A IMPORTÂNCIA DA CONTINUIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PRIMEIRA INFÂNCIA: UMA REVISÃO NARRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202506252011


Michelly de Oliveira Maia1
Erlayne Camapum Brandão2
Izabella Araujo Morais3


RESUMO

Introdução: A continuidade da assistência de enfermagem na primeira infância é essencial para garantir um desenvolvimento saudável e integral. Sua atuação continuada promove ações de prevenção, orientação e cuidados individualizados, contribuindo para a redução da morbimortalidade infantil e para a formação de hábitos saudáveis. Objetivo: Abordar a atuação do enfermeiro no atendimento à criança no contexto da atenção básica, e também, descrever a assistência de enfermagem nas consultas de crescimento e desenvolvimento infantil. Materiais e Métodos: Revisão narrativa onde realizaram-se buscas nas bancas de dado PUBMED, MEDLINE, SCIELO e BVS, com a aplicação dos descritores (“Care, Nursing" or “Nursing Care, Primary") and (“Growth and Development” or “Child Health” or “Health of Institutionalized Children”), foram utilizados artigos em português, inglês e espanhol, datados de 2015 a 2025. Resultados: A Assistência de Enfermagem à saúde da Criança com sua importância e segmento por meio da aplicação da Sistematização das Consultas de Crescimento e Desenvolvimento no âmbito da atenção primária, se destaca por ser linha de frente em conjunto com políticas públicas como a ESF e o PNAISC, gerando assim, continuidade, prevenção e promoção do crescimento e desenvolvimento saudável. Considerações finais: A atuação do enfermeiro no cuidado à criança na Atenção Básica é essencial para garantir a continuidade do cuidado, identificar riscos e promover intervenções. Com uma prática humanizada e alinhada aos princípios do SUS, o enfermeiro se torna um agente transformador na promoção da saúde infantil e na construção de uma base sólida para o futuro bem- estar da sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Assistência de enfermagem. Primeira infância. Crescimento e desenvolvimento. Atenção Básica.

ABSTRACT

Introduction: The continuity of nursing care during early childhood is fundamental to ensuring healthy and holistic development. Ongoing professional involvement facilitates preventive actions, provides guidance, and enables individualized care, thereby contributing to the reduction of infant morbidity and mortality rates, as well as the establishment of healthy habits. Objective: To explore the role of nurses in child care within the context of Primary Health Care, and to describe nursing practices during growth and development consultations. Materials and Methods: A narrative review was conducted using the PUBMED, MEDLINE, SCIELO, and BVS databases. The following descriptors were used: (“Care, Nursing” or “Nursing Care, Primary”) and (“Growth and Development” or “Child Health” or “Health of Institutionalized Children”). Articles published in Portuguese, English, and Spanish between 2015 and 2025 were included. Results: Nursing care for child health, particularly through the implementation of the Systematization of Growth and Development Consultations within the scope of primary care, has proven to be a key component of frontline healthcare. This is especially evident when integrated with public policies such as the ESF and the PNAISC, fostering continuity of care, prevention, and the promotion of healthy growth and development. Final Considerations: The role of nurses in caring for children within Primary Health Care is essential to ensuring continuity of care, identifying health risks, and implementing timely interventions. Through a humanized approach and alignment with the principles of the Brazilian Unified Health System (SUS), nurses serve as transformative agents in the promotion of child health and in building a solid foundation for the future well-being of society.

KEYWORDS: Nursing care. Early childhood. Growth and development. Primary care.

INTRODUÇÃO

A Primeira Infância é a fase inicial da vida, ela se estende desde o nascimento até os 72 meses de idade (6 anos). Segundo o Ministério da Saúde, (2018), são anos marcados pelo intenso crescimento e desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social da criança.

A assistência de enfermagem à primeira infância tem sido pautada nas diretrizes das políticas públicas nacionais e internacionais de atenção à saúde para que tenha um impacto positivo, de modo integral e resolutivo. Segundo Dutra, et al. (2019), a enfermagem é reconhecida por sua capacidade de entender e cuidar dos seres humanos em geral, assistindo-os em suas questões de saúde englobando todos os cuidados ofertados pela equipe de enfermagem aos pacientes em diferentes contextos de saúde.

Quanto aos cuidados prestados durante o período da primeira infância, Barbosa, (2020) teoriza que “as experiências na infância são capazes de repercutir durante toda a vida, sendo relevante que a enfermagem esteja atenta à percepção de seus clientes para que haja mais satisfação e seja diminuído o seu impacto negativo”.

