REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202506122019
Alana Chagas Schuvaizerski1; Ana Luísa Costa Santiago2; Danielle Françoia Fialho3; Laís Eduarda da Silva Zaluski4; Nathália Elisa Pereira da Silva5; PROFESSORES RESPONSÁVEIS: Profª Laura de Moura Rodrigues; Profª Rubia Hiromi Guibo Guarizi; Prof Fabrício Vieira Cavalcante
RESUMO
Este estudo, elaborado sob a forma de revisão sistemática da literatura, tem como objetivo analisar a importância da fisioterapia pélvica no tratamento do vaginismo, destacando sua eficácia na promoção da função sexual e qualidade de vida das mulheres acometidas por essa disfunção. A pesquisa foi conduzida por meio da análise de publicações científicas indexadas nas bases de dados SciELO, PubMed, BVS e PEDro. A análise abrangeu 11 estudos publicados entre 2005 e 2024, com diferentes delineamentos metodológicos, em português, inglês e espanhol. A seleção dos artigos considerou como critérios de inclusão pesquisas com delineamentos clínicos e qualitativos que abordassem intervenções fisioterapêuticas no vaginismo. Os resultados apontaram que a fisioterapia pélvica, por meio de recursos como biofeedback, exercícios de dessensibilização com dilatadores, eletroestimulação funcional e terapia manual, tem se mostrado eficaz na redução da dor, no ganho de consciência corporal e na retomada da penetração vaginal sem dor. Observou-se ainda que os melhores desfechos ocorreram quando as abordagens fisioterapêuticas foram associadas a estratégias educacionais e suporte psicossocial, realçando a importância de uma conduta multidisciplinar. Conclui-se que a fisioterapia pélvica se configura como uma abordagem segura e baseada em evidências para o manejo do vaginismo, embora se ressalte a necessidade de mais estudos com rigor metodológico para padronizar protocolos de atendimento e ampliar a compreensão sobre os mecanismos envolvidos na eficácia terapêutica.
Palavras-chave: Vaginismo. Fisioterapia Pélvica. Disfunções Sexuais. Saúde da Mulher. Tratamento fisioterapêutico.
ABSTRACT
This study, developed as a systematic literature review, aims to analyze the importance of pelvic physiotherapy in the treatment of vaginismus, highlighting its effectiveness in promoting sexual function and quality of life in women affected by this dysfunction. The research was conducted through the analysis of scientific publications indexed in the SciELO, PubMed, BVS, and PEDro databases. The review included 11 studies published between 2005 and 2024, with different methodological designs, in Portuguese, English, and Spanish. The inclusion criteria comprised clinical and qualitative studies addressing physiotherapeutic interventions for vaginismus. The results indicated that pelvic physiotherapy, through resources such as biofeedback, desensitization exercises with dilators, functional electrical stimulation, and manual therapy, has proven effective in reducing pain, improving body awareness, and restoring pain-free vaginal penetration. It was also observed that the best outcomes occurred when physiotherapeutic approaches were associated with educational strategies and psychosocial support, emphasizing the importance of a multidisciplinary approach. It is concluded that pelvic physiotherapy is a safe and evidence-based therapeutic approach for the management of vaginismus, although further studies with greater methodological rigor are needed to standardize treatment protocols and deepen the understanding of the mechanisms involved in therapeutic efficacy.
Keywords: Vaginismus. Pelvic Physiotherapy. Sexual Dysfunctions. Women’s Health. Physiotherapy treatment.
INTRODUÇÃO
A saúde sexual é reconhecida como um dos pilares da saúde integral, sendo incluída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no conceito ampliado de bem-estar físico, mental e social. Essa dimensão, contudo, historicamente sofreu com negligência, sobretudo no que se refere às mulheres, cujas demandas sexuais foram frequentemente invisibilizadas ou reduzidas a aspectos reprodutivos (LATORRE et al., 2020). Ainda hoje, muitas disfunções sexuais femininas permanecem subdiagnosticadas ou mal compreendidas, sendo o vaginismo uma das mais subestimadas.
