REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506171350
Luisa de Amorim De Maria Moreira1
Paulo Victor Oliveira Mota1
Bruna Freire Salviato Batista2
Sofia Santana Argollo1
Rafael Oliveira da Cunha Silva1
Rafaela Matos Resende2
Rafael Lucas Paranhos3
Rodrigo Caselli Belem4
RESUMO
A equipe médica utiliza os exames de imagem no trauma para decidir o manejo e acompanhar o desenvolvimento da lesão do paciente. Este trabalho agrupou uma série de artigos sobre o uso dos exames de imagem no paciente traumatizado, destacando as indicações e aplicabilidades dos principais exames. Os principais exames citados foram a tomografia computadorizada com contraste, a radiografia e as ultrassonografias, ferramentas essenciais para um diagnóstico preciso. Além disso, o estudo enfatizou como cada exame deve ser feito em diferentes tipos de traumas dentro desse contexto clínico. O objetivo principal foi organizar e agrupar as informações mais relevantes sobre o uso dos exames de imagem no trauma, com o fim de auxiliar a decisão da equipe sobre qual exame utilizar de forma mais eficaz e segura em cada tipo de trauma, otimizando o atendimento e a recuperação do paciente.
Palavras-chave: Trauma. Diagnóstico por Imagem. Fraturas. Hemorragia.
ABSTRACT
The medical team uses imaging exams in trauma to decide on management and monitor the development of the patient’s injury. This work grouped a series of articles on the use of imaging exams in traumatized patients, highlighting the indications and applicability of the main exams. The main exams cited were contrast-enhanced computed tomography, radiography, and ultrasonography, which are essential tools for an accurate diagnosis. Furthermore, the study emphasized how each exam should be performed in different types of trauma within this clinical context. The main objective was to organize and group the most relevant information on the use of imaging exams in trauma, with the aim of assisting the team’s decision on which exam to use most effectively and safely in each type of trauma, thereby optimizing patient care and recovery.
Keywords: Trauma. Diagnostic Imaging. Fractures. Hemorrhage.
INTRODUÇÃO
Os exames de imagem são uma fotografia do interior do corpo que auxiliam o profissional da saúde no momento do diagnóstico de distúrbios e podem indicar a gravidade deles. Além disso, esses exames fazem parte do monitoramento do paciente, posteriormente ao diagnóstico (Zanza, 2023).
O trauma é uma das principais causas de morte no mundo de pessoas abaixo de 40 anos e ocasiona diversas sequelas físicas e mentais (Toqueton, 2022). Com isso, os exames de imagem têm se mostrado cada vez mais importantes e reconhecidos na área de traumatologia. Exames como tomografia computadorizada (TC) com contraste, ultrassonografias, radiografias, entre outros, demonstram uma maior precisão nos diagnósticos em um intervalo de tempo curto, quando são corretamente indicados (Da Silva Júnior, 2024) Caso a indicação seja inadequada, esses exames, que demandam mais tempo, podem prejudicar o tratamento imediato, que é um dos principais pontos no trauma (Toqueton, 2022).
Os exames de imagem apresentam extrema importância em traumas de alta energia e no diagnóstico preciso e correto de cada lesão. Contudo, ainda existe uma grande quantidade de países e centros de saúde com limitações para adquirir esses aparelhos tecnológicos e outros com dificuldade de validação clínica ou necessidade de mais dados explicativos sobre essa área (Cheng, 2025). Nesses casos, os profissionais da saúde trabalham com o que têm disponível e buscam o melhor para os seus pacientes.
Essas tecnologias expõem os traumatizados à uma certa quantidade de radiação, porém permitem que procedimentos mais invasivos sejam evitados, o que auxilia na recuperação do paciente (Chaijareenont, 2020). É possível realizar a detecção, a segmentação e a classificação das lesões do traumatizado a partir de diversos desses exames de imagem e evitar a mortalidade de mais pessoas pelo trauma (Cheng, 2025).
