O IMPACTO DO TEMPO DE RESPOSTA NO DESFECHO CLÍNICO EM SITUAÇÕES DE TRAUMA 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202510231345


Bruna Neves de Lima1; Danielly Ramos dos Santos2; Ana Clara Santos Lima3; Vívian Paiva Amorim4; Évilla Taylanna Marcelino Cardoso dos Santos5; Lucas Custodio de Oliveira Silva6; Marcos Davi Barbosa Nascimento7; Maria Grazielly Nascimento de Oliveira8; Wallane Beatriz Costa Silva9; Gisele Gomes de Braga10; Sharlene Maria Oliveira Brito11


RESUMO: 

Introdução: O atendimento a pacientes vítimas de trauma exige efetividade, demandando uma equipe multidisciplinar capacitada e uma estrutura hospitalar adequada às situações de emergência, a fim de garantir a eficácia na assistência prestada. O trauma é caracterizado por lesões físicas decorrentes de agentes externos, como acidentes e agressões, configurando-se como uma das principais causas de mortalidade no Brasil. Esse cenário reforça a necessidade de uma abordagem rápida e eficaz por parte da equipe de saúde, com foco na estabilização do paciente. A resposta imediata é determinante, sobretudo no período crítico pós-trauma, em que intervenções precoces impactam diretamente nas chances de sobrevida e na redução de complicações. Objetivo: O presente estudo analisa a influência do tempo de resposta nos desfechos clínicos de pacientes em situação de trauma e propõe estratégias para otimizar os atendimentos de emergência. O objetivo é direcionar ações que contribuam para a efetividade das intervenções, visando a redução da mortalidade e a melhoria dos prognósticos clínicos. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de natureza qualitativa, mediada através da seguinte questão central: “Qual o impacto do tempo de resposta do atendimento pré-hospitalar nos desfechos clínicos de vítimas de trauma?”. A pesquisa foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando a base de dados Medical Literature and Retrieval System Online (Medline), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF). Para o avanço da presente revisão, foram selecionados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Traumas” AND “Atendimento Pré-hospitalar” AND “Tempo Para o Tratamento”, combinando-os com o Operador Booleano AND. Foram incluídos artigos completos, publicados em português, espanhol e inglês, no período dos últimos dez anos, que abordassem, direta ou indiretamente, a relação entre o tempo de resposta no atendimento pré-hospitalar e os desfechos clínicos em vítimas de trauma. Foram excluídos artigos de opinião, dissertações, teses e relatos de caso que não apresentassem embasamento científico robusto. Ao final do processo, foram selecionados 10 artigos que compuseram a amostra deste estudo. Resultados/discussão: Os resultados evidenciam que a agilidade no atendimento é um fator determinante para o aumento da taxa de sobrevivência e para a redução de sequelas, impactando diretamente no desfecho clínico dos pacientes vítimas de trauma. Destaca-se, nesse contexto, o conceito da “Hora de ouro”, que corresponde aos primeiros 60 minutos após o evento traumático, período considerado crítico para a adoção de intervenções que podem definir o prognóstico. A celeridade nas ações, desde o tempo de resposta do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) até a assistência prestada no ambiente hospitalar, mostra-se fundamental para a melhoria dos resultados clínicos e para a redução de complicações e óbitos. Conclusão: Com base na análise dos artigos, evidencia-se que um atendimento pré-hospitalar ágil e devidamente estruturado é fator determinante para a estabilização da vítima, com ênfase no controle de hemorragias exsanguinantes e na garantia das funções vitais. A aplicação eficiente de protocolos sistematizados, como o XABCDE mostra-se essencial nesse contexto. Ademais, a manutenção da qualificação contínua das equipes de emergência, aliada à adequada estrutura dos serviços e à atuação de um atendimento multiprofissional integrado, contribui significativamente para a redução do tempo de resposta e, consequentemente, para melhores desfechos clínicos. Assim, reforça-se a importância do investimento constante em capacitações, na adoção de protocolos eficazes e na otimização da logística e mobilidade dos serviços de emergência. 

Palavras-chaves: Traumas. Atendimento pré-hospitalar. Tempo para o tratamento.