A Estratégia de Saúde da Família (ESF) que é uma estratégia para reorganizar o modelo de atenção à saúde do país, quando se trata do acompanhamento de crianças até 72 meses de vida e da responsabilidade da atenção básica como porta de entrada para os serviços de saúde no Brasil, segundo Silva, et al. (2024), assume papel central na consolidação de uma atenção integral e humanizada à saúde infantil por meio da atuação de equipes multiprofissionais e da realização de visitas domiciliares, a Estratégia amplia o acesso e fortalece a equidade no cuidado, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade social.

O Programa Nacional de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC) que foi implementado no Brasil em 1984, foi desenvolvido como parte das políticas de saúde pública para melhorar o atendimento à saúde infantil incluindo diversas ações de promoção, prevenção e assistência, com foco no desenvolvimento saudável da criança. Ele enfatiza a importância dos cuidados de enfermagem na primeira infância sendo fundamental para seu desenvolvimento e crescimento adequados. O PNAISC reforça também a importância do acompanhamento contínuo e da articulação entre diferentes serviços e programas de saúde. (PAISC, 2015)

Durante essa fase tão importante e vulnerável que vai até os 6 anos (72 meses) de vida, os enfermeiros desempenham um papel crucial no monitoramento do crescimento e desenvolvimento, na prevenção de doenças e na promoção de hábitos saudáveis. Segundo Cupertino, et al. (2023), a enfermagem tem a incumbência de realizar atividades de educação em saúde para os pais, responsáveis e cuidadores, garantindo que os principais marcos do desenvolvimento sejam atingidos. Além disso, o acompanhamento contínuo permite a identificação precoce de possíveis problemas de saúde, possibilitando intervenções adequadas, evitando a necessidade de recorrer à serviços complexos de atenção à saúde já que os primeiros anos de vida são determinantes para a formação física, cognitiva, emocional e social do indivíduo, sendo, portanto, um período estratégico para ações de promoção e prevenção em saúde.

Logo, o objetivo desta revisão narrativa é abordar a atuação enfermeiro no atendimento à criança no contexto da atenção básica na primeira infância, e descrever a assistência de enfermagem nas consultas de crescimento e desenvolvimento infantil”.

METODOLOGIA

Trabalho realizado como uma revisão narrativa. Segundo Andrade (2021), esta modalidade de revisão se caracteriza por descrever e discutir a literatura sem a utilização de critérios sistemáticos para busca e análise, permitindo uma abordagem mais ampla e livre.

Para esta revisão foram consultados diversos artigos, revistas, matérias e sites de entidades governamentais. O emprego dos descritores foi utilizado para guiar as pesquisas em bancos de dados e identificar as fontes relevantes. Os conectivos e descritores utilizados, (“Care, Nursing” or “Nursing Care, Primary”) and (“Growth and Development” or “Child Health” or “Health of Institutionalized Children”), aplicados nas bases de dados, PUBMED, MEDLINE, SCIELO e BVS.

Os critérios de inclusão consistiram em: artigos publicados nos últimos 10 anos, em língua portuguesa, inglesa ou espanhola, completos e gratuitos. Além disso, utilizou-se também um protocolo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e um guia do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia. Já os critérios de exclusão foram: artigos publicados fora do prazo estabelecido, incompletos, pagos e em outras línguas.

Por fim, para a etapa que corresponde à apresentação dos resultados e discussão dos dados encontrados, foram elaborados dois quadros com a finalidade de agrupar e classificar os principais artigos de revistas e/ou de entidades governamentais facilitando sua discussão.

DISCUSSÃO E RESULTADOS

Para a confecção dos resultados, foram elaborados dois quadros constando as seguintes variáveis: autores, ano de publicação, título, tipo de estudo e resumo. Foram utilizados 18 artigos publicados entre os anos de 2015 e 2025.

Quadro 1. Abordar a atuação do enfermeiro no atendimento à criança no contexto da atenção básica.

Fonte: Elaborado pela autora

Segundo Turley, et al. (2018) os enfermeiros, em países com sistemas de atenção primária bem desenvolvidos, realizam a maioria das atribuições no que diz respeito ao atendimento à saúde das crianças. O mesmo autor enfatiza ainda que a velocidade em que a atenção primária vem ganhando espaço e força no Canadá aponta para um futuro aonde a tendência é que a enfermagem assuma tarefas anteriormente executadas por médicos.

