ORAL CISSES: DIAGNOSIS AND TREATMENT – A LITERATURE REVIEW
CISES ORALES: DIAGNÓSTICO Y TRATAMIENTO – UNA REVISIÓN DE LA LITERATURA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202507142017
Sissy Maria dos Anjos Mendes1
Thayná Maria Silva Pantoja2
Maria Clara Dantas Azevedo da Silva2
Isabele Bandeira Pamplona da Silva2
Edilsa Portal Sacramento3
Mariseth Carvalho de Andrade4
Resumo
O objetivo deste estudo é revisar a literatura sobre fissuras orais e fornecer orientações que possam melhorar o atendimento clínico do cirurgião-dentista e enfatizar a importância do seu papel no tratamento de pacientes com fissuras orais. Trata-se de uma revisão de literatura realizada entre 2019 e 2024. A estratégia de busca utilizou descritores em ciência da saúde (BVS) como “fissura palatina”, “fenda labial”, “diagnóstico”, “fissuras orais” e “protocolos clínicos”. Foram selecionados 38 artigos, conforme critérios de inclusão, dos quais 23 foram aplicados na construção do presente artigo. A análise permitiu compilar informações essenciais sobre fissuras orais, incluindo suas causas, classificações, tratamentos e implicações para a saúde geral e bucal dos pacientes. Os resultados destacam a importância crucial do cirurgião-dentista no diagnóstico precoce e no planejamento de um atendimento clínico integrado e multidisciplinar.
Descritores: Fissura palatina; Fenda labial; Diagnóstico; Fissuras orais; Protocolos clínicos.
Abstract
The objective of this study was to review the literature on oral clefts and provide guidance to dentists at the end of the research that can improve clinical care and emphasize the importance of their role in treating patients with oral clefts. This is a literature review conducted between 2019 and 2024.
The search strategy used health science descriptors (BVS) such as ‘cleft palate,’ ‘cleft lip,’ ‘diagnosis,’ ‘oral clefts,’ and ‘clinical protocols.’ Thirty-eight articles were selected according to our inclusion criteria, of which 23 were used for writing the article. The analysis allowed us to gather essential information about oral clefts, addressing their causes, classifications, treatments, and implications for patients’ general and oral health. The findings highlight the crucial role of the dentist in early diagnosis and planning integrated and multidisciplinary clinical care.
Descriptors: palatal cleft; cleft lip; diagnosis; oral clefts; clinical protocols.
Resumen
El objetivo de este estudio es revisar la literatura sobre las fisuras bucales y brindar orientación que pueda mejorar la atención clínica de los dentistas y enfatizar la importancia de su papel en el tratamiento de los pacientes con fisuras bucales. Se trata de una revisión de la literatura realizada entre 2019 y 2024. La estrategia de búsqueda utilizó descriptores de ciencias de la salud (BVS) como “paladar hendido”, “labio leporino”, “diagnóstico”, “hendiduras orales” y “protocolos clínicos”. Se seleccionaron 38 artículos, según criterios de inclusión, de los cuales 23 fueron aplicados en la construcción de este artículo. El análisis permitió recopilar información esencial sobre las fisuras bucales, incluidas sus causas, clasificaciones, tratamientos e implicaciones para la salud general y bucal de los pacientes. Los resultados resaltan la importancia crucial del dentista en el diagnóstico precoz y la planificación de una atención clínica integrada y multidisciplinar.
Descriptores: Paladar hendido; labio hendido; Diagnóstico; Fisuras orales; Protocolos clínicos.
INTRODUÇÃO
As fissuras labiopalatinas são imperfeições que ocupam um lugar em destaque dentre as demais malformações congênitas, principalmente, por suas interferências socioestético-funcionais1. Considerados defeitos de não fusão de estruturas embrionárias, atingindo uma a cada 650 crianças nascidas, o lábio e o palato são formados por estruturas que nas primeiras semanas de vida, estão separadas. Tais estruturas devem se unir para que ocorra a formação normal da face. No entanto, se esse processo não ocorre, as estruturas permanecem separadas, dando origem às fissuras no lábio e/ou no palato2.
A formação da face é um processo de grande complexidade, tornando essa região muito suscetível a erros de morfogênese, o que explica o grande número de anomalias congênitas que podem ocorrer no complexo craniofacial. As fissuras se estabelecem precocemente na vida intrauterina entre a 4ª e 12ª semana, fase em que, no embrião normal, dá-se a fusão dos diversos processos embrionários responsáveis pela formação desta área da face3.
