ESTRATÉGIAS DE MANEJO DA DOR EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL E PEDIÁTRICA: REVISÃO INTEGRATIVA 

PAIN MANAGEMENT STRATEGIES IN NEONATAL AND PEDIATRIC INTENSIVE CARE UNIT: INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202507311335


Karla Denise Barros Ribeiro Vasques1
Maria Carolina Carneiro Parente2
Caio César Otôni Espíndola Rocha3


RESUMO 

O manejo da dor em recém-nascidos e crianças hospitalizadas em UTIs é um desafio devido à  imaturidade do sistema nervoso e à dificuldade de comunicação. Embora existam escalas validadas para  avaliação da dor, a falta de protocolos padronizados e treinamento especializado compromete o controle  adequado da dor, o que pode resultar em impactos negativos no desenvolvimento neuropsicomotor. Este  estudo objetiva identificar e analisar as estratégias mais eficazes para o manejo da dor em pacientes  neonatais e infantis internados em UTIs, contribuindo para um atendimento mais seguro e humanizado.  Trata-se de uma revisão integrativa baseada nas diretrizes de Polit e Beck (2019) e Mendes, Silveira e  Galvão (2008). Foram incluídos estudos publicados entre 2020 e 2025 nas bases LILACS, PubMed,  MEDLINE, SCOPUS e BVS, utilizando os descritores: “Pain Management”, “Health Strategies”,  “Intensive Care Units, Pediatric” e “Intensive Care Units, Neonatal”. Dos 515 estudos encontrados, 13  foram selecionados após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Os estudos analisados  abordaram intervenções farmacológicas e não farmacológicas, sendo estas últimas efetivas e não  ocasionando os efeitos adversos relacionados ao uso de medicações. Métodos como voz materna, ruído  branco, sucção não-nutritiva e uso de protetores auriculares mostraram-se eficazes na redução da dor e  do estresse, principalmente durante procedimentos invasivos. Embora haja evolução nas pesquisas sobre  o manejo da dor em UTIs neonatais e pediátricas, persistem lacunas quanto à eficácia comparativa das  intervenções. A padronização de protocolos e o treinamento adequado dos profissionais são essenciais  para garantir uma abordagem eficiente e humanizada. 

Palavras-chave: Manejo da Dor. Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Unidades de Terapia  Intensiva Pediátrica. 

ABSTRACT 

Pain management in newborns and children hospitalized in ICUs is a challenge due to the immaturity  of the nervous system and difficulty in communication. Although there are validated scales for pain  assessment, the lack of standardized protocols and specialized training compromises adequate pain  control, which can result in negative impacts on neuropsychomotor development. This study aims to  identify and analyze the most effective strategies for pain management in neonatal and child patients  admitted to ICUs, contributing to safer and more humanized care. This is an integrative review based  on the guidelines of Polit and Beck (2019) and Mendes, Silveira and Galvão (2008). Studies published  between 2020 and 2025 in the LILACS, PubMed, MEDLINE, SCOPUS and BVS databases were  included, using the descriptors: “Pain Management”, “Health Strategies”, “Intensive Care Units,  Pediatric” and “Intensive Care Units, Neonatal”. Of the 515 studies found, 13 were selected after  applying the inclusion and exclusion criteria. The studies analyzed addressed pharmacological and non pharmacological interventions, the latter being effective and not causing adverse effects related to the  use of medications. Methods such as maternal voice, white noise, non-nutritive sucking and use of ear  protectors have proven effective in reducing pain and stress, especially during invasive procedures.  Although there has been progress in research on pain management in neonatal and pediatric ICUs, gaps  remain regarding the comparative effectiveness of interventions. Standardization of protocols and  adequate training of professionals are essential to ensure an efficient and humanized approach. 

Keywords: Pain Management. Intensive Care Units, Neonatal. Intensive Care Units, Pediatric. 

