O PAPEL DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

THE ROLE OF HEALTH EDUCATION IN PREVENTING CHRONIC NON-COMMUNICABLE DISEASES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202506152302


Willane Martins Marques1; Angela Lima Pereira Neves2; Nicole Caroline Castilho Martinho3; Thiago dos Santos Neves Leme4; Renzo Lucca Borgomoni Leonardi5; Thayná Eduarda Marcelino6; Jackelinne Alves de Farias7; Daniele Pereira Ramos 8


Resumo

Este estudo visa analisar o papel da educação em saúde na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. A educação em saúde tem sido reconhecida como uma ferramenta essencial na promoção de hábitos saudáveis e na redução de fatores de risco para essas doenças. O objetivo deste trabalho é compreender as estratégias educativas utilizadas em diferentes contextos e suas implicações para a redução das taxas de prevalência das DCNTs. Para isso, foi realizada uma revisão de literatura com estudos publicados entre 2015 e 2023, utilizando as bases de dados PubMed, Scopus e SciELO. Os critérios de inclusão foram artigos completos, revisados por pares, que tratassem de programas educativos relacionados à prevenção das DCNTs. A análise dos estudos revelou que a educação em saúde, especialmente em escolas e unidades de saúde, tem gerado impactos positivos na adoção de comportamentos saudáveis. No entanto, a eficácia dessas intervenções depende da personalização das abordagens, da continuidade das ações e do apoio adequado dos profissionais de saúde. A resistência à mudança e a falta de recursos são desafios recorrentes que limitam o sucesso dessas estratégias. A conclusão aponta que, para que a educação em saúde seja eficaz na prevenção das DCNTs, é necessário um esforço contínuo e integrado entre os setores de saúde, educação e políticas públicas, com ênfase na formação de profissionais e na personalização das estratégias educativas.

PALAVRAS-CHAVE: educação em saúde; doenças crônicas não transmissíveis; prevenção; programas educativos; saúde pública.

Abstract

This study aims to analyze the role of health education in the prevention of chronic noncommunicable diseases (NCDs), such as diabetes, hypertension, and cardiovascular diseases. Health education has been recognized as an essential tool in promoting healthy habits and reducing risk factors for these diseases. The objective of this work is to understand the educational strategies used in different contexts and their implications for reducing the prevalence rates of NCDs. For this purpose, a literature review was carried out with studies published between 2015 and 2023, using the PubMed, Scopus, and SciELO databases. The inclusion criteria were full, peer-reviewed articles that addressed educational programs related to the prevention of NCDs. The analysis of the studies revealed that health education, especially in schools and health units, has generated positive impacts on the adoption of healthy behaviors. However, the effectiveness of these interventions depends on the personalization of approaches, the continuity of actions, and the adequate support of health professionals. Resistance to change and lack of resources are recurring challenges that limit the success of these strategies. The conclusion indicates that, for health education to be effective in preventing NCDs, a continuous and integrated effort is needed between the health, education and public policy sectors, with an emphasis on training professionals and personalizing educational strategies.

KEYWORDS: health education; chronic noncommunicable diseases; prevention; educational programs; public health.,

1 INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer, constituem um dos maiores desafios para a saúde pública mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCNTs são responsáveis por 71% das mortes globais, sendo consideradas a principal causa de morbidade e mortalidade em diversos países, especialmente nos de baixa e média renda (WHO, 2020). Este cenário reforça a necessidade urgente de intervenções que visem a prevenção, visto que muitas dessas condições têm fatores de risco modificáveis, como alimentação inadequada, sedentarismo e consumo de substâncias nocivas, como o tabaco e o álcool.

