IMPACTS ON THE MENTAL HEALTH OF THE NURSING TEAM IN CASES OF DEATH: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202506240406
Amanda Layane Costa Duarte1; Bruna Altino Rodrigues Viana2; Francisca Mairana Silva de Sousa3; Layanne Cavalcante Moura4; Lorena Rocha Batista Carvalho5; Maira de Carvalho Camelo6
RESUMO
A morte faz parte do ciclo natural da vida, mas ainda é um tema que gera desconforto quando se conversa sobre, apesar de ser a única certeza que se tem. Lidar com essa etapa da vida não é fácil para grande parte da população, até para os que estão em contato mais diariamente, como os profissionais de saúde. Os profissionais enfermeiros, especialmente aqueles que trabalham no contexto hospitalar, se deparam diariamente com o processo de morrer e a morte, mas durante a sua formação e após ela, são as capacitações são voltadas ao aprofundamento do processo de cuidado no intuito de cura das enfermidades e treinamento de técnicas a fim de evitar a morte do seu paciente. Objetivou-se analisar os conhecimentos publicados sobre os impactos na saúde mental de profissionais da enfermagem frente a morte do paciente sob seus cuidados. Tratou-se de uma revisão da literatura do tipo integrativa em seis etapas: identificação do tema e questão da pesquisa; levantamento na literatura científica; extração dos dados e categorização; análise crítica dos estudos incluídos; interpretação dos dados; e apresentação da revisão integrativa. Foram incluídos nessa revisão 07 artigos publicados entre os anos de 2021 e 2025, todos estavam em língua inglesa, a maioria com metodologia quantitativa (5 periódicos) e com relação ao nível de evidência cinco publicações apresentaram nível III e mostrando o alto teor metodológico teve uma publicação no ano de 2021 que tratou-se de uma revisão sistemática e metanálise. Dentre os principais resultados: um estudo mostrou que os enfermeiros aceitam o fenômeno da morte como um processo natural da vida humana; no entanto, eles adotam a atitude de medo da morte; outro evidenciou correlação entre medo e enfrentamento da morte e fadiga por compaixão. Percebeu-se a possibilidade de traumas psicossociais que por sua vez influenciaram positivamente nas pontuações de boa percepção de morte. Foi encontrado também relação entre sofrimento moral e atitude negativa frente à morte de forma negativamente associados. Encontrou-se prevalência estimada meta analítica para alta exaustão emocional de 31%, para alta despersonalização foi de 18% e para baixa realização pessoal foi de 46%. A exaustão emocional teve uma relação significativa com depressão e fatores de personalidade. Conclui-se que poucos são os estudos que retratam os impactos na saúde mental de profissionais da enfermagem frente à morte do paciente sob seus, nestas publicações foram citadas a depressão e somando-se a outros fatores a Síndrome de Burnout pode aparecer como consequência dessa situação.
Palavras-chave: Enfermagem. Morte. Luto. Saúde Mental. Esgotamento Profissional.
ABSTRACT
Death is part of the natural cycle of life, but it is still a topic that causes discomfort when discussed, despite being the only certainty that one has. Dealing with this stage of life is not easy for a large part of the population, even for those who are in contact with it on a daily basis, such as health professionals. Nursing professionals, especially those who work in hospital settings, are faced with the process of dying and death on a daily basis, but during and after their training, training is external to the deepening of the care process with the aim of curing illnesses and training in techniques to prevent the death of their patient. The objective of this study was to analyze the published knowledge on the impacts on the mental health of nursing professionals when faced with the death of a patient under their care. This was an integrative literature review in six stages: identification of the theme and research question; literature search; data extraction and categorization; critical analysis of the included studies; data interpretation; and presentation of the integrative review. Seven articles published between 2021 and 2025 were included in this review. All were in English, most of them had a quantitative methodology (five journals). Regarding the level of evidence, five publications presented level III and showing the high methodological content, there was one publication in 2021, which was a systematic review and meta-analysis. Among the main results: one study showed that nurses accepted the specificities of death as a natural process of human life; however, they adopt an attitude of fear of death; another evidenced between fear and coping with death and compassion fatigue. The possibility of psychosocial traumas was perceived, which in turn positively influenced the occurrences of good perception of death. A relationship was also found between moral distress and a negative attitude towards death in the form of associated levels. An estimated meta-analytic prevalence of 31% was found for high emotional exhaustion, 18% for high depersonalization, and 46% for low personal accomplishment. Emotional exhaustion had a significant relationship with depression and personality factors. It is concluded that there are few studies that portray the impacts on the mental health of nursing professionals when faced with the death of a patient under their care. In these publications, depression was mentioned and, in addition to other factors, Burnout Syndrome may appear as a consequence of this situation.
