dores para se superarem ainda mais nas suas performances em busca da perfeição causado lesões crônicas no decorrer da sua trajetória, levado ao fim de carreira precocemente devido as alterações no organismo.

2.3 BENEFÍCIOS E TÉCNICAS DA HIDROTERAPIA NA E TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS.

A hidroterapia é um recurso muito utilizado e recomendado no processo de tratamento e reabilitação em diversas patologias por possuir vantagens terapêuticas através das suas propriedades físicas e de seus efeitos fisiológicos.

A fisioterapia aquática é um recurso terapêutico que pratica o uso da imersão de uma parte ou de todo o corpo em água, seu diferencial são os princípios físicos da água como densidade relativa, flutuação, pressão hidrostática, fluxo, temperatura, torque e viscosidade que desempenham um papel fundamental para fins terapêuticos que variam de acordo com a temperatura da água, duração do tratamento e a intensidade dos exercícios. (BIASOLI e MACHADO et al., 2016)

Os efeitos da fisioterapia aquática incluem analgesia, aumento da amplitude de movimento, diminuição do espasmo muscular e de processos inflamatórios, além de melhorar na reeducação da marcha, independência funcional, redução de tônus, fortalecimento muscular, facilita ortostatismo, facilita manuseio do paciente em várias posições, facilita o trabalho da coordenação motora global, previne deformidades, diminui o impacto e descarga de peso nas articulações. (CASTRO et al., 2017)

A imersão em ambiente aquático tem efeitos fisiológicos relevantes sobre todos os sistemas e homeostase. Estes efeitos podem ser imediatos ou até mesmo tardios, permitindo que a água seja utilizada para fins terapêuticos em uma grande variedade de problemas orgânicos. A terapia aquática é benéfica no tratamento dos pacientes com distúrbios musculoesqueléticos, neurológicos, cardiopulmonares, entre outros. (COSTA, et al., 2012)

Os exercícios no meio aquático estimulam o metabolismo e o relaxamento da musculatura esquelética. Os resultados incluem a redução do espasmo e da fadiga muscular, analgesia, facilitação do alongamento, melhora da amplitude de movimento, do condicionamento físico e da forca muscular, assim como uma recuperação das lesões (BIASOLI e MACHADO et al., 2016).

2.3.1 BAD RAGAZ

Tal técnica de exercícios originou-se na Alemanha pelo dr. Knupfer Ipsen, cujo objetivo era promover a estabilização do tronco e das extremidades através de padrões de movimentos básicos e, se resistidos, realizados segundo os planos anatômicos. O paciente é posicionado em decúbito dorsal, com auxilio de flutuadores ou “anéis” no pescoço, pelve e tornozelos, por isso que a técnica também é designada de “método dos anéis”. Em 1967, Bridget Davis incorporou o método de facilitação neuromuscular proprioceptiva ao “método dos anéis”.

Atualmente, o método Bad Raggaz é constituído de técnicas de movimentos com padrões em planos anatômicos e diagonais, com resistência e estabilização fornecidos pelo terapeuta. O posicionamento do paciente em decúbito dorsal é mantido através de flutuadores nos seguimentos anatômicos já mencionados anteriormente. A técnica pode ser utilizada passiva ou ativamente em pacientes ortopédicos, reumáticos ou neurológicos. Os objetivos terapêuticos incluem redução de tônus muscular, pré-treinamento de marcha, estabilização de tronco, fortalecimento muscular e melhora da amplitude articular. (BIASOLI e MACHADO et al., 2016)

2.3.2 MÉTODO HALLIWICK

O criador da técnica, desenvolveu inicialmente uma atividade recreativa que visava dar independência individual na água, para pacientes com incapacidade e treiná-los a nadar. Com o passar dos anos, ele foi aperfeiçoando seu método original e adotou técnicas adicionais que foram estabelecidas a partir dos seguintes princípios: Adaptação ambiental que envolve o reconhecimento de duas forças, gravidade e empuxo que, combinados, levam ao movimento rotacional; Restauração do equilíbrio que enfatiza a utilização de grandes padrões de movimento, principalmente com os braços, para mover o corpo em diferentes posturas e ao mesmo tempo manter o equilíbrio; Inibição que é a capacidade de criar e manter uma posição ou postura desejada, através da inibição de padrões posturais patológicos e Facilitação que é a capacidade de criar um movimento que desejamos mentalmente e controlá-lo fisicamente, por outros meios, sem utilizar a flutuação. (BIASOLI e MACHADO et al., 2016)

2.3.3 MÉTODO WATSU

Tal técnica aplica os alongamentos e movimentos do shiatsu zen na água, incluindo alongamentos passivos, mobilização de articulações. Há dois tipos de posições no watsu: as posições simples e as complexas. As simples incluem os movimentos básicos e de livre flutuação. As posições complexas são chamadas berços. (BIASOLI e MACHADO et al., 2016)