1. INTRODUÇÃO 

O manejo da dor em recém-nascidos e crianças hospitalizadas em Unidades de Terapia  Intensiva (UTI) é um problema clínico importante e um desafio para as equipes de saúde. Entre  a população pediátrica, os recém-nascidos prematuros estão em maior risco de controle  inadequado da dor, já que possuem um sistema nervoso imaturo e, segundo necessidade clínica,  pode ser imprescindível a utilização de procedimentos invasivos, tais como com: intubação,  ventilação mecânica, punções venosas e aspiração das vias aéreas (Machado et al., 2023). Nas  crianças, a capacidade de detecção de algias muitas vezes é limitada, já que a ausência ou  imaturidade de habilidades verbais torna a identificação imprecisa. Consequentemente, a dor é  muitas vezes subvalorizada, resultando em controle inadequado e comprometimento dos  padrões de cuidado (Dumont et al., 2024). 

Embora existam escalas validadas para a avaliação da dor neonatal e pediátrica, em  muitas unidades de terapia intensiva o uso delas ainda é desorganizado. A ausência de  protocolos padronizados e a heterogeneidade no manejo da dor levam à inconsistência na  estratégia analgésica. Além disso, as demandas do trabalho da equipe de cuidados e a falta de  treinamento especializado impactam diretamente na qualidade do atendimento prestado a esses  pacientes vulneráveis, o que gera um ciclo contínuo de erros na avaliação e manejo da dor  (Gimenez et al., 2020). 

A dor não tratada pode resultar em uma cascata de efeitos negativos a curto, médio e  longo prazo. A curto prazo, a dor moderadamente aliviada pode causar instabilidade hemodinâmica, aumento da resposta inflamatória e a suscetibilidade a complicações clínicas,  incluindo hemorragias intracranianas e distúrbios respiratórios em recém-nascidos prematuros.  Como efeito a médio e longo prazo, percebe-se que a ativação crônica do sistema de  estresse pode prejudicar a recuperação do paciente, prolongando o tempo de internação  hospitalar e aumentando a suscetibilidade a infecções e outras complicações agudas no  ambiente hospitalar (Santos et al., 2021; Costa et al., 2024). 

A estimulação nociva frequente a longo prazo, se não for eficientemente aliviada com  analgesia, pode levar a distúrbios no desenvolvimento neuropsicomotor, com efeitos na  cognição, comportamento e controle emocional. Neonatos submetidos a estímulos dolorosos  repetidos sem analgesia apresentam imediatamente uma prevalência maior de distúrbios de  desenvolvimento neurológico, dificuldades de aprendizagem e hiperalgesia na vida posterior.  Portanto, o manejo terapêutico adequado da dor neonatal e pediátrica é necessário não apenas  para garantir o bem-estar durante o episódio de dor aguda, mas também para prevenir  consequências negativas a longo prazo para o desenvolvimento infantil (Raupp et al., 2023;  Rocha et al., 2019). 

O manejo da dor em recém-nascidos e crianças em Unidades de Terapia Intensiva  requer abordagens farmacológicas e não farmacológicas. O papel da analgesia multimodal é de  interesse, incluindo opióides como morfina e fentanil, além de analgésicos não opióides como  paracetamol e anti-inflamatórios (De Jesus et al., 2023; Vicente et al., 2024). Estes  medicamentos são habitualmente prescritos para alívio da dor e no decorrer de procedimentos  invasivos. No entanto, deve-se observar que sua administração deve ser feita com cautela, pois  há a possibilidade de acarretar efeitos colaterais, tais como depressão respiratória, sedação  excessiva e influência no desenvolvimento neurológico (Silva et al., 2021). 

Os campos não farmacológicos foram amplamente investigados e selecionados como  meios eficientes no manejo da dor, resultando em menor dependência de medicamentos e  consequentemente de seus efeitos adversos. Métodos de manejo da dor, como o cuidado pele a  pele (canguru), a sucção não-nutritiva, a estimulação multissensorial (musicoterapia,  estimulação tátil, voz materna) e a administração de solução de sacarose são benéficos para  aliviar a percepção da dor e aumentar o conforto nas pessoas hospitalizadas. Essa abordagem,  além de ser financeiramente menos dispendiosa e não implementar técnicas invasivas,  possibilita um cuidado mais humanizado realizado ao paciente e à família durante a  hospitalização (Soares et al., 2019; Machado et al., 2024). 

