COMPLETE REPAIR OF EXTENSIVE PERIAPICAL BONE RADIOLUCENCY OF LOWER PREMOLAR WITH TWO ROOT CANALS AFTER PREPARATION WITH SOLLA FILES COLLORS #35.04.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202506211641
Rosana Maria Coelho Travassos1, Samuel Nogueira Lima2, Josué Alves3, Verônica Maria de Sá Rodrigues4, Priscila Prosini5, Eliana Santos Lyra da Paz6, Adriane Tenório Dourado Chaves7, Mônica Maria de Albuquerque Pontes8, Vânia Cavalcanti Ribeiro da Silva9, Vanessa Lessa Cavalcanti de Araújo10
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo expor o relato de caso clínico referente ao tratamento endodôntico não cirúrgico realizado pré-molar inferior com dois canais radiculares e lesão periapical extensa. Paciente do sexo feminino, 45 anos compareceu ao consultório particular. Após exame clínico completo, iniciou-se o tratamento endodôntico, abertura coronária, exploração do canal radicular e o preparo do canal radicular realizado com Solla Files Collors #35.04, associado ao hipoclorito de sódio a 2,5% como solução irrigadora. A obturação do sistema de canais radiculares realizada pela técnica do cone único associado ao cimento endodôntico AH Plus. A proservação clínica e radiográfica foi realizada após um ano da obturação do canal. Conclui-se que o sucesso da terapia endodôntica é alcançado quando se realiza corretamente o diagnóstico, saneamento do sistema de canais, bem como, evidenciando-se reparo da radiotransparência óssea periapical.
Palavras-chave: Periodontite Apical, Preparo do Canal, Radiografia periapical, Proservação.
ABSTRACT
The present study aims to report a clinical case of non-surgical endodontic treatment performed on a lower premolar with two root canals and an extensive periapical lesion. A 45-year-old female patient came to the private practice. After a complete clinical examination, endodontic treatment was initiated, with coronal opening, root canal exploration and root canal preparation using Solla Files Collors #35.04, associated with 2.5% sodium hypochlorite as an irrigating solution. The root canal system was obturated using the single cone technique associated with AH Plus endodontic cement. Clinical and radiographic follow-up was performed one year after the canal obturation. It is concluded that successful endodontic therapy is achieved when the diagnosis is correctly made, the canal system is sanitized, and the periapical bone radiolucency is repaired.
Keywords: Apical Periodontitis, Canal Preparation, Periapical Radiography, Proservation.
INTRODUÇÃO
A variação no número de raízes, canais, direção das raízes, depressões longitudinais das raízes, os vários formatos da cavidade pulpar e os problemas na visualização do limite apical por radiografias tornam o procedimento endodôntico desses dentes bastante desafiador. O sucesso endodôntico requer uma compreensão completa da anatomia do canal radicular. A variação no número de raízes, canais, direção da raiz, depressões longitudinais das raízes, os vários formatos da cavidade pulpar e os problemas na visualização do limite apical por radiografias tornam o procedimento endodôntico desses dentes bastante desafiador. (Khanet al. 2024).
Uma análise da anatomia dentária na radiografia inicial, bem como uma atenção especial às características da anatomia externa, representa requisitos essenciais para garantir a correta identificação de canais extranumerários, embora as anomalias do canal radicular dos primeiros pré-molares superiores apresentarem baixa prevalência, elas devem ser detectadas por avaliação cuidadosa para evitar possíveis falhas endodônticas (Casadei et al., 2020).
A terapia endodôntica deve ser sempre realizada buscando a prevenção ou a reparação de lesões periapicais, independente, de sua natureza ou extensão. Assim, o profissional deve atuar de forma a garantir o maior nível de desinfecção do sistema de canais radiculares e, para isso, encontra como aliada, além da substância irrigadora, as medicações intracanais, dentre elas, o hidróxido de cálcio e suas associações. Diversos estudos suportam a importância desta medicação na reparação de lesões como as exemplificadas no presente relato de caso devido à sua característica de alta alcalinidade e ao seu potencial de indução de formação de tecido duro. No entanto, vale ressaltar que é imprescindível o acompanhamento do paciente a fim de estabelecer a evolução da regressão de lesões para, só então, determinar o sucesso do tratamento endodôntico. (Nascimento et al. 2021).