Keywords: Nurse. Death. Mourning. Mental health. Professional burnout.
1 INTRODUÇÃO
O ciclo da vida é constituído por nascer, crescer, se reproduzir e morrer, sendo que lidar com o nascimento é frequentemente repleto de alegrias, enquanto a morte é vista como um dos momentos mais dolorosos da vida (Silva, 2021). A morte faz parte do ciclo natural da vida, mas ainda é um tabu, já que esta é a única certeza que se tem. Lidar com essa etapa da vida não é fácil e grande parte da população não está preparada para isso.
Segundo Custódio (2013) cada pessoa teme mais um certo aspecto da morte, razão pela qual ela deve ser considerada sob dois aspectos: a) a morte do outro (medo do abandono/separação; e b) a própria morte (consciência da própria finitude). Note-se que uma das principais formas de proteção contra o medo da morte é a crença de que a morte só ocorre com o outro. Enquanto a consciência da própria finitude é o que nos distingue dos animais.
Os profissionais enfermeiros, especialmente aqueles que trabalham no contexto hospitalar, se deparam diariamente com o processo de morrer e a morte. Entretanto, dentre os objetivos principais da formação destes profissionais não consta a preparação para perdas, pelo contrário, estes profissionais são formados para curar doenças e vencer a morte. Nesse sentido, o contato dos profissionais enfermeiros com esta finitude pode provocar reações que fogem da prática técnica e profissional, impedindo que o processo ocorra de forma natural (Ferreira et al., 2024; Alvim et al., 2021).
Os profissionais de enfermagem frequentemente enfrentam altos níveis de estresse e Burnout devido à carga de trabalho excessiva, falta de suporte emocional e reconhecimento, o que pode levar a sérios sofrimentos mentais (Duarte; Pinto-Gouveia, 2020) o que na maioria das vezes faz a morte de um paciente ser considerada um fracasso da equipe e atribuída ao insucesso do profissional (Farias; Figueredo, 2017). Esse conflito de ter a responsabilidade pelo cuidado paciente em processo de morte e a vontade de auxiliá-lo na cura para restabelecer a saúde de todos torna para quem cuida é percebida de forma negativa, com muita tristeza, dor e sofrimento que geram angústias no ambiente labora (Ferreira et al., 2024; Silva; Silva, 2007).
Diante desse contexto, levantou-se como problema de pesquisa: como o óbito de pacientes afetam a saúde mental dos profissionais de enfermagem?
Em vista disso, o objetivo geral foi analisar os conhecimentos publicados sobre os impactos na saúde mental de profissionais da enfermagem frente a morte do paciente sob seus cuidados. Como desdobramento desse propósito, buscou-se verificar quais tipos de sentimentos são gerados nos enfermeiros diante da perda de um paciente, bem como compreender as dificuldades enfrentadas por esses profissionais no processo de luto.
Nesse sentido, o presente estudo tem como relevância clínica e social na saúde pública por poder proporcionar a reflexão dessa temática e fomentar ações aos enfermeiros que permita vivenciar este processo de forma mais equilibrada, fortalecendo-os para cuidar do paciente e de seus familiares, minimizando seu próprio sofrimento.
