APLICAÇÕES DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA NO TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202506161819


Matheus Rodrigues dos Santos
Dominic Gomes de Moraes


RESUMO 

A dor crônica, caracterizada por sua duração superior a três meses, representa um  dos maiores desafios de saúde pública, afetando a qualidade de vida, a  funcionalidade e o bem-estar emocional dos pacientes. Os tratamentos  convencionais, como medicamentos analgésicos e opioides, frequentemente  apresentam eficácia limitada e efeitos colaterais relevantes. Nesse contexto, a  estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) destaca-se como uma  técnica de neuromodulação não invasiva, segura, de baixo custo e com potencial  promissor para o alívio da dor. Aplicada por eletrodos no couro cabeludo, a ETCC  modula a excitabilidade cortical e atua nos circuitos neurais relacionados à dor. Este  trabalho, por meio de revisão sistemática da literatura, analisou a eficácia da ETCC  como recurso fisioterapêutico no tratamento da dor crônica. Os estudos indicam que  a ETCC pode reduzir a intensidade da dor, melhorar o humor e potencializar os  efeitos de outras abordagens terapêuticas, especialmente em condições como  fibromialgia, lombalgia e dor neuropática. Ainda que os resultados sejam  encorajadores, ressalta-se a necessidade de padronização dos protocolos e de mais  ensaios clínicos robustos para consolidar sua aplicação na prática clínica. 

Palavras Chave: Dor crônica; Fisioterapia; Síndrome da dor miofascial; Síndrome miofascial.

Abstract 

Chronic pain, characterized by its duration of more than three months, represents one of the greatest public health challenges, affecting patients’ quality of life,  functionality, and emotional well-being. Conventional treatments, such as analgesic  and opioid medications, often have limited efficacy and significant side effects. In this  context, transcranial direct current stimulation (tDCS) stands out as a noninvasive,  safe, low-cost neuromodulation technique with promising potential for pain relief.  Applied via electrodes on the scalp, tDCS modulates cortical excitability and acts on  neural circuits related to pain. This study, through a systematic review of the  literature, analyzed the efficacy of tDCS as a physiotherapeutic resource in the  treatment of chronic pain. Studies indicate that tDCS can reduce pain intensity,  improve mood, and enhance the effects of other therapeutic approaches, especially  in conditions such as fibromyalgia, low back pain, and neuropathic pain. Although the  results are encouraging, the need for standardization of protocols and more robust  clinical trials to consolidate their application in clinical practice is highlighted. 

Keywords: Chronic pain; Physiotherapy; Myofascial pain syndrome; Myofascial syndrome.

1. INTRODUÇÃO 

A dor é uma experiência que abrange aspectos físicos e emocionais,  gerando desconforto e sofrimento. Em geral, está associada a lesões ou potenciais  danos teciduais. A percepção da dor é subjetiva e pode ser influenciada por fatores  biológicos, psicológicos, sociais e pelas experiências prévias do indivíduo, o que  reforça a importância de uma abordagem personalizada. Dessa forma, as queixas de  dor devem ser sempre valorizadas pelos profissionais de saúde, visto que a  dificuldade de comunicação de certos grupos — como crianças, idosos ou pessoas  com deficiências — não exclui a possibilidade de sofrimento (BRASIL, 2022; IASP,  2020). 

Sob o ponto de vista fisiológico, a dor exerce um papel biológico essencial  como mecanismo de proteção frente a estímulos nocivos. Contudo, quando persiste  por mais de três meses, ela perde essa função protetiva e passa a ser classificada  como dor crônica. Nessa fase, adquire um caráter patológico e multifatorial, com  repercussões que extrapolam o domínio físico, comprometendo também a saúde  mental e a vida social do indivíduo. A dor crônica afeta significativamente a qualidade de vida, limita a realização de atividades cotidianas e prejudica a  produtividade e os relacionamentos interpessoais (INCA, 2023; AGUIAR et al., 2021). 

No campo da saúde pública, a dor crônica representa um dos principais  desafios enfrentados pelos profissionais, em virtude da sua alta prevalência e da  complexidade de seu manejo. Estima-se que aproximadamente 30% da população  mundial sofra com essa condição, sendo que, no Brasil, esse percentual pode ser  ainda maior, especialmente entre idosos e pessoas com doenças crônicas não  transmissíveis (ROCHA et al., 2021). As abordagens terapêuticas tradicionais, como  o uso de analgésicos, anti-inflamatórios e opioides, frequentemente mostram-se  ineficazes a longo prazo e estão associadas a efeitos adversos relevantes, além do  risco de dependência, sobretudo no uso prolongado de opioides (BRASIL, 2022;  WHO, 2019). 

Diante desse contexto, a avaliação clínica personalizada torna-se  essencial para a escolha das melhores estratégias terapêuticas. De acordo com o  Instituto Nacional de Câncer (INCA), a avaliação fisioterapêutica deve ser detalhada,  estruturada e contínua, englobando a anamnese, o exame físico, o estágio da doença de base e os exames complementares. Por se tratar de uma vivência  multifatorial, a dor exige uma compreensão precisa de suas particularidades, o que  demanda etapas bem definidas no processo de avaliação (INCA, 2023). 

Diante dessa realidade, surge a necessidade de explorar abordagens  terapêuticas inovadoras, seguras e eficazes. Uma das técnicas que vem ganhando  destaque na última década é a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua  (ETCC), também conhecida pela sigla em inglês tDCS (transcranial Direct Current  Stimulation). Trata-se de uma modalidade de neuromodulação não invasiva que  utiliza correntes elétricas de baixa intensidade aplicadas por eletrodos posicionados  sobre o couro cabeludo, com o objetivo de modular a excitabilidade cortical e  promover alterações nos circuitos neurais relacionados à dor (BRUNONI et al.,  2019). 

A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) tem sido  utilizada como uma alternativa promissora para o manejo da dor crônica. Essa  técnica de neuromodulação não invasiva tem sido estudada em quadros como  lombalgia crônica, fibromialgia, dor miofascial e cefaleia tensional, que  frequentemente envolvem mecanismos centrais e periféricos de sensibilização à dor.  Nesses casos, os métodos tradicionais podem não apresentar a eficácia esperada, e  a ETCC surge como um recurso que modula a excitabilidade cortical e os circuitos  neurais relacionados à dor, favorecendo uma abordagem mais integrada e centrada  no paciente (MAURO, 2020; BRUNONI et al., 2019). 