O vaginismo é uma disfunção sexual feminina caracterizada pela contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico, que impede ou dificulta a penetração vaginal, seja durante a relação sexual, uso de absorventes internos ou realização de exames ginecológicos. Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), a condição é classificada dentro do espectro das disfunções de dor genito-pélvica/penetração. Essa contração, geralmente acompanhada de dor, medo e ansiedade, pode ser primária (quando presente desde o início da vida sexual) ou secundária (após um período de atividade sexual sem dor).
Estudos estimam que entre 1% e 6% das mulheres no mundo são acometidas por vaginismo, embora os dados variem amplamente devido à subnotificação, ao estigma e à ausência de protocolos clínicos padronizados para diagnóstico e tratamento (NOGUEIRA et al., 2020). No Brasil, dados específicos sobre prevalência ainda são escassos, o que reforça a necessidade de ampliar o debate sobre o tema, sobretudo nos contextos clínico e acadêmico.
Além das repercussões físicas, como dor intensa e limitação funcional, o vaginismo repercute diretamente na saúde mental e emocional da mulher. É comum que a paciente acometida por essa disfunção experimente sentimentos de frustração, vergonha, inadequação e isolamento, além de desenvolver quadros de ansiedade e depressão associados. A impossibilidade de manter relações sexuais pode comprometer o relacionamento conjugal e impactar negativamente a autoestima e a percepção de identidade feminina (TER KUILE et al., 2013).
As causas do vaginismo são multifatoriais, englobando aspectos psicológicos, emocionais, educacionais, culturais e, em alguns casos, experiências de trauma sexual. Entre os fatores predisponentes mais descritos na literatura estão a educação sexual repressora, o medo intenso da dor, crenças religiosas rígidas, experiências de violência ou abuso, e a falta de conhecimento sobre o próprio corpo. De forma associada, o componente fisiológico da disfunção se manifesta por meio da contração involuntária dos músculos perivaginais, o que reforça a importância da abordagem multidisciplinar para seu tratamento (BARACHO, 2018).
Nos últimos anos, tem-se observado uma valorização crescente da fisioterapia pélvica como estratégia segura e eficaz no manejo de disfunções sexuais femininas. A fisioterapia pélvica compreende um conjunto de recursos terapêuticos voltados à reabilitação da musculatura do assoalho pélvico e estruturas adjacentes, com aplicações que vão além da incontinência urinária e incluem disfunções intestinais, dor pélvica crônica e distúrbios sexuais, como o vaginismo (CAMARGO, 2016). Essa especialidade tem evoluído não apenas na prática clínica, mas também na pesquisa científica, com produção crescente de evidências nos últimos 10 anos.
As técnicas utilizadas em fisioterapia pélvica variam conforme o quadro clínico e podem incluir: biofeedback, eletroestimulação funcional, exercícios de relaxamento e fortalecimento, dessensibilização progressiva com dilatadores vaginais, terapia manual, exercícios perineais, educação postural, além de orientações comportamentais e sexuais. A literatura aponta que essas intervenções favorecem o ganho de consciência corporal, a reabilitação da função sexual e a retomada da atividade sexual com menos dor e maior qualidade de vida (PIASSAROLLI et al., 2010; FARNAZ et al., 2024).
Além disso, diversos estudos clínicos têm apontado que a fisioterapia pélvica alcança melhores resultados quando associada ao suporte psicológico ou à terapia cognitivo-comportamental, indicando que o sucesso do tratamento depende não apenas da atuação sobre o corpo, mas também da abordagem das crenças, medos e emoções da paciente (SEO et al., 2005; YARAGHI et al., 2019). Isso reforça a necessidade de que os serviços de saúde incorporem estratégias integradas e humanizadas no cuidado à mulher.