2 MATERIAL(IS) E MÉTODOS
Esta pesquisa tratou-se de uma revisão integrativa de literatura, descritiva, pois buscou sintetizar os resultados sobre um determinado tema de maneira clara e simples (Camargo et al., 2018), a partir da sistematização metodológica de acordo com Dantas et al. (2021) em seis etapas: Dantas et al. (2021) em seis etapas: 1) identificação do tema e questão de pesquisa; 2) levantamento na literatura científica; 3) extração dos dados e categorização; 4) análise crítica dos estudos incluídos; 5) interpretação dos dados e 6) apresentação da revisão integrativa.
Após escolha da temática elaborou-se a questão de pesquisa: “Como o óbito de pacientes afetam a saúde mental dos profissionais de enfermagem?” fundamentada na estratégia PICo de Joanna Briggs Institute (JBL, 2014), acrônimo para População (Profissionais da Enfermagem), Intervenção (impactos na saúde mental), Contexto (óbitos de pacientes que assistiam). Posteriormente foi feito a investigação no site de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) prosseguindo-se com a busca dos periódicos no mês de abril de 2025 nos sites da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline/PubMed) via National Library of Medicine e Scientifc Eletronic Library Online (SciELO) no qual foi colocado todos os descritores e termos alternativos na barra de pesquisa avançada, separando os assuntos com a palavra “OR” e incluindo todos os termos com a palavra “AND”, sendo selecionados “Título, resumo, assunto”.
O fluxograma de seleção dos artigos obedeceu aos critérios do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews (PRISMA), tendo como critérios de inclusão: a) artigos escritos em português, inglês ou espanhol; b) que tratassem da questão da saúde mental dos profissionais da enfermagem frente ao luto e o processo de morte de seu paciente; c) publicação nos últimos cinco anos (a partir de 2021 a 2025) e d) periódicos que encontravam-se disponibilizado na íntegra gratuitamente. Os motivos de exclusão: documentos que não fossem artigo; sem resposta à pergunta da pesquisa; texto incompleto; artigo pago e fora do período de publicação escolhido. Na figura 1, está contido o fluxograma que apresenta o caminho da seleção dos artigos utilizados nessa revisão.
Figura 1 – Fluxograma do Processo de Seleção de Estudos para Revisão Integrativa sobre os Impactos na Saúde Mental dos Profissionais de Enfermagem frente ao luto e ao processo de morte de seu paciente. Teresina, PI, Brasil. 2025.


Fonte: elaborado pelas autoras, 2025.
Os artigos incluídos na revisão sofreram nova leitura no qual foi extraído o nível de evidência conforme Melnyke e Fineout-Overholt (2014) e catalogados a partir dos seguintes critérios: Autores; ano da publicação; título da revista; natureza do estudo e nível de evidência, no qual utilizou-se os recursos gráficos do programa Microsoft Office Excel.
Por tratar-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, não há necessidade de apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Para tanto, para esse estudo, foi seguido a recomendação da Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde acerca de informações de domínio público (Brasil, 2016).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 07 artigos selecionados, e publicados entre os anos de 2021 e 2025, todos foram publicados na língua inglesa, maioria com metodologia quantitativa (5 periódicos) e com relação ao nível de evidência cinco publicações apresentaram nível III e mostrando o alto teor metodológico teve uma publicação no ano de 2021 que tratou-se de uma revisão sistemática e metanálise conforme tabela 01, a seguir.
Tabela 01 – Caracterização das produções científicas sobre os Impactos na Saúde Mental dos Profissionais de Enfermagem frente ao luto e ao processo de morte de seu paciente. Teresina, PI, Brasil. 2025.

Fonte: elaborada pelas autoras, 2025.
Os principais resultados encontrados nas publicações selecionadas para a revisão integrativa encontram-se disposto na Quadro 02.
Tabela 01 – Principais resultados das publicações científicas da revisão integrativa sobre os Impactos na Saúde Mental dos Profissionais de Enfermagem frente ao luto e ao processo de morte de seu paciente. Teresina, PI, Brasil. 2025.



Fonte: elaborado pelas autoras, 2025.
