REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202506161839
MOITINHO, Bruna Macedo1; SANTOS, Gisele Gomes dos1; NARDE, Kezia Noemia Santos1; OLIVEIRA, Mariana Norberto Matos1; PALMA, Michelly Meira1; RAMOS, Rebeca Dias1; SOUZA, Rebeca Gonçalves de1; OLIVEIRA, Vitor Santos Marques de1
RESUMO: Os acidentes de trânsito (AT) estão enquadrados segundo a CID como causas externas de morbimortalidade, não intencionais, porém com a possibilidade de serem evitadas. Estudos apontam que 25% das causas externas de mortalidade correspondem aos acidentes de transporte. O objetivo desse estudo foi avaliar a incidência de acidentes de transito e a diferença entre sexo e idade em alguns municípios e sua totalidade no estado da Bahia. Trata-se de um estudo descritivo em formato científico, utilizando como base de dados o Sinan, Scielo e Google Acadêmico, com publicações do ano de 2005 à 2025. Concluímos que os AT representam boa parte das causas externas de mortalidade devido a grande quantidade de notificações por ocorrência no grupo de cidades selecionadas do estado da Bahia.
Palavras-chave: Acidentes. Trânsito. Imprudência. Negligência. Condutores.
ABSTRACT: Traffic accidents (TA) are classified according to the ICD as external causes of morbidity and mortality, unintentional, but with the possibility of being avoided. Studies indicate that 25% of external causes of mortality correspond to traffic accidents. The objective of this study was to evaluate the incidence of traffic accidents and the difference between sex and age in some municipalities and in the state of Bahia as a whole. This is a descriptive study in scientific format, using Sinan, Scielo and Google Scholar as a database, with publications from 2005 to 2025. We conclude that TA represents a large part of the external causes of mortality due to the large number of notifications per occurrence in the group of selected cities in the state of Bahia.
Keywords: Accidents. Traffic. Recklessness. Negligence. Conductors.
INTRODUÇÃO
Os acidentes de trânsito (AT) enquadram-se, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID 11ª edição), como causas externas de morbidade ou mortalidade, não intencionais, porém com a possibilidade de serem evitadas. AT é definido como todo evento causador de lesão, ocorrido na via pública envolvendo veículos e pedestres, sejam eventos como: colisão de veículos; atropelamentos; acidentes de moto, bicicleta, ônibus e caminhão (CID 11, 2023).
SOUZA et. al. relatam que “entre as causas externas de mortalidade, 25% correspondem aos acidentes de transporte. As estimativas apontam tendência crescente desses números, que deverão aumentar em 40% até 2030”. Alguns fatores contribuintes para esses eventos são: a condição das estradas e vias públicas em que transitam veículos; imprudência; negligência dos motoristas e pedestres que não obedecem às leis, sinaleiras, placas, normas de segurança e orientação no trânsito.
Entre os motoristas e motociclistas, um estudo realizado em 2013 com 1.406 condutores na cidade de Jequié-BA, sobre a incidência de envolvimento nos acidentes, apresentou que os motociclistas têm um risco mais elevado de envolvimento em colisões, maiores utilizações de serviços de saúde (pré-hospitalização até a reabilitação), interrupção de atividades de vida diária e propensão de lesões mais graves que os condutores motoristas (RIOS et. al, 2019).
De acordo com Júnior et al. (2016), houve um crescimento do número de motociclistas no país, a região do nordeste aglomera a maior parte de óbitos consequente de acidentes envolvendo motocicletas em rodovias federais no ano de 2014.
Os acidentes de trânsito geralmente acontecem com maior frequência aos finais de semana e no período noturno, ocorrendo a maioria das colisões frontais, em pistas simples, sendo homens com idade entre 20 a 40 anos os mais envolvidos em acidentes de trânsito possuindo também maior letalidade (JUNIOR, et al., 2016).
Portanto, esse estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a incidência de acidentes de trânsito e a diferença entre sexo e idade em alguns municípios e sua totalidade no estado da Bahia.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo em formato científico, que analisa o retrospecto de dados coletados referente ao quesito de acidentes de trânsito no período de 2018 à 2025 com ênfase nos tópicos de município, idade e sexo ocorridos no estado da Bahia.
Foram acessados as seguintes bases de dados: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico utilizando os seguintes descritores que auxiliaram na busca de dados em português: “Acidente de trânsito”; “Transporte terrestre” “Incidência”.
Os critérios de inclusão foram: artigos originais, publicados em português, que abordaram sobre acidente de trânsito publicado no período de 2005 à 2025. Os critérios de exclusão foram: acidentes que não se enquadram na categoria de transportes terrestres (marítimos, aéreos); características sobre o grau do acidente; sinais e sintomas decorrentes do acidente.