Apesar dos avanços, ainda se observa a escassez de protocolos padronizados, de consenso entre profissionais e de publicações em língua portuguesa com rigor metodológico. Essa lacuna compromete a disseminação do conhecimento e a formação de profissionais capacitados para lidar com essa disfunção, além de dificultar a consolidação de práticas baseadas em evidência. Por isso, torna-se essencial investir em revisões sistemáticas que reúnam e analisem criticamente os achados disponíveis sobre a eficácia das diferentes abordagens fisioterapêuticas no tratamento do vaginismo.
Diante desse panorama, este trabalho tem como objetivo reunir e discutir os dados científicos mais relevantes sobre a atuação da fisioterapia pélvica no tratamento do vaginismo. A partir de uma revisão sistemática da literatura, pretende-se identificar os recursos terapêuticos mais utilizados, os desfechos clínicos alcançados e as contribuições dessa especialidade para a reabilitação sexual, o bem-estar físico e emocional e a qualidade de vida das mulheres acometidas.
O vaginismo é uma disfunção sexual feminina ainda cercada por tabus, desinformação e barreiras culturais que dificultam o diagnóstico e o tratamento precoce. Apesar de sua expressiva repercussão na saúde física, emocional e relacional da mulher, a condição é frequentemente ignorada nos serviços de saúde, o que contribui para o agravamento do quadro clínico e para o sofrimento subjetivo da paciente. Em contrapartida, observa-se um crescente avanço na área da fisioterapia pélvica, com desenvolvimento de técnicas específicas voltadas à reabilitação funcional do assoalho pélvico e à promoção da saúde sexual feminina.
A escolha do tema justifica-se pela necessidade de ampliar a visibilidade da fisioterapia enquanto recurso terapêutico eficaz e seguro para o tratamento do vaginismo, além de contribuir para a formação crítica de profissionais da área da saúde. Embora existam relatos clínicos promissores e experiências práticas positivas, ainda são limitados os estudos que sistematizam evidências científicas sobre a atuação fisioterapêutica nesse contexto, especialmente em língua portuguesa.
Assim, este estudo se mostra relevante tanto do ponto de vista científico, ao reunir e analisar criticamente a literatura disponível, quanto do ponto de vista assistencial, ao subsidiar condutas baseadas em evidências que possam ser aplicadas na prática clínica. A revisão sistemática proposta também contribui para fortalecer o conhecimento acerca da abordagem fisioterapêutica nas disfunções sexuais femininas, promovendo cuidado integral e interdisciplinar à mulher.
Investigar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, a importância da fisioterapia pélvica no tratamento do vaginismo, analisando sua eficácia na promoção da função sexual, da consciência corporal e da qualidade de vida da mulher.
Este trabalho tem como objetivos específicos levantar os principais recursos fisioterapêuticos utilizados no manejo do vaginismo, identificar os desfechos clínicos associados às técnicas aplicadas, analisar os efeitos da fisioterapia pélvica sobre a dor, a penetração vaginal, a função sexual e os aspectos emocionais envolvidos, além de compreender as contribuições da abordagem multidisciplinar no processo terapêutico das mulheres acometidas por essa disfunção.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi desenvolvida por meio do método de revisão sistemática da literatura, reconhecido por sua capacidade de reunir, avaliar criticamente e sintetizar os achados científicos sobre um determinado tema, a partir de critérios metodológicos previamente definidos. Essa abordagem é especialmente adequada para responder a questões de pesquisa relacionadas à efetividade de intervenções clínicas, como é o caso da atuação da fisioterapia pélvica no tratamento do vaginismo, uma disfunção ainda pouco discutida na literatura brasileira, mas de grande relevância para a saúde da mulher.