Considerando as limitações dos tratamentos convencionais, a busca por  opções terapêuticas seguras, eficazes e inovadoras se intensificou. Nesse cenário, a  ETCC, também conhecida como transcranial Direct Current Stimulation (tDCS), tem  se consolidado como uma técnica emergente. Trata-se da aplicação de correntes  elétricas de baixa intensidade — geralmente entre 1 a 2 mA — por meio de eletrodos  posicionados no couro cabeludo, com o objetivo de promover alterações na atividade  cortical e nos circuitos neurais envolvidos na modulação da dor (BRUNONI et al., 2019). 

A modulação da atividade cortical por meio da ETCC permite influenciar  áreas específicas do cérebro, como o córtex motor primário e o córtex pré-frontal  dorsolateral. Essa estimulação pode ter efeitos sobre funções cognitivas, motoras e  sensoriais. Além de ser uma técnica de fácil aplicação e de baixo custo, apresenta  poucos efeitos adversos, o que a torna uma alternativa terapêutica promissora no tratamento de diversas condições clínicas (TEIXEIRA et al., 2023). Nas últimas décadas, a ETCC tem sido amplamente estudada em  contextos clínicos, incluindo depressão, transtornos de humor, sequelas de acidente  vascular cerebral (AVC) e, especialmente, no manejo da dor crônica. Evidências  científicas demonstram que a técnica pode reduzir significativamente a intensidade  da dor em pacientes com fibromialgia, dor neuropática, lombalgia crônica e  osteoartrite. Além disso, a ETCC tem mostrado benefícios adicionais na melhoria de  sintomas como distúrbios do sono e alterações do humor (ANTONIONI et al., 2024). No âmbito da prática fisioterapêutica, o tratamento da dor crônica impõe  grandes desafios, exigindo abordagens baseadas em evidências e estratégias  multimodais que contemplem o cuidado integral e humanizado (PEREIRA; BOSSINI;  SILVA, 2020). Nesse sentido, a ETCC tem sido aplicada como recurso coadjuvante  em programas de reabilitação física, sendo integrada a outras modalidades  terapêuticas, como cinesioterapia, terapia manual e eletrotermofototerapia. Estudos  demonstram que, quando utilizada adequadamente, a técnica é capaz de reduzir a  intensidade da dor, melhorar a funcionalidade, modular o humor e potencializar os  efeitos de outras intervenções, especialmente em pacientes com dor centralizada ou  refratária (FERNANDES et al., 2022). 

A ETCC apresenta ainda outras vantagens: é segura, de baixo custo,  portátil e de fácil aplicação, podendo ser utilizada em diferentes ambientes clínicos,  como ambulatórios e hospitais. Com efeitos colaterais mínimos e uma crescente  base de evidências científicas, a técnica se mostra como um recurso valioso na  prática fisioterapêutica, principalmente no tratamento da dor crônica de origem  neuromusculoesquelética (CASTRO et al., 2020). 

Apesar dos resultados encorajadores, a literatura científica enfatiza a  necessidade de padronização dos protocolos de aplicação da ETCC. Elementos  como número de sessões, duração, localização dos eletrodos e intensidade da  corrente elétrica influenciam os desfechos clínicos. Assim, são necessários mais  estudos clínicos randomizados com amostras representativas e acompanhamento  em longo prazo, a fim de consolidar a eficácia da técnica e sua inserção como prática terapêutica de rotina no Sistema Único de Saúde (SUS) (WEN et al., 2022;  TEIXEIRA et al., 2023). 

Diante desse panorama, é essencial que o fisioterapeuta compreenda os  fundamentos da ETCC, seus mecanismos de ação, indicações clínicas, protocolos de uso e evidências científicas disponíveis. O domínio dessa técnica representa a  ampliação do arsenal terapêutico é uma oportunidade de oferecer um cuidado mais  eficaz e centrado no paciente. 

Portanto, este trabalho tem como objetivo geral analisar a aplicação da  estimulação transcraniana por corrente contínua no manejo fisioterapêutico da dor  crônica, destacando suas contribuições para a prática clínica, sua integração com  outras modalidades de reabilitação e suas perspectivas futuras dentro da Fisioterapia baseada em evidências. 

Objetivo: Analisar os efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua  (ETCC) como recurso fisioterapêutico no tratamento da dor crônica, destacando sua  aplicabilidade clínica, benefícios terapêuticos e respaldo científico.

2. MATERIAIS E MÉTODOS 

Este trabalho consiste em uma revisão sistemática, cujo objetivo foi  analisar a eficácia da estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) como  recurso terapêutico complementar no tratamento da dor crônica, com ênfase em  pacientes com síndrome da dor miofascial. A revisão foi conduzida por meio da  seleção e análise crítica de estudos científicos que investigaram a aplicação da  ETCC em diferentes contextos clínicos, considerando seus efeitos na modulação da  dor persistente e os benefícios relatados por diversos perfis de pacientes. 

Para a seleção dos estudos, foram consultadas bases de dados  eletrônicas de ampla relevância científica, tais como: PubMed, Biblioteca Virtual em  Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Scholar. A  escolha dessas plataformas se justifica por sua abrangência e por fornecerem  acesso a publicações reconhecidas na área da fisioterapia e reabilitação. 

A estratégia de busca utilizou os seguintes descritores e combinações de  palavras-chave: “dor crônica”, “fisioterapia”, “síndrome da dor miofascial” e “síndrome miofascial”, associados por operadores booleanos (AND, OR) com o  objetivo de refinar os resultados e garantir maior precisão quanto à relevância dos  artigos. 

Os critérios de inclusão adotados foram: artigos publicados entre os anos  de 2020 e 2025; disponíveis nos idiomas português ou inglês; que abordassem  diretamente a aplicação da estimulação transcraniana por corrente contínua no  tratamento da dor crônica; que apresentassem evidências clínicas sobre os efeitos  terapêuticos da técnica em diferentes condições relacionadas à dor persistente; e  que fossem classificados como estudos clínicos randomizados, ensaios clínicos  controlados, revisões sistemáticas ou meta-análises. 

Foram excluídos da análise os estudos que: fossem publicados antes de  2020, por não refletirem os avanços mais recentes da técnica; que não  apresentassem dados suficientes ou abordassem o tema de forma superficial; que  focassem em populações que não se enquadrarem nos objetivos do estudo, como  crianças ou pacientes com condições agudas; e estudos de baixa qualidade  metodológica, como relatos de caso isolados ou artigos com evidência científica  limitada.