No estudo conduzido por Cybulska et al. (2022), com 516 enfermeiros na fase ativa da profissão teve em sua maioria dos entrevistados (77,5%) com lembrança do primeiro paciente que assistiu e teve a morte como desfecho, enquanto 18,8% não recordavam desse episódio em sua vida e 3,7% nunca vivenciaram. Quando questionados em relação as emoções frente ao óbito o destaque foi a tristeza (73,4%) seguida de impotência (58,5%), arrependimento (43,6%) de não ter feito mais pelo paciente e ansiedade (26,6%) e um pequeno percentual de 17,8% relataram ter sido testemunha de algum segredo sobre a condição clínica do seu cliente.
Sabe-se que o exercício da enfermagem está associado, na maioria das vezes, a jornadas de trabalhos exaustivas, devido à alta demanda de pacientes e o curto tempo de descanso físico e mental, e quando esse ambiente laboral mostra presença frequente com situações de morte pode refletir em alterações no sono, dieta e atividades sociais desses profissionais (Silva; Machado, 2020; Silva et al., 2021). O apoio social e emocional dentro da própria equipe demonstra-se como mediador do processo de luto, pois auxilia no alívio do estresse e permite um melhor enfretamento das perdas e do trabalho diário em serviços de alta complexidade (Luna, 2023; Trevisando; Alemida; Barreto, 2019).
Em relação ao enfretamento à morte em seu ambiente de trabalho, 63% dos entrevistados afirmaram medo e consideram uma experiência desagradável e que despertou sentimento de ansiedade em 46,9% destes, associação com o sentimento de significar o fim de tudo apareceu em 35,3% foram resultados do estudo de Cybulska et al. (2022).
Essas sensações também foram descritas por Gutierrez e Ciampone (2006) ao descreverem que os profissionais da enfermagem frente ao processo de morte no ambiente de unidade de terapia intensiva (UTI) lidam com sensações mais gerais como a dor da perda, até sensações mais especificas como a insatisfação, inconformidade, fracasso e negação por não conseguirem manter a vida do paciente, ou seja, transformar a situação inevitável, acompanhado de raiva, tristeza e barganha.
No estudo de Fernández et al. (2023) os 255 enfermeiros de uma UTI para adultos tinham tempo médio de serviço na função de 9,48 anos, sendo a maioria mulheres, estado civil solteira, com titulação máxima de bacharelado em enfermagem e atuantes em hospital público e mostraram pontuação referente ao alto medo da morte (52,7%) e com baixo enfrentamento dessa situação (46,1%).
Corrobora com Costa et al. (2019) que reforçam que no decorrer do exercício profissional, o enfermeiro tem como princípio garantir o cuidado integral ao paciente, proporcionando conforto, dignidade até o dia da morte e pós morte, o que destaca o importante vínculo afetivo criado entre enfermeiro e paciente e que o rompimento pelo óbito tende a gerar dificuldade na gestão das emoções.
Objetivando determinar a percepção de uma “boa morte” entre médicos e enfermeiros que vivenciaram o terremoto e compreender a relação entre essas percepções e os níveis de trauma causados pelo terremoto, Gunvel, Karatas e Kaynak (2024) encontraram no seu estudo maioria dos participantes do sexo feminino (68,6%), entre 25 e 34 anos (58,8%), casada (50%), tinha de 0 a 5 anos de experiência profissional (58,6%).
O termo “boa morte” é empregado nas pesquisas de Gunvel, Karatas e Kaynak (2024) e Mohacsi et al. (2024), como uma situação inevitável e profundamente impactante da existência humana, geralmente incluindo a ausência de dispositivos de suporte de vida, ou ainda, como uma morte natural livre ansiedade provenientes da preparação devido a situação de saúde.
Gunvel, Karatas e Kaynak (2024), demonstraram uma diferença estatisticamente significativa entre médicos e enfermeiros em termos de “espiritualidade psicossocial” e “controle pessoal”, no qual esses últimos evidenciou serem mais sensíveis à perda de um paciente, pois tiveram maior dificuldade em reestruturar-se cognitivamente e inquietação no sono após essa situação vivida.