Embora os estudos de controle da dor neonatal e pediátrica tenham evoluído, ainda  existem lacunas claras na literatura sobre a eficácia comparativa das estratégias e uso em diferentes cenários clínicos. Além disso, é evidente que existem diferenças na forma como os  protocolos são aplicados entre instituições, o que exige uma maior uniformidade nas práticas  de terapia intensiva. A ausência de estruturas institucionais inequívocas e o desenvolvimento  profissional insuficiente limitam consideravelmente a implementação de abordagens mais  eficientes e baseadas em evidências. Assim, é importante realizar uma revisão crítica da  literatura para fortalecer o conhecimento atual e posicionar diferentes estratégias no cuidado  neonatal e pediátrico. 

Portanto, este estudo pretende identificar e analisar as estratégias mais eficazes para o  manejo do dor em pacientes neonatais e infantis em Unidade de Terapia Intensiva, enfatizando  intervenções baseadas em evidências que possam contribuir para a melhoria da qualidade do  cuidado e a promoção de um atendimento mais seguro e humanizado. 

2. METODOLOGIA 

Este estudo adota a revisão integrativa (RI) como metodologia, que tem como objetivo  avaliar as pesquisas relevantes e baseadas em evidências já existentes na literatura, visa também  fundamentar a tomada de decisões e, consequentemente, aprimorar a prática clínica (Salvador  et al., 2021). 

Para a construção da RI, seguiu-se as etapas metodológicas indicadas por Polit e Beck  (2019) e Mendes, Silveira e Galvão (2008), que incluem: 

1) Identificação do tema: Definição clara do assunto a ser investigado; 

2) Definição da hipótese ou questão norteadora: Formulação da pergunta que guiará  a pesquisa; 

3) Determinação dos critérios de inclusão e exclusão: Estabelecimento dos parâmetros para selecionar os estudos relevantes; 

4) Estabelecimento dos dados a serem extraídos dos estudos selecionados: Definição das informações que serão coletadas de cada estudo; 

5) Análise dos estudos possivelmente incluídos: Avaliação crítica dos estudos para  verificar sua adequação aos critérios de inclusão; 

6) Interpretação dos resultados: Análise e síntese dos dados coletados; 

7) Síntese dos resultados: Apresentação dos resultados de forma clara e concisa. Para formulação da pergunta norteadora, adotou-se a estratégia PICo, que desdobra a  questão em: P (Paciente/Problema): neonatos e crianças internados em Unidades de Terapia  Intensiva; I (Interesse): estratégias para o manejo da dor; Co (Contexto): unidades de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica. Com essa estrutura, a pergunta norteadora definida foi: Quais  são as estratégias eficazes para o manejo da dor em neonatos e crianças internadas em Unidades  de Terapia Intensiva? 

Para a seleção dos descritores foi utilizado o Medical Subject Headings (MeSH), sendo  eles: “Pain Management”, “Health Strategies”, “Intensive Care Units, Pediatric” e “Intensive  Care Units, Neonatal”, sendo combinados com o operador booleano AND. 

A pesquisa foi realizada em janeiro, fevereiro e março de 2025, optando-se por incluir  cinco bases de dado, sendo elas: LILACS (Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias  de la Salud), National Library of Medicine (PubMed), MEDLINE e SCOPUS e Biblioteca  Virtual em Saúde (BVS) (Quadro 1).

Quadro 1 – Estratégia de busca na base de dados. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2025. 

Fonte: Elaborado pelos autores (2025).

Os critérios de inclusão desta revisão foram: estudos publicados nos idiomas inglês,  português e espanhol, disponíveis na íntegra de forma gratuita, publicados nos últimos 5 anos  (2020 a 2025) e que respondam a pergunta norteadora. Já os critérios de exclusão foram estudos de opiniões, monografias, dissertações, teses, resumos simples e artigos de jornais. A pré seleção e catalogação dos estudos foi realizada com o software Rayyan, um aplicativo gratuito  desenvolvido pelo Qatar Computing Research Institute (QCRI) (RAYYAN, 2021). As etapas  desses desenvolvimentos foram apresentadas de acordo com o modelo do diagrama de fluxo  PRISMA 2020 (PRISMA, 2020) (Figura 1). 

Os dados foram organizados em quadro de forma explicativa. Os tópicos adotados  foram: autor, ano, título, tipo de estudo, objetivo, estratégia de manejo da dor e desfecho  (Quadro 2). 

