EFICÁCIA DA FITOTERAPIA EM DOENÇAS CRÔNICAS: DIABETES, HIPERTENSÃO E CARDIOPATIAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202506081648


Hugo Antonio Rosabal Vecino
Fabiana Bezerra Da Silva
Orientador: Prof. Dra. Maria das Graças Prianti


RESUMO 

INTRODUÇÃO: A aplicação de plantas medicinais no manejo de doenças crônicas é um campo de investigação que está se tornando cada vez mais significativo. Ao longo da história, diversas sociedades em todo o planeta exploraram as qualidades curativas de diferentes vegetais, e saberes importantes foram passados de uma geração para outra. Essa herança cultural, fundamentada em observações práticas e conhecimentos tradicionais, tem auxiliado na exploração e no uso das plantas medicinais como alternativas naturais de tratamento. OBJETIVO: Identificar, por meio da literatura, a segurança e eficácia do uso de fitoterápicos mais utilizados na prática clínica. METODO: Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura. Esta modalidade de pesquisa permite a análise de pesquisas e síntese dos conceitos de forma ampla, tendo em vista a necessidade do conhecimento científico para elaboração e desenvolvimento do artigo. A pesquisa foi realizada em bases de dados reconhecidas, como Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Biblioteca Nacional em Saúde (BVS) e U.S National Library of Medicine (PubMed), usando palavras-chaves, como “plantas medicinais”, “doenças crônicas”, “fitoterapia”, “tratamento alternativo”, entre outras. Como critérios de inclusão foram utilizados estudos disponíveis online, em sua totalidade, que abordem o uso de fitoterápicos no tratamento das doenças crônicas mencionadas; publicados entre os anos de 2015 e 2025, nos idiomas português, espanhol e inglês. RESULTADOS: A fitoterapia tem se mostrado uma alternativa segura e eficaz aos medicamentos convencionais no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. No entanto, é importante ressaltar que o uso de fitoterápicos deve ser acompanhado por profissionais de saúde qualificados, pois cada paciente possui características individuais que devem ser consideradas.

Palavras-chaves: Plantas medicinais. Doenças crônicas. Fitoterapia. Tratamento complementar

ABSTRACT

INTRODUCTION: The application of medicinal plants in the management of chronic diseases is a field of research that is becoming increasingly significant. Throughout history, various societies around the world have explored the healing qualities of different plants, and important knowledge has been passed down from one generation to the next. This cultural heritage, based on practical observations and traditional knowledge, has helped in the exploration and use of medicinal plants as natural alternatives for treatment. OBJECTIVE: To identify, through the literature, the safety and efficacy of the use of phytotherapeutics most commonly used in clinical practice. METHOD: This is an integrative literature review study. This research modality allows for the analysis of research and synthesis of concepts in a broad manner, considering the need for scientific knowledge for the preparation and development of the article. The research was conducted in recognized databases, such as Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Health Library (BVS) and U.S National Library of Medicine (PubMed), using keywords such as “medicinal plants”, “chronic diseases”, “phytotherapy”, “alternative treatment”, among others. As inclusion criteria, studies available online, in their entirety, that address the use of phytotherapeutics in the treatment of the mentioned chronic diseases were used; published between 2015 and 2025, in Portuguese, Spanish and English. RESULT: Phytotherapy has shown to be a safe and effective alternative to conventional medications in the treatment of chronic non-communicable diseases. However, it is important to emphasize that the use of phytotherapeutics should be monitored by qualified health professionals, as each patient has individual characteristics that must be considered.

Keywords: Medicinal plants. Chronic diseases. Phytotherapy. Complementary treatment

1. INTRODUÇÃO

A aplicação de plantas medicinais no manejo de doenças crônicas é um campo de investigação que está se tornando cada vez mais significativo. Ao longo da história, diversas sociedades em todo o planeta exploraram as qualidades curativas de diferentes vegetais, e saberes importantes foram passados de uma geração para outra. Essa herança cultural, fundamentada em observações práticas e conhecimentos tradicionais, tem auxiliado na exploração e no uso das plantas medicinais como alternativas naturais de tratamento (Ferreira, 2022).