2.3.4 HIDROCINESIOTERAPIA

A hidrocinesioterapia constitui um conjunto de técnicas terapêuticas fundamentadas no movimento humano. É a fisioterapia na água ou a pratica de exercícios terapêuticos em piscinas, associada ou não aos manuseios, manipulações, hidromassagem e massoterapia, configurada em programas de tratamento específicos para cada paciente. Os métodos terapêuticos específicos para a fisioterapia aquática que surgiram na Europa e nos EUA veem auxiliar a recuperação do paciente, como Halliwick (Inglaterra), Bad Ragaz (Suíça), Watsu (EUA), Burdenko (Rússia), Osteopatia Aquática (França e Canadá), entre outros. Desta forma, um programa de hidrocinesioterapia adequado a cada paciente pode representar um grande incremento no tratamento, obtendo-se os efeitos de melhora em tempo abreviado e com menor risco de intercorrências, tais como dor muscular tardia e microlesões articulares decorrentes do impacto. (BIASOLI e MACHADO et al., 2016)

Os autores acima afirmam que as forças físicas da água agindo sobre um organismo imerso, provocam alterações fisiológicas extensas, afetando quase todos os sistemas do organismo. Os efeitos fisiológicos podem somar-se aos desencadeados pela pratica de exercício físico na água, tornando as respostas mais complexas. Certamente estas respostas e seus efeitos terapêuticos em um organismo sadio, são diferentes das que ocorrem num corpo doente. Os efeitos predominantes no sistema musculoesquelético são a sensação de relaxamento, influencia sobre a percepção da dor e redução do impacto das articulações lesionadas. Terminações nervosas são afetadas, incluindo receptores de temperatura, tato e pressão. A exposição prolongada é capaz de diminuir a sensibilidade e condução da fibra nervosa lenta e a modulação álgica aumenta com a temperatura e a turbulência da água.

2.4 ANALISE

Ao analisar os dados coletados através da revisão bibliográfica da pesquisa exploratória, explicativa e qualitativa pesquisada por artigos sobre a hidroterapia como tratamento de alterações musculoesqueléticas em bailarinas ficou claro diante dos autores citados no decorre do trabalho a eficácia da hidroterapia sobre o sistema musculoesquelético que é benéfico no tratamento dos pacientes com distúrbios musculoesqueléticos, neurológicos, cardiopulmonares, entre outros. Porém notou-se carência na literatura de estudos sobre hidroterapia como tratamento em bailarinas, que faça tal relação da pratica do balé com a indicação da hidroterapia nos programas de tratamento de lesões.

O que interfere diretamente na indicação clinica, pois quando se tem conhecimento sobre os programas de tratamento de tal modalidade de esporte como o balé clássico, pode-se desenvolver tratamentos apropriados à musculatura exigida. Sugerem-se mais estudos que abordem a temática proposta que evidencie o tratamento através da hidroterapia em bailarinas.

2.4.1 DISCUSSÃO

Em termos de discussão os autores citados evidenciam que os exercícios aquáticos oferecem benefícios significantes no tratamento de patologias musculoesqueléticas. O uso de piscinas aquecidas é eficaz quando comparadas ao tratamento em solo pois o impacto sobre o organismo e articulações é menor em relação aos programas de reabilitação muscular fazendo com que as bailarinas tenham evolução funcional. Os princípios físicos da água são os responsáveis pela capacidade funcional do corpo de se regenerar gradativamente no plano de intervenção terapêutico.

Entretanto as bailarinas devem ser inseridas em programas de tratamento não só medicamentoso, mas também terapêutico já que o balé é um esporte de grande impacto comparado aos outros esportes. As bailarinas realizam performances que combinam valores estéticos e atléticos e por isso, podem ser comparados a atletas de elite. Assim, os bailarinos estão tão sujeitos ao desgaste físico tanto quanto atletas de outras modalidades esportivas (BATISTA, 2010).

2.4.2 RESULTADOS

HAAS, et al 2012 concluiu em seu estudo que certas lesões são características nas bailarinas, devendo ser identificada a etiologia e possíveis fatores causais para que se alcance bons resultados no tratamento curativo e preventivo. Com o intuito de verificar as lesões de maior frequência, o local e o momento em que ocorreram; e, identificar se houve atendimento médico e tratamento da lesões avaliaram um grupo de bailarinos, que se caracterizou por ser do tipo intencional, foi dividida em três grupos: o grupo jazz (GJ) composto por 26 bailarinos, o grupo Jazz/Ballet (GJB) composto por 28 bailarinas e o grupo ballet(GB)composto por 18 bailarinas com idade entre 16 anos com no mínimo quatro anos de experiência no balletclássico.

Alguns bailarinos obtiveram diagnóstico profissional, através de médico ou fisioterapeuta. Porém, nem todos realizaram o tratamento recomendado pelo profissional e somente um pequeno percentual destes curaram ou não sentem mais a lesão. A Tabela 1 mostra que no GJ apenas 31% teve diagnóstico profissional e destes, 19% seguiram o tratamento adequadamente. No GB 79% tiveram diagnóstico profissional e destes todos seguiram o tratamento. No GJB 66% tiveram diagnóstico profissional e 75% seguiram o tratamento recomendado. Dentre os grupos avaliados o que apresentou maior percentual de recuperação foi o GJB, seguido do GB e GJ.