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura, cuja elaboração se baseou na análise de publicações científicas relacionadas com tema do uso de exames de imagem no trauma. A busca por dados foi realizada utilizando as bases de dados PubMed, SciELO e ResearchGate, bem como consulta direta de periódicos científicos de relevância como Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, Biomedical Journal e Springer Open.
Foram lidos e analisados mais de 20 artigos científicos, entre esses há estudos originais, revisões sistemáticas e relatos de caso com restrição para a data de publicação dentro dos últimos cinco anos com as línguas variando entre inglês e português para uma maior abrangência de conteúdo.
RESULTADOS
Os achados da análise dos estudos escolhidos indicam que as estratégias mais recentes para o atendimento inicial ao paciente politraumatizado se concentram em protocolos, exames de diagnóstico por imagem à beira leito e de demanda prioritária ou intervenções terapêuticas que visam a estabilização do paciente de forma rápida e eficiente. Os estudos ainda demonstram a versatilidade da ultrassonografia point-of-care (POCUS), especialmente dentro do protocolo da ultrassonografia focada para trauma (FAST), se mostrando ser uma ferramenta valiosa que diagnostica enfermidades que precisam de agilidade para mudar o desfecho do paciente. Mas conclui ainda que, embora seja uma parte crucial no atendimento, sua aplicação em pacientes estáveis não resulta em diferença no manejo clínico ou no processo de tomada de decisão difícil (Junior, 2024).
O protocolo ABCDE segue sendo a abordagem principal e mais adotada nas emergências, garantindo que as prioridades de atendimento sejam atendidas em ordem de fluxo sistemático. As técnicas de diagnóstico por imagem, como o FAST e a tomografia computadorizada (TC), têm sido cruciais no fluxo do diagnóstico de lesões internas graves. Os exames proporcionam uma avaliação rápida, detalhada, não invasiva e com alta sensibilidade. Esse processo facilita uma intervenção cirúrgica direcionada, aumentando a sobrevida do paciente. As discussões identificam que o uso desses exames de forma uniforme e no momento adequado do atendimento pode reduzir o tempo de resposta e melhorar o prognóstico do paciente politraumatizado (Santana et al., 2024).
A revisão elucida lacunas na literatura, acerca da padronização dos protocolos de atendimento em diferentes contextos. Embora existam diretrizes por organizações internacionais, como a American College of Surgeons e a World Health Organization, a utilização de tais protocolos varia entre instituições de saúde, o que pode comprometer a uniformidade no tratamento, visando e observando ainda sobre o controle da gestão e recursos utilizados em cada unidade. Não dependendo totalmente de protocolos formais pois nada adianta não ter disponíveis as tecnologias nas unidades públicas de saúde. Estudos devem focar na comparação de diferentes protocolos em diversos cenários e na análise de sua aplicabilidade em locais com recursos limitados, a fim de garantir que todos os pacientes recebam o melhor atendimento possível, independentemente do ambiente (Santana et al., 2024).
Um outro ponto discutido foram os treinamentos e simulações regulares para as equipes de emergência para garantir que todos os profissionais do atendimento ao paciente politraumatizado estejam familiarizados com os protocolos e as tecnologias disponíveis. A maioria dos estudos revisados relata uma melhora nas taxas de sobrevida em hospitais que adotam protocolos atualizados e tecnologias avançadas no atendimento aos politraumatizados (Santana et al., 2024). A eficácia da POCUS e consequentemente do FAST é totalmente dependente da habilidade técnica dos operadores da tecnologia, o que enfatiza a importância do treinamento rigoroso, contínuo e baseado em simulações realistas, que não apenas aprimorem as habilidades manuais e interpretativas, mas também garantam a fixação do fluxo, otimizando a tomada de decisão e tempo gasto (Junior, 2024).
Em conclusão, a revisão das estratégias e atualizações no atendimento inicial ao paciente politraumatizado identifica um avanço em várias áreas, incluindo protocolos de manejo, diagnóstico precoce e tratamento. Apesar dos resultados mostrarem uma melhoria nas taxas de sobrevida e complicações decorrentes do trauma, ainda existem desafios, principalmente sobre a padronização, a implementação dessas práticas em diferentes contextos e o controle da gestão sobre as tecnologias e recursos.