A fissura labiopalatina tem impacto negativo na fonação, mastigação, deglutição e na qualidade de vida do fissurado, especialmente, na sua estética facial4. É imprescindível o acompanhamento precoce realizado por meio da prática colaborativa com a equipe multiprofissional treinada, a fim de promover uma abordagem interdisciplinar e uma atenção integral, permitindo ao indivíduo uma integração social favorável5. O tratamento deve ser eficiente e com mínimo de dano ao crescimento facial, pois dessa forma a busca por melhores resultados, com intervenções eficientes será constante.
Diante do exposto, esse trabalho tem como objetivo fazer um levantamento na literatura sobre fissuras orais, de modo a fornecer ao cirurgião-dentista orientações que possam contribuir no atendimento clínico e enfatizar a importância do seu papel no tratamento de pacientes com fissuras orais.
REVISÃO DE LITERATURA
O presente estudo é uma revisão crítica da literatura, baseada em uma busca estratégica de artigos científicos, realizada entre 2019 e 2024, utilizando todas as bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). De acordo com a Resolução 466/12, não é necessário submeter o estudo à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa, vez que a pesquisa não envolve seres humanos.
O trabalho trata de referencial teórico sobre fissuras orais, diagnóstico e tratamento. A pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), U.S. National Library of Medicine (PubMed) Government Science Portal (Science.gov) e Google acadêmico. Utilizou-se palavras chaves e descritores selecionados e recrutados por meio dos “Descritores em Ciências da Saúde” (DeCS): fissura palatina; fenda labial; diagnóstico; fissuras orais; protocolos clínicos.
Os Critérios de inclusão foram artigos completos e gratuitos em língua inglesa, portuguesa do Brasil, publicados entre 2019 e 2024 que estão de acordo com o tema abordado. Como critério de exclusão, optou-se em excluir artigos incompletos que não tratem sobre o tema abordado, independente da língua.
A partir da busca realizada, foram encontrados 38 trabalhos científicos. Após a leitura dos resumos, 15 textos foram descartados; 5 não estavam na íntegra e 10 não se adequavam com a temática do estudo, restando 23 artigos para serem utilizados na pesquisa.
Figura 1. Fluxograma dos estudos selecionados na BVS
Etiologia das fissuras orais
As fissuras labiopalatais resultam da interação entre fatores genéticos e ambientais. No aspecto genético, consanguinidade e histórico familiar aumentam as chances de ocorrência. Polimorfismos genéticos (alterações no DNA que podem ser comuns na população) e mutações específicas, como em genes relacionados ao desenvolvimento facial, contribuem significativamente6.
Embora a etiologia dessas fissuras ainda não seja completamente definida, fatores genéticos e ambientais, como histórico familiar, exposição a substâncias nocivas durante a gestação (como tabaco e álcool) e deficiências nutricionais têm um papel significativo no desenvolvimento dessas malformações. A abordagem terapêutica varia conforme a localização e a gravidade da fissura e pode envolver cirurgia, terapia fonoaudiológica e acompanhamento psicológico, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente7.
A relação entre genética e ambiente é essencial. Algumas pessoas com predisposição genética podem ser mais vulneráveis a esses fatores externos. Por isso, a prevenção deve incluir tanto cuidados com a saúde ambiental, quanto monitoramento genético e intervenções nutricionais direcionadas para gestantes8.
Diagnóstico
A implementação da ultrassonografia morfológica no pré-natal tornou possível a detecção precoce de anomalias fetais, o que possibilita que o tratamento adequado seja iniciado de forma antecipada. No entanto, essa realidade ainda é distante para grande parte da população, uma vez que nem todos têm acesso ao exame, o que dificulta a identificação precoce de possíveis anomalias e a adoção de medidas preventivas ou terapêuticas a tempo9.
O diagnóstico pode ser descoberto na 15ª semana de gestação, por meio da ultrassonografia que possibilita a visualização de estruturas como nariz, lábios e palato. Alguns casos são detectados após o nascimento da criança com o diagnóstico clínico, tornando dispensável o uso de exames complementares10. Alguns autores observaram que pacientes com o diagnóstico precoce, no pré-natal, obtiveram uma evolução melhor no tratamento após o nascimento11.
Fendas lábio e/ ou palato
A fissura labial, também chamada de lábio leporino, é caracterizada por uma abertura no lábio superior. Essa abertura pode ser restrita apenas ao lábio ou se estender até o sulco entre os dentes incisivos laterais e caninos, envolvendo a gengiva e o maxilar superior. Em casos mais graves, pode atingir a região do nariz. Essa falha ocorre devido à fusão incompleta dos processos faciais embrionários durante o desenvolvimento. Processo este que normalmente ocorre até a oitava semana de gestação10.