3. RESULTADOS  

Nas bases de dados, foram identificados 515 estudos. Após a remoção de 316 duplicatas,  restaram 199 para avaliação de título e resumo. Desses, 176 foram excluídos por não atenderem  aos critérios de inclusão, resultando em 23 estudos para análise do texto completo, onde 10  desses estudos foram excluídos por não estarem relacionados a estratégias de manejo da dor em  UTI neonatal e pediátrica. Após a análise completa, 13 artigos foram selecionados para  discussão dos resultados. O processo de seleção foi detalhado na Figura 1.

Figura 1 – Etapas do processo de seleção conforme o modelo PRISMA. Fortaleza, CE, Brasil. 2025.

Fonte: Elaborada pelos autores (2025).

Quadro 2 – Compilação dos estudos selecionados. Fortaleza, CE, Brasil. 2025.

Fonte: Elaborado pelos autores (2025).

Os estudos incluídos nesta revisão foram publicados entre 2020 e 2024, abrangendo um período de cinco anos. A distribuição das  publicações ao longo dos anos foi a seguinte: 4 estudos em 2020 (30,77% do total), 1 estudo em 2022 (7,69%), 4 estudos em 2023 (30,77%), 4  estudos em 2024 (30,77%) e não foram encontrados estudos publicados em 2021 e 2025. Essa distribuição demonstra um aumento gradual no  número de publicações sobre o tema ao longo dos anos.

4. DISCUSSÃO 

A revisão analisou treze estudos, que investigaram as intervenções e protocolos para  o manejo da dor com foco nas UTIs pediátricas e neonatais, os dados revelaram uma variedade  de intervenções sensoriais, não farmacológicas, farmacológicas e multidisciplinares.  

Vários estudos relatam a eficácia da voz materna, com consequente diminuição da dor  e do estresse na população estudada. Um ensaio clínico randomizado com crianças de 1 a 3  anos em UTI pediátrica, comprovou a efetividade da voz materna na redução da dor durante os  procedimentos dolorosos realizados (Erdogan et al., 2020). Outro estudo também demonstrou  que a voz materna alivia dor em prematuros e reduz de forma significativa os batimentos  cardíacos durante a punção do calcanhar, neste foi realizada gravação de histórias infantis,  sendo reproduzidas aos pacientes, durante três dias (Yu et al., 2022).  

A eficácia da voz materna é ressaltada em outros artigos. Em um dos trabalhos,  realizado em 2024, através de um estudo experimental, 141 neonatos foram selecionados em  um hospital na China. Tal artigo demonstrou que tanto a sucção nutritiva, quanto a voz materna,  aliviaram a dor durante procedimentos (Chen et al, 2024). 

Além da voz materna, os estudos destacam outras intervenções auditivas eficazes  durante a punção calcanhar em recém-nascidos a termo e prematuros, como por exemplo o  ruído branco e o uso dos protetores auriculares (MiniMuffs). Na análise realizada, os resultados  demonstram que o ruído branco foi a intervenção mais eficaz para a diminuição da dor e  conforto (Kahraman et al., 2020). Os efeitos positivos desses estímulos auditivos também são  comprovados durante o procedimento de aspiração endotraqueal em crianças em ventilação  mecânica, o que demonstra que essas ações podem trazer resultados positivos em  procedimentos, desde os mais simples aos mais complexos e invasivos (Demir & Konuk Şener,  2023).  

Uma meta-análise de diversos estudos clínicos randomizados foi realizado, com o  intuito de avaliar os efeitos da utilização do ruído branco em recém-nascidos prematuros nas  unidades intensivas, os principais efeitos positivos encontrados foram: alívio da do nível de dor,  benefícios quanto ao ganho peso, melhora nos níveis de saturação de oxigênio, controle da  frequência cardíaca e respiratória (Zhang et al., 2024).  

Outra técnica não farmacológica utilizada é a musicoterapia, identificada como uma  ação para melhoria da qualidade de vida de diversos pacientes. Um estudo investigou os efeitos  da música ao vivo na unidade intensiva pediátrica, tendo como resultados a redução da  frequência cardíaca, frequência respiratória e dos níveis de desconforto (Ferro et al., 2023). 