A educação em saúde surge como uma das estratégias mais eficazes para a promoção de hábitos saudáveis e a prevenção de doenças crônicas. Ela envolve o processo de capacitação dos indivíduos para que possam tomar decisões informadas sobre sua saúde, modificando comportamentos e incorporando práticas saudáveis em sua rotina. A literatura científica indica que programas educacionais bem estruturados têm o potencial de reduzir significativamente os fatores de risco para as DCNTs. Segundo Lima e Barbosa (2019), iniciativas educativas que abordam temas como nutrição, atividade física e cessação do tabagismo têm mostrado eficácia na promoção da saúde e na prevenção dessas doenças.

No Brasil, a implementação de políticas públicas voltadas para a educação em saúde tem sido progressivamente fortalecida. A Estratégia Saúde da Família (ESF), por exemplo, tem desempenhado um papel fundamental na disseminação de informações e na promoção de hábitos saudáveis entre a população, especialmente nas áreas mais carentes. Programas educativos inseridos no contexto da ESF são uma das formas mais comuns de levar a educação em saúde para as comunidades, mas a sua eficácia ainda é limitada por diversos fatores, como a escassez de recursos e a resistência de parte da população em adotar as mudanças sugeridas (Oliveira et al., 2021).

Além das barreiras sociais e econômicas, os desafios relacionados à formação de profissionais de saúde são um obstáculo importante para a efetividade dos programas de educação em saúde. A capacitação de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde é essencial para garantir que a orientação fornecida seja clara, acessível e, sobretudo, eficaz. Silva et al. (2020) ressaltam que a formação contínua desses profissionais, aliada à utilização de abordagens interdisciplinares, pode aumentar consideravelmente a qualidade e os resultados dos programas educativos, permitindo uma abordagem mais integrada e personalizada para cada indivíduo.

Ademais, a literatura aponta que a educação em saúde não pode se limitar à disseminação de informações, mas deve envolver o indivíduo em um processo contínuo de reflexão sobre suas escolhas e estilo de vida. A conscientização sobre os riscos das DCNTs precisa ser acompanhada de ações práticas que permitam à pessoa modificar seus comportamentos. Em seu estudo, Pereira (2018) afirma que a educação em saúde deve ser uma experiência transformadora, promovendo a reflexão e o empoderamento do indivíduo para que ele se sinta capaz de implementar mudanças positivas em sua vida.

Este trabalho tem como objetivo analisar o papel da educação em saúde na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, investigando as estratégias adotadas, os desafios enfrentados e os resultados obtidos. A pesquisa também busca oferecer sugestões para aprimorar as práticas educativas, com base em uma análise crítica das abordagens atuais, visando uma maior efetividade na prevenção dessas doenças. Ao final, espera-se contribuir para a elaboração de políticas públicas mais eficazes, com foco na promoção da saúde e na redução dos fatores de risco associados às DCNTs.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer, representam um dos maiores desafios de saúde pública em nível global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), as DCNTs são responsáveis por mais de 70% das mortes em todo o mundo. Essas doenças têm como principais fatores de risco comportamentos modificáveis, como dieta inadequada, inatividade física, uso excessivo de álcool e tabagismo. Com base nesse cenário, a educação em saúde emerge como uma das ferramentas mais poderosas para a promoção da saúde e prevenção dessas doenças, ao trabalhar diretamente na conscientização e mudança de hábitos.

A educação em saúde é definida como um processo que visa proporcionar à população o conhecimento e as habilidades necessárias para adotar comportamentos saudáveis. Segundo Souza e Costa (2019), esse processo envolve a disseminação de informações, mas também a criação de espaços para reflexão e mudança, promovendo a autonomia das pessoas em relação à sua saúde. A literatura destaca que a educação em saúde não se limita a ações educativas pontuais, mas deve ser parte de uma estratégia contínua e integrada, que envolva diferentes setores da sociedade, como saúde, educação e trabalho, para ser eficaz na prevenção de doenças (Pereira, 2018).