A fissura labial e a fenda palatina são malformações craniofaciais que surgem durante o desenvolvimento do embrião, entre a quarta e a décima segunda semana de gestação.
Essas condições têm variações em sua gravidade, dependendo de sua extensão e do grau de envolvimento, o que influencia os tratamentos e o prognóstico. Elas são consideradas defeitos ou lesões anatômicas que afetam a face e/ou o crânio, ocorrendo no período de formação embrionária6.
A úvula bífida é uma condição em que a úvula – estrutura pendente na parte posterior da cavidade oral, se divide em duas partes. Isso ocorre em decorrência do desenvolvimento incompleto dos tecidos durante a gestação, geralmente até a 12ª semana. Essa malformação pode estar relacionada à fenda labial, vez que ambas as condições resultam de falhas no fechamento dos tecidos durante o desenvolvimento embrionário12.
Os protocolos de tratamento clínico e cirúrgico podem variar entre os serviços, mas há um consenso sobre a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento contínuo por uma equipe especializada. A equipe geralmente inclui médicos, dentistas, fonoaudiólogos, geneticistas, nutricionistas e enfermeiros, sendo o acompanhamento fundamental para o sucesso do tratamento. O tratamento cirúrgico envolve várias etapas, iniciando com cirurgias primárias na infância, como a queiloplastia (reparo dos lábios) e a palatoplastia (reparo do palato), seguidas por procedimentos secundários, como enxertos osteoalveolares (para corrigir falhas ósseas) e por último cirurgias ortognáticas, realizadas durante a adolescência para corrigir alterações nos ossos da face e mandíbula13.
Tipos de fissuras
As fissuras labiopalatinas (FLP) são classificadas de acordo com sua extensão e gravidade e baseadas na morfologia e princípios embrionários. Os hospitais de referência brasileiros, especializados no tratamento destas malformações, adotam a classificação de SPINA (1972) 14, modificada por SILVA FILHO (1992) 15, a qual utiliza o forame incisivo como referência anatômica para classificar as fissuras. Segundo Spina, a classificação depende da região anatômica envolvida e se divide basicamente em quatro (4) principais grupos: fissuras pré-forame incisivo, fissura transforame incisivo, fissura pós-forame incisivo e fissuras raras da face que se dividem em linha média, unilateral ou bilateral.
Figura 2 – Classificação das fissuras orais segundo Spina. A – Ilustração esquemática representando a maxila e o “forame incisivo” – referência anatômica usada na classificação de Spina. B – Origens embrionárias da maxila: palatos primário e secundário. O forame incisivo delimita a formação embrionária das estruturas maxilares. Fonte: HOSPITAL DE REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS CRANIOFACIAIS – USP 2024.
O grupo I (fissuras pré-forame incisivo) restringem-se ao palato primário, envolvendo o lábio e rebordo alveolar; O grupo II (fissuras transforme incisivo) apresenta o acometimento total e simultâneo do palato primário e secundário, estendendo-se do lábio à úvula, seguindo em direção ao rebordo alveolar; O grupo III (fissura pós-forame incisivo) envolve apenas o palato secundário, ocasionando problemas funcionais; o grupo IV (fissuras raras da face) corresponde a defeitos anatômicos que ocorrem nos ossos craniofaciais, tais como frontal, nasal etmóide, malar e temporal16.
Tratamento
O tratamento tem um longo curso, levando em média, 18 anos para ser concluído, sendo feito por equipe multidisciplinar. A primeira parte desta recuperação é feita pela cirurgia de reconstrução do lábio, realizada aos três meses de vida. Para a realização desse procedimento, é necessário que o paciente pese, no mínimo, 5 quilos. A identificação da malformação, durante a gestação ou logo após o nascimento, por meio de ultrassonografias avançadas ou exames clínicos, é fundamental para um planejamento adequado do tratamento. Isso inclui a colaboração de profissionais de diferentes áreas, como cirurgiões, odontopediatras, fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais.
No caso do palato, a cirurgia é realizada a partir dos 12 meses de vida ou quando o paciente pesar, no mínimo, 10 quilos. Durante o desenvolvimento da criança são necessárias avaliações periódicas da fala e do crescimento9.