Uma revisão sistemática para avaliação e extração de informações referentes ao uso  da música nos serviços de saúde, concluiu que essa terapia alternativa atua de forma  considerável no alívio da dor, além de ser uma ação de baixo custo e acessível a diversos  ambientes (Santee et al., 2023). 

Outras técnicas encontradas foram: o uso da sacarose oral, sucção não nutritiva e  método canguru (Sen & Manav, 2020; Weng et al., 2024; Ghaemmaghami et al., 2024). A  sacarose oral reduz significativamente os escores de dor, durante a punção calcanhar. A junção  destas ações realizadas com bebês prematuros foi eficaz, o que comprova que o contato pele a  pele entre a genitora e o recém-nascido são necessários para um melhor conforto do paciente  (Wu et al., 2020). 

Um estudo clínico com recém-nascidos prematuros comparou os efeitos do método  canguru e da administração oral de sacarose. Ambas as técnicas foram eficazes no alívio da dor;  no entanto, o método canguru demonstrou maior efetividade (Sen & Manav, 2020).  

Já uma pesquisa que foi realizada no Irã, teve amostra de sessenta e seis recém nascidos, divididos em três grupos de vinte e dois, aos quais foram aplicados os seguintes  métodos para controle de algias: método canguru, sacarose oral e controle (cuidados de rotina,  porém sem intervenção). Neste estudo, a dor foi avaliada durante a coleta de sangue e  evidenciou-se que tanto a administração da sacarose, quanto aplicação do método canguru  foram eficazes, no controle de dor; no entanto, mas a sacarose oral revelou um nível de  significância maior (Ghaemmaghami et al., 2024).  

O método de enrolar (swaddling), também merece destaque, sendo uma ação de baixo  custo já realizada nas unidades de neonatologia e pediátricas. Na Turquia, um estudo com 40  recém-nascidos que estavam recebendo ventilação contínua por pressão positiva em vias aéreas  (nCPAP), comprovou que o método de enrolar foi eficaz na redução do escore da Escala de  Estresse do Recém-Nascido (NSS) e dos níveis de cortisol salivar, além de diminuir a  frequência cardíaca e respiratória. Os autores recomendam novos estudos a longo prazo, para  confirmar esses efeitos (Akkoca et al., 2023).  

As estratégias farmacológicas também são utilizadas na UTIs e merecem destaque.  Segundo Souza et al., 2024, ainda existe uma deficiência de avaliação dos profissionais de  saúde em relação à sintomatologia da dor. Neste estudo, somente 13,7% dos neonatos tiveram  algum sintoma de dor documentado, sendo o enfermeiro o profissional que mais observa, avalia  e registra. A falta de protocolos institucionais dificulta a sistematização e conduta dessa  situação. Nas documentações avaliadas, destaca-se que o fentanil (25,9%) é a intervenção  farmacológica mais administrada, tendo registro do uso do paracetamol/dipirona (7,2%) e midazolam contínuo/intermitente (5,4%), já a intervenção não farmacológica mais utilizada foi  o estímulo à amamentação (86%).  

Em contraste, o estudo de Kleinhans, 2023, relata uma visão mais ampliada das  estratégias farmacológicas na terapia intensiva pediátrica, discutindo o uso dos opióides e  benzodiazepínicos, reconhecendo a eficácia na analgesia e controle de ansiedade, porém ressalta os efeitos adversos em curto prazo. 

O uso de analgésicos e sedativos é essencial, mas deve ser feito com cautela devido  aos efeitos adversos. Já as abordagens não farmacológicas, como estímulos táteis e terapias de  conforto, ajudam sem demonstrar tais efeitos colaterais, associados ao uso de drogas. A  combinação dessas estratégias é essencial para garantir o conforto e a recuperação dos  pacientes.  

A principal limitação desta revisão é a quantidade reduzida de pesquisas sobre  estratégias de manejo da dor em unidades de terapia intensiva pediátricas, em comparação com  a literatura disponível para a população neonatal. Também a escassez de estudos em ambas as  populações restringe a capacidade de realizar análises mais aprofundadas sobre o manejo da  dor.  