Além disso, Turley, et al. (2018) destaca ainda que o papel psicossocial dos enfermeiros na atuação na puericultura (acompanhamento desde o nascimento até os 19 anos), pode refletir em maior conhecimento dos efeitos psicossociais na saúde a curto e longo prazo.

Valasques, et al. (2021) observa cada orientação dada pelos enfermeiros às mães para a segurança das crianças no que diz respeito, por exemplo, a engasgos ou aspiração do leite materno. Demonstra por meio da pesquisa realizada a preocupação dos profissionais com o ambiente em que a criança irá ser cuidada e com as orientações acerca das vacinas a serem administradas. Em todo o contexto da atuação da enfermagem durante o crescimento e desenvolvimento, principalmente na primeira infância, ela é responsável por reconhecer possíveis problemas, ser capaz de diagnosticar situações de risco e vulnerabilidade, mantendo sempre a comunicação efetiva com a família, já que o cuidado a criança abrange todo o ambiente e contexto em que a mesma está inserida. Requer do enfermeiro uma visão holística.

Tendo em mente todas as estratégias que o cuidado à primeira infância pode demandar, Valasques, et al. (2021) discorre também acerca da integralidade de atendimento a ser ofertado. A Estratégia Saúde da Família (ESF) baseia-se em ofertar o cuidado multidisciplinar promovendo a saúde através da corresponsabilização.

Por exemplo, Workneh, et al. (2024) comprova por meio de sua pesquisa demográfica que os fatores psicossociais, condições de parto, ter realizado ou não as consultas de pré-natal influenciam diretamente na adesão das famílias a vacinação na idade e doses devidas. Neste estudo apontamentos consideráveis para as causas do abandono vacinal são: ter pouca ou nenhuma exposição a mídia, mães mais jovens, não ter realizado as consultas de pré-natal, seja por vulnerabilidades que impediam ou dificuldade de acesso aos serviços de saúde e a própria resistência a vacinação.

Sendo a vacinação infantil uma das principais atribuições da enfermagem, é indispensável que a equipe atuante nas unidades de saúde estejam atentas aos fatores que podem interferir na aceitação das famílias, Workneh, et al. (2024) afirma que a vacinação tem a capacidade de transformar uma comunidade inteira, fazendo com que muitas doenças sejam erradicadas, representa também a história da enfermagem em saúde pública como uma linha de frente em ações preventivas.

Diante disso, conclui-se que, o cuidado infantil requer atenção e proteção sendo capaz de atender as necessidades relativas ao crescimento e desenvolvimento. E segundo Mello, et al. (2016) “Isso constitui um desafio aos profissionais de saúde, especialmente os atuantes na atenção primária, tendo em vista seu foco no cuidado como objeto da profissão”.

Mello, et al. (2016) narra ainda que, a atuação do enfermeiro no cuidado e defesa infantil requer a avaliação da saúde da criança como um todo, de seu contexto social e familiar, para identificar as potenciais vulnerabilidades, e assim, estar apto a realizar as orientações e possíveis intervenções, em união com a equipe multidisciplinar.

Quanto a continuidade dessa assistência prestada Hirano, et al. (2023) relata que a qualidade dos serviços, especialmente na Atenção Primária “é um fator decisivo no que concerne à promoção, à prevenção e à recuperação da saúde de crianças”. Ainda segundo o autor, nos países europeus existe um desafio considerável quanto a eficácia da Atenção Primária em atender crianças de 0 até 6 anos, pois se destaca a diminuição de consultas e exames após o primeiro ano de vida. Já no Brasil, segundo Hirano, et al. (2023), uma área que desafia essa continuidade são as regiões de fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, pois a demanda excede os planejamentos.

Souza, et al. (2020), ressalta a importância da capacitação e empoderamento dos enfermeiros já que a falta dessas características resulta em práticas centradas apenas na doença, individualistas e sem continuidade. É necessário que os profissionais desenvolvam mais domínio sobre suas atribuições, passando a ver de maneira profunda, humanizada e contínua cada senário.

Segundo Furtado, et al. (2018), os enfermeiros têm total capacidade de melhorar a ofertas de serviço na Atenção Primária através da Estratégia Saúde da Família (ESF) e Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC). A atuação da Atenção primária se faz efetiva em sua integralidade e equidade, especialmente no cuidado à primeira infância e em sua pesquisa o autor destaca que, “é nessa construção cotidiana de apresentação de saberes e práticas que se conformará um cuidado pertinente e oportuno a determinada situação e que respeite as singularidades de cada criança.”