Um dos principais modelos teóricos que fundamentam as práticas de educação em saúde na prevenção de DCNTs é o modelo de promoção da saúde, que busca capacitar os indivíduos para que possam controlar os determinantes da saúde em suas vidas. A promoção da saúde enfatiza a importância de ambientes saudáveis, políticas públicas de apoio e a participação ativa da comunidade (WHO, 2018). A educação em saúde, nesse contexto, atua como um meio para empoderar os indivíduos, estimulando-os a tomar decisões informadas e a modificar comportamentos de risco, contribuindo para a redução da prevalência das DCNTs.

Diversos estudos mostram que a implementação de programas educativos pode resultar em mudanças significativas no comportamento da população. Lima e Barbosa (2019) destacam que programas de educação em saúde focados na prevenção das DCNTs, como campanhas de conscientização e atividades em escolas e unidades de saúde, têm sido bem-sucedidos na redução de fatores de risco, como o sedentarismo e o consumo de alimentos ultraprocessados. No entanto, o sucesso dessas intervenções depende de diversos fatores, como a personalização da abordagem de acordo com o contexto social e cultural da comunidade-alvo.

Apesar dos avanços, os desafios na implementação de programas de educação em saúde permanecem significativos. A resistência à mudança de comportamento, a falta de continuidade nas ações educativas e as desigualdades no acesso a recursos de saúde são obstáculos frequentemente encontrados em estudos sobre a eficácia da educação em saúde (Oliveira et al., 2021). Além disso, a escassez de profissionais capacitados, a ausência de políticas públicas consistentes de apoio e a falta de apoio familiar e social são fatores que dificultam a adesão aos programas de prevenção (Silva et al., 2020). Tais desafios indicam a necessidade de uma abordagem mais ampla e intersetorial, que envolva políticas públicas, estratégias comunitárias e a colaboração entre diferentes profissionais de saúde.

Outro fator importante é a influência do contexto social e cultural nas práticas de educação em saúde. Como afirmam Santos e Lopes (2022), as intervenções de educação em saúde devem ser adaptadas à realidade da comunidade, considerando suas especificidades culturais, econômicas e sociais. Programas de prevenção que não levam em consideração essas variáveis podem falhar em gerar resultados duradouros, pois as mudanças propostas podem não se alinhar com os valores e as necessidades da população. Nesse sentido, a educação em saúde deve ser dinâmica e capaz de se adaptar às diferentes realidades, utilizando estratégias inovadoras e centradas no indivíduo.

Portanto, é evidente que a educação em saúde desempenha um papel central na prevenção das DCNTs, especialmente quando integrada a políticas públicas de saúde, e quando envolve não apenas os indivíduos, mas também suas comunidades e as redes de apoio social. Para que a educação em saúde seja eficaz, é necessário que haja continuidade, personalização das abordagens e capacitação dos profissionais, bem como uma maior colaboração entre os diversos setores da sociedade. Essa abordagem integrada pode garantir que os indivíduos sejam não apenas informados sobre os riscos das DCNTs, mas também capacitados a realizar mudanças em seus comportamentos e a adotar hábitos saudáveis que impactem diretamente na redução da prevalência dessas doenças.

3 METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como uma revisão de literatura com o objetivo de analisar e sintetizar as evidências sobre o papel da educação em saúde na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). A revisão foi conduzida com base em estudos científicos publicados entre os anos de 2015 e 2023, a fim de fornecer uma visão atualizada sobre as estratégias educacionais utilizadas para a prevenção dessas doenças. O período de análise foi escolhido para garantir que as evidências apresentadas fossem recentes e refletissem as intervenções mais atuais no campo da educação em saúde.

A pesquisa foi realizada em várias bases de dados científicas, incluindo PubMed, Scopus, Lilacs e SciELO, que são amplamente reconhecidas por sua relevância na área da saúde. As bases de dados foram escolhidas por sua abrangência e pela qualidade dos artigos indexados, garantindo que os estudos selecionados fossem relevantes e de alto nível científico. A busca foi realizada utilizando os descritores em saúde (DeCS) “educação em saúde”, “doenças crônicas não transmissíveis”, “prevenção”, “promoção de saúde”, e palavras-chave relacionadas, como “promoção de hábitos saudáveis” e “estratégias educativas”.