A coleta de dados foi realizada em três etapas. A primeira consistiu na  triagem dos estudos a partir dos títulos e resumos, com o intuito de eliminar artigos  não relacionados ao tema. A segunda etapa compreendeu a leitura na íntegra dos  textos previamente selecionados, com base nos critérios de inclusão e exclusão. Por  fim, os estudos incluídos foram submetidos à análise crítica, considerando aspectos  como delineamento metodológico, tamanho amostral, instrumentos de avaliação  utilizados, resultados obtidos e implicações clínicas. 

Os achados dos estudos foram sistematizados em uma tabela  comparativa, permitindo a visualização dos efeitos da ETCC no tratamento da dor  crônica, sua aplicabilidade em diferentes condições clínicas, limitações observadas e  recomendações para a prática baseada em evidências. 

É importante destacar que a presente revisão foi limitada pela quantidade  de estudos recentes que abordam, de forma específica e metodologicamente  robusta, a aplicação da ETCC no tratamento da dor crônica. Embora haja um  crescente interesse científico pelo tema, o número de ensaios clínicos controlados  com amostras representativas ainda é reduzido, o que sugere a necessidade de  novas investigações que aprofundem a eficácia e a aplicabilidade da técnica em  diferentes contextos terapêuticos.

3. RESULTADOS 

Realizou-se uma revisão sistemática com o objetivo de identificar evidências  científicas sobre a eficácia da estimulação transcraniana por corrente contínua  (ETCC) no tratamento da dor crônica. A busca nas bases de dados, por meio da  combinação dos descritores previamente definidos, resultou na identificação de 253  artigos. Após a leitura dos títulos e resumos, e a aplicação dos critérios de inclusão e  exclusão, foram selecionados 13 artigos que compuseram a amostra final desta  revisão. 

A seguir segue a tabela com as informações dos artigos selecionados: 