Yakuna, et al. (2018) traz como resultado de seu estudo um destaque de que as enfermeiras atuantes na atenção à saúde da criança são capazes de prever e prevenir avarias no processo de crescimento e desenvolvimento a partir da monitorização dos indicadores de saúde.

Já Poersch, et al. (2023) salienta diversas atribuições a encargo destes profissionais, porém enfatiza a capacidade de tomada de decisões assertivas que promovam as intervenções necessárias, logo demonstrando a capacidade de discernir as estratégias aplicáveis a cada caso.

Em suma, o profissional enfermeiro é essencial e indispensável no cuidado à criança desde o seu nascimento até os 19 anos, período que se denomina puericultura, em todos os níveis assistenciais, e em ênfase a Atenção Primária, assim como Munerati e Custódio, (2023) narram.

Quadro 2. Descrever a assistência de enfermagem nas consultas de crescimento e desenvolvimento infantil.

Fonte: Elaborado pela autora

Ao abordar a atuação do enfermeiro nas consultas crescimento e desenvolvimento infantil observa-se que estas são fundamentais para monitoramento, rastreio e educação em saúde já que se iniciam ainda na primeira semana de vida. Segundo Teixeira, et al. (2022) para a continuidade eficiente destas consultas, mais de 163 países vem utilizando a Caderneta da Criança como recurso de registro do crescimento e desenvolvimento infantil com o objetivo de promover a integralidade da assistência.

O profissional enfermeiro está incumbido de registrar os dados de cada criança em sua caderneta. Parâmetros que são coletados no momento das consultas como ganho e perca de peso, altura, perímetro cefálico, vacinação, aleitamento materno, alimentação complementar, entre outros, contribuem para o acompanhamento adequado, sistemático durante seu crescimento e desenvolvimento.

Gaiva, et al. (2018) ressalta que o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento realizado por meio da equipe da enfermagem tem seu valor alicerçado em sua sistematização. Por exemplo, esta pesquisa demonstra enfermeiras monitorando os marcos de desenvolvimento de algumas crianças (se bate palma, se dá tchau, se engatinha, etc.) por meio de perguntas simples dirigidas às mães.

A utilização do teste de Denver II como parte das consultas de crescimento e desenvolvimento tem como finalidade detectar possíveis alterações ou atrasos, Pinto, et al. (2015) destaca que este teste é recomendado pela Associação Brasileira de Pediatria e é “um instrumento de integração da equipe multidisciplinar, na qual cada profissional pode atuar com sua visão específica”, segundo o próprio autor.

Nogueira, et al. (2020) destaca que o enfermeiro enquanto realiza as consultas de puericultura, deve se recordar de que não se trata apenas de aferir as medidas antropométricas, mas sim ter uma visão holística voltada à criança, enfatizando assim que, a sistematização da assistência de enfermagem é uma ferramenta para que as consultas aconteçam de uma maneira mais efetiva.

Em sua discussão, Nogueira, et al. (2020) pode constatar que a maioria dos profissionais da enfermagem que participaram de seu estudo consideram que a sistematização da enfermagem é um recurso útil, claro e prático, e mesmo aqueles que não a utilizavam com regularidade concordaram que suas etapas são claras e de fácil aplicabilidade para a enfermagem e para os pacientes.

De acordo com a SES-DF, 2016 por meio da Portaria SES-DF Nº287, a sistematização da assistência de enfermagem se divide em etapas visando a integralidade e continuidade do cuidado a crianças de 0 a 6 anos. Por meio da Coleta de Dados (Histórico de Enfermagem) é realizado um levantamento de dados da criança e de sua família, incluindo, identificação, histórico de saúde, também informações acerca do pré-natal, da gestação e parto, condições socioeconômicas e relatos acerca de alimentação, eliminações e higiene do sono. É realizado também o exame físico do paciente e seus devidos registros acerca dos sinais vitais e marcos do crescimento e desenvolvimento observados.

Após a realização do Histórico de Enfermagem, com base nas informações adquiridas, devidamente analisadas e interpretadas, é então aplicado a segunda etapa do processo de enfermagem, o Diagnóstico de Enfermagem segundo o Coren, (2016). Este consiste em análise de dados coletados levando em consideração potenciais ou reais problemas de saúde, riscos a serem pontuados, podendo oferecer danos a segurança ou potencial transmissão de infecções e necessidades ou recursos do paciente, familiares ou contexto inserido.