A formulação da pergunta norteadora baseou-se na adaptação do modelo PICO, considerando como população mulheres com diagnóstico de vaginismo; como intervenção, a fisioterapia pélvica; sem grupo comparativo fixo; e como desfecho, a melhora da função sexual e da dor associada à penetração. Dessa forma, a questão norteadora que guiou a pesquisa foi: qual é a importância da fisioterapia pélvica no tratamento do vaginismo e quais os desfechos clínicos relatados na literatura científica?
A estratégia de busca foi conduzida nas bases de dados PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Physiotherapy Evidence Database (PEDro), selecionadas por sua relevância na área da saúde e ampla cobertura de publicações nacionais e internacionais. Foram utilizados descritores controlados extraídos dos vocabulários DeCS e MeSH, como “vaginismo”, “fisioterapia pélvica”, “disfunções sexuais femininas”, “reabilitação”, “tratamento fisioterapêutico”, “pelvic floor physical therapy”, “vaginismus” e “sexual dysfunction”, combinados por meio dos operadores booleanos AND e OR, de acordo com as exigências de cada base.
Foram considerados elegíveis os estudos que atendiam aos seguintes critérios de inclusão: publicações entre os anos de 2005 e 2024; estudos originais com delineamento clínico ou qualitativo; textos completos disponíveis em português, inglês ou espanhol; e que abordassem intervenções fisioterapêuticas no manejo do vaginismo. Foram excluídos artigos duplicados, estudos voltados exclusivamente à abordagem farmacológica, cirúrgica ou psicológica sem participação da fisioterapia, bem como revisões não sistemáticas, cartas ao editor, editoriais e relatos sem rigor metodológico.
A triagem dos estudos foi realizada em duas etapas. Primeiramente, foram lidos os títulos e resumos para exclusão dos artigos claramente não relacionados ao tema. Em seguida, os textos completos dos estudos potencialmente elegíveis foram lidos na íntegra, considerando a conformidade com os critérios estabelecidos. O processo de seleção seguiu as diretrizes do modelo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), com registro do número de estudos encontrados, excluídos e incluídos na revisão final.
Os dados extraídos dos artigos selecionados foram organizados em uma tabela comparativa, contendo informações como autor, ano de publicação, país, tipo de estudo, amostra, intervenção aplicada, tempo de intervenção, resultados principais e conclusões. Essa sistematização permitiu uma análise crítica dos achados, destacando os recursos fisioterapêuticos mais utilizados e os desfechos clínicos observados, como redução da dor, retomada da penetração e melhora da função sexual.
Embora não tenha sido aplicada uma ferramenta padronizada de avaliação de qualidade metodológica, como a escala PEDro ou GRADE, os estudos foram analisados com base em aspectos como clareza do delineamento, detalhamento das intervenções, definição da amostra e consistência dos resultados. A heterogeneidade metodológica entre os artigos impossibilitou a realização de metanálise, mas favoreceu uma abordagem descritiva e integrativa dos dados.
Cabe destacar que, por tratar-se de uma pesquisa exclusivamente documental, sem coleta de dados primários ou participação direta de seres humanos, o estudo está isento de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, conforme prevê a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Ainda assim, todas as etapas foram conduzidas com rigor acadêmico, respeitando os princípios éticos da integridade científica, da imparcialidade na análise e da transparência metodológica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente revisão sistemática analisou 37 estudos que investigaram e compararam a eficácia de diferentes tratamentos fisioterapêuticos, médicos em associação de psicoterapia e educação sexual para tratar o vaginismo, destes 26 foram excluídos por não se encaixarem nos critérios exigidos para esta revisão, como trabalhos com enfoque maior na psicoterapia, abordagem médica ou por não serem artigos originais. Os 11 artigos que puderam ser incluídos por serem artigos originais e apresentarem resultados relevantes para a área de estudo, conforme a Tabela 1 – características dos estudos selecionados para a revisão sistemática, consistem em ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais e relatos de caso, provenientes de diferentes países como Brasil, Turquia, Irã, Coreia do Sul, Canadá, Reino Unido e Holanda. A amostra total dos estudos variou significativamente, desde estudos de caso únicos até grupos com mais de 70 participantes.