Torres et al., 2018 em sua dissertação investigou a utilização da fisioterapia aquática como tratamento para a dor e a inflamação em bailarinos profissionais. A amostra foi composta por 30 bailarinos, de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos que ensaiavam três vezes por semana, dançavam ballet clássico, jazz e contemporâneo. A amostra foi dividida aleatoriamente em dois grupos: O Grupo Sem Fisioterapia Aquática (GSFA/NAP, N=15) respondeu ao Questionário Sociodemográfico e Ocupacional (QSO), ao Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) pré e pós intervenção, além da Escala de Estresse do Trabalhador (EET). Preencheu a tabela de controle da Escala Visual Analógica (EVA) e foi submetido a três coletas de sangue. O Grupo Com Fisioterapia Aquática (GCFA/AP N=15) cumpriu todos os critérios da pesquisa do GSFA/NAP e foi submetido a 12 intervenções fisioterapêuticas em meio aquático.

As intervenções, contendo dez sessões com duração de 1 hora, três vezes na semana, durante quatro semanas, totalizando um período de um mês, foram realizadas por um profissional formado em Fisioterapia e especializado nesta área. Fundamentado na Fisioterapia Aquática, a intervenção se constituiu em atividades direcionadas a analgesia e ao relaxamento (ativo, ativo-assistido e/ou passivo) em piscina térmica com temperatura de 34°C. Durante o tratamento, houve redução dos marcadores inflamatórios no grupo com fisioterapia aquática, todos os marcadores inflamatórios foram mais reduzidos no GCFA. Nos bailarinos que receberam a intervenção de fisioterapia aquática os níveis aproximaram-se e até diminuíram dos valores basais, antes da intervenção, estes dados podem ter relação direta com a redução de intensidade da dor no mesmo período. (TORRES, 2018)

Em seu livro Parreira et. al. 2011, diz que os estímulos gerados pelo calor e pela pressão hidrostática potencializam o retorno venoso e diminuem a possibilidade de microtraumas aos tecidos moles. E em curto e em longo prazo, os exercícios na água potencializam a força muscular e geram alivio da dor. Acelerando o fortalecimento muscular dinâmico precoce dos atletas e a mobilização ativa, mesmo com a presença da dor. Como resultado da pesquisa chegou-se as seguintes observações, que os exercícios no meio aquático estimulam o metabolismo e o relaxamento da musculatura esquelética. Os resultados incluem a redução do espasmo e da fadiga muscular, analgesia, facilitação do alongamento, melhora da amplitude de movimento, do condicionamento físico e da força muscular, assim como uma recuperação das lesões (BIASOLI et al., 2006).

Os efeitos predominantes no sistema nervoso são a sensação de relaxamento e a influência sobre a percepção da dor. Terminações nervosas são afetadas, incluindo receptores de temperatura, tato e pressão. Além de todos os benefícios fisiológicos do meio aquático, as atividades realizadas neste ambiente por si só́, oferecem um momento de lazer e descontração, que promove a interação social e o bem-estar psíquico aos seus adeptos. Seus efeitos nos sistemas corporais têm sido aproveitados no processo de reabilitação das mais diversas áreas dentro do campo de atuação da fisioterapia.

3. CONCLUSÃO

O artigo trata da hidroterapia como recurso terapêutico para alterações musculoesqueléticas em bailarinas clássicas. Foram apresentados os seguintes pontos: as lesões que podem ocorrer em função da pratica do balé, a correlação dos níveis de dor e do processo inflamatório com a pratica do balé e os benefícios da fisioterapia aquática na reabilitação e tratamento das alterações musculoesqueléticas.

No curso da pesquisa, da investigação, verificou-se que a hidroterapia consiste em um recurso indispensável no tratamento de pacientes portadores das alterações. Os autores concordam que a redução da dor é o seu principal efeito fisiológico, além da melhora da função física, força muscular, flexibilidade, amplitude de movimento e da marcha, contribuindo significativamente para a execução plena das atividades diária dos indivíduos acometidos, além da promoção da aptidão respiratória e cardiovascular.

Dessa forma, sugere-se que pesquisas futuras venham ampliar ainda mais as discussões sobre a utilização dos recursos hidroterapêuticos em bailarinas, refletindo em benefícios diretos para os portadores destas alterações.

É importante ressaltar que a presença de quadros álgicos pode interferir de maneira negativa no desempenho desses profissionais, pois dependem do bom funcionamento de seus corpos para realizar suas atividades laborais.

Ao final desse trabalho pode-se concluir que a fisioterapia aquática pode ser uma importante aliada, atuando com ações preventivas e curativas, proporcionando uma melhor qualidade de vida para essa classe de profissionais. Tendo em vista a importância deste tema, recomenda-se que se realize um estudo mais aprofundado sobre o assunto.

4. TABELAS E FIGURAS

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Tabela 1- Diagnóstico profissional, efetivação do tratamento e cura da lesão

Fonte: FDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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