Fato que pode ser explicado devido esses profissionais desempenharem seu papel na saúde com mais proximidades ao paciente sendo crucial na satisfação das necessidades físicas e psicossociais (Rocha et al., 2024) e o encontro frequente com esse desfecho facilita o desenvolvimento de sofrimento mental (Aiken et al., 2023).
As discussões em grupo focal utilizando pesquisa qualitativa por Mohcsi et al. (2024), envolvendo pacientes, familiares e profissionais da saúde apontou que a aceitação da morte deve ser estabelecida por meio de interações sociais e comunicação. Esses autores destacaram ainda, as críticas dos participantes quanto aos procedimentos organizacionais e as culturas de tratamento que impediam a morte e privavam os pacientes da paz e tranquilidade necessárias para uma morte digna, em contraste, os hospitais foram concebidos como locais de aceitação e comunicação clara e honesta.
Esses resultados reforçam a necessidade de uma equipe qualificada para o manejo comunicacional e cooperação na tomada de decisões no fim da vida corroborado por Kuczmarski e Odejide (2021) que mostraram que as discussões sobre os objetivos do tratamento no fim da vida aumentam a possibilidade de ofertar uma boa morte ao paciente e algum grau de tranquilidade à família.
Os 342 enfermeiros que concluíram o estudo realizado por Peng, Guan e Zun (2025), em sua maioria eram mulheres (88%) com idade média de 32,68 anos e 80,1% possuíam pelo menos a graduação, sendo 74,9% casados e demonstraram que o sofrimento moral estava negativamente relacionado às competências essenciais em cuidados paliativos de enfermeiros de unidades de terapias intensivas. Para Peng et al. (2023) os enfermeiros que vivenciam sofrimento moral são propensos a experiências de desequilíbrio psicológico e angústia mental, e tendem a adotar estilos de enfrentamento e atitudes negativas em relação à morte, o que leva à diminuição da identidade profissional e do engajamento no trabalho e, por fim, ao declínio das competências essenciais.
Percebe-se que a enfermagem se consolidou como profissão por meio do exercício de mulheres precursoras e ainda se tem uma maioria desse gênero na classe o que pode explicar o cuidado relacionado com características de empatia, sensibilidade, atenção e submissão, que são atribuídas e naturalizadas às mulheres, o que ocasiona uma divisão sexual do trabalho nesse ofício (Cleary et al., 2019).
A partir da revisão sistemática e meta-análise realizada por Ramírez et al. (2021), percebe-se que os enfermeiros atuantes em UTI estão expostos a situações difíceis, como morte e tratamento da dor, e por sua maioria jovens, solteiros e com pouca experiência profissional possuem baixa realização profissional quando associados com os fatores intrínsecos ao trabalho (carga horária e jornadas mais longas) tendem a terem maior exaustão emocional com relação significativa com depressão e transtornos de personalidade.
Semelhante aos resultados Stodoska et al. (2023), que destacou a Síndrome de Burnout como um fenômeno multidimensional que depende de muitos fatores de natureza diferente, sendo o desfecho clínico morte do paciente em diversos locais de trabalhos observadas por enfermeiros durante a pandemia de COVID-19. Esses autores chamam atenção para a necessidade de se impulsionar formulações de políticas que visem desenvolvimento de programa de prevenção desse esgotamento e cursos que gerem fortalecimento emocional dos profissionais que lidam diariamente com o cenário de óbito. sem
Dessa forma, estratégias que visem o apoio e satisfação no trabalho, bem como melhora na autoestima devem ser empregadas para evitar dificuldade de enfretamento da morte de um paciente que assiste (Gonçalves; Simões, 2019).
A limitação dessa revisão foi principalmente pelas diferenças metodológicas seguidas em cada estudo, sendo necessário estudos com padronização de instrumentos de coleta de informações que mostrem os impactos na esfera mental, social e profissional do enfretamento da morte do paciente sob seus cuidados, além de possibilitar conhecer as dificuldades pontuais na compreensão do processo de luto.
Acrescenta-se que os resultados deste estudo denotam a vulnerabilidade dos profissionais da enfermagem acerca da morte, exigindo que a temática seja discutida ao longo da graduação e ter como oferta de educação continuada pelas instituições que empregam esses trabalhadores a fim de facilitar o enfrentamento e amadurecimento diante dessa situação.