A relevância desse tema está no desafio global das doenças crônicas, que constituem uma parte significativa da carga de morbidade e mortalidade em todo o mundo, como as doenças cardiovasculares, a diabetes, hipertensão e as doenças respiratórias crônicas, que têm um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas e representam um enorme fardo para os sistemas de saúde. Desse modo, a busca por alternativas ao tratamento convencional, que muitas vezes envolve o uso de medicamentos sintéticos com potenciais efeitos colaterais, tem motivado a investigação do potencial terapêutico das plantas medicinais (OMS, 2020).

Uma pessoa que tem hipertensão, diabetes ou problemas de colesterol pode ter uma vida de qualidade ao adotar um estilo de vida saudável. Ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente e fazer acompanhamento médico ajudam bastante a diminuir os riscos de complicações relacionadas a essas condições. Além disso, algumas plantas também são conhecidas por conter substâncias que podem ajudar no cuidado das doenças crônicas não transmissíveis (Garlet, 2022).

O uso adequado e consciente de fitoterápicos pode trazer muitos benefícios. No entanto, é essencial que esta terapia seja supervisionada por um profissional de saúde qualificado que possa aconselhar sobre o uso seguro e adequado destes medicamentos. Isto é essencial para garantir a eficácia e segurança do tratamento. Em alguns casos, a utilização de plantas medicinais pode ser considerada como uma terapia complementar, integrada no tratamento convencional, visando melhorar os resultados terapêuticos e minimizar os riscos para a saúde (Júnior et al., 2023).

Fundamentado no exposto acima, este trabalho teve por objetivo estudar fitoterápicos mais utilizados nas doenças crônicas como diabetes, hipertensão e cardiopatias.  

2. MATERIAL(IS) E MÉTODOS

2.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura. Esta modalidade de pesquisa permite a análise de pesquisas e síntese dos conceitos de forma ampla, tendo em vista a necessidade do conhecimento científico para elaboração e desenvolvimento do artigo. O objetivo é compilar, analisar e sintetizar as pesquisas existentes sobre o uso de fitoterápicos no tratamento de doenças crônicas. Esse processo envolve várias etapas, como seleção de bases de dados e palavras-chave, critérios de inclusão e exclusão, extração de dados, avaliação da qualidade dos estudos e a síntese dos dados obtidos (Alves et al., 2021).

2.2 SELEÇÃO DOS ESTUDOS  

A pesquisa foi realizada em bases de dados reconhecidas, como Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Biblioteca Nacional em Saúde (BVS) e U.S National Library of Medicine (PubMed), usando palavras-chaves, como “plantas medicinais”, “doenças crônicas”, “fitoterapia”, “tratamento complementar”, entre outras. Como também foram coletados e analisados dados secundários de relatórios de organizações de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para entender melhor a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e o uso de fitoterápicos no tratamento dessas condições. Foram selecionados estudos que avaliem a eficácia de fitoterápicos em humanos com diabetes, hipertensão ou doenças cardiovasculares, que forneçam informações sobre a dosagem, forma de administração e duração do tratamento com fitoterápicos e estudos que avaliem os efeitos colaterais e interações medicamentosas dos fitoterápicos.

2.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Como critérios de inclusão foram utilizados estudos disponíveis online, em sua totalidade, que abordem o uso de fitoterápicos no tratamento das doenças crônicas mencionadas; publicados entre os anos de 2015 e 2025, nos idiomas português, espanhol e inglês. Foram excluídos da busca inicial capítulos de livros, resumos, textos incompletos, teses, dissertações, monografias, relatos técnicos e trabalhos que não tratem da eficácia clínica dos fitoterápicos, estudos repetidos entre as bases e publicações sem revisão por pares, outras formas de publicação que não artigos científicos completos.   

2.4 COLETA DE DADOS

As informações coletadas foram relacionadas ao fitoterápico utilizado (nome científico, parte da planta utilizada, forma de preparo); características da população estudada (idade, sexo, gravidade da doença); Resultados clínicos (níveis de glicose, pressão arterial, perfil lipídico, etc.); efeitos colaterais e interações medicamentosas, caso tenham.

2.5 ANÁLISE DE DADOS 

A seleção dos artigos foi feita em três etapas: Leitura dos títulos e resumos para triagem preliminar; Leitura integral dos estudos que atenderam aos critérios; Extração de dados relevantes, organizados em uma planilha com as seguintes informações: Nome do fitoterápico; Doença crônica associada Tipo de estudo (revisão, ensaio clínico, estudo de caso, etc.); Resultados sobre eficácia; Efeitos adversos descritos.   