Como contribuição, essa revisão oferece uma síntese abrangente das evidências sobre  manejo da dor na UTI neonatal e pediátrica, possibilitando destacar lacunas importantes a  serem discutidas, sendo elas: a disparidade na quantidade de pesquisas entre neonatos e  pacientes pediátrico e a necessidade de avaliação da eficácia de outras estratégias. Além disso,  o estudo pode cumprir o papel de ser guia prático para profissionais de saúde atuantes nessas  especialidades, auxiliando nas tomadas de decisões para o tratamento da dor, orientando quanto  à utilização de estratégias farmacológicas e não farmacológicas.  

5. CONCLUSÃO 

O manejo da dor nas UTIs neonatais e pediátricas é um desafio complexo que requer  implementação de estratégias eficazes e baseadas em evidências. Os dados encontrados  destacam a importância da analgesia multimodal, combinando abordagem farmacológicas e não farmacológicas, com o intuito de garantir a qualidade de vida, o bem-estar e prevenir  consequências negativas a longo prazo.  

As intervenções não farmacológicas, são capazes de estimular um cuidado mais  humanizado, o contato pele a pele, a sucção não nutritiva, estimulação multissensorial e administração de sacarose, mostraram-se benéficas para o alívio da dor e o aumento do  conforto. Diante do exposto, percebe-se a necessidade de atualização dos profissionais de saúde  sobre as diversas práticas de manejo da dor, além da utilização de escalas validadas para  avaliação desse sintoma, com o objetivo de construir uma assistência holística e de qualidade. 

REFERÊNCIAS 

AKKOCA, Zehra et al. The effect of the swaddling method on stress levels in newborns  administered nasal CPAP. BMC pediatrics, v. 23, n. 1, p. 629, 2023. 

CHEN, Yushuang; ZHOU, Leshan; TAN, Yanjuan. The effect of maternal voice and non nutritional sucking on repeated procedural pain of heel prick in neonates: a quasi-experimental  study. BMC pediatrics, v. 24, n. 1, p. 256, 2024. 

COSTA, Yasmim Ferreira de Araujo; SILVA, Bianca Ramalho dos Santos; MOLINAR, Maria  Paula Cury; ROQUE, Danila Moreira; MARIANO, Amanda Alves Pessoa; SILVA, Jarreny  Alves da; RODRIGUES, Aline Duarte. Dor neonatal em unidades de terapia intensiva: uma  revisão integrativa. Caderno Pedagógico, [S. l.], v. 21, n. 10, p. e8826, 2024. DOI:  10.54033/cadpedv21n10-090. Disponível em:  https://ojs.studiespublicacoes.com.br/ojs/index.php/cadped/article/view/8826. Acesso em: 15  mar. 2025. 

DE JESUS, Larissa S. et al. MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA O ALÍVIO DA  DOR NO TRABALHO DE PARTO: UMA SCOPING REVIEW. Revista Inspirar  Movimento & Saude, v. 23, n. 2, 2023. 

DEMIR, Kübra; KONUK ŞENER, Dilek. The effect of auditory stimuli on the pain and  physiological parameters of children on mechanical ventilation during aspiration procedure:  a randomized controlled trial. Journal for Specialists in Pediatric Nursing, v. 28, n. 4, p.  e12416, 2023. 

DUMONT, Fani Elesbão et al.Métodos não farmacológicos para manejo da dor na uti neonatal.  Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 1, p. 761-783, 2024. 

ERDOĞAN, Çiğdem; TURAN, Türkan; PINAR, Bakiye. The effect of maternal voice for  procedural pain in paediatric intensive care unit: A randomised controlled trial. Intensive  and Critical Care Nursing, v. 56, p. 102767, 2020.

FERRO, María Mata et al. The effect of a live music therapy intervention on critically ill  paediatric patients in the intensive care unit: A quasi-experimental pretest–posttest study.  Australian Critical Care, v. 36, n. 6, p. 967-973, 2023. 

GHAEMMAGHAMI, Parvin et al. Comparing the effects of oral sucrose and kangaroo  mother care on selected physiological variables and pain resulting from venipuncture in  premature newborns admitted to neonatal intensive care units. European journal of medical  research, v. 29, n. 1, p. 519, 2024 

GIMENEZ, I. L. et al.Avaliação temporal da dor neonatal após aspiração de vias aéreas. Rev.  Bras. Ter. Intensiva, v. 32, n. 1, p. 66-71, 2020. 