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que poucos são os estudos que retratam os impactos na saúde mental de profissionais da enfermagem frente a morte do paciente sob seus cuidados. Nestas publicações foram citadas a depressão e somando-se a outros fatores a Síndrome de Burnout pode aparecer como consequência dessa situação. Para tanto, especial atenção deve ser dada aos profissionais de enfermagem ainda em processo de formação e fortalecer a educação continuada sobre o processo de morte e morrer em conjunto com as habilidades de enfretamento e fortalecimento emocional.
Espera-se que com esse artigo possa fomentar novas pesquisas que enfoquem mais especificamente os impactos da saúde mental e estratégias de reduzir essas alterações a curto e longo prazo no exercício da enfermagem, além de ações de apoio psicológico e institucional a esses profissionais.
REFERÊNCIAS
AIKEN, L. H. et al. Physician and Nurse Well-Being and Preferred Interventions to Address Burnout in Hospital Practice. JAMA Health Forum., v. 4, n. 7, e231809, 2023.
ALVIM, A. L. S., et al. Morte e o processo de morrer na visão dos discentes de enfermagem. Journal Health NPEPS, v. 6, n. 1, 302-313, 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução no 510, de 7 de abril de 2016. Trata sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa em ciências humanas e sociais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 maio 2016.
CAMARGO, F. C. et al. Competências e barreiras para prática baseada em evidências na enfermagem: revisão integrativa. Rev Bras Enferm., v. 71, n. 4, p. 20302038, 2018.
CLEARY, M. et al. Women in health academia: Power dynamics in nursing, higher education and research. J Adv Nurs., v. 75, n. 7, p.1371-1373, 2019
COSTA, A. S. et al. Ansiedade e percepções de morte e morrer entre graduandos de enfermagem. Adv Nurs Health., v. 1, p.67-84, 2019.
CUSTÓDIO, E. M. Maria Julia Kovács: uma pesquisadora refletindo sobre a morte. Bol. – Acad. Paul. Psicol., v. 33, n. 85, p. 243-253, 2013.
CYBULSKA, A. M. et al. Analysis of Nurses’ Attitudes toward Patient Death. Int. J. Environ. Res. Public Health, v. 19, n. 1, p.1-14, 2022.
DANTAS, H. L. L. et al. Como elaborar uma revisão integrativa: sistematização do método científico. Rev Recien. V. 12, n. 37, p. 334-354, 2021.
DUARTE, I.; PINTO-GOUVEIA, J. The role of self-compassion in nursing: A review of the literature. Nursing Outlook, v. 68, n. 3, p. 339-347, 2020.
FARIA, S. S.; FIGUEREIDO, J. S. Aspectos emocionais do luto e da morte em profissionais da equipe de saúde no contexto hospitalar. Psicol. hosp. (São Paulo), v. 15, n. 1, p. 44-66, 2017.
FERNÁNDEZ, J. M. et al. Fear and Coping with Death in Intensive Care Nurses: a Structural Model Predictor of Compassion Fatigue. Invest Educ Enferm., v. 41, n. 1, e12, 2023.
FERREIRA, M. L. S. et al. O processo de morte e morrer na formação em enfermagem: percepções e sentimentos de universitários. Rev. Enferm Atenção Saúde, v. 13, n. 1, e202416, 2024.
GONÇALVES, J. R.; SIMÕES, J. R. S. A percepção do enfermeiro no lidar com a morte durante a assistência. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 2, n. 5, 2019.
GUNVEL, G. O; KARATAS, M.; KAYNAK, S. Trauma levels and perspectives on dignified death among nurses and physicians who directly experienced the recent earthquake. Public Library of Science One, v. 24, p. 1-15, 2024.
GUTIERREZ, B. A. O.; CIAMPONE, M. H. T. Profissionais de enfermagem frente ao processo de morte em unidades de terapia intensiva. Acta Paul Enferm, v. 19, n. 4, p. 459-461, 2006.
