LOW-LEVEL LASER THERAPY IN THE MANAGEMENT OF CHRONIC ODONTOGENIC NEUROPATHIC PAIN AND NERVE REGENERATION: A CASE REPORT
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202506232224
Pedro Vinicios Cunha de Araujo1, Kilvio Meneses Costa2, Eduardo Vieira Junior3, Felipe Santana Sampaio4, Francisco Henrique Melo Amaral5, José Soares Barbosa Filho6, Hélio Ferreira da Silva7
RESUMO
A dor crônica, especialmente a neuropática, representa um grande desafio na prática odontológica, pois pode persistir mesmo após o tratamento de causas iniciais, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Classificada como uma experiência sensorial e emocional complexa, a dor exige uma abordagem terapêutica que vá além do tratamento físico, considerando também os aspectos psicológicos envolvidos. Nesse contexto, a laserterapia de baixa intensidade tem se destacado como uma alternativa eficaz, segura e minimamente invasiva. Ela atua na modulação da dor, na regeneração tecidual e na melhora da circulação local, sendo especialmente útil em situações pós-operatórias, como a reabilitação com implantes zigomáticos. Este estudo qualitativo, descritivo, retrospectivo e documental, realizado na clínica Odontológica do Uninta, em Tianguá-CE, apresenta o caso de uma paciente de 51 anos, com histórico de periodontite crônica, submetida à reabilitação com implantes zigomáticos. No pós-operatório, a paciente desenvolveu dor neuropática intensa e crônica na região maxilar direita, além de falha na osseointegração de um dos implantes, resultando em piora do estado geral, incluindo perda de peso e agravamento de um quadro depressivo. O tratamento incluiu o uso do medicamento 2,5mg de fosfato dissódico de citidina + 1,5mg de trifosfato trissódico de uridina + 1,0 mg acetato de hidroxocobalamina (ETNA) e 10 sessões de laserterapia, com doses entre 9 J/cm² e 2 J/cm², utilizando luz vermelha (660 nm) e infravermelha (808 nm). Com a progressão das sessões, a paciente relatou melhora significativa da dor, alcançando remissão completa ao final do tratamento. Isso possibilitou o início das próximas etapas da reabilitação oral. Os resultados reforçam a eficácia da laserterapia de baixa intensidade como um recurso importante no controle da dor neuropática e na regeneração tecidual. Além dos benefícios físicos, a terapia também promove melhorias psicossociais, mostrando-se uma alternativa promissora no manejo da dor crônica em odontologia.
Palavras-chave: Laserterapia de baixa intensidade, dor orofacial, implante zigomático.
1 INTRODUÇÃO
A dor é uma experiência sensorial e emocional complexa, subjetiva por natureza, que pode ser desencadeada por diversos estímulos nocivos ao organismo (Raja SN, Carr DB, 2020). Definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a, ou semelhante àquela associada a dano tecidual real ou potencial”, essa condição é uma das principais razões pelas quais os seres humanos procuram assistência médica. Sua principal função é atuar como mecanismo de proteção, alertando o corpo sobre lesões e incentivando ações para proteger a integridade do corpo. (Iasp, 2020).
A dor pode se manifestar de diferentes formas, sendo classificada como aguda ou crônica, nociceptiva ou neuropática, dependendo de sua origem e duração. A dor aguda geralmente ocorre como uma resposta imediata a uma lesão, enquanto a crônica persiste por longos períodos, muitas vezes sem uma causa aparente ou mesmo após a resolução do evento inicial. Essa condição pode impactar profundamente a qualidade de vida de quem a experimenta (Desantana, JM et al., 2020).
Na odontologia, a dor crônica representa um grande desafio clínico, podendo resultar tanto de condições orais quanto de tratamentos dentários. Embora a dor aguda, causada por infecções, inflamações ou procedimentos odontológicos, seja geralmente tratada com sucesso, a dor crônica na cavidade oral pode persistir mesmo após a resolução aparente da causa inicial, gerando dificuldades terapêuticas e diagnósticas para o cirurgião-dentista. (Costa, YM et al., 2020.)