DISCUSSÃO
A literatura mais recente confirma que a avaliação radiológica deixou de ser mero apoio diagnóstico, constituindo hoje eixo estruturante dos protocolos de atendimento ao politraumatizado. As diretrizes baseadas em evidências indicam que a avaliação focada com ultrassonografia ampliada (eFAST) deve ser realizada ainda na fase de reanimação, seguida da tomografia computadorizada de corpo inteiro (WBCT) tão logo o paciente apresente estabilidade mínima, pela capacidade do método em detectar lesões ocultas e orientar decisões críticas (Thippeswamy & Rajasekaran, 2020). Esse reposicionamento da imagem refletiu‐se em redução de atrasos diagnósticos e, consequentemente, da mortalidade precoce por hemorragia ou lesões vasculares não identificadas.
Estudos multicêntricos demonstraram que a inclusão sistemática da WBCT em algoritmos de trauma está associada à diminuição significativa da mortalidade, sobretudo quando o equipamento se encontra adjacente à sala de emergência, encurtando o tempo porta-exame (Huber-Wagner et al., 2025). Todavia, o benefício não prescinde de racionalidade: protocolos otimizados — por exemplo, split-bolus ou aquisições em fase única — reduzem dose de radiação e tempo de varredura sem perda de acurácia, favorecendo a relação risco-benefício principalmente em populações jovens e pediátricas.
Nos serviços com limitações estruturais, a ultrassonografia point-of-care mantém papel relevante. Em trauma renal fechado, sua acurácia pode alcançar 87 %, poupando tomografias repetidas em indivíduos hemodinamicamente estáveis (Duarte et al., 2020). De forma semelhante, investigação prospectiva de 82 pacientes com trauma abdominal contuso mostrou sensibilidade de 95 % da FAST para lesões esplênicas, frente a 100 % da TC, ratificando a US como triagem inicial e a tomografia como método definitivo nos casos em que se busque avaliação anatômica detalhada (Kharbanda et al., 2020).
O avanço tecnológico também reposiciona ferramentas baseadas em inteligência artificial. Modelos de machine learning vêm alcançando desempenho comparável ao de especialistas na segmentação de lesões e no reconhecimento automático de hemoperitônio, além de abranger aplicações emergentes em elastografia cerebral, perfusão avançada e análise multiparamétrica de TC (Hu et al., 2022). Ainda que promissoras, tais soluções exigem bases de dados padronizadas, validação multicêntrica e integração aos fluxos assistenciais antes de sua adoção rotineira.
Persistem, contudo, disparidades relevantes. Protocolos elaborados para grandes centros, com tomógrafos dedicados e radiologia intervencionista disponível 24 h, nem sempre se ajustam a hospitais periféricos nos quais predominam radiografia portátil e ultrassonografia convencional. A literatura recomenda adaptação escalonada dos algoritmos, preservando a sequência de prioridades — controle de hemorragia, avaliação de cavidades, detecção de lesões vasculares — mesmo quando a disponibilidade de recursos é restrita (Thippeswamy & Rajasekaran, 2020). Em paralelo, relatos de falhas diagnósticas em lesões pancreáticas e renais sublinham a importância do treinamento contínuo e de auditorias sistemáticas de desempenho (Duarte et al., 2020).
Em síntese, o manejo radiológico eficaz do politrauma decorre da convergência entre tecnologia adequada, protocolos baseados em evidências e equipes capacitadas. O equilíbrio desses três pilares determina, em última instância, a redução da mortalidade e das sequelas associadas às lesões traumáticas.
DISCUSSÃO POR ÁREA
O manejo adequado de pacientes politraumatizados é baseado na análise clínica aliada ao uso criterioso dos exames de imagem, com atenção especial à correlação anatômica. Tais exames têm se mostrado essenciais no diagnóstico, devido a sua agilidade e alta acurácia, além disso seu uso apresenta certa vantagem por serem métodos de caráter não invasivos. Quando utilizados de forma adequada e seguindo o protocolo, conseguem identificar danos e hemorragias, favorecendo um melhor prognóstico ao paciente (Santana, 2024).