Anteriormente, o tratamento era realizado por diferentes maneiras, com o aumento posterior da faringe ou o retalho faríngeo. Porém, neste último, eram frequentes a ocorrência de algumas complicações, como o ronco e apneia. Existem, ainda, outros tratamentos direcionados ao paciente com fissuras lábio palatinas, a queiloplastia, a palatoplastia, a ortopedia maxilar pré-cirúrgica, o enxerto ósseo alveolar, o tratamento cirúrgico da disfunção velofaríngea e a cirurgia ortognática. O indicado é que seja realizado o diagnóstico precoce, por parte do profissional, a fim de elevar as chances de sucesso no tratamento 11.
Queiloplastia e palatoplastia
Segundo Kassim (2022) 17 a queiloplastia e a palatoplastia são procedimentos fundamentais no tratamento de crianças com fissura labial e palatina, cuja realização é crucial para o seu desenvolvimento.
Queiloplastia: Cirurgia realizada para reconstruir o lábio superior e a região nasolabial (entre o nariz e o lábio). Geralmente, é realizada a partir do terceiro mês de vida da criança, desde que tenha peso mínimo de 4,5 kg e hemoglobina de pelo menos 10 mg/dL, além de não apresentar outras malformações associadas. O procedimento deve ser realizado até os 12 meses de idade, a fim de minimizar prejuízos no crescimento maxilar e favorecer o desenvolvimento facial e funcional. O principal objetivo da queiloplastia é restaurar a aparência e a função do lábio, facilitando a alimentação e a comunicação7.
Palatoplastia: A palatoplastia é a cirurgia destinada a corrigir a fissura do palato (céu da boca), que pode envolver tanto o palato duro (parte óssea), quanto o palato mole (parte muscular). O principal objetivo da palatoplastia é promover a reconstrução da musculatura do palato e fechar a comunicação entre as cavidades oral e nasal, melhorando no desenvolvimento da fala e na alimentação da criança. A idade ideal para realizar a palatoplastia primária é variável, mas geralmente é recomendada entre 6 e 18 meses de idade. A cirurgia ajuda no desenvolvimento da fala de maneira natural, dispensando mecanismos compensatórios, além de minimizar dificuldades alimentares10.
Ambas as cirurgias são partes essenciais do tratamento de fissuras labiopalatinas, com a queiloplastia normalmente sendo realizada primeiro, seguida pela palatoplastia, dependendo das necessidades específicas de cada criança. O timing dessas intervenções é importante para garantir o melhor desenvolvimento funcional e estético possível, ajudando a criança a alcançar marcos normais de crescimento e comunicação17.
A importância do cirurgião dentista
O papel do cirurgião dentista (CD) é fundamental no tratamento dessa patologia, atuando desde o nascimento até a fase adulta desses indivíduos, corrigindo as sequelas promovendo a reabilitação e fazendo acompanhamento de prevenção. O tratamento inicial pelo CD é a realização da cirurgia, que têm como objetivo primordial minimizar os preconceitos e ajudar na restauração da fala, deglutição e fonação, promovendo o crescimento normal e o desenvolvimento psicossocial dessa criança11.
De acordo com Nascimento (2019) 18, os odontopediatras e ortodontistas devem se responsabilizar pelos procedimentos clínicos, visto que o tratamento ortodôntico é fundamental para reabilitação de portadores de fissuras, e a prevalência de cárie em crianças com fissura é maior em comparação às crianças que não apresentam a mesma malformação. O CD deve realizar procedimentos curativos devido ao alto índice de cárie na dentição decídua e má oclusão, com o objetivo de prevenir doenças bucais, e sensibilizar os pais e responsáveis sobre a importância de zelar pela saúde bucal dessa criança.
A criança com fissura lábio palatina, necessita de uma equipe multiprofissional, odontopediatras, ortodontistas, protesista, e um cirurgião bucomaxilofacial, assim, proporcionando melhorias em funções como: mastigação, deglutição, fonação e a estética desse paciente, promovendo a esse indivíduo uma boa qualidade de vida19.
A importância da equipe multidisciplinar
De acordo com Oliveira e Bandeira (2019) 20, as fissuras labiopalatinas são malformações congênitas que afetam a região central do rosto, resultantes da falha na união dos processos maxilares e palatinos durante o desenvolvimento embrionário. O tratamento envolve uma equipe multidisciplinar composta por médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais, que trabalham de forma integrada desde o diagnóstico ainda na gestação até a fase adulta.
Esse modelo de cuidado integral busca enxergar o indivíduo em sua totalidade, promovendo uma abordagem humanizada, ampla e eficaz.