As intervenções fisioterapêuticas mais frequentemente empregadas incluíram o uso de dilatadores vaginais, terapia de exposição assistida, biofeedback, eletroestimulação funcional, exercícios de dessensibilização, terapia manual e programas de reeducação postural e respiratória. Os protocolos de tratamento apresentaram diferenças quanto à duração, que variou de seis semanas até seis meses, e à frequência das sessões, de uma à duas vezes por semana.
Os resultados indicam uma eficácia consistente da fisioterapia pélvica na redução da dor e na melhora da função sexual, com destaque para o aumento da capacidade de penetração vaginal sem dor, um dos principais objetivos terapêuticos no manejo do vaginismo. Por exemplo, Ter Kuile et al. (2013) relataram uma taxa de sucesso de 83% na penetração vaginal após 6 a 12 semanas de terapia de exposição assistida. De maneira semelhante, estudos que associaram biofeedback e exercícios com dilatadores demonstraram melhoras significativas nos sintomas, incluindo redução da tensão muscular e aumento da consciência corporal (Piassarolli et al., 2010; Farnaz et al., 2024).
Além dos benefícios físicos, os achados reforçam a importância de um enfoque multidisciplinar, em que a fisioterapia é integrada a abordagens educacionais e psicossociais, promovendo suporte emocional e contribuindo para a adesão e o sucesso terapêutico (Doğukan Anğın et al., 2022; Latorre et al., 2020). Tal abordagem integrada é fundamental para romper o ciclo de ansiedade, medo e dor que caracteriza o vaginismo.
Contudo, a análise também revela limitações importantes na literatura, como a heterogeneidade dos protocolos de intervenção, o pequeno tamanho amostral em muitos estudos e a escassez de ensaios clínicos controlados de alta qualidade. Essas limitações dificultam a padronização dos tratamentos e a possível implementação de um protocolo específico para abordagem da disfunção, levando a uma generalização dos resultados, evidenciando a necessidade de estudos futuros com rigor metodológico aprimorado com enfoque fisioterapêutico..
Em síntese, a fisioterapia pélvica mostra-se uma alternativa terapêutica eficaz e segura para o tratamento do vaginismo, com potencial para promover melhorias físicas e emocionais. A consolidação de protocolos baseados em evidências robustas e a ampliação da pesquisa nessa área são essenciais para o aprimoramento da prática clínica e da qualidade do cuidado à mulher com vaginismo.
TABELA COMPARATIVA
Para melhor compreender as características metodológicas, as intervenções fisioterapêuticas aplicadas e os principais resultados dos estudos selecionados, apresenta-se a seguir a TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS SELECIONADOS PARA A REVISÃO SISTEMÁTICA, comparativa, que resume as informações relevantes de cada artigo incluído nesta revisão sistemática. Essa síntese facilita a visualização das abordagens utilizadas no tratamento do vaginismo, permitindo uma análise crítica e sistematizada dos dados disponíveis na literatura atual.
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS SELECIONADOS PARA A REVISÃO SISTEMÁTICA


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo evidenciou a relevância da fisioterapia pélvica como abordagem terapêutica segura, eficaz e não invasiva no tratamento do vaginismo, contribuindo significativamente para a redução da dor, o aumento da consciência corporal e a melhora da função sexual das mulheres acometidas. A análise dos artigos selecionados demonstrou que técnicas como biofeedback, exercícios com dilatadores, eletroestimulação funcional e terapia manual são amplamente utilizadas e apresentam resultados promissores quando aplicadas de forma integrada a estratégias educacionais e suporte psicossocial.
Contudo, ressalta-se a necessidade de padronização dos protocolos fisioterapêuticos e de realização de pesquisas com rigor metodológico mais rigoroso, como ensaios clínicos randomizados com amostras maiores e acompanhamento longitudinal, para consolidar evidências e aprimorar as práticas clínicas.