KAHRAMAN, Ayşe et al. The effects of auditory interventions on pain and comfort in  premature newborns in the neonatal intensive care unit; a randomised controlled trial.  Intensive and Critical Care Nursing, v. 61, p. 102904, 2020. 

KLEINHANS, Alicia. Acute Pain Management Protocols in Pediatric Intensive Care Units.  Critical Care Nursing Clinics, v. 35, n. 3, p. 247-254, 2023. 

MACHADO, Keyla Liana Bezerra; ARAÚJO, Roberta Jamilly dos Santos; SILVA, Anderson  Matheus Pereira da; SILVA, Adriely de Lima; NASCIMENTO, Thiago Ruam; COELHO, Lara  Emanuely Resende; et al. TÉCNICAS FARMACOLÓGICAS E NÃO FARMACOLÓGICAS  PARA O MANEJO DA DOR EM NEONATOS. Revista CPAQV – Centro de Pesquisas  Avançadas em Qualidade de Vida, [S. l.], v. 16, n. 2, p. 6, 2024. DOI: 10.36692/V16N2-77R.  Disponível em: https://revista.cpaqv.org/index.php/CPAQV/article/view/1879. Acesso em: 15  mar. 2025. 

MACHADO, Rafaela Ribeiro; SANTOS, Amanda Francielle. Avaliação da dor e métodos não  farmacológicos aplicados pela equipe de enfermagem no recém-nascido: revisão de literatura.  Inova Saúde, v. 13, n. 1, p. 52-59, 2023. 

Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a  incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm 2008;  17(4):758-764. 

POLIT, Denise F.; BECK, Cheryl Tatano. Fundamentos de pesquisa em Enfermagem:  avaliação de evidências para a prática da enfermagem. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

PREFERRED REPORTING ITEMS FOR SYSTEMATIC REVIEWS AND META ANALYSES (PRISMA). PRISMA Flow Diagram. 2020. Disponível em:  https://www.prisma-statement.org/prisma-2020-flow-diagram. Acesso em: 11 jan. 2025. 

RAUPP, Ana Julia Foppa; SCHERER, Carlice Maria; KRAUSE, Gabriele Catyana. Pain  assessment and management in a neonatal intensive care unit: The perspective of the nursing  team. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 11, p. e28121143566, 2023. DOI:  10.33448/rsd-v12i11.43566. Disponível em:  https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/43566. Acesso em: 15 mar. 2025. 

RAYYAN SYSTEMS INC. About Rayyan.2021. Disponível em: https://www.rayyan.ai/.  Acesso em 05 jan 2025. 

ROCHA, Érica Célia Sousa; SILVA, Liana Albuquerque da; ARAUJO, Marcelle Campos de;  AZEVEDO, Silvia Schoenau de; JUNQUEIRA-MARINHO, Maria de Fatima. Procedimentos  dolorosos agudos no recém-nascido pré-termo em uma unidade neonatal [Acute painful  procedures pain in the preterm newborn in a neonatal unit] [Procedimientos dolorosos agudos  en el recién nacido pre-término en una unidad neonatal]. Revista Enfermagem UERJ, Rio de  Janeiro, v. 27, p. e42849, 2019. DOI: 10.12957/reuerj.2019.42849. Disponível em:  https://www.e-publicacoes.uerj.br/enfermagemuerj/article/view/42849. Acesso em: 15 mar.  2025. 

SALVADOR, Pétala Tuani Candido de Oliveira et al. Contribuições da scoping review na  produção da área da saúde: reflexões e perspectivas. Revista Enfermagem Digital Cuidado e  Promoção da Saúde, [S.I.], v. 6, p. 1-8, 2021. 

SANTEE, Kadija Mohamed et al. O uso da música nos serviços de saúde: uma revisão  integrativa. Journal of Nursing and Health, v. 9, n. 2, 2019. 