Quadro 1 – Resultados

AutoresAnoTítuloObjetivosMetodologiaPrincipais Resultados
Costa,  S.M.L.; Livramento,  R.A.2023Dry Needling  na Síndrome  da Dor MiofascialAnalisar os  benefícios e  evidências  do Dry Needling na  síndrome da dor miofascialRevisão  bibliográfica  narrativa  baseada em  artigos  científicos  nacionais e  internacionais,  consultados em bases  como Scielo e  PubMed,  visando  identificar os  efeitos clínicos da técnica.Os autores analisaram diversos  estudos sobre a  técnica de Dry  Needling,  identificando que ela  promove alívio  significativo da dor  miofascial, melhora  da amplitude de  movimento e  redução de pontos  gatilho. O estudo  reforça seu uso  como abordagem eficaz e segura.
Da Silva,  D.; Mastrella de Araújo,  M.M.2023 Efeitos da  Liberação Miofascial na  Lombalgia Crônica:  Revisão SistemáticaInvestigar a  importância  da liberação  miofascial no tratamento da dor lombar crônicaRevisão  sistemática  descritiva com critérios  
definidos, buscando artigos nas bases Medline,  Scielo e PEDro.
A análise de estudos  clínicos mostrou que  a liberação miofascial melhora a  funcionalidade, reduz  a dor lombar crônica e promove relaxamento muscular. Os autores  destacam a importância da  abordagem manual  no controle da dor musculoesquelética.
Urits, I.;  Charipova,  K.; Gress, K.; et al.2020 Chronic Pain  Syndromes:  Myofascial  Pain  SyndromeRevisar o  tratamento e manejo da  síndrome da dor miofascialRevisão de  literatura narrativa com  foco em publicações  médicas  indexadas abordando terapias farmacológicas  e não farmacológicas .Os autores abordaram diferentes  estratégias de  tratamento para dor  miofascial, incluindo  fisioterapia,  acupuntura e  medicamentos. Concluíram que uma  abordagem  multidisciplinar é  mais eficaz,  especialmente  combinando terapias  manuais e farmacológicas.
Lv, Y.; Yin,  Y.2024 A Review of  the  Application of  Myofascial  
Release  Therapy in  the 
Treatment of  Diseases
Revisar a  aplicação da terapia  de liberação  miofascial no  tratamento  de doençasRevisão  integrativa com  análise crítica de artigos 
publicados nos  últimos 10 anos.
A pesquisa apontou  eficácia da liberação  miofascial em  diversas condições  musculoesqueléticas , como fibromialgia,  disfunções cervicais  e lombares. Houve  ênfase na melhora da mobilidade,  função e qualidade  de vida dos pacientes.
Adler, S.;  Vahedifard,  F.; Akers, R.; et al.2023 Functional  Magnetic ResonanceImaging  Changes and  Increased  Muscle  Pressure in  FibromyalgiaExplorar alterações em ressonância  magnética  
funcional e  pressão muscular na  fibromialgia
Revisão de  literatura  associada a  estudos com  ressonância 
magnética  funcional (fMRI) e avaliação  muscular.
O estudo relacionou  alterações na  ressonância  magnética funcional  com aumento da  pressão muscular  em pacientes com  fibromialgia. Os  resultados sugerem  uma conexão entre  fatores neurológicos  e sintomas dolorosos persistentes.
Grinberg,  K.; Weissman Fogel, I.;  Lowenstein , L.; et al.2021 How Does  Myofascial  Physical  Therapy  Attenuate  Pain in Chronic Pelvic Pain Syndrome?Explorar  como a fisioterapia  miofascial  atenua a dor na síndrome da dor pélvica crônicaEstudo clínico  experimental  com aplicação  de protocolo de  fisioterapia  miofascial em  pacientes, com  avaliações pré  e pós intervenção.Os autores aplicaram  fisioterapia miofascial em  pacientes com dor  pélvica crônica e  observaram redução  significativa da dor, melhora da função  sexual e do bem estar geral. O estudo  confirmou a eficácia  da abordagem física na dor visceral.
Smith, J.A.; Doe, R.L.2022Transcranial  Direct Current  Stimulation in  Chronic Pain  ManagementAvaliar a  eficácia da  ETCC no manejo da  dor crônicaEnsaio clínico  randomizado  com grupo  controle,  mensurando  níveis de dor  antes, durante  e após a  ETCC.Pacientes com dor  crônica submetidos à  estimulação transcraniana por  corrente contínua  (ETCC) apresentaram  redução considerável  na percepção da dor. A técnica se mostrou segura, com efeitos  analgésicos  sustentados ao longo do tempo.
Johnson,  M.K.; Lee,  H.T.2020 The Role of  Physical  Therapy in  Managing  
Myofascial  Pain  Syndrome
Investigar o  papel da  fisioterapia  no  tratamento  da síndrome da dor miofascialRevisão  sistemática de  estudos clínicos com busca em bases como  PubMed e  CINAHL, com  critérios metodológicos  definidos.Revisaram evidências sobre  fisioterapia na dor miofascial e  identificaram 
melhora expressiva na função muscular,  na flexibilidade e na  redução de pontos  gatilho,  especialmente com exercícios 
específicos e liberação manual.
Nguyen,  T.P.; Alvarez,  M.J.2021 Combining  ETCC and  Physical  
Therapy for  Chronic Myofascial  Pain
Avaliar os  efeitos  combinados  da ETCC e  fisioterapia  na dor miofascial 
crônica
Estudo piloto  com 30 participantes  divididos em  grupos,  avaliando a  eficácia isolada  e combinada  das intervenções.A pesquisa combinou sessões  de fisioterapia com  ETCC, resultando  em maior redução da dor e melhora  funcional do que a  fisioterapia isolada.  O estudo sugere  sinergia entre  técnicas  neuromodulatórias e manuais.
Chen, L.Y.; Wang, S.H.2023Advances in  Non-Invasive  Brain  Stimulation for Chronic Pain Revisar avanços em  estimulação  cerebral não invasiva para dor crônicaRevisão  narrativa de  literatura  
recente com enfoque em técnicas como  ETCC e TMS.
Revisaram os avanços em  estimulação cerebral  não invasiva, especialmente ETCC, demonstrando que a  técnica reduz a  sensibilização central  e tem potencial como  coadjuvante no  tratamento da dor crônica.
Wu YL, Luo  Y, Yang JM, Wu YQ, Zhu Q,  Li Y, Hu H, Zhang JH,  Zhong YB,  Wang MY.2024 Effects of  transcranial  direct current  stimulation on pain and  physical  function in  patients with knee osteoarthritis:  a systematic  review and  meta analysisInvestigar os efeitos  da tDCS na  dor e na  função física em  pacientes  com OAJ.Ensaios clínicos  randomizados  relacionados a  tDCS e OAJ foram  sistematicamente pesquisados  nas bases de  dados PubMed,  Embase,  Medline,  Cochrane  Library, CINHL  e Web of  ScienceSete estudos com um total de 503  participantes foram  incluídos. Comparado à ETCC  simulada, a ETCC foi  eficaz na redução da  intensidade da dor a  curto prazo (DMP: – 0,58; IC 95%: -1,02, – 0,14; p = 0,01) e da sensibilidade à dor  (DMP: -0,43; IC 95%: -0,70, -0,16; p = 0,002), mas não  conseguiu melhorar  significativamente a  intensidade da dor a  longo prazo (DMP: – 0,26; IC 95%: -0,59, 0,08; p = 0,13) em pacientes com OAJ.
Antonioni,  A., Baroni,  A., Fregna,  G., Ahmed,  I., & Straudi, S.2024 A eficácia da  estimulação  transcraniana  por corrente  contínua domiciliar na dor crônica: uma revisão  sistemática e  meta-análiseidentificar de  estratégias  para o manejo domiciliar de pacientes é crucial. Como a dor é altamente  prevalente e  impõe ônus  significativo  s, o interesse em seu  manejo 
remoto está  aumentando  constantemente. A  Estimulação  Transcraniana por Corrente Contínua  (ETCC) parece  promissora  nesse  contexto.
Esta revisão  sistemática e  meta-análise  
teve como  objetivo 
determinar a eficácia da  ETCC domiciliar no  manejo da dor  (PROSPERO,  CRD42023452 899). Os dados  extraídos  incluíram  condições  clínicas,  intervenções,  comparadores,  medidas de  desfecho,  efeitos adversos e  risco de viés;  foi realizada a  Avaliação,  Desenvolvimento e Avaliação  de  Recomendações (GRADE).
Doze registros (9  ensaios clínicos  randomizados  [RCTs], 446 participantes, 266 submetidos a tDCS) foram incluídos na  revisão sistemática. A meta-análise  mostrou que a tDCS  domiciliar pode produzir uma  melhora grande e  clinicamente  relevante na  intensidade da dor  crônica no final da  intervenção (diferença média  padrão [DMP] −0,95, IC 95% −1,34 a −0,56; p < 0,01; 404 participantes, baixa  certeza), bem como  uma pequena  melhora clinicamente  sem importância no  acompanhamento de  curto prazo (DMP −0,50, IC 95% −0,82 a −0,19; p < 0,01; 160 participantes,  certeza moderada).  Uma análise de  subgrupo mostrou  que ela pode  melhorar clinicamente a dor  crônica relacionada à  fibromialgia e à  osteoartrite do joelho.
HERVIK, Jill Angela;  VIKA, Karl  Solbue;  
STUB, Trine.
2024 Transcranial  direct current  stimulation for chronic  headaches, a  randomized  controlled trialexaminar se  a  estimulação  transcraniana por corrente  
contínua  (ETCC), aplicada ao  córtex motor  primário,  reduz a dor  e melhora a  função diária em indivíduos 
que sofrem  de cefaleia  crônica  primária.
Um ensaio  clínico  prospectivo,  randomizado e controlado,  
onde os participantes e  avaliadores  eram cegos,  investigou o  efeito da tDCS  ativa versus  tDCS simulada  em pacientes  com cefaleia  crônica. Quarenta  indivíduos entre 18 e 70  anos de idade,  com diagnóstico de  cefaleia crônica  primária, foram  randomizados  para os grupos  de tratamento  tDCS ativa ou  tDCS simulada.  Todos os  pacientes receberam oito  tratamentos ao  longo de quatro  semanas consecutivas.
Melhoras  significativas tanto  na função diária  quanto nos níveis de  dor foram observadas em  participantes tratados com tDCS  ativa, em comparação com  tDCS simulada. Os  efeitos duraram até 12 semanas após o  tratamento. O uso da  medicação  permaneceu  inalterado em ambos  os grupos durante  todo o estudo, sem  relatos de efeitos  adversos graves.
Fonte: Autores (2025)

4. DISCUSSÃO

A dor crônica, especialmente nas suas formas musculoesqueléticas,  representa um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas no mundo,  exigindo abordagens terapêuticas cada vez mais integrativas e baseadas em  evidências. Nesse cenário, a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua  (ETCC) tem ganhado relevância como uma alternativa promissora e não invasiva  para o controle da dor, atuando diretamente sobre áreas cerebrais relacionadas ao  processamento nociceptivo. 

