INTERVENÇÕES CENTRADAS NO ESPORTE PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM PARALISIA CEREBRAL DEAMBULANTES: PROGRAMA SPORTS STARS

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Dra. Amanda Lavarani Calazans Moura (MG)

Acadêmica de Fisioterapia, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG

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Dra. Marina Faria Sales (MG)

Acadêmica de Fisioterapia, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG.

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Dr. Ricardo Rodrigues de Sousa Junior (MG)

Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG.

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Dr. Hercules Ribeiro Leite (MG)

Fisioterapeuta, Mestre e Doutor em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais; Pós-Doutor em Fisioterapia pela The University of Sydney (Austrália). Docente Adjunto do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte – MG.

Contextualização: Crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral (PC) nos níveis I e II do Sistema Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS) são aqueles que deambulam sem auxílio de dispositivos na maioria dos ambientes, mas apresentam limitações em habilidades motoras de alto nível como corrida, salto e controle de objetos1. Após entrar na fase escolar, esses indivíduos podem enfrentar desafios que impactam em sua participação em atividades físicas e recreativas, o que, em consequência, faz com que esse subgrupo de indivíduos apresente altos níveis de sedentarismo, piorando a qualidade de vida e reduzindo os componentes de aptidão física (força, agilidade e condicionamento cardiopulmonar) (1,2).

Desenvolvimento: Uma recente revisão sobre intervenções ativas para crianças e adolescentes com PC deambulantes, destacou as intervenções centradas no esporte como uma modalidade potencial para melhorar as habilidades motoras de alto nível e a participação em atividades físicas e recreativas (3). No geral, as intervenções centradas no esporte têm como principais componentes a utilização de exercícios ativos e específicos à tarefa (treino de habilidades de locomoção e controle de objetos) e a introdução a esporte adaptados. Estas intervenções podem servir como uma intervenção de transição entre a fisioterapia convencional para a realização de esportes coletivos na comunidade (3,4).
Recentemente, Clutterbuck et al. (2020) apresentou os resultados de uma intervenção centrada no esporte denominada Sports Stars (4), a qual consiste em uma intervenção em grupo, liderada por fisioterapeutas. Esta intervenção foi moldada no contexto cultural da Austrália e focou no treino de habilidades pré-requisitos para a realização de esportes populares no país, futebol, críquete, t-ball e softball (4). Esta intervenção em grupo era composta de 6 a 8 participantes e o ocorria uma hora por semana, durante oito semanas (4). Durante as sessões, as crianças realizavam treino de habilidades locomotoras e de controle de objetos e no final de cada sessão elas vivenciavam a prática de esportes modificados. Após 8 semanas de treinamento, foi observado que as crianças melhoraram aspectos da competência física (melhora nas habilidades motoras, agilidade e força muscular) e a participação em atividades físicas e recreativas. Além disso, através da percepção de pais e cuidadores, observou-se também melhoras em competências cognitivas, psicológicas e sociais das crianças participantes (5).

Considerações finais: Esforços são necessários para a implementação destas intervenções centradas no esporte para crianças e adolescentes com PC nos níveis GMFCS I e II. Pensando nisso, uma versão adaptada do programa Sports Stars está sendo desenvolvida. O Sports Stars Brazil contará com uma equipe multidisciplinar contendo fisioterapeutas e educadores físicos e dará enfoque em esportes populares praticados por crianças e adolescentes brasileiros: futebol, atletismo, handebol e basquete. Essa intervenção será realizada na Universidade Federal de Minas Gerais, visando a melhora do desempenho em atividades motoras de alto nível e na participação em atividades físicas e recreativas em crianças e adolescentes com PC.

Referências:

  1. Clutterbuck GL, Auld ML, Johnston LM. Performance of school-aged children with cerebral palsy at GMFCS levels I and II on high-level, sports-focussed gross motor assessments. Disabil Rehabil. 2019;0(0):1-9. doi:10.1080/09638288.2019.1650964
  2. Carlon SL, Taylor NF, Dodd KJ, Shields N. Differences in habitual physical activity levels of young people with cerebral palsy and their typically developing peers: A systematic review. Disabil Rehabil. 2013;35(8):647-655. doi:10.3109/09638288.2012.715721
  3. Clutterbuck G, Auld M, Johnston L. Active exercise interventions improve gross motor function of ambulant/semi-ambulant children with cerebral palsy: a systematic review. Disabil Rehabil. 2019;41(10):1131-1151. doi:10.1080/09638288.2017.1422035
  4. Clutterbuck GL, Auld ML, Johnston LM. SPORTS STARS: a practitioner-led, peer-group sports intervention for ambulant children with cerebral palsy. Activity and participation outcomes of a randomised controlled trial. Disabil Rehabil. 2020;0(0):1-9. doi:10.1080/09638288.2020.1783376
  5. Clutterbuck GL, Auld ML, Johnston LM. SPORTS STARS: a practitioner-led, peer-group sports intervention for ambulant, school-aged children with cerebral palsy. Parent and physiotherapist perspectives. Disabil Rehabil. 2020;0(0):1-10. doi:10.1080/09638288.2020.1785558