O tratamento de pacientes com fissura labiopalatina (FLP) deve ser um processo coordenado, que envolve uma equipe multidisciplinar com a participação de diversos profissionais de saúde. Isso garante que o tratamento atenda não apenas às necessidades físicas e médicas, mas também às emocionais e sociais do paciente. A abordagem deve ser contínua e adaptada ao longo de toda a vida do paciente, desde o nascimento até a fase adulta, garantindo que o desenvolvimento da fala, da audição, do crescimento maxilofacial, e a melhoria na autoestima sejam acompanhados de forma integrada. Além disso, um plano de tratamento individualizado deve ser criado para cada paciente, considerando as especificidades de cada caso e respeitando os protocolos internacionais que orientam a prática clínica de forma padronizada, com foco na qualidade e na pesquisa21.
Segundo Ramos (2023)22, a colaboração eficiente entre esses especialistas é essencial para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes. Quando diferentes profissionais de saúde trabalham em conjunto, eles conseguem fornecer um atendimento mais integrado e personalizado, abordando de forma abrangente as diversas necessidades dos mesmos. A Organização Mundial da Saúde enfatiza que contar com uma equipe multidisciplinar é crucial para uma reabilitação completa e abrangente, isso significa que a colaboração entre profissionais de diferentes áreas de saúde é fundamental para garantir um atendimento mais holístico e eficaz.
Tipos de protocolo de atendimento
De acordo com Zander (2022)23, os protocolos e fluxogramas são recursos indispensáveis na rotina de uma equipe interdisciplinar, pois contribuem e facilitam a assistência plena aos pacientes fissurados. Os protocolos de organização são instrumentos de rotina de cuidados que organizam um determinado serviço, equipe ou setor e que asseguram a qualidade da assistência prestada ao paciente, constituindo importante aparelhagem para gestores e trabalhadores dos serviços de saúde. Devem ser elaborados baseados em evidências científicas e de consenso clínico de profissionais especialistas, a fim de orientar com segurança fluxos, condutas e procedimentos clínicos23. O tratamento da fissura labiopalatina (FLP) é considerado de longo prazo e multidisciplinar, composto por diferentes profissionais, que buscam tratar os aspectos funcionais, estéticos e emocionais, sendo seriamente importante para evolução e reabilitação do quadro clínico. Em razão das alterações as crianças possuem limitações no dia a dia, e assim, os cuidados bucais são dificultados, sendo comum apresentarem má higiene e condições periodontais graves, maiores índices de cárie e de microrganismos patógenos em relação às crianças sem fissura.
No primeiro momento, os protocolos de atendimentos são organizados simultaneamente entre os profissionais de odontologia, enfermagem e psicologia; no decorrer das condutas clínicas inclui-se os profissionais de fonoaudiologia, medicina, nutrição e serviço social, todos trabalhando para um plano de tratamento individualizado, promovendo assim, a melhoria da qualidade de assistência desse paciente23.
CONCLUSÃO
O estudo reforça que o cirurgião-dentista desempenha um papel fundamental no diagnóstico precoce fazendo o acompanhamento desde do nascimento da criança, no planejamento multidisciplinar e na reabilitação desses pacientes.
As orientações clínicas extraídas da literatura destacam a importância de uma abordagem individualizada, que leve em conta as particularidades anatômicas e funcionais de cada caso. Além disso, enfatiza-se o papel do dentista na educação do paciente e de sua família sobre cuidados preventivos, reabilitação protética e manutenção da saúde oral ao longo do tratamento, a reabilitação precoce, com suporte psicológico tanto para os pacientes quanto para as famílias, é crucial para o sucesso do tratamento, além de reduzir o impacto emocional e social.
Fundamental reconhecer que o atendimento a pacientes com fissuras orais vai além do aspecto técnico, demandando sensibilidade para lidar com os impactos psicossociais associados. Assim, o cirurgião-dentista não apenas contribui para a reabilitação funcional, mas também para a melhora da qualidade de vida, consolidando sua importância no tratamento nesta conjunção.
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1Doutora em Genética Médica e Biomolecular pela Universidade Federal do Pará (UFPA), docente do curso de odontologia do Unifamaz – Belém, Pará, Brasil.
2Graduanda(s) em Bacharelado em
Odontologia pelo Centro Universitário da Amazônia (UNIFAMAZ), Belém, Pará, Brasil.
3Mestre em Odontologia ênfase em dor orofacial e Dtm. Ortodontista do SFAC – serviço de fissura e anomalias crânio faciais da Fundação Santa Casa do Pará.
4Doutoranda em Ensino em Saúde na
Amazonia pela Universidade Estadual do Pará (UEPA), docente do curso de odontologia do UNIFAMAZ, Belém,
Pará, Brasil.
E-mail para correspondência: Sissymendes@famaz.com.br