EFFECTIVENESS OF BOTULINUM TOXIN IN THE TREATMENT OF TEMPOROMANDIBULAR DISORDER.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202506161750
Luanna De Cassia Sousa Silva1
Francilena Maria Campos Santos Dias2
Resumo
A articulação temporomandibular (ATM) é uma estrutura complexa do sistema mastigatório, responsável pelo movimento da mandíbula durante a mastigação, a fala e a deglutição. Classificada como uma articulação sinovial, ela é formada pelo côndilo mandibular, a fossa mandibular, a cápsula articular e o disco articular. Já a disfunção temporomandibular (DTM) é uma patologia que atinge as articulações e os músculos e responsáveis pela mastigação, resultando em dores musculares, articulares. O objetivo deste estudo é analisar a eficácia da toxina botulínica no tratamento da disfunção temporomandibular, com foco nos seus efeitos na redução da dor e na melhoria da função mandibular. Para isso, foi realizada uma revisão da literatura narrativa, consultando bases de dados eletrônicas como BVS e SciELO. A pesquisa sobre a disfunção temporomandibular (DTM) indica que essa condição é uma desordem neuromuscular, manifestando-se por sintomas como dores de cabeça crônicas, estalos articulares e limitações nos movimentos da mandíbula, afetando cerca de 50 a 60% da população. Um dos tratamentos para a DTM é a aplicação de toxina botulínica, que se consolidou como uma abordagem eficaz para tratar problemas orais e maxilofaciais. Contudo, é essencial ter um conhecimento adequado sobre a aplicação correta da toxina para garantir a segurança e eficácia do tratamento. Concluímos que o uso da toxina botulínica para tratar a disfunção temporomandibular (DTM) é uma estratégia terapêutica atual e eficiente, proporcionando considerável alívio da dor e melhorias na função mandibular dos pacientes afetados.
Palavras-chave: Toxina Botulínica Tipo A. DTM. Botox.
Abstract
The demand for orofacial harmonization procedures has been growing constantly, mainly because they are considered minimally invasive. In this scenario, botulinum toxin stands out as a non-surgical treatment with excellent results. Regarding the methods used, this study consisted of a narrative literature review that revealed that botulinum toxin is a neurotoxic substance produced by the bacteria Clostridium botulinum, which acts by causing temporary and flaccid muscle paralysis through chemical denervation. Orofacial harmonization is an aesthetic procedure performed by the dentist who uses botulinum toxin to improve the appearance of the face, through techniques such as filling sulcus, collagen bio-stimulation, rhinomodulation, among others. Although botulinum toxin has proven to be a safe technique over the years, it is not exempt from presenting complications. It is essential that the professional has full mastery of the technique, knowing the indications, contraindications, and possible complications associated with the procedure. We conclude that the use of botulinum toxin in orofacial harmonization emphasizes the relevance of this substance as a safe and effective tool for aesthetic and therapeutic treatments. However, it highlights the need for in-depth knowledge by dentists about the mechanisms of action, potential complications, and safety protocols associated with the use of botulinum toxin.
Keywords: Botulinum Toxin. TMD. Botox.
1. INTRODUÇÃO
A articulação temporomandibular (ATM) é parte complexa do aparelho mastigatório, que tem a responsabilidade de movimentação da mandíbula durante a mastigação, fala e deglutição. Classificada como uma articulação sinovial, é composta pelo côndilo mandibular, fossa mandibular, cápsula articular e disco articular (Manganello et al., 2015).
A disfunção temporomandibular (DTM) é uma patologia que atinge as articulações e os músculos e responsáveis pela mastigação, resultando em dores musculares, articulares e/ou referidas, além de limitar os movimentos de abrir e fechar a boca além de causar crepitação ou estalos. Essa disfunção está ligada ao excesso de carga no aparelho mastigatório. Sendo a DTM considerada a terceira doença relacionada à saúde bucal mais prevalente na população, ficando atrás apenas doenças como periodontite e cárie (De Carvalho et al., 2020).