RESULTADOS
A tabela 1 evidencia a quantidade de acidentes registrados no estado da Bahia e em alguns municípios no período de estudo. De acordo com o levantamento de dados presentes na tabela, é perceptível a grande quantidade de acidentes de trânsito principalmente nas grandes cidades, como por exemplo a capital do estado, Salvador, que corresponde a 38,40% dos registros de ocorrência. A coleta do ano de 2025 foi até o mês de maio, período em que foi efetuado o levantamento.
Tabela 1. Acidentes de trânsito, segundo a notificação total dos municípios na Bahia e de alguns municípios específicos, período 2018-2025.
Fonte: SESAB/SUVISA/DIVEP/SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
Nota-se na tabela 2 que houve um crescimento ao longo dos anos no somatório em toda a Bahia, em 2018 os acidentes foram menos notificados que nos anos seguintes. Um aumento perceptível nos registros de notificação foram nos anos de 2022, 2023 e 2024. Houve uma diminuição no ano de 2021, porém uma crescente logo em seguida. Já no ano de 2025 foram registrados acidentes até o mês de maio, período em que foi efetuado o levantamento.
Tabela 2. Acidentes de trânsito, segundo ano de notificação total dos municípios na Bahia e de alguns municípios específicos, período 2018-2025.
Fonte: SESAB/SUVISA/DIVEP/SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
Os dados da tabela 3 mostram uma prevalência bastante expressiva no quesito de qual gênero ocorre maior incidência de acidentes de trânsito. O sexo masculino está envolvido em 3/4 (74,88%) das notificações de ocorrência, já o sexo feminino representa 1/4 (25,07%) dessas notificações.
Tabela 3. Acidentes de trânsito, por sexo, total dos municípios na Bahia e de alguns municípios específicos, período 2018-2025.
Fonte: SESAB/SUVISA/DIVEP/SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
Os resultados da tabela 4 mostram que os acidentes mantiveram-se mais elevados na faixa etária intermediária (entre 20 e 49 anos de idade) com prevalência maior especificamente em 20 a 34 anos.
Tabela 4. Acidentes de trânsito, por faixa etária, total dos municípios na Bahia e de alguns municípios específicos, período 2018-2025.
Com os aspectos presentes na pesquisa já apresentados acima, entre os acidentes de trânsitos registado na Bahia nos anos de 2018-2025 a maioria se concentra na cidade de Salvador, entre os anos de 2023 e 2024 foi registrado o maior número de acidentes na cidade, tento o maior numero de envolvidos pessoa do sexo masculino.
CONCLUSÃO
Os acidentes de trânsito representam boa parte das causas externas de mortalidade devido a grande quantidade de notificações por ocorrência, e esse resultado somente coletado na Bahia, números muito mais expressivos serão vistos com a análise de dados em todos os estados do Brasil somados.
Também obtivemos o perfil que mais está envolvido nas ocorrências de acidentes de trânsito, indivíduos do sexo masculino, de faixa etária intermediária (entre 20 e 34 anos de idade) representam maiores índices de notificação do que os outros perfis. Dessa forma, é possível analisar e entender que jovens,do sexo masculino estão mais predominantes nesta categoria de causas externas.
REFERÊNCIAS
BAHIA. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Regiões Econômicas do Estado da Bahia. Bahia: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia; 2015. Disponível em:<https://sei.ba.gov.br/site/geoambientais/mapas/pdf/regioes_economicas_2015.p df>. Acesso em 20 de maio de 2025.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas populacionais. Brasil: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ba/jequie.html>. Acesso em 20 maio de 2025.
BRASIL, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde – DATASUS. Acidentes de Trânsito Notificados no SINAN – Bahia. Disponível em: <http://www3.saude.ba.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinan/trans.def>. Acesso em 18 de maio de 2025.
JUNIOR, G. T. B. et al. A letalidade dos acidentes de trânsito nas rodovias federais brasileiras em 2016. Revista Brasileira de Estudo de População, v.36, 1-22, 10 de jul 2019. Disponível em:<https://www.scielo.br/j/rbepop/a/bSFrhRpsZ7T6FSb9hYSbLzP/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 21 de maio de 2025.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia de Referência da Classificação Internacional de Doenças para Estatísticas de Mortalidade e Morbidade. 11ª revisão; 2023. Disponível em: <https://icdcdn.who.int/icd11referenceguide/en/html/index.html#descriptions-related-to-transport-injury-events>. Acesso em 18 de maio de 2025.
RIOS, P. A. A. et al. Acidentes de trânsito com condutores de veículos: incidência e diferenciais entre motociclistas e motoristas em estudo de base populacional. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 22, p. e190054, 2019. Disponível em:<https://www.scielo.br/j/rbepid/a/GPh8zYny4qjzHdmdSbf3MfG/?lang=pt#>. Acesso em 19 de maio de 2025.
SOUZA, M. F. M. et al. Análise descritiva e de tendência de acidentes de transporte terrestre para políticas sociais no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 16, n. 1, p. 33-44, mar. 2007. Disponível em: <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-497420070001000 04>. Acesso em 19 de maio de 2025.
1Discente, Curso de Fisioterapia – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia