EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO COMBINADO DE 12 SEMANAS SOBRE A MELHORA DO PERFIL CLÍNICO E CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTE CHAGÁSICO

\"\"
\"\"

Dr. Diogo Van Bavel Bezerra (RJ)

Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestre pelo Instituto Nacional de Cardiologia – INC; Doutorando em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Professor de Anatomia Humana, Fisiologia do Exercício e Bioestatística da Faculdade União Araruama de Ensino – UNILAGOS; Membro do Grupo de Pesquisa em Avaliação e Reabilitação Cardiorrespiratória (GECARE)/UFRJ.

Dr. Michel Silva Reis (RJ)

Doutor em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Professor Adjunto do Departamento de Fisioterapia e dos Programas de Pós-graduação em Cardiologia e Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Líder do Grupo de Pesquisa em Avaliação e Reabilitação Cardiorrespiratória (GECARE)/UFRJ.

CONTEXTUALIZAÇÃO:

A doença de Chagas (dCh) é causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, cuja infecção parasitária impõe uma progressão sistêmica e crônica da doença, Estima-se que no Brasil de 3 a 5 milhões de pacientes chagásicos estejam na fase crônica, tendo assim pacientes cardiopatas crônicos com o desenvolvimento de lesões que podem evoluir durante a forma indeterminada da infecção pelo Trypanosoma cruzi. Um problema grave da doença é a miocardite que causa destruição dos cardiomiócitos, fibrose, progressão da doença, disfunção autonômica, aumentos na inflamação com elevação de citocinas pró-inflamatórias e morte súbita. A insuficiência cardíaca (IC) de etiologia chagásica se apresenta como uma das principais causas de redução na performance hemodinâmica-cardíaca resultando em menor tolerância ao exercício. Esta intolerância associada a uma disfunção muscular periférica resulta na diminuição da capacidade funcional (CF), elevação dos valores pressóricos, perda da autonomia e, consequentemente, na qualidade de vida.

Para avaliação e acompanhamento da doença o teste cardiopulmonar (TCP) é uma ferramenta segura que proporciona respostas fisiológicas durante o exercício que possivelmente não apareceria em condições de repouso Parâmetros importantes são obtidos a partir do TCP para avaliar o prognóstico e o acompanhamento da doença, entre os principais, o consumo máximo de oxigênio (VO2pico) e a ventilação/a produção de dióxido de carbono (VE/VCO2) são usados para fornecer o risco de estratificação dos pacientes. Assim, um programa de exercícios combinados surge como uma estratégia para proporcionar um controle da doença associado à melhora no quadro clínico.

DESENVOLVIMENTO:

No Laboratório de Pesquisa em Avaliação e Reabilitação Cardiorrespiratória (GECARE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi desenvolvido um estudo para avaliar o efeito de um programa de reabilitação cardíaca baseado em exercício físico com duração de doze semanas sobre a CF, força muscular periférica e modulação autonômica de pacientes chagásicos. Foram avaliados 9 pacientes com doença de Chagas (dCh), (idade: 61,7±11,8; IMC: 27,7±2,9kg/h2), com IC crônica com fração de ejeção e capacidade pulmonar preservadas e NYHA I-II. Inicialmente, os voluntários foram submetidos ao teste cardiopulmonar em cicloergômetro, com protocolo do tipo rampa e incrementação da carga de acordo com a capacidade funcional relatada (10W/min). Na sequência, foram avaliados a força muscular periférica (teste de 1 repetição máxima) e a modulação autonômica pela variabilidade da frequência cardíaca. Os voluntários participaram do programa de treinamento combinado de 12 semanas, 3x/semana com uma rotina definida treinamento aeróbio: intensidade equivalente a 100% da FC do limiar anaeróbio ventilatório do teste cardiopulmonar de exercício. Treinamento de força: consistiu de 5 exercícios para os principais grupamentos musculares – agachamento no smith, puxada aberta e remada aberta no pulley, desenvolvimento aberto com halter e abdominal deitado utilizando o método alternado por segmento na distribuição dos exercícios. Sendo avaliados no início (T1) e após três meses de treinamento (T3).

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Deste modo, o programa de treinamento planejado proporcionou aos pacientes com dCh redução nos valores pressóricos e aumentos na força periférica, exibindo assim, uma redução numa possível disfunção muscular associando a uma melhor perfusão periférica, portanto, exercício físico nos programas de reabilitação cardíaca aplicados a pacientes com dCh apresenta melhora da capacidade funcional e na qualidade de vida.

LEITURA COMPLEMENTAR:

  1. Rassi A Jr, Rassi A, Marin-Neto JA. Chagas disease. Lancet. 2010 Apr 17;375(9723):1388-402. doi: 10.1016/S0140-6736(10)60061-X.
  1. Dias JC, Ramos AN Jr, Gontijo ED, Luquetti A, Shikanai-Yasuda MA, Coura JR, Torres RM, Melo JR, Almeida EA, Oliveira W Jr, Silveira AC, Rezende JM, Pinto FS, Ferreira AW, Rassi A, Fragata AA Filho, Sousa AS, Correia D, Jansen AM, Andrade GM, Britto CF, Pinto AY, Rassi A Jr, Campos DE, Abad-Franch F, Santos SE, Chiari E, Hasslocher-Moreno AM, Moreira EF, Marques DS, Silva EL, Marin-Neto JA, Galvão LM, Xavier SS, Valente SA, Carvalho NB, Cardoso AV, Silva RA, Costa VM, Vivaldini SM, Oliveira SM, Valente VD, Lima MM, Alves RV. 2 nd Brazilian Consensus on Chagas Disease, 2015. Rev Soc Bras Med Trop. 2016 Dec;49Suppl 1(Suppl 1):3-60. doi: 10.1590/0037-8682-0505-2016. Erratum in: Rev Soc Bras Med Trop. 2017 Jan-Feb;50(1):149.
  1. Fialho PH, Tura BR, Sousa AS, Oliveira CR, Soares CC, Oliveira JR, Souza MV, Coelho MP, Souza FC, Cunha AB, Kopiler DA. Effects of an exercise program on the functional capacity of patients with chronic Chagas\’ heart disease, evaluated by cardiopulmonary testing. Rev Soc Bras Med Trop. 2012 Mar-Apr;45(2):220-4. doi: 10.1590/s0037-86822012000200016.
\"\"