Além disso, o estudo reforça a importância da abordagem multidisciplinar no tratamento do vaginismo, reconhecendo que os aspectos físicos, emocionais e sociais são interdependentes e demandam cuidados integrados para a obtenção de melhores resultados.
Por fim, esta revisão sistemática contribui para o avanço do conhecimento na área da fisioterapia pélvica e saúde sexual feminina, oferecendo subsídios para profissionais da saúde aprimorarem a assistência às mulheres com vaginismo e estimulando futuras investigações científicas que ampliem a compreensão e eficácia das intervenções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Sersie et al. Abordagens terapêuticas em pacientes com vaginismo: uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p. 66221-66240 jul. 2021
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ANĞIN, Ali et al. Effects of predisposing factors on the success and treatment period in vaginismus. JBRA Assist Reprod,180-188. PMID: 32301599; PMCID: PMC7169926, Apr.-Jun. 2020
ASLAN, Melike et al. Is “Dilator Use” More Effective Than “Finger Use” in Exposure Therapy in Vaginismus Treatment? Journal of Sex & Marital Therapy, Fırat University, Elazig, Turkey, p. 354-360, Epub fev. 2020, .PMID:32052704.
BARACHO, Elsa. Fisioterapia aplicada à saúde da mulher. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
BEHNAZ, H. et al. Comparison of the effectiveness of pelvic floor muscle training using electrical stimulation and biofeedback in the treatment of vaginismus. Journal of Family Medicine and Primary Care, v. 9, n. 1, p. 69–74, 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011.
BURTI, J. S. The role of Physical Therapy in pelvic health. Fisioterapia e Pesquisa, 2023.
CAMARGO, M. C. R. Fisioterapia pélvica: guia prático para atuação clínica. São Paulo: Manole, 2016.
DOĞUKAN ANĞIN, D. et al. Evaluation of sociodemographic and psychologic features of patients diagnosed with vaginismus and the treatment results. Turkish Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 19, n. 2, p. 102–109, 2022.
ELKE, D. et al. A retrospective chart review and interview study of physical therapy for vaginismus. Sexual and Relationship Therapy, v. 28, n. 2, p. 123–139, 2013.
ENGMAN, M. et al. Long-Term Coital Behaviour in Women Treated with Cognitive Behaviour Therapy for Superficial Coital Pain and Vaginismus. Cognitive Behaviour Therapy, 39(3), p. 193–202, 2010.
FARNAZ, F. et al. Comparing the effect of dilator therapy alone and dilator therapy combined with biofeedback on sexual function in women with lifelong vaginismus: A randomized clinical trial. Sexual and Relationship Therapy, 2024.
KAT, M. et al. Women’s experiences with vaginal dilator use: a qualitative review. Journal of Clinical Nursing, v. 24, n. 11-12, p. 1569–1578, 2015.
LAHAIE M.A. et al. Vaginismo: Uma revisão da literatura sobre classificação/diagnóstico, etiologia e tratamento. Saúde da mulher . p.705-719, 2010 doi: 10.2217/WHE.10.46
LATORRE G.F.S. et al. Fisioterapia no vaginismo:estudo de caso. Revista Inspirar Movimento e Saúde. 2020 LATORRE, M. R. D. O. et al. Manual de Atenção à Saúde Integral da Mulher. São Paulo: Instituto de Saúde, 2020.
LIMA R.G;SILVA S.L; FREIRE A.B; BARBOSA L.M. Tratamento fisioterapêutico nos transtornos sexuais dolorosos femininos: revisão narrativa. Rev Eletrônica Estácio Recife. 2016.
MALDONADO M, NARDI AE, SARDINHA A. The Role of Vaginal Penetration Skills and Vaginal Penetration Behavior in Genito-Pelvic Pain/Penetration Disorder. J Sex Marital Ther. 2023;49(7):816-828. doi: 10.1080/0092623X.2023.2193587. Epub 2023 Mar 23. PMID: 36951274.