Diversos distúrbios podem desencadear a dor crônica na odontologia, incluindo disfunções temporomandibulares (DTM), nevralgias, dores neuropáticas orofaciais e síndromes dolorosas pós-operatórias. Essas condições frequentemente exigem uma abordagem multidisciplinar, que envolve tanto o manejo físico da dor quanto o tratamento de fatores psicológicos e emocionais que podem intensificar ou perpetuar a percepção dolorosa. (Costa, YM et al., 2020.)
A dor crônica é um grande obstáculo na prática clínica odontológica, afetando pessoas em todo o mundo e comprometendo sua qualidade de vida. Entre as opções terapêuticas disponíveis para o manejo dessa condição, a terapia a laser de baixa potência tem se destacado como uma alternativa eficaz, minimamente invasiva e com poucos efeitos colaterais.
A laserterapia de baixa intensidade utiliza energia para promover efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e bioestimuladores nos tecidos. Seu mecanismo de ação baseia-se na estimulação das mitocôndrias, aumentando a produção de ATP e melhorando a regeneração celular, o que contribui para a reparação tecidual e a diminuição da dor. No contexto odontológico, essa técnica tem mostrado resultados promissores, especialmente no alívio de dores crônicas (Chen, F. R. et al., 2022).
De acordo com o Conselho Federal de Odontologia (BRASIL, 2008), são atribuições do habilitado em Laserterapia em Odontologia: “I – aplicar a interação de luz com os tecidos biológicos (terapia fotodinâmica); e, II – aplicações clínicas dos lasers em alta e baixa intensidade e LEDs nas diversas áreas da Odontologia”. A resolução também reconhece e regulamenta o uso da laserterapia como prática complementar à saúde bucal, permitindo que cirurgiões-dentistas devidamente habilitados utilizem esses recursos de forma segura e técnica em seus atendimentos.
A dor crônica envolve uma complexa interação entre fatores emocionais, cognitivos e fisiológicos. Simurro (2014) observa que emoções intensas podem influenciar diretamente percepções, crenças e atitudes, podendo até provocar alterações físicas, como inflamações. Já Santos et al. (2021) destacam que, mesmo quando não há causas orgânicas detectáveis por exames, há uma forte ligação entre os aspectos psíquicos e o corpo, o que reforça a necessidade de compreender a dor como um fenômeno multifatorial.
Diante da necessidade de resolver casos clínicos associados a dores crônicas em odontologia, a busca por tratamentos conservadores e não invasivos são prioritários. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo destacar a laserterapia como uma alternativa terapêutica de primeira escolha no tratamento de dores neuropáticas crônicas após reabilitação com implantes zigomáticos através de um relato de caso clínico, visto que evidências científicas mostram a efetividade da laserterapia no tratamento da dor crônica e a necessidade de mais estudos para melhor compreender os mecanismos de ação e na elaboração de protocolos clínicos efetivos.
2 RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 51 anos, normossistêmica, residente em Ubajara-CE, com histórico de periodontite crônica não tratada (figura 01) , foi submetida à reabilitação oral com implantes zigomáticos após múltiplas exodontias (figura 02) . No pós-operatório, apresentou dor intensa de natureza neuropática crônica na região infraorbital e maxilar direita, refratária a analgésicos e antibióticos prescritos (azitromicina, levofloxacina e Tylex).Após o quadro álgico apresentado, o clínico solicitou exames de imagem com o objetivo de avaliar a integridade do sítio cirúrgico no período pós-operatório, bem como investigar a possível etiologia da dor referida (figura 02).
Figura 01: Radiografia panorâmica inicial , revelando a perda óssea acentuada em rebordo alveolar superior.