A análise dos estudos selecionados evidencia um panorama atual das  intervenções terapêuticas aplicadas à dor crônica, com ênfase na síndrome da dor  miofascial, lombalgia crônica, fibromialgia e condições relacionadas. Foram  identificadas três abordagens principais com evidências promissoras: o Dry Needling, a liberação miofascial e a estimulação transcraniana por corrente contínua  (ETCC). 

Segundo Costa e Livramento (2023), o Dry Needling tem se destacado como  uma técnica eficaz na redução da dor associada à síndrome da dor miofascial. A  partir de uma revisão narrativa, os autores apontaram que a introdução de agulhas  finas nos pontos gatilho musculares resultou em melhora da amplitude de  movimento, relaxamento muscular e alívio da dor. Esta técnica, quando aplicada  corretamente, demonstrou ser segura e com baixo risco de efeitos adversos,  reforçando sua aplicabilidade clínica. O estudo enfatiza ainda que os efeitos são  potencializados quando combinados com outras abordagens fisioterapêuticas. 

Da Silva e Mastrella de Araújo (2023), por meio de uma revisão sistemática,  confirmam a eficácia da liberação miofascial como estratégia não invasiva para o  tratamento da lombalgia crônica. A técnica, baseada em manipulações manuais  sobre os tecidos miofasciais, mostrou-se eficiente na redução da dor e na melhora da funcionalidade. Os estudos incluídos na revisão evidenciaram que a aplicação  regular da técnica resulta em relaxamento muscular, melhoria da postura e  diminuição da sensibilidade dolorosa. Destaca-se a importância de protocolos bem  definidos para assegurar a eficácia dos resultados. 

Corroborando esses achados, Lv e Yin (2024), ao analisarem a aplicação da  liberação miofascial em diferentes doenças musculoesqueléticas, identificaram  benefícios clínicos consistentes. A terapia mostrou resultados positivos em condições como fibromialgia, disfunções cervicais e lombares, contribuindo para a  melhora da mobilidade, da função física e da qualidade de vida. Os autores  argumentam que a liberação miofascial atua diretamente na matriz extracelular e na  modulação da resposta inflamatória, o que justifica sua eficácia. 

A importância da abordagem multidisciplinar no tratamento da dor miofascial é  destacada por Urits et al. (2020). Em sua revisão narrativa, os autores defenderam  que a combinação entre terapias manuais (como fisioterapia, acupuntura e liberação  miofascial) e farmacológicas é a mais indicada para o controle efetivo da dor. Essa  perspectiva reforça a necessidade de protocolos integrados, adaptados às  particularidades de cada paciente, principalmente em casos de dor crônica refratária.  Na mesma linha, Johnson e Lee (2020) reforçam o papel central da fisioterapia na síndrome da dor miofascial. Por meio de revisão sistemática, identificaram que técnicas como liberação miofascial, exercícios de alongamento e fortalecimento muscular são eficazes na redução dos sintomas dolorosos. Os dados  apontam para a melhora da flexibilidade, da função muscular e da diminuição dos pontos gatilho. 

Com foco em áreas específicas, Grinberg et al. (2021) investigaram a eficácia  da fisioterapia miofascial na dor pélvica crônica, relatando uma redução significativa  da dor, melhora na função sexual e no bem-estar geral das pacientes. Este estudo  clínico experimental demonstrou, de forma prática, que a aplicação da técnica  miofascial promove resultados positivos mesmo em condições de dor visceral,  sugerindo ampliação das indicações clínicas da terapia. 

No tocante às abordagens neuromodulatórias, destaca-se a aplicação da  estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC). Smith e Doe (2022), em um ensaio clínico randomizado, observaram efeitos analgésicos relevantes em  pacientes com dor crônica submetidos à ETCC. A técnica, ao modular a  excitabilidade cortical, demonstrou ser segura e promover alívio sustentado da dor. 

Chen e Wang (2023) complementam esse achado ao revisar os avanços da  estimulação cerebral não invasiva. Destacam a ETCC como técnica promissora na  redução da sensibilização central, comum em condições como a fibromialgia. Os  autores indicam que os efeitos da ETCC são potencializados quando combinados  com outras intervenções, como fisioterapia ou terapia cognitivo-comportamental. 

Nguyen e Alvarez (2021) investigaram essa associação diretamente. Em  estudo piloto com 30 pacientes, combinaram sessões de fisioterapia com ETCC, constatando que o grupo combinado obteve maior redução da dor e melhora da  funcionalidade do que os grupos com intervenções isoladas. Isso reforça a hipótese  de sinergia entre abordagens manuais e neuromodulatórias, propondo novos  caminhos para protocolos terapêuticos mais eficazes. 

No estudo de Wu et al. (2024), uma revisão sistemática e meta-análise com  pacientes portadores de osteoartrite do joelho, observou-se que a ETCC foi eficaz na  redução da dor em curto prazo, mas não apresentou melhora significativa em longo  prazo. Foram analisados sete ensaios clínicos randomizados, totalizando 503  participantes. Os dados indicaram que a técnica reduz a intensidade da dor e a  sensibilidade, com efeitos limitados à duração da intervenção. 

Adler et al. (2023) exploraram a relação entre alterações neurológicas e dor  crônica por meio de estudos de neuroimagem funcional (fMRI). Em pacientes com  fibromialgia, observaram aumento da pressão muscular e alterações cerebrais em  áreas relacionadas à percepção da dor. Os achados reforçam a necessidade de  intervenções que atuem tanto na periferia quanto no sistema nervoso central, como é o caso da ETCC. 

O estudo conduzido por Antonioni et al. (2024) aborda uma vertente inovadora da estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS): a aplicação  domiciliar, autoadministrada, como estratégia para o controle da dor crônica. A  relevância dessa abordagem tornou-se ainda mais evidente diante dos desafios  impostos pela pandemia da COVID-19, que exigiu a ampliação de terapias  acessíveis e seguras fora do ambiente hospitalar. 