A periodontite apical pode ser definida como um processo patológico, agudo ou crônico, que ocorre nos tecidos periapicais em decorrência de uma infecção no sistema de canais radiculares após a necrose do tecido pulpar. Embora haja fatores físicos e químicos nela envolvidos, os microrganismos são essenciais para a progressão e perpetuação do processo patológico . Essa persistência pode induzir a um processo inflamatório e resposta imune nos tecidos periapicais, resultando em destruição óssea local, afetando, assim, o processo de reparo tecidual. O tratamento deve seguir um protocolo clínico adequado de descontaminação, em prol da cura dos sinais e sintomas do paciente, com regressão das lesões periapicais. (Regezi,Sciubba, 2020).
O tratamento não cirúrgico de lesões periapicais é preferível em comparação aos métodos cirúrgicos e deve ser considerado. Possíveis danos aos dentes vitais adjacentes, danos às estruturas anatômicas nas proximidades da lesão e dor e desconfortos associados a procedimentos cirúrgicos podem ser eliminados por métodos não cirúrgicos. A aceitação e apreensão do paciente em relação ao procedimento cirúrgico, idade e condições médicas, que limitam os procedimentos cirúrgicos, também são fatores que favorecem a abordagem não cirúrgica. Procedimentos cirúrgicos devem ser considerados apenas quando os métodos convencionais de canal radicular falham. (Nadakkavil et al., 2023). A eliminação da invasão bacteriana do canal radicular é a chave para o tratamento bem-sucedido de lesões periapicais.
O profissional precisa convencer-se de que o tratamento endodôntico não termina com a obturação do sistema de canais radiculares, visto que a longo prazo, a qualidade da reparação periapical deve ser almejada, uma vez que o tratamento endodôntico não se limita tecnicamente ao exclusivo preenchimento de um espaço preparado, mas também um período de controle clínicoradiográfico pós-tratamento endodôntico. A determinação da qualidade do tratamento endodôntico é realizada através do exame clínico, o exame radiográfico e a análise histopatológica. (Travassos et al. 2024).
OBJETIVO
O objetivo deste artigo foi um relato de tratamento endodôntico não cirúrgico de uma lesão periapical, realizado em única sessão, que resultou em resultados clínicos e radiográficos favoráveis.
RELATO DE CASO
O presente relato de caso clínico, refere um estudo descritivo e qualitativo, do tratamento endodôntico do pré-molar inferior com dois canais radiculares. Quanto aos termos éticos, o paciente assinou o Termo de consentimento Livre e Esclarecido e foram respeitados os princípios éticos descritos na Declaração de Helsinque. Paciente do sexo feminino de 45 anos que foi encaminhado para realizar endodôntico do dente 34. Clinicamente, apresentou-se assintomático, resposta negativa ao teste de sensibilidade pulpar a frio realizado com gás refrigerante Endofrost -50°C (Roeko, Langenau, Alemanha), resposta negativa aos testes de percussão vertical. Ao exame radiográfico periapical, observou-se radiotransparência óssea periapical extensa que envolvia também a cortical óssea distal.
Realizada a anestesia e isolado absoluto com um dique de borracha foi feita a abertura coronária. Inicialmente, a negociação do espaço do canal radicular foi feita usando uma lima K-Flexofile de número 10, e a irrigação abundante foi feita usando solução de Hipoclorito de Sódio a 2,5%. O comprimento de trabalho foi determinado com localizador apical, (Root ZX Mini, Morita, Osaka, Japão) seguido por irrigação suave com hipoclorito de sódio.
O preparo dos canais foi realizado com Solla Files Collors #35.04 e a patência foraminal a lima Solla 16.02 no forame apical. Para remoção da camada de Smear Layer, irrigação com 5 mL de EDTA a 17% e seguido por hipoclorito de sódio usando Easy Clean para agitar as soluções irrigadoras. Em seguida realizou-se a obturação do sistema de canais radiculares pela técnica de cone único associado ao cimento AH-Plus (Figura 1).

A proservação clínica e radiográfica foi realizada após 3 meses e 6 meses da obturação do sistema de canais radiculares, evidenciando-se reparo completo da radiotransparência óssea periapical.(Figura 2 e 3). Nota-se também, a neoformação da crista óssea alveolar da face distal do dente.

DISCUSSÃO
O sucesso do tratamento endodôntico não cirúrgico é baseado na limpeza, modelagem e obturação adequadas do canal radicular. Uma instrumentação completa com irrigação abundante é a pedra fundamental de um tratamento de canal radicular bem-sucedido. Embora a instrumentação e a irrigação reduzam a contagem bacteriana, um agente com ação bactericida ainda é necessário para garantir a desinfecção ideal. Pesquisadores sugeriram estender os instrumentos do canal radicular além do forame apical para drenagem e alívio da pressão. A irrigação com Hipoclorito de Sódio e a instrumentação biomecânica adequada são recomendadas para o tratamento de canal radicular bem-sucedido, seguido de medicação intracanal (Shaiban et al., 2023).