INTRODUÇÃO 

O atendimento a pacientes em situação de trauma apresenta elevados níveis de complexidade e alta frequência, sobretudo nos contextos de emergência (SILVA, 2006, p. 3). Diante desse cenário, torna-se imprescindível dispor de uma equipe multiprofissional capacitada e de uma estrutura hospitalar especializada, capaz de oferecer uma resposta rápida e eficaz, visando à estabilização e à redução de complicações nos pacientes. 

Trauma é definido como qualquer lesão física causada por uma força externa, como acidentes, episódios de violência ou autoagressão, sendo uma das principais causas de mortalidade em países industrializados, incluindo o Brasil (Ciconet,2015, p.16). A gravidade e a complexidade dessas lesões podem variar significativamente, exigindo uma abordagem integrada, rápida e eficaz por parte da equipe de saúde. Nesse contexto, a agilidade na resposta torna-se essencial para otimizar o estado de saúde do paciente e promover sua recuperação. 

A“Hora Ouro” corresponde ao período compreendido entre a ocorrência do acidente e a admissão do paciente em um hospital de referência. Esse conceito tem como objetivo proporcionar o melhor atendimento de emergência possível, destacando que, durante a primeira hora de cuidados efetivos, as chances de sobrevivência de uma pessoa traumatizada aumentam significativamente (RA, 2024). 

A implementação de protocolos de resposta rápida é indispensável no contexto do atendimento ao trauma. Fundamentados em diretrizes baseadas em evidências, como o protocolo XABCDE, esses instrumentos orientam a equipe de saúde na tomada de decisões ágeis, sistematizadas e precisas. Quando aplicados de forma adequada, contribuem significativamente para a redução das altas taxas de mortalidade e morbidade associadas ao trauma, além de promoverem melhores desfechos clínicos. 

Ainda que existam diversos protocolos de resposta rápida, os desafios persistem. Situações de trauma frequentemente apresentam complexidade elevada, e a tomada de decisões em tais circunstâncias exerce impacto direto nos resultados clínicos, que podem variar entre positivos e negativos. A aplicação desses protocolos pode, por vezes, não ser viável, o que evidencia a importância de contar com uma equipe altamente capacitada e preparada para adaptar o atendimento às especificidades de cada paciente. 

O presente artigo tem como objetivo examinar o impacto do tempo de resposta nos atendimentos sobre os desfechos clínicos em casos de trauma, ressaltando a relevância de intervenções rápidas na redução da mortalidade. Adicionalmente, busca-se apresentar estratégias para otimizar os tempos de atendimento em ambientes de emergência e avaliar sua efetividade. 

METODOLOGIA: 

Este trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de natureza qualitativa, desenvolvido com a realização de buscas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). O objetivo foi analisar de forma aprofundada a relação do tempo de abordagem para iniciar o tratamento para casos de trauma e sua influência no respectivo desfecho clínico. Foram selecionadas as bases de dados Medical Literature and Retrieval System Online (Medline), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF) para fazer a coleta de dados. Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados foram: traumas; atendimento pré-hospitalar e tempo para o tratamento, combinando-os com o operador booleano AND. 

A formulação desta revisão foi iniciada com a apuração de uma temática central e elaboração de uma questão norteadora que conduziria toda a fase exploratória da pesquisa. Este processo é essencial para determinar o escopo da análise e desenvolver critérios de seleção de materiais. Portanto, a questão de pesquisa baseia-se na seguinte questão central: “Qual o impacto do tempo de resposta do atendimento pré-hospitalar nos desfechos clínicos de vítimas de trauma?” Para tanto, sugere-se verificar por meio da literatura como a agilidade no atendimento pode intervir diretamente na evolução clínica de vítimas de trauma. 

O material utilizado nesta revisão foi selecionado com base em critérios específicos de inclusão e exclusão, a fim de assegurar a relevância e a qualidade científica dos estudos. Foram incluídos artigos completos, publicados em português, espanhol e inglês, no período dos últimos dez anos, que abordassem, direta ou indiretamente, a relação entre o tempo de resposta no atendimento pré-hospitalar e os desfechos clínicos em vítimas de trauma. Foram excluídos artigos de opinião, dissertações, teses e relatos de caso que não apresentassem embasamento científico robusto. Essa etapa de triagem teve como objetivo reunir as evidências mais consistentes e pertinentes para sustentar a discussão proposta. Ao final do processo, foram selecionados 10 artigos que compuseram a amostra deste estudo.

Fonte: elaboração própria. 