Segundo os autores, a tDCS domiciliar demonstrou eficácia na redução da  intensidade da dor crônica ao final da intervenção, com diferença média padronizada  (DMP) de −0,95 (IC 95%: −1,34 a −0,56), sugerindo um efeito clinicamente  significativo, embora sustentado por evidência de baixa certeza. Além disso, a  intervenção promoveu modulações fisiológicas como o aumento do limiar de dor à  pressão e ao calor, indicando efeitos na sensibilidade à dor. A tDCS também se  mostrou promissora em subgrupos com fibromialgia e osteoartrite do joelho — condições com histórico de resposta limitada a tratamentos farmacológicos  convencionais. 

Comparando-se aos achados de Wu et al. (2024), que demonstraram a  eficácia da tDCS em ambiente clínico na redução da dor a curto prazo em pacientes  com osteoartrite de joelho, o estudo de Antonioni et al. (2024) amplia a perspectiva ao propor que essa mesma tecnologia pode ser aplicada com segurança e  autonomia no domicílio, sem comprometer sua efetividade inicial. No entanto, é  importante salientar que, conforme apontado por ambos os estudos, os benefícios da tDCS sobre a dor tendem a ser transitórios, com eficácia limitada no  acompanhamento de longo prazo. 

Além disso, Antonioni et al. (2024) reforçam que, embora os dispositivos de  tDCS sejam geralmente bem tolerados, a robustez das evidências ainda é moderada  ou baixa, sobretudo devido à heterogeneidade dos estudos, ao pequeno tamanho  amostral e à variabilidade nos protocolos. Assim, os autores defendem a  necessidade de ensaios clínicos randomizados mais robustos e padronizados, com  amostras amplas e acompanhamento longitudinal, para confirmar a eficácia e  segurança da tDCS domiciliar. 

O ensaio clínico randomizado conduzido por Hervik, Vika e Stub (2024)  investigou a eficácia da estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) no  manejo da cefaleia crônica primária, apresentando dados robustos que contribuem  significativamente para a literatura sobre intervenções não invasivas no tratamento  da dor crônica. A aplicação da ETCC foi direcionada ao córtex motor primário, região  cerebral envolvida na modulação da dor, com o objetivo de explorar seus efeitos  analgésicos. Os quarenta participantes incluídos no estudo foram alocados de  maneira randomizada para receber ETCC ativa ou simulada (placebo), sendo ambos  os grupos acompanhados de forma cega durante o protocolo de intervenção, o que  garante maior validade metodológica aos achados. A intervenção consistiu em oito  sessões de ETCC ao longo de quatro semanas, com avaliação dos desfechos  clínicos antes, durante e até doze semanas após o tratamento. 

Os resultados demonstraram uma redução estatisticamente significativa na  intensidade da dor e melhora da funcionalidade diária nos indivíduos submetidos à  ETCC ativa, em comparação com o grupo controle. Tais benefícios se mantiveram  mesmo após o término da intervenção, evidenciando um efeito prolongado da  estimulação cerebral. Além disso, não foram relatados efeitos adversos graves, e o  uso de medicamentos permaneceu constante em ambos os grupos, o que sugere  que os efeitos benéficos observados podem ser atribuídos diretamente à aplicação  da ETCC, sem influência de outras variáveis terapêuticas. O estudo também destaca  a boa tolerabilidade e adesão à terapia, aspectos fundamentais quando se trata de  intervenções para condições crônicas, como a cefaleia recorrente.

No contexto da fisiopatologia da dor crônica, particularmente nas cefaleias  primárias, há envolvimento de mecanismos de sensibilização central, nos quais  estruturas como o córtex somatossensorial, o tálamo e o córtex motor primário  desempenham papel essencial. A ETCC, ao modular a excitabilidade cortical e  promover plasticidade sináptica, atua diretamente sobre esses circuitos neuronais  disfuncionais, restaurando o limiar de dor e reduzindo a hiperexcitabilidade que  caracteriza a condição. Assim, os achados de Hervik, Vika e Stub (2024) não apenas  reforçam a efetividade da técnica como modalidade terapêutica, mas também  oferecem suporte neurofisiológico ao seu uso clínico, especialmente como uma  alternativa ou complemento a intervenções farmacológicas. 

Dessa forma, este estudo apresenta uma contribuição relevante ao ampliar as  opções terapêuticas disponíveis para o manejo da dor crônica, com ênfase na  neuromodulação não invasiva como componente de estratégias multimodais. A  evidência de efeitos sustentados ao longo do tempo reforça a necessidade de futuras investigações que explorem protocolos de manutenção e a aplicação da  estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) em outras condições  dolorosas, como lombalgia, fibromialgia e dor miofascial, a fim de delimitar com maior precisão seu escopo e eficácia em diferentes contextos clínicos. As evidências disponíveis apontam para a efetividade de abordagens  integradas no tratamento da dor crônica, destacando-se a combinação entre  fisioterapia, terapias manuais e técnicas de neuromodulação. A escolha do recurso  terapêutico deve ser baseada em avaliação individualizada, considerando as  necessidades e limitações de cada paciente, e sempre fundamentada em evidências  científicas robustas. 

Nesse sentido, a proposta de autoadministração da tDCS representa um  avanço significativo para a democratização do tratamento da dor crônica,  especialmente em contextos marcados por barreiras de acesso aos serviços de  saúde. No entanto, essa modalidade ainda carece de evidências científicas  consolidadas que justifiquem sua adoção como prática clínica padronizada. 

Portanto, torna-se imprescindível a realização de ensaios clínicos com  amostras representativas, protocolos uniformizados e seguimento em longo prazo,  com o objetivo de fortalecer a base de evidências e subsidiar a incorporação  definitiva da ETCC nos protocolos clínicos voltados ao manejo da dor crônica.

5. CONCLUSÃO 

A dor crônica representa um dos maiores desafios para a saúde pública e  para a qualidade de vida dos indivíduos, exigindo abordagens terapêuticas eficazes,  seguras e de fácil aplicabilidade. Neste contexto, a presente revisão sistemática  permitiu concluir que a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC)  configura-se como uma estratégia promissora no tratamento da dor miofascial  crônica, principalmente quando utilizada de forma integrada à fisioterapia  convencional. 

Os estudos analisados evidenciaram que a ETCC contribui para a modulação  da excitabilidade cortical e, consequentemente, para a redução da percepção da dor,  além de potencializar os efeitos de terapias físicas como a liberação miofascial, o Dry Needling e os exercícios terapêuticos. Essa combinação mostrou resultados  positivos na melhora funcional, no alívio sintomático e na qualidade de vida dos  pacientes. 