O hipoclorito de sódio é recomendado como irrigante principal, uma vez que possui um amplo espectro de ação e capacidade de dissolução tecidual. Somado às essas propriedades favoráveis, a ativação da solução irrigadora potencializa o processo de descontaminação do sistema de canais radiculares. Neste caso foi utilizado o instrumento plástico Easy Clean, que tem a função de realizar a agitação física do irrigante, com maior penetrabilidade em canais laterais, istmos e ramificações existentes, maximizando a limpeza e a descontaminação (Travassos et al. 2024).
O profissional precisa convencer-se de que o tratamento endodôntico não termina com a obturação do sistema de canais radiculares, visto que a longo prazo, a qualidade da reparação periapical deve ser almejada, uma vez que o tratamento endodôntico não se limita tecnicamente ao exclusivo preenchimento de um espaço preparado, mas também a um período de controle clínico-radiográfico póstratamento endodôntico. A determinação da qualidade do tratamento endodôntico é realizada através do exame clínico, o exame radiográfico e a análise histopatológica. O profissional dispõe como recursos o controle longitudinal, baseando-se unicamente nas características clínicas (sinais e sintomas) e nos aspectos radiográficos. Os resultados do tratamento dos canais radiculares têm sido avaliados em diversas pesquisas epidemiológicas, seja através de estudos transversais ou estudos longitudinais. O sucesso é dependente de diversos fatores pré-operatórios, assim como dos resultados do preparo e da obturação dos canais radiculares e por ocasionais contratempos no tratamento. Parece que os dentes tratados com polpas vitais têm melhor prognóstico do que aqueles com polpas necróticas (Travassos et al. 2021). Para o correto acompanhamento da conduta terapêutica, é de fundamental importância o registro radiográfico inicial, aspecto imediato e aspecto final através desses registros.
A penetração do tecido periapical por células bacterianas contribuem para o desenvolvimento da lesão periapical. Patógenos, situados na porção apical do canal estão em condições favoráveis para o seu desenvolvimento e consequentemente causar danos ao hospedeiro. Produtos ou componentes bacterianos podem ativar direta ou indiretamente o sistema imunológico do hospedeiro, levando a inflamação dos tecidos periapicais. O próprio evento inflamatório resulta num ambiente hostil, com uma exacerbação da resposta imune local, na tentativa de conter a invasão dos microrganismos (Signor et al, 2021).
Após a redução da inflamação regional, ocorre uma paralisação do crescimento da lesão, em seguida inicia-se o processo de reparo, com nova formação óssea e desaparecimento dos sinais clínicos. O reparo periapical é um importante indicativo de sucesso do tratamento endodôntico, cujo acompanhamento é realizado por meio de exame clínico e radiográfico. Para avaliar o sucesso de um tratamento endodôntico é necessário realizar um controle clínico e radiográfico do paciente, onde são avaliados os seguintes critérios: dor, odor, edema, fístula, presença ou não de lesão periapical. Se todas as etapas do tratamento endodôntico forem realizadas adequadamente, espera-se que, após o período de 1 a 2 anos de avaliação, o sucesso seja alcançado (Patriotaet al., 2020). No presente caso, a regressão da lesão ocorreu após seis meses da conclusão da terapia endodôntica.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o sucesso da terapia endodôntica é alcançado quando se realiza corretamente o diagnóstico, saneamento do sistema de canais, bem como, evidenciando-se reparo da radiotransparência óssea periapical.
REFERÊNCIAS
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1Universidade de Pernambuco, Brasil
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4148-1288
E-mail: rosana.travassos@upe.br
2ORCID:https://orcid.org/0000-0001-7152-9567
Centro universitário Mário Jucá – UMJ
samunogueira@yahoo.com.br
3ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1825-2260
Universidade de Pernambuco, Brasil
Josue.alves@upe.br
4Universidade de Pernambuco, Brasil
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9425-4068
Email: veronica.rodrigues@upe.br
5Universidade de Pernambuco, Brasil
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7199-0414
6ORCID: https: orcid.org/0000-0003-4486-142X
Universidade de Pernambuco, Brasil
E-mail: eliana.lyra@upe.br
7ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4659-0117
Universidade de Pernambuco, Brasil
Email: adrianedourado@gmail.com
8Universidade de Pernambuco, Brasil
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5873-7847
E-mail: monica.pontes@upe
E-mail: priscila.prosini@upe.br
9Universidade de Pernambuco, Brasil
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1700-5214
E-mail: vania.silva@upe.br
10ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6356-1639
Universidade de Pernambuco Email: vanessa.lessa@upe.br