RESULTADO: 

A seleção dos materiais utilizados neste estudo foi realizada a partir de obras acadêmicas, artigos científicos e materiais informativos disponíveis em repositórios institucionais, periódicos indexados e fontes especializadas. O objetivo foi analisar a correlação entre o tempo de resposta no atendimento ao trauma e os desfechos clínicos dos pacientes. Após a triagem, análise e organização dos dados, foram incluídos 10 estudos que abordam, de forma relevante, o impacto da resposta precoce no prognóstico de vítimas de trauma. 

Os estudos analisados evidenciam que a rapidez no atendimento é crucial para o aumento das taxas de sobrevivência, a minimização de sequelas e a melhoria dos desfechos clínicos em vítimas de trauma. A expressão “Hora de ouro”, que se refere ao período de até 60 minutos após o evento traumático, é amplamente reconhecida como um intervalo decisivo, no qual intervenções ágeis podem ser determinantes para a obtenção de um prognóstico favorável. 

Quadro 1 – Estudos que abordam o tempo de resposta e seus impactos em vítimas de trauma (n = 10)

TÍTULO AUTOR OBJETIVO RESULTADOS
TEMPO RESPOSTA DE UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA Ciconet, R. M. Avaliar o impacto do tempo de resposta no atendimento pré-hospitalar (SAMU) em vítimas de trauma, com foco nas consequências de atrasos no atendimento de emergência. O estudo enfatiza a ideia de que o tempo de resposta ou reação maior que 15 minutos, influencia diretamente a riscos de evolução negativa, afetando a sobrevida do paciente. A agilidade e capacitação sãos essenciais para minimizar as sequelas, aumentando a taxa de sobrevivência. 
USO DE PROTOCOLOS DE RESPOSTA RÁPIDA NO ATENDIMENTO DE POLITRAUMATIZ ADOS: UMA 
REVISÃO LITERÁRIA
Costa, M. E. M. et al.Analisar a eficácia de protocolos rápidos, como o XABCDE, no atendimento de politraumatizados, com ênfase na relação entre o tempo de resposta e a mortalidade.O estudo em questão, defende a aplicação de protocolos baseados em evidência, dentro da “hora de ouro”, contribui 
significativamente na redução da taxa de mortalidade em pacientes politraumatizados. EM vista disso, protocolos rápidos e eficazes são a base para um bom desfecho clínico, acompanhado de uma boa capacitação 
profissional. 
TRAUMA E SINTOMA: DA GENERALIZAÇÃO À SINGULARIDADESilva, L. Discutir a importância de uma abordagem individualizada no atendimento de vítimas de trauma, destacando como o tempo de resposta influencia tanto o sofrimento físico quanto psíquico dos pacientesO estudo aponta que atrasos no atendimento, além de afetar o quadro clínico físico, pode também impactar o sofrimento emocional e psicológico das vítimas. Nesse sentido a necessidade de um atendimento rápido e capacitado são primordiais para evitar o agravamento que possa vir acontecer. 
GOLDEN HOUR: VOCÊ SABE O QUE É?Tecnosenior Explorar o conceito de “hora de ouro” no contexto de traumas, explicando como a agilidade no atendimento pode alterar significativamente os desfechos clínicos de vítimas traumáticas.A pesquisa aponta que a “hora de ouro” – o período crítico de até 60 minutos após o trauma – é fundamental para salvar vidas. Intervenções eficazes dentro desse período aumentam as chances de sobrevivência, enquanto atrasos significativos no atendimento resultam em uma diminuição drástica nas probabilidades de recuperação e aumento da mortalidade.
Tempo-Resposta do SAMU e Sua Relação com o Prognóstico do Paciente
SILVEIRA, Ana Laura de Melo et al. Analisar a influência do tempo de resposta do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) sobre os desfechos clínicos dos pacientes atendidos, 
especialmente em situações de trauma, com foco em identificar a correlação entre atendimento rápido e melhora no prognóstico. 
Foi evidenciado que quanto menor o tempo de resposta, melhor é o desfecho clínico, com destaque para redução da mortalidade, menores taxas de complicações e maior estabilidade dos pacientes durante a internação. 
Indicador tempo de resposta no atendimento ao trauma em um serviço móvel de urgência.FURQUIM, Ricardo de Jesus et al.O estudo teve como finalidade avaliar o tempo de resposta no atendimento a vítimas de trauma realizado por um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), com base em dados coletados a partir dos Relatórios de Atendimento do Socorrista (RAS), abrangendo o período de 2019 a 2020 em 21 municípios da região Sul do Brasil.Os dados analisados 