JOANNA BRIGGS INSTITUTE (JBI). Reviewers’ Manual-Methodology for JBI Mixed Methods Systematic Reviews. Adelaide: JBI, 2014.
KUCZMARSKI, T. M.; ODEJIDE, O. O. Goal of a “Good Death” in End-of-Life Care for Patients with Hematologic Malignancies-Are We Close? Curr Hematol Malig Rep., v. 12, p. 117-125, 2021.
LUNA, I. J. Rede Social de apoio no luto: a quem confiar minha tristeza?! Psicol Estud., v. 28, e54693, 2023.
MELNYK B. M., FINEOUT-OVERHOLT E. Evidence-based practice in nursing & healthcare: A guide to best practice. Philadelphia: Lippincot Williams & Wilkins, 2014.
MOHACSI, L. et al. A ‘good death’ needs good cooperationwith health care professionals – a qualitative focus group study with seniors, physicians and nurses in Germany. BMC Palliative Care, v. 23, n. 292, p.115, 2024.
PENG, M.; GUAN, Q.; ZHU, X. Moral distress, attitude toward death, and palliative care core competencies among ICU nurses: a cross-sectional study. BMC Palliative Care, v. 24, n. 16, p.1-9, 2025.
RAMÍREZ, E. S.Prevalence, Risk Factors and Burnout Levels in Intensive Care Unit Nurses: A Systematic Review and Meta-Analysis. Int. J. Environ. Res. Public Health, v. 18, p. 1-12, 2021.
ROCHA, S. R. S. et al. Relações de gênero na formação profissional: desafios no campo da enfermagem. Rev. Enferm. UFSM, v.14, e19, p.1-18, 2024.
SILVA, A. P. O ciclo da vida: reflexões sobre nascimento e morte. São Paulo: Editora Vida, 2021.
SILVA, A. M.; SILVA, A. J. P. A preparação do graduando de enfermagem para abordar o tema morte e doação de órgãos. Rev Enferm UERJ., v. 15, n. 4, p. 549-554, 2007.
SILVA, M. C. N.; MACHADO, M. H. Sistema de Saúde e Trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 1, p. 07-13, 2020.
SIVA, T. C. L. et al. El impacto de la pandemia en el rol de la enfermería: una revisión narrativa de la literatura. Rev. Eletrônica Enfermería Global, v. 2, n. 63, p. 518529, 2021.
SOTODOSKA, A. et al. Prevalence of burnout among healthcare professionals during the covid-19 pandemic and associated factors – a scoping review. International Journal of Occupational Medicine and Environmental Health, v. 36, n.1, p. 21-58, 2023.
TREVISANO, R. G.; ALMEIDA, J. V.; BARRETO, C. A. O olhar da enfermagem no processo de luto. Revista Saúde em Foco, v. 1, n. 11, p. 574-587, 2019.
1Graduanda de Enfermagem. Faculdade CET. amanda.layane.duarte@hotmail.com.
2Enfermeira pela Faculdade de Tecnologia de Teresina (CET). Pós-graduanda em Obstetrícia pelo Instituto Unieducacional. E-mail: brunaaltinoviana@gmail.com.
3Mestra em Engenharia de Materiais, Faculdade de Tecnologia de Teresina (CET). E-mail: mairanassousa@hotmail.com; https://orcid.org/0000-0001-6550-0098
4Médica de Medicina de Família e Comunidade, Mestre em Saúde da Mulher pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Docente dos Cursos de Bacharelado em Enfermagem, Farmácia, Biomedicina e Medicina da Faculdade de Tecnologia de Teresina (CET). E-mail: layannecavalcante@hotmail.com.
5Mestre em Saude da Família pela Uninovafapi. Docente do Cursos de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade de Tecnologia de Teresina (CET). E-mail: lorenarbcarvalho@gmail.com
6Maíra de Carvalho Camelo. Enfermeira do Centro de Atenção Psicossocial I( CAPS I) de São João do Piauí – PI. Especialista em Saúde da Família- UFPI e Saúde Mental e CAPS ( Estácio). E-mail: mairacameloenf55@hotmail.com