A literatura consultada aborda as vantagens, as desvantagens e as capacidades de cada exame em diferentes órgãos e sistemas do corpo humano.
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE)
Os exames de imagem no trauma cranioencefálico (TCE) são essenciais para avaliar o prognóstico (mesmo que não seja com alta acurácia), a morbilidade e a mortalidade do paciente de forma precoce. Os principais são: tomografia computadorizada (TC) de cabeça, o ultrassom (US) e a ressonância magnética (RM). Infelizmente, ainda existem limitações, como a dificuldade de notar pequenas mudanças no parênquima cerebral, a incapacidade de avaliar a perfusão cerebral e as propriedades mecânicas e metabólicas (Hu, 2022).
O US tem adquirido uma variedade de modalidades. Para visualizar detalhes anatômicos com melhor sensibilidade diagnóstica, o US com contraste aprimorado é a principal abordagem. O US intravascular é usado para a observação do interior dos vasos e de estruturas próximas, com maior capacidade de diagnóstico nos grandes vasos e de evitar artefatos (Hu, 2022). Comparado a TC, a RM é considerada melhor por ser mais detalhista anatomicamente e por ter maior facilidade de encontrar os danos, além de ser mais segura já que ela funciona sem radiação (Hu, 2022).
A realização da TC de cabeça é indicada com Escala de Coma de Glasgow (GCS) menor que 13 ou menor que 15 duas horas depois do trauma, deterioração da condição, hipótese de fratura craniana, mais de um episódio de vômito, amnésia, maior de 65 anos, portador de coagulopatia, déficit neurológico focal ou crise pós-traumática (Thippeswamy, 2020).
TRAUMA CERVICAL
O trauma cervical afeta de 5 até 10% dos pacientes traumatizados e os exames de imagem se apresentam cruciais para prosseguir a conduta médica, porém esses exames devem ser feitos de acordo com a indicação, pois expõem o paciente à radiação e também são caros. O padrão ouro é a ressonância magnética (RM), entretanto o mais usado é a tomografia computadorizada (TC) (Zanza, 2023).
A indicação de uso para a RM são pacientes hemodinamicamente instáveis, mas deve ser usada criteriosamente porque esse exame atrasa o procedimento cirúrgico. Principalmente usada para tecidos moles (ligamentos e discos intervertebrais, estruturas vasculares e medula espinhal), a RM tem a capacidade de possibilitar a avaliação do prognóstico do traumatizado. Para dano vascular é utilizada a angiografia por ressonância magnética (Zanza, 2023).
TRAUMA TORÁCICO
O protocolo E-FAST (Extended Focused Assessment with Sonography for Trauma) representa um avanço em relação ao FAST tradicional, pois ele inclui também o trauma toráxico (Júnior, 2024), ele aborda o pericárdio e o espaço pleural (Thippeswamy, 2020). Assim, o E-FAST se apresenta como uma melhor alternativa para um paciente politraumatizado, uma vez que analisa lesões torácicas e abdominais.
Outra estratégia relevante é a utilização da ultrassonografia point-of-care (POCUS), caracterizada por sua rapidez, precisão e aplicabilidade no local do atendimento, ele também é um agente facilitador da triagem. O POCUS analisa hemoperitônio, pneumotórax e fraturas ósseas, auxiliando no diagnóstico e na comunicação entre a equipe médica multidisciplinar (Júnior, 2024).
A radiografia de tórax (RXT) avalia pneumotórax e lesões torácicas, com alta sensibilidade para a fratura da clavícula e baixa para a determinação de um pneumomediastino ((Thippeswamy, 2020).
TRAUMA ABDOMINAL
O trauma abdominal corresponde a 10% da mortalidade e morbilidade dos traumas, afetando principalmente o baço, o fígado e os rins (Kharbanda, 2020). Seguindo o Suporte Avançado de Vida no Trauma (ATLS), o primeiro passo para descobrir uma lesão abdominal interna é a utilização do FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma), após, utiliza-se a TC com contraste (Chaijareenonta, 2020).