revelaram que o tempo médio entre a chamada da ocorrência e o acionamento da ambulância foi de aproximadamente 20 minutos nos atendimentos de socorro e 61 minutos nos casos de transferência. O tempo entre o acionamento da viatura e a chegada ao local da ocorrência foi de 11 minutos para socorros e 17 minutos para transferências, totalizando tempos de resposta de 31 e 78 minutos, respectivamente.
A pesquisa ainda evidenciou que o tipo de unidade enviada (básica ou avançada), o turno da ocorrência e a logística de deslocamento também impactam diretamente no tempo de resposta. Essa combinação de fatores reforça a ideia de que, para além do a estrutura operacional e a eficiência na mobilização dos recursos são determinantes nos desfechos clínicos dos pacientes. 
Impacto do tempo de resposta no serviço de trauma agudo pré-hospitalar.SILVEIRA, Ana Laura de Melo et al.O presente estudo tem o objetivo de mostrar a relação entre o tempo de resposta das equipes de atendimento pré-hospitalar e os desfechos clínicos de pacientes vítimas de trauma agudo, com foco na eficácia do socorro durante a chamada “hora de ouro”.O estudo evidencia que a rapidez no atendimento é um componente 
essencial para aumentar as chances de sobrevivência em casos de trauma. Foi observado que atrasos tanto no envio das equipes quanto no início do atendimento pré-hospitalar elevam significativamente a probabilidade de complicações severas, como o desenvolvimento de choque hipovolêmico, 
falência orgânica e danos neurológicos.
O trabalho também destaca que, para garantir um atendimento eficaz nesse tipo de ocorrência, é indispensável que os serviços de emergência, como SAMU, equipes de resgate e transporte, operem de forma estruturada e ágil, reduzindo ao máximo o tempo entre a chamada e a intervenção direta. 
A influência do tempo-resposta para a sobrevida do paciente no 
atendimento pré-hospitalar.
NASCIMENTO, Franciely Santos do; ULÍANA, Natália Krüger; CARDOSO, Lorena Silveira.O estudo teve como objetivo analisar a relação entre o tempo de resposta das equipes de atendimento pré-hospitalar e os desfechos clínicos de pacientes vítimas de trauma, enfatizando a importância da “hora de ouro” no aumento da sobrevida e na redução de sequelas.O estudo evidencia que a rapidez no atendimento é crucial para a sobrevivência do paciente. Os resultados mostram que qualquer atraso no acionamento das equipes, no deslocamento ou no início do atendimento pode aumentar 
consideravelmente os riscos de complicações graves.
Abordagem inicial do paciente vítima de trauma grave. Publicado pela equipe editorial da Sanar Medicina (SANAR) O objetivo do artigo é apresentar os principais protocolos e condutas para a abordagem inicial de pacientes vítimas de trauma grave, com foco na avaliação rápida e sistematizada para estabilização clínica, visando à redução de mortalidade e complicações. O texto destaca que a avaliação primária do paciente traumatizado deve ser feita seguindo o protocolo ABCDE, porém recomendações recentes adotam o protocolo XABCDE que destaca a importância rápida no controle de hemorragias. Essa abordagem sistemática permite identificar e tratar rapidamente 
condições potencialmente fatais. O artigo enfatiza que a agilidade na execução dessas etapas é fundamental para garantir a sobrevida do paciente, especialmente nas primeiras horas após o trauma. O artigo destaca a importância do protocolo XABCDE, que prioriza o controle imediato de hemorragias 
exanguinantes antes da avaliação das vias aéreas. Além disso, enfatiza a necessidade de uma abordagem sistemática e rápida, com foco nas primeiras horas após o trauma.
Atendimento inicial ao politraumatizado.Equipe editorial do site Traumatologia e Ortopedia.O presente artigo apresenta princípios e protocolos para a abordagem inicial de pacientes vítimas de politrauma, com ênfase no atendimento rápido e eficaz para redução da mortalidade e complicações.O artigo também aborda a classificação do Injury Severity Score (ISS), que quantifica a gravidade das lesões. O artigo também aborda a classificação do Injury Severity Score (ISS), que quantifica a gravidade das lesões.