SANTOS, Christiny Amorim dos; RIBEIRO, Larissa Alves; NEVES, Keila do Carmo;  FASSARELLA, Bruna Porath Azevedo; ALVES, Ana Lúcia Naves; CASTRO, Kemely de;  SALVATI, Pedro Oscar Lopes; SILVA, Douglas Henrique Serejo da. Avaliação da dor  neonatal na perspectiva do enfermeiro. Recisatec – Revista Científica Saúde e Tecnologia,  [S. l.], v. 1, n. 5, p. e1552, 2021. DOI: 10.53612/recisatec.v1i5.52. Disponível em:  https://recisatec.com.br/index.php/recisatec/article/view/52. Acesso em: 15 mar. 2025.

SEN, Elif; MANAV, Gulay. Effect of kangaroo care and oral sucrose on pain in premature  infants: a randomized controlled trial. Pain management nursing, v. 21, n. 6, p. 556-564,  2020. 

SILVA, Aline Cerqueira Santos Santana da; GÓES, Fernanda Garcia Bezerra; BONIFÁCIO,  Michelly Cristynne Souza; COELHO, Yasminn Canella Cabral Banjar; CHRISTOFFEL,  Marialda Moreira; VALENTE, Camylly Lyeggy Campos Rimes. Conhecimento de enfermeiras  acerca da sucção não nutritiva no manejo da dor do recém-nascido. Enferm Foco, v. 12, n. 3,  p. 560-6, 2021. DOI: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2021.v12.n3.4353. Disponível em:  http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/4353. Acesso em: 15 mar. 2025. 

SOARES, Roberta Xavier; SOUSA, Milena Nunes Alves de; ARAÚJO FILHO, Jorge Luiz  Silva; MARIANO, Nicoly Negreiros de Siqueira; EGITO, Ilana Andrade Santos. Dor em  neonatos: avaliações e disciplinas farmacológicas e não-farmacológicas . Revista de Ciências  Médicas e Biológicas , [S. l.], v. 1, pág. 128–134, 2019. DOI: 10.9771/cmbio.v18i1.26603.  Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/26603 . Acesso em: 15  mar. 2025. 

SOUZA, Danton Matheus de; MONTEIRO, Caroline Knoner; ROSSATO, Lisabelle  Mariano. Pain management in hospitalized infants: recommendations for achieving the  Sustainable Development Goals. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 77, n. Suppl 2, p.  e20230421, 2024. 

VICENTE, Larissa da Silva; SOUZA, Ana Lúcia Torres Devezas; ROSA, Cintia de Souza  Silva; RAMOS, Gabrielle Correa; TEODORO, Glenda Rayanne de Souza; MADALENA,  Hyeza Beatriz Alves; SANTOS, Laura Schiavo Policarpo; SILVA, Márcia Maria Bastos da.  Manejo não farmacológico da dor na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Contribuciones  a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v. 17, n. 9, p. 01-26, 2024. DOI:  10.55905/revconv.17n.9-053. 

WENG, Yuwei; ZHANG, Jie; CHEN, Zhifang. Effect of non-pharmacological interventions  on pain in preterm infants in the neonatal intensive care unit: a network meta-analysis of  randomized controlled trials. BMC pediatrics, v. 24, n. 1, p. 9, 2024. 

WU, Hsiang‐Ping et al. Integration of different sensory interventions from mother’s breast  milk for preterm infant pain during peripheral venipuncture procedures: A prospective  randomized controlled trial. Journal of Nursing Scholarship, v. 52, n. 1, p. 75-84, 2020.

YU, Wan-Chen et al. Effects of maternal voice on pain and mother–Infant bonding in  premature infants in Taiwan: A randomized controlled trial. Journal of Pediatric Nursing,  v. 63, p. e136-e142, 2022. 

ZHANG, Qing et al. Effects of white noise on preterm infants in the neonatal intensive care  unit: A meta‐analysis of randomised controlled trials. Nursing Open, v. 11, n. 1, p. e2094,  2024.


1Residente no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara pelo Programa de Residência Médica Pediátrica pela  Escola de Saúde Pública (ESP). E-mail: karladenisebr@hotmail.com 

2Médica Pediatra. Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara. E-mail: mcarolinacparente@gmail.com

3Mestre em Ensino na Saúde e Tecnologias Educacionais pelo Centro Universitário Christus. Docente do Centro  Universitário Christus (Unichristus). E-mail: caiocesar.espindola@gmail.com