REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202510231345
Bruna Neves de Lima1; Danielly Ramos dos Santos2; Ana Clara Santos Lima3; Vívian Paiva Amorim4; Évilla Taylanna Marcelino Cardoso dos Santos5; Lucas Custodio de Oliveira Silva6; Marcos Davi Barbosa Nascimento7; Maria Grazielly Nascimento de Oliveira8; Wallane Beatriz Costa Silva9; Gisele Gomes de Braga10; Sharlene Maria Oliveira Brito11
RESUMO:
Introdução: O atendimento a pacientes vítimas de trauma exige efetividade, demandando uma equipe multidisciplinar capacitada e uma estrutura hospitalar adequada às situações de emergência, a fim de garantir a eficácia na assistência prestada. O trauma é caracterizado por lesões físicas decorrentes de agentes externos, como acidentes e agressões, configurando-se como uma das principais causas de mortalidade no Brasil. Esse cenário reforça a necessidade de uma abordagem rápida e eficaz por parte da equipe de saúde, com foco na estabilização do paciente. A resposta imediata é determinante, sobretudo no período crítico pós-trauma, em que intervenções precoces impactam diretamente nas chances de sobrevida e na redução de complicações. Objetivo: O presente estudo analisa a influência do tempo de resposta nos desfechos clínicos de pacientes em situação de trauma e propõe estratégias para otimizar os atendimentos de emergência. O objetivo é direcionar ações que contribuam para a efetividade das intervenções, visando a redução da mortalidade e a melhoria dos prognósticos clínicos. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de natureza qualitativa, mediada através da seguinte questão central: “Qual o impacto do tempo de resposta do atendimento pré-hospitalar nos desfechos clínicos de vítimas de trauma?”. A pesquisa foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando a base de dados Medical Literature and Retrieval System Online (Medline), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF). Para o avanço da presente revisão, foram selecionados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Traumas” AND “Atendimento Pré-hospitalar” AND “Tempo Para o Tratamento”, combinando-os com o Operador Booleano AND. Foram incluídos artigos completos, publicados em português, espanhol e inglês, no período dos últimos dez anos, que abordassem, direta ou indiretamente, a relação entre o tempo de resposta no atendimento pré-hospitalar e os desfechos clínicos em vítimas de trauma. Foram excluídos artigos de opinião, dissertações, teses e relatos de caso que não apresentassem embasamento científico robusto. Ao final do processo, foram selecionados 10 artigos que compuseram a amostra deste estudo. Resultados/discussão: Os resultados evidenciam que a agilidade no atendimento é um fator determinante para o aumento da taxa de sobrevivência e para a redução de sequelas, impactando diretamente no desfecho clínico dos pacientes vítimas de trauma. Destaca-se, nesse contexto, o conceito da “Hora de ouro”, que corresponde aos primeiros 60 minutos após o evento traumático, período considerado crítico para a adoção de intervenções que podem definir o prognóstico. A celeridade nas ações, desde o tempo de resposta do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) até a assistência prestada no ambiente hospitalar, mostra-se fundamental para a melhoria dos resultados clínicos e para a redução de complicações e óbitos. Conclusão: Com base na análise dos artigos, evidencia-se que um atendimento pré-hospitalar ágil e devidamente estruturado é fator determinante para a estabilização da vítima, com ênfase no controle de hemorragias exsanguinantes e na garantia das funções vitais. A aplicação eficiente de protocolos sistematizados, como o XABCDE mostra-se essencial nesse contexto. Ademais, a manutenção da qualificação contínua das equipes de emergência, aliada à adequada estrutura dos serviços e à atuação de um atendimento multiprofissional integrado, contribui significativamente para a redução do tempo de resposta e, consequentemente, para melhores desfechos clínicos. Assim, reforça-se a importância do investimento constante em capacitações, na adoção de protocolos eficazes e na otimização da logística e mobilidade dos serviços de emergência.
Palavras-chaves: Traumas. Atendimento pré-hospitalar. Tempo para o tratamento.