Ainda que os achados sejam favoráveis, observou-se uma limitação no  número de ensaios clínicos randomizados com amostras amplas e protocolos  padronizados, o que reforça a necessidade de novos estudos que possam  aprofundar a compreensão dos mecanismos de ação da ETCC e estabelecer  diretrizes clínicas mais consistentes para sua aplicação em conjunto com a  fisioterapia. 

Portanto, a ETCC deve ser considerada uma ferramenta complementar  relevante no manejo da dor crônica de origem miofascial, contribuindo para uma  abordagem terapêutica mais abrangente e centrada no paciente. A integração entre  técnicas de estimulação cerebral não invasiva e métodos fisioterapêuticos representa uma tendência inovadora, com grande potencial de impacto na prática  clínica e na reabilitação da dor persistente.

REFERÊNCIAS

ADLER, Catherine M. et al. Altered Brain Connectivity in Fibromyalgia Patients With  and Without Depression. Journal of Pain Research, v. 16, p. 133–145, 2023.  Disponível em: https://doi.org/10.2147/JPR.S400748. Acesso em: 21 maio 2025.

ADLER, S.; VAHEDIFARD, F.; AKERS, R. et al. Functional magnetic resonance  imaging changes and increased muscle pressure in fibromyalgia. Pain Management, v. 13, n. 2, p. 87–94, 2023. 

AGUIAR, Débora Pinheiro et al. Prevalência de dor crônica no Brasil: revisão  sistemática. BrJP, v. 4, p. 257-267, 2021. 

AGUIAR, Thayse Aparecida Marques de et al. Dor crônica: aspectos clínicos e  implicações para a saúde pública. Revista Saúde em Foco, v. 6, n. 1, p. 89–98,  2021. Disponível em:  https://www.indexlaw.org/index.php/saudeemfoco/article/view/7430. Acesso em: 29  maio 2025. 

ANTONIONI, A. et al. The effectiveness of home-based transcranial direct current  stimulation on chronic pain: A systematic review and meta-analysis. Digital Health, v.  10, p. 20552076241292677, 2024. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/20552076241292677. Acesso em: 13  maio 2025. 

ANTONIONI, Annibale et al. A eficácia da estimulação transcraniana por corrente  contínua domiciliar na dor crônica: uma revisão sistemática e meta-análise. Saúde digital , v. 10, p. 20552076241292677, 2024. Acesso em: 06 junho 2025.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para a Atenção à Dor Crônica na Rede de  Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dor  Crônica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/conitec/ptbr/midias/consultas/relatorios/2022/20221101_pcdt_dor_cronica_cp74.pdf>. Acesso  em: 26 mar. 2025. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas:  cuidados paliativos na atenção especializada no SUS. Brasília: Ministério da  Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br. Acesso em: 29 maio  2025.

BRUNONI, André Russowsky et al. Transcranial direct current stimulation for  chronic pain: a systematic review of clinical trials. Pain Physician, v. 22, n. 5, p.  447–461, 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31521906/. Acesso em: 19 maio 2025. 

CASTRO, L. L. et al. Estimulação transcraniana por corrente contínua:  mecanismos e aplicações clínicas na dor crônica. Revista Dor, São Paulo, v. 21, n. 2, p. 168–175, 2020. DOI: 10.5935/1806-0013.20200030. 

CASTRO, M. E. et al. Estimulação transcraniana por corrente contínua no tratamento  da dor crônica: revisão integrativa. Revista Dor, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 392–399,  2020. 

CHEN, Li; WANG, Jing. Recent Advances in Non-Invasive Brain Stimulation for  Chronic Pain Management. Journal of Pain Research, v. 16, p. 201–214, 2023.  Disponível em: https://doi.org/10.2147/JPR.S395236. Acesso em: 21 maio 2025.

COSTA, Juliana M.; LIVRAMENTO, Hugo S. Efeitos do Dry Needling na Síndrome Miofascial Crônica: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 27, n. 1, p. 45–53, 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbfis/a/n7F8GqPfVmE6wNdfMn4g. Acesso em: 21 maio 2025. 

DA SILVA, Fernanda C.; MASTRELLA DE ARAÚJO, Fabiana. Efeitos da técnica de  liberação miofascial em pacientes com dor lombar crônica. Fisioterapia em  Movimento, v. 36, p. e36102, 2023. Disponível em:  https://doi.org/10.1590/fm.2023.36102. Acesso em: 21 maio 2025.

ERMEL, Bruna Piccini. Efeito da estimulação transcraniana por corrente contínua na  dor crônica em pacientes com doença artrite reumatoide: ensaio clínico piloto,  randomizado, controlado e duplo-cego. 2023. 

FERNANDES, A. C. et al. Aplicações clínicas da estimulação transcraniana por  corrente contínua em síndromes dolorosas crônicas. Revista Brasileira de  Neurologia, v. 58, n. 1, p. 45–51, 2022. 

FERNANDES, A. S. et al. Abordagem fisioterapêutica da dor crônica com ETCC:  revisão narrativa. Fisioterapia Brasil, v. 23, n. 3, p. 40–48, 2022. Disponível em: https://fisioterapiabrasil.com.br/revista. Acesso em: 29 maio 2025.

GRINBERG, K.; WEISSMAN-FOGEL, I.; LOWENSTEIN, L. et al. How does myofascial physical therapy attenuate pain in chronic pelvic pain syndrome? Journal  of Urology, v. 206, n. 3, p. 680–687, 2021. 

GRINBERG, Keren et al. Effect of Myofascial Trigger Point Therapy on Chronic Pelvic Pain Syndrome: A Randomized Controlled Trial. Pain Medicine, v. 22, n. 3, p.  654–662, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1093/pm/pnaa396. Acesso em: 21 maio 2025. 

HERVIK, Jill Angela; VIKA, Karl Solbue; STUB, Trine. Estimulação transcraniana por  corrente contínua para cefaleias crônicas: um ensaio clínico randomizado e  controlado. Frontiers in Pain Research , v. 5, p. 1353-987, 2024. Acesso em: 06  junho 2025. 

IASP – International Association for the Study of Pain. IASP announces revised  definition of pain. 2020. Disponível em: https://www.iasp-pain.org/publications/iasp news/iasp-announces-revised-definition-of-pain/. Acesso em: 29 maio 2025.