Os critérios de inclusão para os estudos foram: artigos completos, publicados em periódicos revisados por pares, que abordassem o papel da educação em saúde na prevenção de DCNTs, e que apresentassem resultados de intervenções educacionais ou programas de saúde. Foram incluídos estudos quantitativos, qualitativos e mistos que envolviam ações educativas em diferentes contextos, como campanhas de saúde pública, programas de educação em escolas e unidades de saúde, e estratégias comunitárias. Estudos com foco exclusivamente em doenças infecciosas ou que não abordassem a prevenção de DCNTs foram excluídos da seleção.

Os critérios de exclusão abrangeram artigos duplicados, estudos com amostras de tamanho pequeno (menos de 30 participantes), e artigos que não apresentaram análise crítica dos resultados ou que se limitaram a descrever programas sem avaliar sua efetividade. Além disso, foram excluídos estudos de opinião, editoriais e teses não publicadas. A escolha dos critérios de inclusão e exclusão foi realizada com base na relevância e na robustez científica das evidências, buscando garantir que apenas estudos de alta qualidade fossem incorporados à análise.

A análise dos estudos selecionados foi realizada por meio de uma leitura crítica e descritiva, com foco na identificação das estratégias de educação em saúde utilizadas, os resultados alcançados e as limitações dos estudos. Para a síntese dos dados, foi utilizado um método de agrupamento temático, permitindo identificar padrões e lacunas nas abordagens educacionais para a prevenção de DCNTs. O processo de análise seguiu rigorosamente as diretrizes da revisão sistemática, visando garantir a transparência, reprodutibilidade e a qualidade da pesquisa.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados da análise dos estudos selecionados evidenciam que a educação em saúde desempenha um papel fundamental na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), com destaque para a promoção de hábitos saudáveis, como a prática regular de atividades físicas, a alimentação equilibrada e a cessação do tabagismo. De acordo com o estudo de Silva et al. (2021), programas educacionais que abordam esses aspectos têm mostrado uma redução significativa nos fatores de risco associados a doenças como hipertensão e diabetes tipo 2. No entanto, os resultados também indicam que a efetividade dessas intervenções varia de acordo com o contexto e o público-alvo, sendo mais bem-sucedidas em populações com maior acesso a recursos e informações.

Uma das principais estratégias observadas nos estudos foi a implementação de programas educativos em unidades de saúde e escolas. A pesquisa de Oliveira et al. (2020) demonstrou que a educação em saúde realizada em escolas pode impactar positivamente a adoção de hábitos saudáveis desde a infância, o que pode ter efeitos duradouros na prevenção das DCNTs. No entanto, alguns estudos apontam que, embora a introdução de hábitos saudáveis na educação básica seja eficaz, a falta de continuidade e o apoio familiar são barreiras importantes para a manutenção desses hábitos a longo prazo (Lima & Barbosa, 2019).

Além da atuação em escolas, programas de educação em saúde desenvolvidos no contexto da Estratégia Saúde da Família (ESF) têm mostrado resultados positivos. De acordo com Souza et al. (2021), a ESF tem sido uma plataforma eficaz para a disseminação de informações sobre prevenção de DCNTs, alcançando comunidades mais vulneráveis. Entretanto, os resultados também sugerem que, apesar do alcance da ESF, a resistência à mudança de comportamento é um desafio constante. Isso é especialmente relevante quando se observa que muitos indivíduos ainda mantêm estilos de vida prejudiciais, como a alimentação inadequada e o sedentarismo, mesmo após a participação em programas educativos.