INTRODUÇÃO
O atendimento a pacientes em situação de trauma apresenta elevados níveis de complexidade e alta frequência, sobretudo nos contextos de emergência (SILVA, 2006, p. 3). Diante desse cenário, torna-se imprescindível dispor de uma equipe multiprofissional capacitada e de uma estrutura hospitalar especializada, capaz de oferecer uma resposta rápida e eficaz, visando à estabilização e à redução de complicações nos pacientes.
Trauma é definido como qualquer lesão física causada por uma força externa, como acidentes, episódios de violência ou autoagressão, sendo uma das principais causas de mortalidade em países industrializados, incluindo o Brasil (Ciconet,2015, p.16). A gravidade e a complexidade dessas lesões podem variar significativamente, exigindo uma abordagem integrada, rápida e eficaz por parte da equipe de saúde. Nesse contexto, a agilidade na resposta torna-se essencial para otimizar o estado de saúde do paciente e promover sua recuperação.
A“Hora Ouro” corresponde ao período compreendido entre a ocorrência do acidente e a admissão do paciente em um hospital de referência. Esse conceito tem como objetivo proporcionar o melhor atendimento de emergência possível, destacando que, durante a primeira hora de cuidados efetivos, as chances de sobrevivência de uma pessoa traumatizada aumentam significativamente (RA, 2024).
A implementação de protocolos de resposta rápida é indispensável no contexto do atendimento ao trauma. Fundamentados em diretrizes baseadas em evidências, como o protocolo XABCDE, esses instrumentos orientam a equipe de saúde na tomada de decisões ágeis, sistematizadas e precisas. Quando aplicados de forma adequada, contribuem significativamente para a redução das altas taxas de mortalidade e morbidade associadas ao trauma, além de promoverem melhores desfechos clínicos.
Ainda que existam diversos protocolos de resposta rápida, os desafios persistem. Situações de trauma frequentemente apresentam complexidade elevada, e a tomada de decisões em tais circunstâncias exerce impacto direto nos resultados clínicos, que podem variar entre positivos e negativos. A aplicação desses protocolos pode, por vezes, não ser viável, o que evidencia a importância de contar com uma equipe altamente capacitada e preparada para adaptar o atendimento às especificidades de cada paciente.
O presente artigo tem como objetivo examinar o impacto do tempo de resposta nos atendimentos sobre os desfechos clínicos em casos de trauma, ressaltando a relevância de intervenções rápidas na redução da mortalidade. Adicionalmente, busca-se apresentar estratégias para otimizar os tempos de atendimento em ambientes de emergência e avaliar sua efetividade.
METODOLOGIA:
Este trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de natureza qualitativa, desenvolvido com a realização de buscas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). O objetivo foi analisar de forma aprofundada a relação do tempo de abordagem para iniciar o tratamento para casos de trauma e sua influência no respectivo desfecho clínico. Foram selecionadas as bases de dados Medical Literature and Retrieval System Online (Medline), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF) para fazer a coleta de dados. Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados foram: traumas; atendimento pré-hospitalar e tempo para o tratamento, combinando-os com o operador booleano AND.
A formulação desta revisão foi iniciada com a apuração de uma temática central e elaboração de uma questão norteadora que conduziria toda a fase exploratória da pesquisa. Este processo é essencial para determinar o escopo da análise e desenvolver critérios de seleção de materiais. Portanto, a questão de pesquisa baseia-se na seguinte questão central: “Qual o impacto do tempo de resposta do atendimento pré-hospitalar nos desfechos clínicos de vítimas de trauma?” Para tanto, sugere-se verificar por meio da literatura como a agilidade no atendimento pode intervir diretamente na evolução clínica de vítimas de trauma.