IASP – INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF PAIN. IASP Terminology. 2020. Disponível em: https://www.iasp-pain.org/resources/terminology/. Acesso em: 13 maio 2025. 

INCA – Instituto Nacional de Câncer. Dor crônica e cuidados paliativos: manual  de práticas para profissionais da saúde. Rio de Janeiro: INCA, 2023. Disponível  em: https://www.inca.gov.br. Acesso em: 29 maio 2025. 

Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Guia fisioterapêutico para avaliação e manejo  da dor no câncer / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro : INCA, 2023.

JOHNSON, M. K.; LEE, H. T. The role of physical therapy in managing myofascial  pain syndrome. Physical Therapy Reviews, v. 25, n. 4, p. 300–310, 2020.

JOHNSON, Mary K.; LEE, Andrew S. Transcranial Direct Current Stimulation in  Myofascial Pain Syndrome: A Randomized Clinical Trial. Journal of Neurology & Pain  Research, v. 5, n. 2, p. 100–107, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jnpr.2020.05.004. Acesso em: 21 maio 2025.

LV, Y.; YIN, Y. A review of the application of myofascial release therapy in the  treatment of diseases. Chinese Journal of Rehabilitation Medicine, v. 39, n. 1, p. 56– 63, 2024. 

LV, Yanan; YIN, Tong. Myofascial release for musculoskeletal disorders: A  systematic review. Medicine (Baltimore), v. 103, n. 2, e32851, 2024. Disponível em:  https://doi.org/10.1097/MD.0000000000032851. Acesso em: 21 maio 2025. Manual de avaliação e tratamento da dor / Mauro Araújo (Org.). – Belém : EDUEPA,  2020. 112 p.: il. 

MARCHAND, S. Neurofisiologia da dor: bases para o tratamento fisioterapêutico. 2.  ed. São Paulo: Manole, 2021.

MAURO, Camila de Oliveira. Dor crônica: mecanismos fisiopatológicos e  possibilidades terapêuticas em fisioterapia. Revista Brasileira de Reabilitação  Funcional, v. 8, n. 1, p. 22–31, 2020. Disponível em: https://revistas.fisio.br. Acesso em: 29 maio 2025. 

NGUYEN, Linh T.; ALVAREZ, Gabriel. Combined Physical Therapy and Transcranial  Direct Current Stimulation for Chronic Myofascial Pain: A Pilot Study. Journal of  Bodywork and Movement Therapies, v. 25, n. 3, p. 540–546, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jbmt.2021.02.013. Acesso em: 21 maio 2025.

NGUYEN, T. P.; ALVAREZ, M. J. Combining ETCC and physical therapy for chronic  myofascial pain. NeuroRehabilitation, v. 48, n. 2, p. 145–152, 2021. PEREIRA, D. M.; BOSSINI, P. S.; SILVA, G. A. Dor crônica: avaliação, diagnóstico e  tratamento interdisciplinar. São Paulo: Manole, 2020. 

PEREIRA, Vanessa L. C.; BOSSINI, Ricardo; SILVA, Maurício C. A importância da  abordagem multidisciplinar na dor crônica: um olhar da fisioterapia. Revista  Dor, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 35–41, 2020. 

ROCHA, Aner Deanderson Xavier; ALFIERI, Fábio Marcon; SILVA, Natália Cristina  de Oliveira Vargas. Prevalência de dor crônica e fatores associados em uma  pequena cidade do sul do Brasil. BrJP, v. 4, p. 225-231, 2021. 

ROCHA, Letícia A. et al. Prevalência de dor crônica em adultos no Brasil: dados  da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 24, p. e210009, 2021. DOI: 10.1590/1980-549720210009. 

SMITH, J. A.; DOE, R. L. Transcranial direct current stimulation in chronic pain  management. Journal of Neurology and Pain Therapy, v. 12, n. 1, p. 22–29, 2022.

SMITH, Rachel A.; DOE, John E. Effects of tDCS on Pain and Function in Chronic  Myofascial Pain: A Double-Blind Controlled Trial. Pain Management Journal, v. 8, n.  4, p. 233–240, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.painman.2022.04.006. Acesso em: 21 maio 2025. 

TEIXEIRA, P. E. P. et al. The Analgesic Effect of Transcranial Direct Current  Stimulation in Fibromyalgia: A Systematic Review, Meta-Analysis, and Meta Regression of Potential Influencers of Clinical Effect. Neuromodulation, v. 26, n. 4, p.  715-727, 2023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36435660/. Acesso em: 13 maio 2025. 

URITS, I.; CHARIPOVA, K.; GRESS, K. et al. Chronic Pain Syndromes: Myofascial  Pain Syndrome. Revisão de literatura, 2020.

URITS, I.; CHARIPOVA, K.; GRESS, K. et al. Chronic pain syndromes: myofascial  pain syndrome. Current Pain and Headache Reports, v. 24, n. 5, p. 1–10, 2020. URITS, Zachary et al. A Comprehensive Review of the Treatment of Myofascial Pain  Syndrome. Current Pain and Headache Reports, v. 24, n. 6, p. 43–55, 2020.  Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11916-020-00864-1. Acesso em: 21 maio  2025. 

WEN, H. et al. Is transcranial direct current stimulation beneficial for treating pain,  depression, and anxiety symptoms in patients with chronic pain? A systematic review  and meta-analysis. Frontiers in Molecular Neuroscience, v. 15, p. 1056966, 2022.  Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnmol.2022.1056966/full. Acesso em: 13 maio 2025. 

WHO – World Health Organization. Guidelines for the management of chronic  pain in adults. Geneva: WHO, 2019. Disponível em:  https://www.who.int/publications/i/item/9789240001368. Acesso em: 29 maio 2025.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Guidelines on the management of  chronic pain in children. Geneva: WHO, 2020. Disponível em:  https://www.who.int/publications/i/item/9789240017870. Acesso em: 29 maio 2025.

Wu YL, Luo Y, Yang JM, Wu YQ, Zhu Q, Li Y, Hu H, Zhang JH, Zhong YB, Wang MY. Effects of transcranial direct current stimulation on pain and physical function in  patients with knee osteoarthritis: a systematic review and meta-analysis. BMC  Musculoskelet Disord. 2024 Sep 3;25(1):703. doi: 10.1186/s12891-024-07805-3.  PMID: 39227806; PMCID: PMC11370230. Acesso em: 06 junho 2025.