O FAST tem alta sensibilidade para detecção de fluído livre. Entretanto, para identificação de lesões sólidas a tomografia computadorizada apresenta porcentagens melhores. O FAST tem sensibilidade de 95% para danos no baço, 94% para o fígado, 66,6% para o rim, 40% para o pâncreas e para a bexiga urinária 0% para o intestino e para o mesentério. A TC com contraste (indicada para pacientes estáveis) tem sensibilidade de danos no fígado, baço, pâncreas e bexiga urinária de 100%, para o intestino 66,6% e para o mesentério 0% (Kharbanda, 2020).
a) Trauma renal:
O traumatismo renal acontece em 1 a 5% dos pacientes traumatizados. Essa lesão pode ser diagnosticada junto a uma série de exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC), a ultrassonografia, a urografia excretora, a arteriografia renal e a ressonância magnética (RM) (Duarte, 2020).
O padrão ouro é a TC com contraste com acurácia de 93%, mesmo que seu uso exponha o paciente a radiação, ela identifica as danos vasculares e é indicada em casos instáveis e com achados contraditórios. A ultrassonografia é uma alternativa à TC com acurácia de 87%, já que não usa radiação, é mais barata e é portátil (Duarte, 2020).
A urografia excretora é utilizada para avaliar a extensão do trauma. Já a arteriografia renal, tem uso base na hipótese de trombose, laceração ou pseudoaneurisma nas artérias segmentares juntamente com a TC com contraste. É importante destacar que não existe qualquer vantagem de uso da RM comparada à TC, e ela deve ser usada em casos em que a TC é contraindicada (Duarte, 2020).
b) Trauma pancreático:
O trauma pancreático é raro e de difícil identificação, uma vez que só se desenvolve depois de horas ou dias do trauma, sendo uma lesão de alta morbilidade e mortalidade. É comum estar associado a outras lesões, abordando principalmente os pacientes politraumatizados. Assim, o uso dos exames de imagem, tomografia computadorizada e colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) podem ser desafiadores para estipular um diagnóstico (Michael, 2021).
A TC com contraste apresenta uma desvantagem em relação a CPRM por ter radiação, mas se ela for usada com base em uma trajetória tem maior probabilidade de identificação da lesão (Michael, 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, é possível perceber a relevância dos exames de imagem no manejo inicial do paciente politraumatizado e seu papel fundamental na identificação precoce de lesões graves e na condução terapêutica adequada. Ferramentas como a ultrassonografia focada (FAST/POCUS), a tomografia computadorizada e, em certos contextos, a radiografia simples, são essenciais na avaliação rápida, precisa e segura de diversos tipos de trauma.
Nesse sentido, embora a tomografia computadorizada se configure como padrão-ouro para diversas lesões, sua utilização deve considerar a realidade estrutural e socioeconômica das instituições de saúde. Nesse cenário, a ultrassonografia à beira-leito surge como uma alternativa viável e eficaz, desde que haja capacitação técnica adequada dos profissionais envolvidos.
A revisão evidencia também que a eficácia do atendimento ao politraumatizado depende não apenas da disponibilidade tecnológica, mas também da padronização de protocolos, treinamento contínuo das equipes e da adaptação das diretrizes internacionais à realidade local. Além disso, o avanço da inteligência artificial na interpretação de exames de imagem aponta para um futuro promissor, mas ainda exige validações e estrutura adequada para sua incorporação plena.
Portanto, apesar dos avanços significativos observados nas últimas décadas, persistem desafios importantes, especialmente relacionados à desigualdade no acesso aos recursos diagnósticos e à necessidade de investimentos em capacitação profissional. O uso racional, oportuno e baseado em evidências dos exames de imagem é imprescindível para melhorar os desfechos clínicos e garantir um atendimento mais eficiente e equitativo aos pacientes politraumatizados.
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1Discente do Curso de Medicina da Universidade Católica de Brasília.
2Discente do Curso de Medicina do Centro Universitário Euro Americano.
3Discente do Curso de Medicina do Centro de Ensino Unificado de Brasília.
4Cirurgião de Trauma do Hospital de Base do Distrito Federal.