O material utilizado nesta revisão foi selecionado com base em critérios específicos de inclusão e exclusão, a fim de assegurar a relevância e a qualidade científica dos estudos. Foram incluídos artigos completos, publicados em português, espanhol e inglês, no período dos últimos dez anos, que abordassem, direta ou indiretamente, a relação entre o tempo de resposta no atendimento pré-hospitalar e os desfechos clínicos em vítimas de trauma. Foram excluídos artigos de opinião, dissertações, teses e relatos de caso que não apresentassem embasamento científico robusto. Essa etapa de triagem teve como objetivo reunir as evidências mais consistentes e pertinentes para sustentar a discussão proposta. Ao final do processo, foram selecionados 10 artigos que compuseram a amostra deste estudo.

Fonte: elaboração própria.
RESULTADO:
A seleção dos materiais utilizados neste estudo foi realizada a partir de obras acadêmicas, artigos científicos e materiais informativos disponíveis em repositórios institucionais, periódicos indexados e fontes especializadas. O objetivo foi analisar a correlação entre o tempo de resposta no atendimento ao trauma e os desfechos clínicos dos pacientes. Após a triagem, análise e organização dos dados, foram incluídos 10 estudos que abordam, de forma relevante, o impacto da resposta precoce no prognóstico de vítimas de trauma.
Os estudos analisados evidenciam que a rapidez no atendimento é crucial para o aumento das taxas de sobrevivência, a minimização de sequelas e a melhoria dos desfechos clínicos em vítimas de trauma. A expressão “Hora de ouro”, que se refere ao período de até 60 minutos após o evento traumático, é amplamente reconhecida como um intervalo decisivo, no qual intervenções ágeis podem ser determinantes para a obtenção de um prognóstico favorável.
Quadro 1 – Estudos que abordam o tempo de resposta e seus impactos em vítimas de trauma (n = 10)
| TÍTULO | AUTOR | OBJETIVO | RESULTADOS |
| TEMPO RESPOSTA DE UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA | Ciconet, R. M. | Avaliar o impacto do tempo de resposta no atendimento pré-hospitalar (SAMU) em vítimas de trauma, com foco nas consequências de atrasos no atendimento de emergência. | O estudo enfatiza a ideia de que o tempo de resposta ou reação maior que 15 minutos, influencia diretamente a riscos de evolução negativa, afetando a sobrevida do paciente. A agilidade e capacitação sãos essenciais para minimizar as sequelas, aumentando a taxa de sobrevivência. |
| USO DE PROTOCOLOS DE RESPOSTA RÁPIDA NO ATENDIMENTO DE POLITRAUMATIZ ADOS: UMA REVISÃO LITERÁRIA | Costa, M. E. M. et al. | Analisar a eficácia de protocolos rápidos, como o XABCDE, no atendimento de politraumatizados, com ênfase na relação entre o tempo de resposta e a mortalidade. | O estudo em questão, defende a aplicação de protocolos baseados em evidência, dentro da “hora de ouro”, contribui significativamente na redução da taxa de mortalidade em pacientes politraumatizados. EM vista disso, protocolos rápidos e eficazes são a base para um bom desfecho clínico, acompanhado de uma boa capacitação profissional. |
| TRAUMA E SINTOMA: DA GENERALIZAÇÃO À SINGULARIDADE | Silva, L. | Discutir a importância de uma abordagem individualizada no atendimento de vítimas de trauma, destacando como o tempo de resposta influencia tanto o sofrimento físico quanto psíquico dos pacientes | O estudo aponta que atrasos no atendimento, além de afetar o quadro clínico físico, pode também impactar o sofrimento emocional e psicológico das vítimas. Nesse sentido a necessidade de um atendimento rápido e capacitado são primordiais para evitar o agravamento que possa vir acontecer. |
| GOLDEN HOUR: VOCÊ SABE O QUE É? | Tecnosenior | Explorar o conceito de “hora de ouro” no contexto de traumas, explicando como a agilidade no atendimento pode alterar significativamente os desfechos clínicos de vítimas traumáticas. | A pesquisa aponta que a “hora de ouro” – o período crítico de até 60 minutos após o trauma – é fundamental para salvar vidas. Intervenções eficazes dentro desse período aumentam as chances de sobrevivência, enquanto atrasos significativos no atendimento resultam em uma diminuição drástica nas probabilidades de recuperação e aumento da mortalidade. |
