FISIOTERAPIA AQUÁTICA CARDIORRESPIRATÓRIA: DAS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS À PRÁTICA CLÍNICA

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Dra. Lisiane Fabris (SC)

Fisioterapeuta, Pedagoga, Mestre em Educação, Especialista em Fisioterapia
Aquática, Especialização em Hidrocinesioterapia, Fisiologia do Exercício,
Ergonomia e Fisioterapia do Trabalho, Residência em Fisioterapia
Cardiorrespiratória
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PALESTRANTE CONFIRMADA

Contextualização: Sabe-se que a Fisioterapia Aquática, sobretudo a intervenção fisioterapêutica por meio de exercícios em ambiente aquático, tem obtido reconhecimento por seus resultados benéficos nas mais diversas áreas da atuação do fisioterapeuta. Entretanto, a prática clínica aponta que os atendimentos aos pacientes portadores de doenças cardiorrespiratórias ainda são ínfimos no ambiente aquático terapêutico. Acredita-se que a escassa abordagem sobre o tema, com baixo número de estudos com parâmetros metodológicos aceitáveis de mensuração das evidências, limitando as revisões sistemáticas e, consequentemente, o desenvolvimento de guidelines, esteja
atrelada às incertezas da equipe multidisciplinar da saúde em relação à indicação dos exercícios aquáticos terapêuticos às pessoas com distúrbios cardíacos e respiratórios, ainda que estas representem as maiores causas de morbimortalidade mundial.

Desenvolvimento: As evidências científicas, bem como o cotidiano clínico, apontam a Fisioterapia Aquática como um meio de tratamento que proporciona adaptações benéficas no sistema cardiorrespiratório, oportunizando eficazmente mudanças na qualidade de vida dos pacientes, especialmente ao que tange às capacidades para as atividades funcionais, oriundas do aumento da tolerância aos esforços, proporcionados pela melhora da força e resistência musculares e diminuição da sensação de dispneia. Tais benefícios são creditados à associação entre as propriedades físicas da água combinados aos efeitos fisiológicos da imersão – sobretudo à pressão expiratória positiva ofertada pela pressão hidrostática e pelos exercícios físicos associados aos respiratórios, destacando-se, para os portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC, o incremento na ventilação e perfusão pulmonares, mobilização de secreções e melhora na disposição para as atividades cotidianas, assim como para os cardiopatas ou os que sofreram revascularização miocárdica.

Considerações finais: Recomenda-se, no entanto, para a obtenção dos resultados almejados, que o protocolo de tratamento tenha período superior a 12 semanas, que o nível de profundidade da imersão seja cuidadosamente definido, bem como a temperatura da água em conformidade com a intensidade e duração das atividades no meio aquático. Ressaltando-se a avaliação criteriosa das condições físicas do paciente na intenção da definição de um protocolo de tratamento seguro e eficaz.

Leitura complementar:
Amorim DC, Tauchert G, Braganholo P, Cordeiro RRS, Rezende AAB, Moreira RF, Rodrigues ESR. A reabilitação na água como modalidade terapêutica para as doenças cardiopulmonares: estudo de revisão. Revista Amazônia Science & Health. 2014 Out/Dez;2(4):42-52.

Shead D, Van Aswegen H. Hydrotherapy in the management of chronic obstructive pulmonary disease: a qualitative systematic review. Physical Therapy Reviews. 2012 Oct.;17(5):271-283. doi: 10.1179/1743288X12Y.0000000024

Martín-Valero R, Cuesta-Vargas AI, Labajos-Manzanares MT. Evidence-Based Review of Hydrotherapy Studies on Chronic Obstructive Pulmonary Disease Patients. International Journal of Aquatic Research and Education. 2012 Aug.;6(3):235-248. doi: 10.25035/ijare.06.03.08