MASEROLI, E.; SCAVELLO, I.; CIPRIANI, S.; PALMA, M.; FAMBRINI, M.; CORONA, G.; MANNUCCI, E.; MAGGI, M.; VIGNOZZI, L. Psychobiological Correlates of Vaginismus: An Exploratory Analysis. The Journal of Sexual Medicine, Volume 14, Issue 11, November 2017, Pages 1392–1402,
MCGUIRE H.; HAWTON K.K.E. Interventions for vaginismus. Cochrane Database of SystematicReviews2001,Issue2.Art.No.:CD001760.
NOGUEIRA, A. S. et al. Vaginismo: revisão integrativa da literatura. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 18, n. 1, p. 1–10, 2020.
PIASSAROLLI, H. A. et al. Treinamento muscular do assoalho pélvico em mulheres com disfunções sexuais. Fisioterapia em Movimento, v. 23, n. 4, p. 605–614, 2010.
PIASSAROLLI, V. P; HARDY, E; ANDRADE, N. F; FERREIRA, N.O; OSIS, M. J. D. Treinamento dos músculos do assoalho pélvico nas disfunções sexuais femininas. Revista Brasileira De Ginecologia E Obstetrícia, 32(5), p. 234–240, 2010
REISSING, E. D.; ARMSTRONG, H. L.; ALLEN, C. (2013). Pelvic Floor Physical Therapy for Lifelong Vaginismus: A Retrospective Chart Review and Interview Study. Journal of Sex & Marital Therapy, 39(4), 306–320.
RIBEIRO CS, BARETTA MF, SOUSA TR. A importância da intervenção fisioterapêutica no vaginismo: uma revisão sistemática. Femina.Saúde da mulher: evidências teóricas e práticas. p. 549-55, 2022
ROSENBAUM, T. (2011). Addressing Anxiety In Vivo in Physiotherapy Treatment of Women with Severe Vaginismus: A Clinical Approach. Journal of Sex & Marital Therapy, 37(2), 89–93.
SEO, J. T. et al. Effects of a new cognitive–behavioral treatment program for vaginismus: a case series. Journal of Sex & Marital Therapy, v. 31, n. 4, p. 309–318, 2005.
TER KUILE, M. M. et al. Cognitive–behavioral therapy for women with lifelong vaginismus: a randomized clinical trial. BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology, v. 120, n. 7, p. 821–830, 2013.
TOMEN, A., FRACARO, G., NUNES, E. F. C., LATORRE, G. F. S. (2016). A fisioterapia pélvica no tratamento de mulheres portadoras de vaginismo. Revista De Ciências Médicas, 24(3), 121–130. https://doi.org/10.24220/2318-0897v24n3a3147
YARAGHI M. Comparing the effectiveness of functional electrical stimulation via sexual cognitive/behavioral therapy of pelvic floor muscles versus local injection of botulinum toxin on the sexual functioning of patients with primary vaginismus: a randomized clinical trial. Int Urogynecol J. 2019 Nov;30(11):1821-1828. doi: 10.1007/s00192-018-3836-7. Epub 2018 Dec 1. PMID: 30506183.
YARAGHI, M. et al. Comparison of the effectiveness of botulinum toxin injection and pelvic floor physical therapy with biofeedback in women with vaginismus: a randomized clinical trial. Journal of Obstetrics and Gynaecology Research, v. 45, n. 9, p. 1802–1808, 2019.
ZARSKI, A.C. et al.Internet-Based Guided Self-Help for Vaginal Penetration Difficulties: Results of a Randomized Controlled Pilot Trial, The Journal of Sexual Medicine, Volume 14, Issue 2, Pages 238–254,February 2017.
1RGM: 27828409
2RGM: 28826540
3RGM: 28754450
4RGM: 28101804
5RGM: 31209815