Observam-se implantes cilíndricos instalados na arcada inferior, nas regiões correspondentes aos dentes 32, 31 e 42. O implante localizado na região do dente 32 apresenta perda óssea alveolar, atingindo o terço médio de seu corpo. Já o implante na região do dente 42 exibe uma discreta área radiolúcida no terço cervical. O implante na região do dente 31 não apresenta alterações radiográficas evidentes. Os côndilos mandibulares encontram-se assimétricos. Os seios maxilares apresentam radiotransparência compatível com a normalidade. (figura 02)
Figura 02: Radiografia panorâmica , após a cirurgia de implante zigomático.

O exame tomográfico revela paciente edentado total, com reabsorção óssea alveolar em ambas as arcadas, mais acentuada na superior. Na maxila, observam-se implantes zigomáticos, com proximidade aos seios maxilares. Na mandíbula, há implantes cilíndricos nas regiões 33, 31 e 43, em íntimo contato apical com a cortical basilar, com leve trepanação. Nota-se ainda uma área hipodensa na região 45, sugestiva de intervenção cirúrgica e possível perda de implante, com comunicação com o forame mentual. (figura 03)
Figura 03: Tomografia Computadorizada por feixe cônico, da maxila e mandíbula


Fonte: autoria própria (2025).
Após dois meses, evoluiu com quadro de dor crônica em região de face direita e falha na osseointegração em um dos implantes, com sua subsequente perda espontânea Paciente edentado total, com presença de quatro implantes zigomáticos associados a aparatologia protética tipo protocolo na arcada superior. Observa-se reabsorção óssea alveolar acentuada em ambas as arcadas. Côndilos mandibulares apresentam aparente assimetria. Seios maxilares com extensão alveolar preservada. (figura 04, 05 e 06)
Figura 04: : Radiografia panorâmica, após perda dos implantes inferiores.

Figura 05: Tomografia Computadorizada por feixe cônico, da maxila e mandíbula

Figura 06: Radiografia panorâmica, após a perda de um dos implantes superiores, direito.

Figura 07: Imagem clínica, do implante perdido.

A paciente procurou o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas) em Ubajara, já debilitada, com sintomas dolorosos intensos crônicos na região da maxila direita e assoalho da órbita. Relatou também perda de peso, incapacidade para realizar atividades laborais e agravamento de seu quadro depressivo.
Paciente edentado total, com reabsorção óssea alveolar acentuada em ambas as arcadas. Implantes zigomáticos presentes: um no lado direito e dois no lado esquerdo da maxila. Observa-se proximidade dos seios maxilares e canais mandibulares com os rebordos alveolares.
Espessamento mucoso no soalho do seio maxilar direito. Côndilos mandibulares assimétricos. (figura 06)
Solicitado o exame tomográfico, constatou-se que, a paciente edentada na arcada superior, com reabsorção óssea alveolar severa. Observa-se presença de três implantes zigomáticos, sendo um no lado direito e dois no lado esquerdo. Há perda óssea no terço cervical na região anterior da maxila. Seios maxilares com extensão alveolar preservada, apresentando espessamento mucoso em forma de cúpula no soalho do seio maxilar direito. Exame realizado com cortes transaxiais de 1,0 mm e reconstruções multiplanares. (figura 08)
Figura 08: Tomografia Computadorizada por feixe cônico da maxila revela a presença de implantes zigomáticos osseointegrados na região da maxila. O paciente apresenta dor na região infraorbital direita.

O plano de tratamento inicial proposto incluiu a prescrição de 2,5mg de fosfato dissódico de citidina + 1,5mg de trifosfato trissódico de uridina + 1,0 mg acetatato de hidroxocobalamina (ETNA) (1 comprimido, 2x/dia) e 10 sessões de laserterapia. Nas três primeiras sessões, foi aplicado laser de 9 J/cm² por ponto nas regiões facial e alveolar intraoral, com comprimentos de onda vermelha e infravermelha. A paciente relatou dor durante as aplicações, sem melhora significativa na região orbital. (figura 09)
Figura 09: Aplicação do laser

A partir da quarta até a sexta sessão de laserterapia, a paciente cursou com ausência de estímulos dolorosos na região orbitária e a dose foi reduzida para 5 J/cm² por ponto, mantendo-se a aplicação nas regiões da maxila e alveolar intraoral, com comprimentos de onda vermelha e infravermelha. Nessa fase, a paciente relatou melhora significativa da dor. (figura 10)
Figura 10: Aplicação do laser em pontos faciais

Nas sétima e oitava sessões, referiu ausência de dor na maxila e no assoalho da órbita, porém passou a apresentar parestesia no lábio superior e na região alveolar da maxila. Diante disso, a dose foi ajustada para 2 J/cm² por ponto, nas mesmas regiões e com os mesmos comprimentos de onda.Nas nona e décima sessões de laserterapia, a paciente relatou ausência completa de dor nas regiões maxilar, orbitária e alveolar. (figura 11).
Figura 11: Arcada superior, após as sessões

Com a remissão do quadro álgico, foi iniciado o planejamento para as próximas etapas da reabilitação. Utilizou-se o dispositivo Laser Recover, equipamento portátil de baixa intensidade, que emite luz vermelha (660 nm) e infravermelha (808 nm), com potência de 100 mW. (figura 12)
Figura 12: Laser Recover