A Clostridium botulinum é a bactéria que produz a toxina botulínica que vem sendo estudada no tratamento da DTM. Após sua descoberta, somente seis décadas depois foi autorizado seu uso para tratamentos terapêuticos. Entre as sete toxinas produzidas, apenas o tipo A (BTX-A) é reconhecido como potente e com efeitos mais duradouros. Desde então ela tem se sobressaído como uma alternativa valiosa para controlar a hiperatividade muscular. (Naked et al., 2017).
Nesse cenário a toxina tem sido agregada aos cuidados da DTM devido às suas características vantajosas, como a natureza pouco invasiva, a agilidade no procedimento, a segurança e competência na redução da hiperatividade muscular. Esses benefícios têm feito dela uma opção útil às pessoas que desejam resolver os problemas relacionados a DTM, oferecendo uma abordagem terapêutica eficiente e intervenções mais invasivas (Da Silva et al., 2024).
Em se tratando da TxB-A na conduta da DTM para proporcionar um atendimento de qualidade, o profissional da odontologia deve ser capaz de identificar a (DTM) e encaminhar os indivíduos para o tratamento mais apropriado ao seu caso. O profissional responsável pelo tratamento deve possuir um conhecimento abrangente de como fazer o uso da TxB-A e saber identificar os diagnósticos diferenciais das DTM e suas subclassificações (Viana, 2024).
Nessa perspectiva a TxB-A possui uma forma de agir que atua de duas maneiras no organismo: primeiramente, inibindo a emissão de neurotransmissores como a acetilcolina, o que pode causar paralisia e relaxamento do músculo; e, em segundo lugar, libera a secreção de substâncias como a calcitonina, substância P e glutamato, que são responsáveis pela sensação de dor. O uso da toxina botulínica no tratamento de disfunção temporomandibulares tem crescido rapidamente, refletindo sua eficácia e crescente extensão entre os pacientes que buscam alívio para o problema. (De Carvalho et al., 2020).
Assim, o profissional da odontologia deve ter um conhecimento a respeito do procedimento e realizar uma investigação completa. É fundamental também fazer exames, como ressonância magnética e radiografia, além de exames físicos intra e extraorais. Essas avaliações são indispensáveis para identificação de doenças como as DTMs (Ferreira et al., 2022).
Assim, o objetivo desta pesquisa é discutir se a toxina botulínica é eficiente no cuidado da disfunção temporomandibular, considerando seus efeitos em aliviar a dor e melhorar a função mandibular.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Conceito de disfunção temporomandibular
A disfunção temporomandibular (DTM) refere-se a um conjunto de problemas relacionados aos músculos que envolvem a mastigação, às articulações temporomandibulares (ATMs) e às estruturas adjacentes. Os sinais mais frequentes dessa condição são dor facial, dor nas ATMs, nas musculaturas mastigatórias, além de dor de cabeça e nos ouvidos. (Barreto et al., 2021).
A DTM se define como uma desordem neuromuscular que se revela através de sinais como dores de cabeça persistentes, estalos na articulação temporomandibular, restrições nos movimentos da mandíbula, hipersensibilidade e dor nos músculos responsáveis pela mastigação, além das áreas da cabeça e pescoço. Essa condição afeta, em sua maioria, jovens adultos com idades entre 20 e 40 anos, sendo mais frequente no sexo feminino. (De Araújo Cruz et al., 2020).
Conforme afirmam Paulino et al. (2018), a Disfunção Temporomandibular (DTM) refere-se a um conjunto complicado de sinais e sintomas que podem impactar tanto os músculos responsáveis pela mastigação quanto as articulações temporomandibulares (ATMs) e outras partes do sistema estomatognático. Ademais, a DTM pode ser vista como um termo abrangente que abarca diversos problemas clínicos que envolvem os músculos mastigatórios, as ATMs e estruturas relacionadas.