Posteriormente, foi realizada uma análise qualitativa comparativa, com ênfase na identificação dos fitoterápicos mais mencionados e na robustez das evidências encontradas sobre sua eficácia no tratamento das doenças em questão.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Esta pesquisa avaliou evidências científicas sobre eficácia da fitoterapia em doenças crônicas, onde 6 estudos (43%) foram obtidos na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), 5 estudos (36%) na base de dados PubMed e 3 estudos (21%) na base de dados Scielo, sendo evidenciado dessa forma que, na BVS concentrou-se mais artigos com a temática abordada, conforme demonstrado na Figura 1.

Fonte: Dados da pesquisa, 2025.

3.1 Dados epidemiológicos sobre diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. 

A prevalência de diabetes mellitus (DM) está aumentando gradualmente, tornando esta doença endócrina um problema popular de saúde pública. Diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica (HAS) são as principais causas de morte e internação no Sistema Único de Saúde (SUS) e representam mais da metade dos principais diagnósticos em pacientes renais crônicos em diálise (Moreschi et al., 2015).

No estudo de Moreschi et al., 2015, realizado no município de Lajeado-RS, foram analisados os dados dos pacientes de 2011 a 2013 com DM, cadastrados no SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica). É um município com alto grau de urbanização (99,9%), característica considerada fator de risco para a patologia. Quanto ao número de indivíduos com DM e HAS acima de 15 anos de idade, observou-se que o percentual de pessoas com as duas doenças conjugadas é sempre maior do que de pessoas que possuem apenas DM, ou seja, a maioria da população diabética é hipertensa.

Consoante ao estudo acima, Silva et al. (2024), analisou o número de diabéticos nas cinco regiões brasileiras, constando a predominância dessa patologia em indivíduos com mais de 50 anos, em ambos sexos. Apesar de ser uma patologia encontrada em todo o país, as regiões Sudeste e Nordeste se destacaram com o maior número de diabéticos, bem como as mesmas também apresentaram maior número em internações e óbitos.   

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) também considerada uma doença crônica, apresenta alto índice no país, e pode se apresentar isolada ou geralmente associada a outras doenças crônicas, como o Diabetes mellitus, como citado no estudo de Moreschi et al., 2015. É definida como valores elevados e sustentados de pressão arterial (PA) que, se inadequadamente controlados, produzem efeitos sistêmicos decorrentes de danos estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo (Miranda et al., 2023). 

A Hipertensão Arterial é um importante fator de risco modificável para eventos cardiovasculares e cerebrovasculares. Medir a pressão arterial é crucial para o diagnóstico. Entretanto, apesar de ser um processo simples, erros podem ocorrer durante a medição, sejam eles relacionados ao equipamento, à técnica, a influências ambientais, ao próprio paciente ou ao observador. Fato constatado no estudo realizado por Miranda et al., 2023, a discrepância entre as medições da pressão arterial quando aferidas em ambiente domiciliar e no consultório, o que pode alterar o diagnostico, controle e o tratamento dessa doença crônica.

Analisando também o número de hipertensos no Brasil no período de 2019 a 2023, Sousa et al., 2024, constataram um maior número de internações em mulheres hipertensas, e em indivíduos que se autodeclararam pardos. O maior número de casos hospitalizados no país está na faixa etária de 60 a 69 anos, seguida pela faixa de 70 a 79 anos.  Essas duas faixas etárias são responsáveis por mais de um terço das internações.

Seguindo as doenças cardiovasculares, Oliveira et al., 2024, fornece um documento de estatística cardiovascular que inclui cinco condições específicas: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, cardiomiopatia e insuficiência cardíaca e fibrilação atrial. As DCV costumam ser a principal causa de morte no Brasil, onde, dentre todas as DCV, a Doença Arterial Coronariana foi à causa número 1 de morte, seguida por AVC (Doenças Cerebrovasculares), em 1990 e em 2019. A maior mortalidade por AVC foi observada no Maranhão e a menor, no Rio Grande do Norte. O Documento ainda emprega associações sobre Diabetes, hipertensão, dentre outras doenças crônicas corroborando com os estudos analisados na presente pesquisa.

QUADRO 1– Autor, tipo de estudo, objetivo e principais resultados dos estudos que foram utilizados para identificar os dados epidemiológicos sobre diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. 