DISCUSSÃO: 

Cionet, R. M., (2015) determina que durante o atendimento pré-hospitalar o tempo de resposta atua como ferramenta essencial, pois indica um fator de qualidade no serviço a ser realizado. Para obtenção de melhores resultados, o tempo entre o chamado e a chegada da equipe do SAMU deve ser mínimo, o tempo é crucial. Alguns aspectos que impactam no atendimento foram observados, como por exemplo a jornada noturna, profissionais indispensáveis na equipe e dias comerciais, a relação entre eles determina o atendimento como sendo satisfatório ou não. 

Na perspectiva de Silveira et al., (2024), qualquer atraso no acionamento da equipe, eleva consideravelmente as possibilidades de consequências graves, como o choque hipovolêmico, falência orgânica e danos neurológicos. Foi observado também que para garantir um atendimento satisfatório, é crucial que as equipes de resgate responsáveis, como o SAMU, ajam de forma organizada e ativa. 

O tempo de resposta do SAMU tem relação com os fatores externos e internos, tendo como exemplo a infraestrutura do serviço e as condições de trânsito, que podem distinguir o atendimento como negativo ou positivo. Os dados coletados indicam também, uma diferença em relação ao tempo de resposta, quando o chamado atendido for realizado em até 5 minutos, classifica-se como bom, e péssimo quando a espera pelo atendimento for maior que 20 minutos. (Silveira et al. 2023) 

Além disso, destaca-se uma conexão entre os estudos de Tecnosenior., (2015), e Nascimento et al., (2019), no que diz respeito a velocidade e eficiência no atendimento, dando margem a um conceito fundamental nos cuidados aos pacientes vítimas de traumas, a “Hora de Ouro”. Propõe-se por esse conceito que, na primeira hora de atendimento, o indivíduo possui maiores probabilidades de sobreviver e melhores desfechos clínicos. 

O estudo de Nascimento et al., (2019), declara que na primeira hora de atendimento, estabelece-se um tempo crítico, que deve ser ágil para um melhor prognóstico e minimização de sequelas ao paciente. O autor também aborda que os profissionais devem ser capacitados a prestar o serviço, oferecendo habilidades pertinentes como, raciocínio crítico, direção telefônica de qualidade, tomada de decisões e treinamentos práticos para intervir nas ocorrências. 

Segundo Tecnosenior., (2015), a Hora de Ouro não diz respeito somente a velocidade de atendimento para se obter um melhor prognóstico, mas também aborda que outros fatores podem influenciar esse atendimento, como, por exemplo, a agilidade no chamado. O autor cita que em casos de queda em idosos, onde muitas vezes se encontram sozinhos para solicitar socorro, há uma dificuldade e uma descontinuidade do conceito de “Hora de Ouro”, onde muitas vezes o idoso só conseguirá ajuda quando encontrado por alguém. 

Por outro lado, Tecnosenior., (2015), abrange o surgimento de novas tecnologias, e uma delas intitula-se de O Sistema de Alerta Médico, comumente usada nos Estados Unidos, e recentemente chegou ao Brasil. Essa tecnologia, constitui um botão de emergência ligado a uma linha telefônica, que dá acesso a um setor de atendimento funcionando 24 horas por dia. A central recebe os chamados de emergência e direciona ajuda ao indivíduo. 

De acordo com o autor, Costa, M. E. M. et al., (2024), os protocolos de atendimento rápido, como exemplo o “ABCDE” são cruciais para prestar um serviço de qualidade focado no paciente, sistemático e rápido. No Brasil, a implementação de protocolos deve-se aos altos índices de mortalidade por trauma, tornando a implementação desses essenciais para melhorar a eficácia do serviço. Os resultados nos mostram que para implementação desses protocolos, deve-se haver treinamento contínuo, comunicação e se necessário, adaptações dos protocolos às condições de cada local. 