Aproximadamente 50 a 60% da população pode apresentar sinais ou sintomas de Disfunção Temporomandibular (DTM), condição que compromete o funcionamento do sistema estomatognático, resultando em dores musculares, articulares, cefaleias e dores de ouvido, entre outros incômodos. Além disso, fatores emocionais como ansiedade e estresse podem influenciar a formação de hábitos parafuncionais e aumentar a tensão muscular, agravando os sintomas da DTM. As causas da DTM estão ligadas a aspectos oclusais, neuromusculares e emocionais, podendo ocorrer isoladamente ou em combinação. O crescimento dos casos de dores orofaciais crônicas associadas à DTM e suas consequências na qualidade de vida têm sido foco de pesquisas na área de saúde pública (Góes et al., 2018).
Conforme a American Academy of Orofacial Pain, a disfunção temporomandibular (DTM) pode ser dividida em dois grupos principais: a DTM miogênica, que está relacionada a problemas nos músculos, e a DTM artrogênica, que se refere a questões nas articulações. O diagnóstico da DTM requer a avaliação de diversos fatores, uma vez que essa condição possui uma causa complexa e pode ser afetada por aspectos psicológicos, sistêmicos, genéticos e estruturais. A realização de exames físicos e de imagem pode ser benéfica no processo diagnóstico.
Em virtude de sua complexidade envolvendo diversos fatores, a DTM demanda um tratamento adaptado, que se fundamenta em um diagnóstico claro e completo. Para atingir esse objetivo, é essencial reunir informações minuciosas sobre as possíveis causas que podem estar na raiz do problema, por meio de uma análise atenta dos sinais e sintomas que cada paciente apresenta, considerando suas particularidades (De Araújo Cruz et al., 2020).
Portanto, o foco no tratamento da Disfunção Temporomandibular (DTM) é aliviar a dor nos músculos e articulações, além de auxiliar na recuperação da força e da tensão adequada nessas áreas. A estratégia terapêutica deve favorecer abordagens que sejam pouco invasivas e passíveis de reversão, englobando orientação e controle comportamental, uso de medicamentos (como anti-inflamatórios, tanto esteroides quanto não esteroides, antidepressivos, relaxantes musculares, entre outros), recentemente, a utilização de toxina botulínica tem sido ressaltada como uma alternativa eficaz no tratamento da DTM (Sales et al., 2020).
2.2 Eficácia clínica da toxina botulínica no tratamento da disfunção temporomandibular
Um dos métodos para lidar com disfunções temporomandibulares é a utilização de toxina botulínica, destinada a tratar problemas como dor miofascial, bruxismo e cefaleias. Esse tratamento faz uso de uma neurotoxina para bloquear a liberação de acetilcolina nas junções neuromusculares. Dada sua eficácia e potencial, é crucial que os cirurgiões-dentistas recebam formação adequada para aplicar a toxina botulínica, melhorando assim o tratamento dessas condições.
A toxina botulínica (TxB) se consolidou como um recurso importante e eficiente no tratamento de condições orais e maxilofaciais, como a disfunção temporomandibular (DTM). Entretanto, o uso seguro e eficaz dessa substância requer um entendimento profundo de sua manipulação correta. Originalmente aplicada para fins estéticos, a TxB passou a ser amplamente utilizada como medicamento em diversas situações clínicas. Quando administrada de maneira apropriada, a TxB pode trazer benefícios em vários tipos de tratamento, evitando efeitos colaterais indesejados (Sandrini et al., 2017).
Um dos aspectos que mais definem a Disfunção Temporomandibular (DTM) associada à dor crônica facial é seu impacto considerável na saúde e no bem-estar dos indivíduos que sofrem com essa enfermidade. Pesquisas recentes indicam que a TxB-A está se destacando como uma alternativa terapêutica promissora para o tratamento da DTM, tendo mostrado resultados eficazes na redução da dor e da sensibilidade ligadas a essa condição (Villa et al., 2019).