A laserterapia trata-se de um recurso não invasivo, indolor e seguro, amplamente empregado em terapias clínicas devido à sua comprovada eficácia na analgesia, modulação inflamatória e estimulação da cicatrização tecidual.
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
Este trabalho é qualitativo, descritivo, retrospectivo, documental, do tipo relato de caso associado a uma revisão simples da literatura. O estudo foi realizado na clínica Odontológica do Uninta, endereço Rua Conselheiro João Lourenço, N° 406, Centro – Tianguá-CE, e teve como objeto de estudo uma paciente submetida a reabilitação oral com implantes zigomáticos que cursou com uma condição dolorosa espontânea, crônica em região de maxila compatível com dor neuropática.
Quadro 01: Estratégia PICo

4 DISCUSSÃO
A versatilidade clínica do laser de baixa intensidade (LLLT) tem expandido significativamente sua aplicação na odontologia, sendo reconhecido como um recurso terapêutico complementar de grande relevância. Diversos estudos,apontam que a irradiação dos tecidos com esse tipo de luz induz o processo de fotobiomodulação,pois esta é absorvida por cromóforos intracelulares que captam os fótons e convertem a energia luminosa em energia bioquímica. Como resultado, ocorrem estímulos importantes à reparação tecidual, aumento da microcirculação, maior produção de adenosina trifosfato (ATP), elevação do limiar de dor e intensificação do fluxo linfático (Khaw et al., 2018).
A fotobiomodulação gerada pela LLLT está diretamente associada a eventos celulares e moleculares relevantes. Estudos in vitro e, principalmente, clínicos demonstram efeitos benéficos como melhora da cicatrização, aumento da atividade mitótica, redução da sensibilidade dolorosa pós-operatória e intensificação da vascularização local. Diante desses efeitos, compreende-se que uma aplicação adequada da LLLT pode acelerar o reparo ósseo, otimizando o tempo de recuperação tecidual (Vande et al., 2022).
Além disso, a fotobiomodulação tem se mostrado eficaz em condições relacionadas ao sistema nervoso, como a alodinia mecânica, sendo o infravermelho de 808 nm o comprimento de onda mais utilizado em casos cujo objetivo terapêutico principal é o controle da dor. Isso se deve à sua capacidade de penetração tecidual profunda, alcançando camadas musculares mais internas e não apenas as superfícies superficiais (Ferreira et al., 2021).
No que diz respeito ao tecido ósseo, a LLLT exerce um efeito bioestimulante relevante, promovendo a proliferação de fibroblastos e osteoblastos durante a diferenciação de células mesenquimais. Também se observa um aumento na produção de fibras colágenas, além de melhora da vascularização tecidual, o que favorece a síntese de matriz óssea e acelera o processo de cicatrização óssea. Tais benefícios tornam a LLLT um aliado importante na osseointegração de implantes dentários, sobretudo em casos envolvendo ossos com baixa densidade (Karakaya et al., 2020) Evidencias adicionais sugerem que a LLT podem estimular diretamente a formação óssea, desde que sejam respeitados parâmetros adequados de uso. Para fins de bioestimulação, a literatura recomenda que a potência de saída não ultrapasse 1 W, sendo que efeitos positivos já foram documentados com potências tão baixas quanto 0,3 W. Além disso, os comprimentos de onda ideais para esse tipo de aplicação situam-se na faixa entre 550 e 950 nm, com destaque para os 940nm utilizados em alguns protocolos com laser de diodo de 100 mw. No entanto, ainda não há consenso sobre uma dose efetiva padronizada para o tecido ósseo, existindo variações significativas entre os estudos publicados (Karakaya et al., 2020).
Andrade (2016) afirma que lasers na faixa do infravermelho são os mais utilizados para tratar esse tipo de dor. Além disso, o autor observa que fluências muito baixas podem não resultar em analgesia significativa. A terapia a laser de Baixa intensidade se denomina como um tratamento por meio da luz, que tem ação de penetrar na pele e atinge receptores específicos, produzindo uma resposta para cada tipo de lesão e/ou sintomas. A laserterapia gera à emissão de fótons que penetram as mitocôndrias e as membranas celulares de fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais, realizando assim a absorção da energia luminosa pelos cromóforos celulares e convertendo em energia cinética química no interior da célula (Andrade et al., 2016; Sanchez et al., 2018).