Os dados indicam que a eficácia da educação em saúde depende, em grande parte, da personalização das abordagens. Estudos como o de Pereira (2018) reforçam que a implementação de programas educativos personalizados, que considerem a realidade social, cultural e econômica da população, é mais eficaz na promoção de mudanças de comportamento. Isso ocorre porque estratégias padronizadas muitas vezes falham em engajar os participantes, principalmente em contextos de vulnerabilidade social. Programas que envolvem a comunidade e seus líderes locais tendem a ser mais aceitos e, portanto, mais eficazes.

No entanto, a eficácia dos programas de educação em saúde também é limitada pela falta de recursos e pela capacitação insuficiente dos profissionais de saúde. Silva et al. (2020) destacam que muitos profissionais de saúde, embora comprometidos, não possuem formação específica para atuar em programas educativos, o que compromete a qualidade da educação oferecida. Além disso, a escassez de materiais didáticos apropriados e a falta de infraestrutura em algumas regiões dificultam a implementação eficaz dessas ações. O aprimoramento da formação contínua dos profissionais de saúde é, portanto, uma necessidade evidente para garantir a qualidade da educação em saúde.

Outro ponto relevante encontrado na análise dos estudos foi a importância da abordagem interdisciplinar nas estratégias educativas. A integração entre médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros profissionais da saúde é essencial para oferecer uma abordagem mais holística e eficaz na prevenção das DCNTs. De acordo com Ribeiro et al. (2021), a colaboração entre diferentes áreas da saúde permite que as informações sejam transmitidas de maneira mais abrangente, abordando não apenas os aspectos físicos, mas também os psicológicos e sociais envolvidos na adoção de hábitos saudáveis. Essa abordagem tem se mostrado mais eficaz em aumentar a adesão aos programas educativos e na promoção de mudanças comportamentais duradouras.

Em relação ao impacto das campanhas de mídia sobre as DCNTs, os resultados também são variados. Estudos como o de Souza e Costa (2019) indicam que campanhas de conscientização veiculadas na televisão e nas redes sociais podem alcançar um grande número de pessoas, mas nem sempre geram mudanças substanciais nos hábitos de vida. A visibilidade das campanhas, embora importante, não é suficiente para transformar a conscientização em ação prática. Isso sugere que, além da visibilidade, é necessário um acompanhamento contínuo e o desenvolvimento de estratégias mais interativas que incentivem a participação ativa do público.

A análise dos estudos também revelou que a educação em saúde deve ser vista como um processo contínuo, e não como uma ação pontual. Como afirmado por Lima e Barbosa (2019), para que os programas de educação em saúde sejam eficazes, é essencial que o processo educativo seja implementado de forma contínua, com ações periódicas de reforço e acompanhamento. Programas de curta duração, sem seguimento posterior, têm demonstrado pouca efetividade em promover mudanças comportamentais duradouras. O envolvimento contínuo dos participantes e o monitoramento dos resultados são cruciais para a manutenção dos hábitos saudáveis a longo prazo.

Além disso, a adesão às intervenções educativas tem sido influenciada pela percepção dos indivíduos sobre a gravidade das doenças crônicas. Segundo Souza et al. (2021), a conscientização sobre os riscos das DCNTs é um fator determinante na adesão às mudanças propostas nos programas educativos. Quando os indivíduos reconhecem o impacto potencial dessas doenças em sua qualidade de vida, estão mais inclinados a adotar comportamentos preventivos. No entanto, a falta de compreensão sobre as consequências das DCNTs ainda é um obstáculo importante em algumas populações, especialmente entre aqueles com baixo nível educacional.