| Tempo-Resposta do SAMU e Sua Relação com o Prognóstico do Paciente | SILVEIRA, Ana Laura de Melo et al. | Analisar a influência do tempo de resposta do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) sobre os desfechos clínicos dos pacientes atendidos, especialmente em situações de trauma, com foco em identificar a correlação entre atendimento rápido e melhora no prognóstico. | Foi evidenciado que quanto menor o tempo de resposta, melhor é o desfecho clínico, com destaque para redução da mortalidade, menores taxas de complicações e maior estabilidade dos pacientes durante a internação. |
| Indicador tempo de resposta no atendimento ao trauma em um serviço móvel de urgência. | FURQUIM, Ricardo de Jesus et al. | O estudo teve como finalidade avaliar o tempo de resposta no atendimento a vítimas de trauma realizado por um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), com base em dados coletados a partir dos Relatórios de Atendimento do Socorrista (RAS), abrangendo o período de 2019 a 2020 em 21 municípios da região Sul do Brasil. | Os dados analisados revelaram que o tempo médio entre a chamada da ocorrência e o acionamento da ambulância foi de aproximadamente 20 minutos nos atendimentos de socorro e 61 minutos nos casos de transferência. O tempo entre o acionamento da viatura e a chegada ao local da ocorrência foi de 11 minutos para socorros e 17 minutos para transferências, totalizando tempos de resposta de 31 e 78 minutos, respectivamente. A pesquisa ainda evidenciou que o tipo de unidade enviada (básica ou avançada), o turno da ocorrência e a logística de deslocamento também impactam diretamente no tempo de resposta. Essa combinação de fatores reforça a ideia de que, para além do a estrutura operacional e a eficiência na mobilização dos recursos são determinantes nos desfechos clínicos dos pacientes. |
| Impacto do tempo de resposta no serviço de trauma agudo pré-hospitalar. | SILVEIRA, Ana Laura de Melo et al. | O presente estudo tem o objetivo de mostrar a relação entre o tempo de resposta das equipes de atendimento pré-hospitalar e os desfechos clínicos de pacientes vítimas de trauma agudo, com foco na eficácia do socorro durante a chamada “hora de ouro”. | O estudo evidencia que a rapidez no atendimento é um componente essencial para aumentar as chances de sobrevivência em casos de trauma. Foi observado que atrasos tanto no envio das equipes quanto no início do atendimento pré-hospitalar elevam significativamente a probabilidade de complicações severas, como o desenvolvimento de choque hipovolêmico, falência orgânica e danos neurológicos. O trabalho também destaca que, para garantir um atendimento eficaz nesse tipo de ocorrência, é indispensável que os serviços de emergência, como SAMU, equipes de resgate e transporte, operem de forma estruturada e ágil, reduzindo ao máximo o tempo entre a chamada e a intervenção direta. |
| A influência do tempo-resposta para a sobrevida do paciente no atendimento pré-hospitalar. | NASCIMENTO, Franciely Santos do; ULÍANA, Natália Krüger; CARDOSO, Lorena Silveira. | O estudo teve como objetivo analisar a relação entre o tempo de resposta das equipes de atendimento pré-hospitalar e os desfechos clínicos de pacientes vítimas de trauma, enfatizando a importância da “hora de ouro” no aumento da sobrevida e na redução de sequelas. | O estudo evidencia que a rapidez no atendimento é crucial para a sobrevivência do paciente. Os resultados mostram que qualquer atraso no acionamento das equipes, no deslocamento ou no início do atendimento pode aumentar consideravelmente os riscos de complicações graves. |