A utilização da toxina botulínica deve ser adaptada às necessidades de cada paciente, considerando as causas particulares de sua condição. Apesar de a disfunção temporomandibular ser resultante de múltiplos fatores, incluindo aspectos psicossociais e emocionais, a toxina botulínica-A se demonstra uma alternativa eficaz para amenizar os sintomas e auxiliar na diminuição do consumo de analgésicos (Couto et al., 2022).
Estudos como o conduzido por Malgorzata e colaboradores (2017) investigaram a eficácia e o funcionamento da TxB-A no tratamento de distúrbios temporomandibulares (DTM), com ênfase em sua capacidade de promover relaxamento muscular. Os resultados indicaram que a TxB-A é uma alternativa segura e eficaz para atenuar a tensão muscular excessiva, proporcionando um alívio considerável aos indivíduos afetados pela DTM. Além disso, a investigação sobre o modo de ação da toxina botulínica tipo A revelou que ela pode inibir temporariamente a transmissão nervosa em regiões específicas, o que é extremamente vantajoso para os resultados terapêuticos em pacientes com DTM.
Sob essa ótica, observa-se que, nos anos recentes, o uso de TxB-A nos músculos da mastigação tem se revelado uma alternativa terapêutica eficaz para a DTM. Pesquisas indicam que a utilização de TxB-A pode diminuir consideravelmente a dor e a tensão muscular relacionadas à DTM, promovendo uma melhor qualidade de vida para os indivíduos que sofrem com essa condição (Calis et al., 2019).
A utilização da TxB-A na área afetada pela DTM tem se destacado como uma estratégia terapêutica eficaz e de baixa invasão. Um dos principais aspectos positivos desse tratamento é sua capacidade de oferecer alívio rápido e eficiente aos pacientes, sem a necessidade de intervenções cirúrgicas mais complexas. Essa particularidade é especialmente importante para aqueles que estão em busca de opções menos invasivas ou que não obtiveram resultados satisfatórios com outros tipos de tratamentos. Ademais, a toxina botulínica surge como uma alternativa segura e viável para a prevenção de casos mais graves da disfunção, ressaltando a relevância da prevenção como uma abordagem eficaz para evitar complicações futuras (Vieira et al., 2023).
A TxB-A tem apresentado resultados positivos em diversas condições clínicas quando utilizada de maneira correta e apropriada. Além de seu efeito estético amplamente reconhecido no rejuvenescimento da face, a TxB-A tem demonstrado eficácia comprovada na redução de sintomas relacionados a distúrbios neuromusculares, como a disfunção temporomandibular (DTM) e a hiperatividade muscular, tornando-se uma alternativa terapêutica importante (Costa et al., 2018).
A utilização da Toxina Botulínica A é comum nos músculos centrais que desempenham papel na disfunção temporomandibular (DTM), como o masseter e o temporal. Além disso, sua aplicação nos músculos pterigoideos também se mostrou eficaz no manejo da DTM, oferecendo alívio aos pacientes que sofrem com essa condição (Sales et al., 2020).
Apesar de sua ampla utilização, a eficácia e a segurança da toxina botulínica no tratamento da dor relacionada à DTM continuam a ser discutidas. Foi realizada uma revisão sistemática com o intuito de analisar a efetividade dessa abordagem, focando em estudos controlados e randomizados. No entanto, as evidências obtidas foram limitadas e apresentaram baixo nível de confiabilidade. Embora a TxB-A tenha se mostrado mais eficaz do que o placebo na diminuição da dor, é fundamental que novos estudos sejam realizados para oferecer dados mais robustos sobre a eficácia e segurança da toxina botulínica no tratamento da DTM dolorosa (Dos Santos Souza et al., 2024).