O autor também nos cita sobre a última atualização do PHTLS, o livro de treinamento de urgências emergências, que viu a necessidade de realizar uma adição ao protocolo que interviesse primeiramente em grandes hemorragias que podem levar a hipovolemia e morte rapidamente. Assim, introduziu-se o “X” no protocolo, priorizando em primeira instância o controle dessas hemorragias graves que podem levar à morte. Tornando o protocolo ABCDE em XABCDE. (Costa, M. E. M. et al., 2024) 

A utilização do protocolo XABCDE é fundamental, e permite no momento das intervenções organização e agilidade. As intervenções devem seguir uma ordem, o “X” para grandes hemorragias, “A” para proteção da coluna cervical e preservação das vias aéreas, “B” ventilação e respiração, “C” para circulação e pequenas hemorragias, “D” para avaliação do estado neurológico e por fim, “E” para exposição e controle da temperatura. Assim, o protocolo permite que as condições que possam favorecer risco iminente para o paciente, sejam avaliadas e contidas. (Sanar, 2022) 

CONCLUSÃO: 

Conclui-se que a agilidade no atendimento pré-hospitalar a vítimas de trauma é fator determinante para a melhoria dos desfechos clínicos. A aplicação eficiente de protocolos sistematizados, como o XABCDE, possibilita uma abordagem estruturada e eficaz, com ênfase no controle de hemorragias exsanguinantes e na estabilização das funções vitais do paciente. 

A “hora de ouro”, período crítico de até 60 minutos após o trauma, destaca-se como janela terapêutica essencial, na qual intervenções rápidas podem significar a diferença entre a vida e a morte. Estudos demonstram que atrasos no atendimento aumentam significativamente o risco de complicações graves, como choque hipovolêmico, falência orgânica e danos neurológicos. 

Além disso, fatores como a capacitação contínua das equipes de emergência, a comunicação eficaz entre os profissionais e a adequação da infraestrutura dos serviços de atendimento móvel são fundamentais para a redução do tempo de resposta e, consequentemente, para a melhoria dos prognósticos dos pacientes. 

Portanto, reforça-se a necessidade de investimentos em treinamento, protocolos baseados em evidências e melhorias logísticas nos serviços de emergência, visando à otimização do atendimento pré-hospitalar e à redução da mortalidade e morbidade associadas aos traumas.

REFERÊNCIAS 

CICONET, Rosane Mortari. Tempo resposta de um serviço de atendimento móvel de urgência. 2015. 122 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Enfermagem, Porto Alegre, 2015. 

COSTA, Maria Eduarda Magalhães et al. Uso de protocolos de resposta rápida no atendimento de politraumatizados: uma revisão literária. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 9, p. 237-253, 2024. DOI: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n9p237-253 . 

FERREIRA, Augusto Séttemo; CRUZ, Marina Coimbra da; CAMARGO, Renan Paes de; CRUZ, Lucas Coimbra da; CRUZ, Daniela Moreira da; CRUZ, Marlene Cabral Coimbra da. P 52. Atendimento Médico Pré-Hospitalar no Brasil: Evolução Histórica. Archives of Health Investigation, v. 5, 2016. Disponível em: https://www.archhealthinvestigation.com.br/ArcHI/article/view/1854. 

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FURQUIM, Ricardo de Jesus et al. Indicador tempo de resposta no atendimento ao trauma em um serviço móvel de urgência. Research, Society and Development, v. 11, n. 7, e40111728824, 2022. DOI: https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.28824. Acesso em: 18 abr. 2025. 

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SANTOS DO NASCIMENTO, Franciely; KRÜGER ULÍANA, Natália; SILVEIRA CARDOSO, Lorena. A influência do tempo-resposta para a sobrevida do paciente no atendimento pré-hospitalar. Ciências da Saúde, v. 29, n. 140, p. [incluir as páginas], nov. 2024. Disponível em:https://revistaemergencia.com.br/destaques-revista-emergencia/a-influencia-do-tempo-res posta-para-a-sobrevida-do-paciente-no-atendimento-pre-hospitalar /. Acesso em: 10 jun. 2025. 

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1Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: giselegomes@aluno.unifapce.edu.br;
2Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: Daniellyrs@aluno.unifapce.edu.br;
3Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: Clarasantos@aluno.unifapce.edu.br;
4Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: vivianamorim@aluno.unifapce.edu.br;
5Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: evitaylanna@aluno.unifapce.edu.br;
6Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: lucas@aluno.unifapce.edu.br;
7Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: marcos.davi703@aluno.unifapce.edu.br;
8Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: bnlima609@aluno.unifapce.edu.br;
9Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: graziellynascimento12@aluno.unifapce.edu.br;
10Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email:wallanebeatriz@aluno.unifapce.edu.br;
11Docente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso, email: sharlene.brito@fapce.edu.br