| Abordagem inicial do paciente vítima de trauma grave. | Publicado pela equipe editorial da Sanar Medicina (SANAR) | O objetivo do artigo é apresentar os principais protocolos e condutas para a abordagem inicial de pacientes vítimas de trauma grave, com foco na avaliação rápida e sistematizada para estabilização clínica, visando à redução de mortalidade e complicações. | O texto destaca que a avaliação primária do paciente traumatizado deve ser feita seguindo o protocolo ABCDE, porém recomendações recentes adotam o protocolo XABCDE que destaca a importância rápida no controle de hemorragias. Essa abordagem sistemática permite identificar e tratar rapidamente condições potencialmente fatais. O artigo enfatiza que a agilidade na execução dessas etapas é fundamental para garantir a sobrevida do paciente, especialmente nas primeiras horas após o trauma. O artigo destaca a importância do protocolo XABCDE, que prioriza o controle imediato de hemorragias exanguinantes antes da avaliação das vias aéreas. Além disso, enfatiza a necessidade de uma abordagem sistemática e rápida, com foco nas primeiras horas após o trauma. |
| Atendimento inicial ao politraumatizado. | Equipe editorial do site Traumatologia e Ortopedia. | O presente artigo apresenta princípios e protocolos para a abordagem inicial de pacientes vítimas de politrauma, com ênfase no atendimento rápido e eficaz para redução da mortalidade e complicações. | O artigo também aborda a classificação do Injury Severity Score (ISS), que quantifica a gravidade das lesões. O artigo também aborda a classificação do Injury Severity Score (ISS), que quantifica a gravidade das lesões. |
DISCUSSÃO:
Cionet, R. M., (2015) determina que durante o atendimento pré-hospitalar o tempo de resposta atua como ferramenta essencial, pois indica um fator de qualidade no serviço a ser realizado. Para obtenção de melhores resultados, o tempo entre o chamado e a chegada da equipe do SAMU deve ser mínimo, o tempo é crucial. Alguns aspectos que impactam no atendimento foram observados, como por exemplo a jornada noturna, profissionais indispensáveis na equipe e dias comerciais, a relação entre eles determina o atendimento como sendo satisfatório ou não.
Na perspectiva de Silveira et al., (2024), qualquer atraso no acionamento da equipe, eleva consideravelmente as possibilidades de consequências graves, como o choque hipovolêmico, falência orgânica e danos neurológicos. Foi observado também que para garantir um atendimento satisfatório, é crucial que as equipes de resgate responsáveis, como o SAMU, ajam de forma organizada e ativa.
O tempo de resposta do SAMU tem relação com os fatores externos e internos, tendo como exemplo a infraestrutura do serviço e as condições de trânsito, que podem distinguir o atendimento como negativo ou positivo. Os dados coletados indicam também, uma diferença em relação ao tempo de resposta, quando o chamado atendido for realizado em até 5 minutos, classifica-se como bom, e péssimo quando a espera pelo atendimento for maior que 20 minutos. (Silveira et al. 2023)
Além disso, destaca-se uma conexão entre os estudos de Tecnosenior., (2015), e Nascimento et al., (2019), no que diz respeito a velocidade e eficiência no atendimento, dando margem a um conceito fundamental nos cuidados aos pacientes vítimas de traumas, a “Hora de Ouro”. Propõe-se por esse conceito que, na primeira hora de atendimento, o indivíduo possui maiores probabilidades de sobreviver e melhores desfechos clínicos.
O estudo de Nascimento et al., (2019), declara que na primeira hora de atendimento, estabelece-se um tempo crítico, que deve ser ágil para um melhor prognóstico e minimização de sequelas ao paciente. O autor também aborda que os profissionais devem ser capacitados a prestar o serviço, oferecendo habilidades pertinentes como, raciocínio crítico, direção telefônica de qualidade, tomada de decisões e treinamentos práticos para intervir nas ocorrências.
Segundo Tecnosenior., (2015), a Hora de Ouro não diz respeito somente a velocidade de atendimento para se obter um melhor prognóstico, mas também aborda que outros fatores podem influenciar esse atendimento, como, por exemplo, a agilidade no chamado. O autor cita que em casos de queda em idosos, onde muitas vezes se encontram sozinhos para solicitar socorro, há uma dificuldade e uma descontinuidade do conceito de “Hora de Ouro”, onde muitas vezes o idoso só conseguirá ajuda quando encontrado por alguém.