2.3 Segurança e efeitos colaterais da toxina botulínica no tratamento da disfunção temporomandibular
A toxina botulínica é uma alternativa terapêutica eficaz para a disfunção temporomandibular, mas possui uma desvantagem importante: sua eficácia não é duradoura. Isso implica que é necessário realizar aplicações periódicas em doses elevadas, o que pode resultar em uma redução dos efeitos analgésicos ao longo do tempo. Adicionalmente, esse tipo de tratamento pode apresentar algumas limitações e ocasionar efeitos colaterais, embora estes sejam geralmente raros e temporários. Quando surgem, os efeitos indesejados costumam ser leves e não trazem grandes complicações aos pacientes (Da Silva et al., 2024).
Klein (2015) menciona que algumas complicações podem surgir após a aplicação de TxB-A nos músculos responsáveis pela mastigação durante o tratamento da DTM, como dor nos músculos, dificuldades na fala e na mastigação, além de possíveis alterações faciais. Embora sejam relativamente incomuns, reações imunológicas, como o desenvolvimento de anticorpos e reações alérgicas cutâneas, podem ocorrer. De acordo com o autor, esses efeitos adversos costumam ser temporários, com duração que varia de 1 a 4 semanas após a injeção. É essencial levar em conta essas complicações ao ponderar os riscos e benefícios da toxina botulínica no tratamento das dores relacionadas à articulação temporomandibular.
Apesar de serem incomuns, efeitos adversos como fraqueza muscular passageira, dor na área da injeção e reações alérgicas podem ocorrer em decorrência do tratamento com toxina botulínica. Entretanto, a aplicação terapêutica dessa substância para distúrbios temporomandibulares representa uma alternativa promissora na gestão dos sintomas. É crucial, no entanto, avaliar de forma cuidadosa as vantagens e desvantagens dessa técnica em relação a outras opções de tratamento disponíveis, assegurando assim a seleção da melhor abordagem terapêutica para cada paciente (Calis et al., 2019).
Pesquisas, como a realizada por Huamani et al. (2017), indicam que a toxina botulínica (TB) não causa efeitos colaterais sistêmicos ou duradouros. Contudo, é importante salientar que a TB possui características imunogênicas, o que implica que pode provocar a produção de anticorpos em resposta ao contato com o complexo proteico da neurotoxina. Esses anticorpos podem ser classificados como neutralizantes ou não neutralizantes. Os primeiros podem interferir na eficácia do medicamento, enquanto os últimos não impactam a ação da toxina botulínica.
Em relação às contraindicações da TxB-A, Cazumbá et al. (2017) ressaltam que seu emprego é desaconselhado em indivíduos que apresentem problemas neuromusculares, como distúrbios na transmissão neuromuscular e doenças autoimunes adquiridas, entre elas a miastenia gravis. Isso acontece porque essas condições influenciam a liberação de acetilcolina na área pré-sináptica da junção neuromuscular, o que pode intensificar os efeitos da toxina botulínica e elevar o risco de complicações. Assim, é essencial realizar uma avaliação cuidadosa da presença de transtornos neuromusculares antes de considerar a toxina botulínica como opção de tratamento.
Na área da segurança e dos efeitos adversos, a odontologia contemporânea busca priorizar intervenções pouco invasivas, que garantem uma rápida recuperação e resultados positivos. Nesse contexto, o uso da toxina botulínica surgiu como uma alternativa eficaz no tratamento da disfunção temporomandibular (DTM). Entretanto, é fundamental entender que a DTM possui múltiplas causas, o que implica que seu tratamento não deve ser realizado de maneira isolada (Delgado et al., 2015).
3. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado por meio de uma revisão de literatura narrativa. Para a sua execução, foram utilizadas bases de dados digitais, incluindo a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e a Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando termos de busca em português e inglês. Adicionalmente, a pesquisa também abrangeu a plataforma U.S. National Library of Medicine (PubMed).
Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em português ou inglês, disponíveis integralmente em formato eletrônico, pertinentes ao tema Toxina botulínica na harmonização orofacial e suas principais complicações e dentro do recorte temporal de 2015 a 2025. Por outro lado, os critérios de exclusão abrangeram artigos duplicados, fora do escopo dos descritores e objetivos, ou que não correspondiam ao período e à temática definidos.