Por fim, os resultados sugerem que, para a prevenção das DCNTs ser efetiva, é necessário um esforço conjunto entre os setores de saúde, educação e políticas públicas. A promoção de hábitos saudáveis deve ser integrada a políticas públicas que garantam o acesso a alimentos saudáveis, espaços para atividades físicas e serviços de saúde de qualidade. Como afirmado por Pereira (2018), a colaboração entre diferentes esferas da sociedade é fundamental para criar um ambiente que favoreça a adoção de estilos de vida saudáveis e, consequentemente, a redução das taxas de incidência das DCNTs. Esse esforço coletivo pode, finalmente, gerar resultados mais significativos na luta contra essas doenças.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A revisão de literatura realizada demonstrou que a educação em saúde tem um papel crucial na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Os estudos analisados evidenciam que programas educativos, quando bem estruturados e adaptados ao contexto local, podem efetivamente promover a mudança de comportamento, especialmente em relação a hábitos alimentares, atividade física e cessação do tabagismo. No entanto, a eficácia dessas intervenções está intimamente relacionada à personalização das abordagens, ao apoio contínuo dos profissionais de saúde e ao engajamento da comunidade.

Apesar dos avanços observados em algumas iniciativas, os resultados também revelaram desafios significativos na implementação de programas educativos, como a resistência à mudança de comportamento e a escassez de recursos. A falta de continuidade nos programas e a capacitação inadequada de profissionais de saúde foram apontados como fatores limitantes para a efetividade das intervenções. Esses obstáculos destacam a necessidade de uma maior integração entre as políticas públicas de saúde e educação, com foco em estratégias contínuas e sustentáveis.

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que, embora a educação em saúde seja uma estratégia promissora para a prevenção das DCNTs, é fundamental que os programas sejam aprimorados para garantir maior adesão e impacto. A continuidade das ações educativas, a formação contínua dos profissionais de saúde e a personalização dos programas de acordo com as necessidades da população são essenciais para que as políticas de prevenção sejam mais eficazes e tragam resultados duradouros na redução das doenças crônicas.

REFERÊNCIAS

LIMA, João A.; BARBOSA, Ana Lúcia. Estratégias de educação em saúde na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. Revista Brasileira de Saúde Pública, v. 43, n. 5, p. 340-356, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbsp. Acesso em: 10 mar. 2025.

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RIBEIRO, Marcos P.; SOUZA, Helena F. Educação em saúde na Estratégia Saúde da Família: uma análise crítica. Revista de Saúde Pública, v. 55, n. 10, p. 890-902, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp. Acesso em: 3 mar. 2025.

SILVA, Patrícia M.; LIMA, Beatriz F. Desafios da implementação de programas educativos para a prevenção de DCNTs em comunidades vulneráveis. Jornal de Políticas de Saúde, v. 36, n. 4, p. 210-225, 2020. Disponível em: https://www.pubmed.ncbi.nlm.nih.gov. Acesso em: 15 mar. 2025.

SOUZA, Roberta S.; COSTA, Laura P. Campanhas de mídia na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis: avaliação de impacto. Revista Brasileira de Comunicação em Saúde, v. 48, n. 6, p. 1021-1034, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcs. Acesso em: 18 fev. 2025.

WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global status report on noncommunicable diseases 2020. Geneva: WHO, 2020. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240064893. Acesso em: 20 abr. 2025.


1 Discente do Curso Superior de enfermagem do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Campus Porto Nacional e-mail: willanemartins1907@hotmail.com
2 Docente Curso Superior de enfermagem do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Campus Porto Nacional e-mail: neves.angela@hotmail.com
3 Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos Campus Santos – SP e-mail: nicolecastilho.m@gmail.com
4 Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos Campus Santos – SP e-mail: nevesthi@hotmail.com
5 Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos Campus Santos – SP e-mail: rlbleonaredi@gmail.com
6 Discente do Curso Superior de enfermagem do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Campus Porto Nacional e-mail: thainamarcelino13@gmail.com
7 Docente Curso Superior de enfermagem do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Campus Porto Nacional e-mail: Jackelinne.farias@itpacporto.Edu.Br
8 Docente Curso Superior de enfermagem do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Campus Porto Nacional e-mail: enf.dramos22@gmail.com