A SEGURANÇA BIOLÓGICA RELACIONADA AOS MÚSCULOS EM QUE O BOTOX É APLICADO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202507161954


Flávia Rodrigues Ribeiro


Resumo

O uso da toxina botulínica tipo A (TxBA) tem sido amplamente difundido em procedimentos estéticos e terapêuticos, especialmente na harmonização orofacial. Contudo, os impactos a longo prazo da reaplicação contínua nos músculos da mastigação e da expressão facial permanecem pouco esclarecidos. Este artigo objetiva analisar, por meio de revisão bibliográfica, os efeitos fisiológicos e morfológicos decorrentes do uso prolongado da TxBA, investigando potenciais alterações nos músculos e estruturas ósseas adjacentes. Os resultados encontrados na literatura indicam que, embora a maioria das complicações seja leve e transitória, há evidências de alterações ósseas em estudos experimentais e clínicos, sugerindo a necessidade de cautela e de protocolos baseados em evidências para garantir a segurança biológica nesses procedimentos.

Palavras-chave: Toxina botulínica tipo A; músculos mastigatórios; estética orofacial; segurança biológica.

Introdução

O desejo por uma aparência jovem e harmônica impulsiona a procura por procedimentos minimamente invasivos, como o uso da TxBA, popularmente conhecida como Botox. Apesar dos efeitos imediatos bem estabelecidos na suavização de rugas e linhas de expressão, a aplicação frequente dessa neurotoxina levanta questionamentos quanto à segurança a longo prazo, sobretudo nos músculos da mastigação e da expressão facial, fundamentais para o sistema estomatognático.

Frente à lacuna existente na literatura sobre possíveis alterações fisiológicas e estruturais decorrentes do uso prolongado da TxBA, este trabalho busca reunir evidências que sustentem uma prática clínica mais consciente e segura.

Objetivos

Objetivo geral

Avaliar os efeitos a longo prazo da toxina botulínica nos músculos faciais.

Objetivos específicos

– Descrever o mecanismo de ação da TxBA nas junções neuromusculares.

– Identificar o intervalo ideal entre aplicações, com base na duração dos efeitos e recomendações científicas.

– Levantar riscos e efeitos adversos associados ao uso repetido da TxBA.

– Analisar possíveis alterações funcionais e morfológicas nos músculos e ossos após aplicações recorrentes.

Metodologia

Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica narrativa, realizada a partir de artigos indexados no PubMed e Google Acadêmico, publicados entre 2014 e 2024. Foram incluídas publicações em português e inglês, com ênfase em estudos que abordassem os efeitos da TxBA em músculos da mastigação, da mímica facial e estruturas ósseas adjacentes. Excluíram-se trabalhos sem rigor metodológico ou sem relação direta com o tema.

Resultados e Discussão

Mecanismo de ação e indicações clínicas

A TxBA atua bloqueando a liberação de acetilcolina nas placas motoras, inibindo a contração muscular de forma temporária. Por essa característica, tornou-se amplamente utilizada em procedimentos estéticos para amenizar linhas de expressão (glabelares, periorais, perioculares) e em indicações terapêuticas, como distonias e hiperidrose.

Complicações imediatas e potenciais riscos

Em geral, os efeitos adversos do Botox são leves, autolimitados e incluem dor local, edema, eritema e cefaleia transitória. Entretanto, complicações como ptose palpebral podem ocorrer devido à difusão da toxina além do músculo alvo.

Impactos a longo prazo

Estudos em modelos animais mostraram que aplicações recorrentes de TxBA no músculo masseter podem acarretar alterações na densidade mineral óssea do côndilo mandibular, incluindo redução do volume e espessura cortical. Em humanos, foi identificada redução da densidade óssea trabecular após múltiplas aplicações, o que sugere que o uso prolongado da toxina pode impactar a estrutura óssea mandibular. Contudo, outras investigações não encontraram alterações significativas, evidenciando a necessidade de mais estudos longitudinais para elucidar esses efeitos.

Considerações finais

Embora o uso da toxina botulínica tipo A seja consolidado e seguro em curto prazo, as evidências apontam para potenciais alterações musculares e ósseas com o uso repetido e prolongado. Dessa forma, cabe ao profissional avaliar criteriosamente a frequência e a necessidade das reaplicações, considerando sempre a individualidade do paciente e possíveis riscos cumulativos.

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