4. DISCUSSÃO
A disfunção temporomandibular (DTM) é uma condição multifacetada que atinge um crescente número de indivíduos globalmente. O tratamento dessa condição apresenta desafios, exigindo múltiplas estratégias terapêuticas. A TxB-A surge como uma alternativa encorajadora, gerando discussões entre os profissionais de saúde. A análise das publicações existentes demonstra diversos métodos que exploram sua efetividade na diminuição da dor e na melhoria da funcionalidade da mandíbula (Couto et al., 2022).
Conforme a investigação conduzida por Dos Santos Souza e colaboradores (2024), o uso da toxina botulínica no tratamento de disfunções temporomandibulares (DTM) vai além de um simples alívio temporário, podendo oferecer uma redução significativa dos sintomas. Essa conclusão corrobora estudos anteriores que evidenciam a habilidade da TxB-A em inibir a liberação de acetilcolina, levando a uma diminuição da atividade nos músculos responsáveis pela mastigação.
Viana (2024) explora como a TxB-A atua, destacando seu papel na inibição de mediadores inflamatórios. Essa visão se soma à investigação realizada por Ferreira et al. (2022), que enfatiza a necessidade de uma estratégia integrada para diagnosticar e tratar as DTM. Tal abordagem é fundamental para uma identificação correta das origens da dor.
Ferreira et al. (2022) destacam a importância de uma coleta de anamneses detalhadas e de exames de imagem para assegurar um diagnóstico preciso das disfunções temporomandibulares. As orientações apresentadas são compatíveis com a ideia de Da Silva et al. (2024), que defende que qualquer intervenção deve ocorrer somente após uma compreensão adequada das condições que estão na base do problema.
A análise da literatura feita neste estudo enfatiza a importância de fundamentar o tratamento em dados científicos. Esse ponto de vista é reforçado por Sales et al. (2020), que abordam a relevância de evidências sólidas para respaldar a utilização da TxB-A como uma alternativa terapêutica para DTM.
De acordo com os estudos de De Carvalho et al. (2020), a utilização da toxina botulínica tem demonstrado um aumento considerável. Essa tendência é atribuída à sua efetividade e ao aumento da aprovação entre os profissionais de saúde que lidam com DTM. O reconhecimento da TxB-A como um recurso importante enfatiza a importância de realizar mais pesquisas para confirmar sua utilização.
Segundo a análise de De Mendonça et al. (2024), é fundamental que os dentistas sejam adequadamente treinados para manusear a toxina botulínica. A atualização profissional é um elemento essencial que deve ser incorporado à formação dos profissionais, assegurando assim a aplicação segura e eficiente dos tratamentos.
Os possíveis efeitos adversos relacionados ao uso da toxina botulínica exigem atenção cuidadosa. Vieira et al. (2023) enfatiza a importância de um acompanhamento rigoroso dos pacientes para prevenir complicações. Essa recomendação é reforçada pelos avisos de Ferreira et al. (2022), evidenciando que o tratamento das DTM com TxB-A deve ser ajustado e personalizado de acordo com o perfil de cada paciente.
Couto et al. (2022) defendem que a toxina botulínica pode apresentar benefícios em comparação a métodos tradicionais, como fisioterapia e medicamentos para dor, ao proporcionar resultados mais ágeis e duradouros. Essa afirmação estimula a busca por novas estratégias tanto diagnósticas quanto terapêuticas.
A interdisciplinaridade aparece com frequência na literatura relacionada à DTM. Segundo Calis et al. (2019), é fundamental que o tratamento seja realizado de forma coordenada entre diversas especialidades, como odontologia, fisioterapia e medicina. Essa parceria é crucial para desenvolver um protocolo de tratamento integrado, levando em conta a complexidade da DTM.