Por outro lado, Tecnosenior., (2015), abrange o surgimento de novas tecnologias, e uma delas intitula-se de O Sistema de Alerta Médico, comumente usada nos Estados Unidos, e recentemente chegou ao Brasil. Essa tecnologia, constitui um botão de emergência ligado a uma linha telefônica, que dá acesso a um setor de atendimento funcionando 24 horas por dia. A central recebe os chamados de emergência e direciona ajuda ao indivíduo.
De acordo com o autor, Costa, M. E. M. et al., (2024), os protocolos de atendimento rápido, como exemplo o “ABCDE” são cruciais para prestar um serviço de qualidade focado no paciente, sistemático e rápido. No Brasil, a implementação de protocolos deve-se aos altos índices de mortalidade por trauma, tornando a implementação desses essenciais para melhorar a eficácia do serviço. Os resultados nos mostram que para implementação desses protocolos, deve-se haver treinamento contínuo, comunicação e se necessário, adaptações dos protocolos às condições de cada local.
O autor também nos cita sobre a última atualização do PHTLS, o livro de treinamento de urgências emergências, que viu a necessidade de realizar uma adição ao protocolo que interviesse primeiramente em grandes hemorragias que podem levar a hipovolemia e morte rapidamente. Assim, introduziu-se o “X” no protocolo, priorizando em primeira instância o controle dessas hemorragias graves que podem levar à morte. Tornando o protocolo ABCDE em XABCDE. (Costa, M. E. M. et al., 2024)
A utilização do protocolo XABCDE é fundamental, e permite no momento das intervenções organização e agilidade. As intervenções devem seguir uma ordem, o “X” para grandes hemorragias, “A” para proteção da coluna cervical e preservação das vias aéreas, “B” ventilação e respiração, “C” para circulação e pequenas hemorragias, “D” para avaliação do estado neurológico e por fim, “E” para exposição e controle da temperatura. Assim, o protocolo permite que as condições que possam favorecer risco iminente para o paciente, sejam avaliadas e contidas. (Sanar, 2022)
CONCLUSÃO:
Conclui-se que a agilidade no atendimento pré-hospitalar a vítimas de trauma é fator determinante para a melhoria dos desfechos clínicos. A aplicação eficiente de protocolos sistematizados, como o XABCDE, possibilita uma abordagem estruturada e eficaz, com ênfase no controle de hemorragias exsanguinantes e na estabilização das funções vitais do paciente.
A “hora de ouro”, período crítico de até 60 minutos após o trauma, destaca-se como janela terapêutica essencial, na qual intervenções rápidas podem significar a diferença entre a vida e a morte. Estudos demonstram que atrasos no atendimento aumentam significativamente o risco de complicações graves, como choque hipovolêmico, falência orgânica e danos neurológicos.
Além disso, fatores como a capacitação contínua das equipes de emergência, a comunicação eficaz entre os profissionais e a adequação da infraestrutura dos serviços de atendimento móvel são fundamentais para a redução do tempo de resposta e, consequentemente, para a melhoria dos prognósticos dos pacientes.
Portanto, reforça-se a necessidade de investimentos em treinamento, protocolos baseados em evidências e melhorias logísticas nos serviços de emergência, visando à otimização do atendimento pré-hospitalar e à redução da mortalidade e morbidade associadas aos traumas.
REFERÊNCIAS
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1Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: giselegomes@aluno.unifapce.edu.br;
2Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: Daniellyrs@aluno.unifapce.edu.br;
3Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: Clarasantos@aluno.unifapce.edu.br;
4Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: vivianamorim@aluno.unifapce.edu.br;
5Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: evitaylanna@aluno.unifapce.edu.br;
6Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: lucas@aluno.unifapce.edu.br;
7Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: marcos.davi703@aluno.unifapce.edu.br;
8Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: bnlima609@aluno.unifapce.edu.br;
9Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: graziellynascimento12@aluno.unifapce.edu.br;
10Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email:wallanebeatriz@aluno.unifapce.edu.br;
11Docente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: sharlene.brito@fapce.edu.br