É importante destacar que o Laser de Baixa Intensidade tem efeitos mais pronunciados sobre tecidos e órgãos que se encontram em condições patológicas, como em casos de distúrbios funcionais ou lesões nos tecidos. Em contraste, células em estado normal geralmente são menos afetadas ou não respondem à fototerapia, o que significa que os efeitos da luz nem sempre são observáveis (Ferreira, 2016). Considerando os mecanismos gerados pela irradiação da luz, verifica-se que a aplicação do Laser pode prevenir e/ou retardar o surgimento de lesões, como a mucosite oral induzida por tratamento antineoplásico, reduzindo sua intensidade e duração (Gonnelli et al., 2016; Reolon et al., 2017). A analgesia induzida pelo laser pode ser entendida através da modulação dos mediadores químicos inflamatórios, fora o estímulo à síntese de beta endorfina. Fatores como esses, são associados e por muitas vezes limitam a redução do limiar de excitabilidade dos receptores dolorosos e eliminando substâncias alogênicas. (Andrade et al., 2016).
Apesar das inúmeras indicações terapêuticas e dos benefícios associados à laserterapia, seu uso requer atenção a determinadas contraindicações. Dentre elas, incluem-se a aplicação em gestantes, em regiões com suspeita de neoplasias malignas, em virtude do potencial de estímulo à proliferação celular, sobre a glândula tireoide, devido à possibilidade de alterações na atividade metabólica, e em pacientes com distúrbios de coagulação, considerando os efeitos do laser sobre o fluxo sanguíneo. Além disso, é imprescindível o uso de óculos de proteção por parte do profissional e do paciente, a fim de prevenir lesões oculares irreversíveis. Ressalta-se ainda a importância de medidas rigorosas de biossegurança, visando à prevenção de contaminações cruzadas (Cruz, 2021).
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A terapia com Laser de Baixa Intensidade (LLLT) tem se consolidado como uma importante ferramenta complementar na prática odontológica e em outras áreas da saúde, destacando-se pela sua ampla aplicabilidade clínica e pelos efeitos benéficos promovidos por meio da fotobiomodulação. Os mecanismos fisiológicos desencadeados pela irradiação luminosa — como o aumento da microcirculação, a estimulação da produção de ATP, a modulação de mediadores inflamatórios e o estímulo à regeneração celular — reforçam seu papel na aceleração do reparo tecidual, na osseointegração de implantes e, especialmente, no controle da dor.
A eficácia do LLLT no alívio da dor é particularmente relevante, visto que esta não é apenas um fenômeno físico, mas também psicológico. A dor crônica ou intensa pode comprometer significativamente a qualidade de vida do paciente, afetando seu bem-estar emocional, sono, apetite e saúde mental de modo geral. Nesse contexto, o laser atua de forma integrada, não apenas promovendo analgesia por vias bioquímicas, mas também contribuindo para a redução do estresse e da ansiedade associados ao sofrimento físico.
Além disso, estudos apontam que a resposta do organismo à LLLT é mais expressiva em tecidos lesionados ou inflamados, o que reforça seu uso como terapia dirigida e segura. Embora haja variações nos protocolos e ainda não exista um consenso absoluto sobre os parâmetros ideais — como dose, fluência e comprimento de onda —, há evidências consistentes de sua eficácia quando utilizada com critério técnico e base científica.
Portanto, conclui-se que o Laser de Baixa Intensidade representa uma tecnologia de grande valor terapêutico, que alia inovação, eficiência clínica e humanização do cuidado. Seu uso adequado pode não apenas acelerar a recuperação física, mas também impactar positivamente a esfera emocional do paciente, reafirmando a importância de uma abordagem integrada e multidimensional no tratamento da dor e na promoção da saúde.
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1Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Ieducare
E-mail: Pedrovinicios0003@gmail.com
2Docente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Ieducare
E-mail: Kilvio.meneses@gmail.com
3Docente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Ieducare
Doutor em Implantodontia (Centro de pesquisas odontológicas São Leopoldo Mandic)
E-mail: Eduardo.vieira@gmail.com
4Cirurgião- Dentista do Centro de Especialidades Odontológicas-CEO regional de Ubajara
E-mail: Felipe11951@gmai1.com
5Docente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Ieducare
E-mail: francisco.henrique@gmail.com
6Docente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Ieducare
E-mail: soares.barbosa@gmail.com
7Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Ieducare
E-mail: heliohferreira028@gmail.com