As pesquisas examinadas indicam que os indivíduos que foram tratados com injeções de toxina botulínica relataram uma redução considerável na dor, como apontado por De Carvalho et al. (2020) e apoiado por Dos Santos Souza et al. (2024). Essa reação benéfica sugere que a TxB-A pode ser uma opção eficaz em situações em que os métodos tradicionais não tiveram sucesso.
Vale ressaltar que a eficácia da TxB-A vai além do simples alívio da dor De Mendonça et al. (2024) destacam que a melhoria na função mandibular e na qualidade de vida dos pacientes é um dos principais objetivos do tratamento. Esse fator adiciona uma perspectiva mais humana ao processo de cuidado, realçando a vivência do paciente.
Apesar de a literatura ressaltar a eficácia da TxB-A, Goés (2018) também destaca as limitações e os perigos envolvidos. A análise desses pontos deve ser uma parte fundamental da consulta, possibilitando que os pacientes façam escolhas conscientes sobre seu tratamento.
A efetividade da toxina botulínica ao longo do tempo ainda é um campo de pesquisa em progresso. A análise de estudos existentes indica que são necessárias investigações adicionais para compreender a persistência dos resultados. Isso enfatiza a relevância de estudos de longo prazo.
Sandrini et al. (2022) conduziram uma análise das meta-análises existentes, indicando que, embora existam evidências encorajadoras, a qualidade dos métodos utilizados nos estudos é inconsistente. Essa situação destaca a urgência de estabelecer normas mais rigorosas para investigações futuras sobre a utilização da TxB-A. Além disso, a aplicação da toxina botulínica levanta dilemas éticos que precisam ser avaliados. Ferreira e seus parceiros (2022) defendem que a prática odontológica deve ser mantida com base em princípios éticos, especialmente no contexto de tratamentos inovadores.
As informações coletadas sugerem que a pesquisa a respeito da toxina botulínica precisa ser ampliada. É recomendável, conforme apontado por De Carvalho et al. (2020), que haja investigações sobre variados protocolos de tratamento, além de comparações com outras abordagens.
A aplicação de TxB-A na disfunção temporomandibular (DTM) marca um progresso importante na odontologia, oferecendo uma alternativa terapêutica que anteriormente não estava amplamente acessível. Essa melhoria surge como uma resposta à demanda por métodos inovadores para o tratamento de condições crônicas. De acordo com Ferreira et al. (2022), a adoção de protocolos fundamentados em evidências é essencial para comprovar a eficácia da toxina botulínica. Isso exige uma colaboração constante entre pesquisadores e profissionais da clínica para garantir que as práticas mais eficazes sejam implementadas.
5. CONCLUSÃO
Chegamos à conclusão de que a aplicação da toxina botulínica no tratamento da disfunção temporomandibular (DTM) se revela uma estratégia terapêutica eficiente e moderna, oferecendo alívio considerável da dor e aprimorando a função da mandíbula em indivíduos afetados. O modo de ação da TxB-A, que consiste na supressão da liberação de neurotransmissores e substâncias inflamatórias, propicia um relaxamento dos músculos, essencial para o controle das dores crônicas ligadas à DTM.
Pesquisas recentes mostram que, quando utilizada de maneira adequada nos músculos da mastigação, a toxina pode aliviar a tensão e a dor muscular, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos pacientes. Contudo, é essencial que os dentistas estejam bem treinados e informados sobre os casos em que a toxina é indicada ou contraindicado, além das técnicas corretas para sua aplicação, a fim de assegurar resultados eficazes e seguros. Embora traga benefícios, o uso da toxina botulínica também pode ter limitações e efeitos colaterais, que precisam ser levados em conta na análise do tratamento
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1Discente do Curso Superior de odontologia Faculdade Edufor Campus Turu e-mail: luannadecassia@hotmail.com
2Docente do Curso Superior de odontologia Faculdade Edufor Campus Turu e-mail: francilena.dias@edufor.edu.br