Logo a diante, ainda segundo Coren, (2016), o Planejamento de Enfermagem engloba intervenções independentes, interdependentes e dependentes estipuladas a partir das prioridades determinadas pelos Diagnósticos de Enfermagem já estabelecidos. Concluindo então a Sistematização da Assistência de Enfermagem com a etapa da Implementação.

Carvalho e Sarinho, (2016) destacam que “o processo adequado de trabalho da Enfermagem no âmbito da saúde da criança proporciona melhorias na promoção de sua saúde e prevenção de doenças”. Ela exerce um papel estratégico na promoção da saúde infantil, por meio de ações educativas, orientando aos pais e cuidadores, incentivando à adoção de hábitos saudáveis desde os primeiros anos de vida e prevenindo doenças identificando precocemente os sinais e sintomas de agravos, além de ser habilitado a realizar intervenções rápidas e eficazes.

Silva, et al., (2017) aborda a importância da completude da assistência de enfermagem na puericultura, mas destaca também as dificuldades encontradas pelos trabalhadores, como mitos e crenças que podem prejudicar a adesão da família às orientações e indicações fornecidas. Ou até mesmo em relação a falta de local e material necessário para que sejam realizados adequadamente todas as etapas da Sistematização da Assistência de Enfermagem.

Silva, et al., (2017) traz também a realidade vivida em muitos municípios, a falta de protocolos voltados ao atendimento às crianças nas Unidades Básicas de Saúde, o que dificulta a padronização de serviços, a periodicidade das consultas e a assistência adequada em casos de maiores riscos. Problema este refletido também na educação em saúde da população destas regiões.

Cavalheiro, et al. (2021) relacionam a proteção da saúde e do desenvolvimento infantil ao futuro da sociedade, pois ressaltam que este nível de assistência, principalmente nos primeiros 6 anos de vida, representa o alicerce de toda a assistência à saúde da criança, e enquanto está sendo bem prestada, o futuro está sendo plantado. Logo destaca-se a importância de sua valorização e a necessidade latente de sua otimização em muitas regiões do país.

Diante do exposto, é evidente que a atuação do enfermeiro nas consultas de crescimento e desenvolvimento infantil é indispensável para a promoção da saúde integral da criança, especialmente nos primeiros anos de vida. A sistematização da assistência de enfermagem, aliada ao uso de seus recursos e instrumentos, assim como Cavalheiro, et al. (2020) destaca, permite intervenções precoces, orientação qualificada às famílias e acompanhamento contínuo e individualizado. Logo, é essencial que sejam superados desafios como a escassez de recursos, a falta de protocolos específicos e a necessidade de valorização do trabalho da enfermagem para garantir que todas as crianças tenham acesso a um acompanhamento seguro, eficiente e humanizado, que contribua para um desenvolvimento pleno e saudável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Abordou-se a atuação enfermeiro no atendimento à criança no contexto da atenção básica, paralelamente à descrição da assistência de enfermagem nas consultas de crescimento e desenvolvimento infantil. Indispensavelmente torna-se evidente a relevância e complexidade da atuação do enfermeiro no cuidado à criança, especialmente no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

Estes profissionais são peças-chave para garantir a continuidade do cuidado, a identificação precoce de riscos e a realização de intervenções adequadas e individualizadas, especialmente nos primeiros anos de vida, fase crucial para o desenvolvimento humano. Assim, pode-se concluir que o enfermeiro, por meio de uma prática humanizada, sistematizada e comprometida com os princípios do SUS, representa um agente transformador no cuidado infantil. Seu papel é indispensável para assegurar uma assistência qualificada e eficaz, contribuindo de maneira significativa para a redução das desigualdades em saúde, para a promoção do bem- estar da criança em todos os seus aspectos e com bases sólidas para a saúde futura da sociedade.

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1 Graduanda do curso de Enfermagem no Centro Universitário IESB. E-mail: michellyoliveiramaia013@gmail.com

2 Docente do curso de Enfermagem no Centro Universitário IESB. Mestre em Enfermagem pela Universidade de Brasília. E-mail: erlayne.brandao@iesb.edu.br

3 Avaliadora do trabalho de conclusão de curso. Docente do curso de graduação em Enfermagem do Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB). E-mail: enf.izabellamorais@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000- 0001-8923-6420