Autor/AnoTipo de estudoObjetivoPrincipais Resultados
Moreschi et al., 2015.Estudo transversal, retrospectivoAvaliar a prevalência e o perfil das pessoas com diabetes mellitus (DM), autorreferidas.Verificou-se que a prevalência das pessoas com DM na sua maioria, estava acima de 60 anos (60%), é alfabetizada (90%), com predominância do sexo feminino (63,2%) e hipertensa (77,5%). A prevalência de gestantes com diabetes foi baixa.
Silva et al., 2024.Estudo epidemiológico, descritivo, documental indireto.Analisar sobre a predominância de DM no Brasil entre 2019 e 2023.Diabetes Mellitus é uma condição presente em todas as 5 regiões do Brasil, porém as áreas Sudeste e Nordeste exibem o maior número de internações (68,5%), que afeta todas as faixas etárias, mas com  maior  predisposição  para  pessoas  acima  de  50  anos. 
Miranda et al., 2023.Análise transversal.Fornecer dados epidemiológicos sobre o controle da PA nos consultórios, em uma amostra de cardiologistas brasileiros, avaliado pela medida de consultório e monitorização residencial da pressão arterial (MRPA).O presente estudo evidenciou que os indivíduos apresentaram PA mais elevada no consultório que as obtidas em domicílio.
Sousa et al., 2024levantamento epidemiológico descritivoDescrever o perfil epidemiológico das internações por hipertensão arterial no Brasil entre 2019 e 2023.Entre os anos de 2019 a 2023 ocorreram 206.188 internações devido à Hipertensão Arterial. No período analisado evidenciou-se elevado número de internações de Hipertensão Arterial no sexo feminino e sobretudo em pessoas idosas.
Oliveira et al., 2024Estudo epidemiológico DocumentalFornecer uma compilação anual dos dados e das pesquisas sobre a epidemiologia das DCV no Brasil.DCV ainda responde por quase um terço das mortes no Brasil, afetando desproporcionalmente a camada mais pobre da população, que tem dificuldades de acesso a cuidados de saúde de alta qualidade. 
Fonte: Dados da pesquisa, 2025.


3.2 Principais fitoterápicos utilizados em doenças crônicas: diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Embora a ciência e a medicina tenham progredido, muitos indivíduos com diabetes buscam alternativas naturais, especialmente utilizando ervas terapêuticas. Para diversas comunidades, essas plantas frequentemente são a única opção de tratamento, uma vez que enfrentam barreiras para acessar a medicina convencional, principalmente devido ao alto preço, que muitas vezes está ligado à dificuldade de obter esses remédios (Defani; Oliveira, 2015).

Na pesquisa de Defani e Oliveira, 2015, realizada com 100 pessoas portadoras de diabetes com idade entre 20 a 85 anos, 39% do sexo masculino e 61% do sexo feminino, assistidas por agentes da Secretaria de Saúde do Município de Colorado (PR). Do total de participantes 36% utilizavam plantas medicinais como tratamento auxiliar do diabetes, nos quais foram citadas 22 tipos de vegetais utilizados, porém os mais citados foram a Bauhinia forficata conhecida como pata de vaca, a Baccharis trimera conhecida como a carqueja e a Solanum melongena sendo utilizada a folha da berinjela. A forma mais comum de ingestão foi através do preparo da infusão. Em relação aos efeitos causados pelo uso dessas plantas, apenas 29% desses participantes afirmaram observar melhora das complicações do diabetes, enquanto que 43% afirmam ter diminuído a glicose, apenas 6% responderam não notar nenhum efeito.

Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Santos, 2017 em relação às ervas citadas como utilizadas no tratamento do diabetes, dentre elas a folha da berinjela e a pata de vaca através de infusão. A pesquisa foi realizada em São Luís, Maranhão com 100 participantes a maioria dos entrevistados eram do gênero feminino (62%), na faixa de 30-59 anos (62%). Existem diversos modos pelos quais as plantas hipoglicemiantes atuam, como a promoção da liberação de insulina pelas células beta das ilhotas do pâncreas ou a prevenção da degradação da insulina; e proteção contra o estresse oxidativo que está associado à disfunção das células beta do pâncreas.

Um levantamento das plantas medicinais utilizadas no tratamento de indivíduos com obesidade, hipertensão e diabéticos tipo 2 foi realizado por Nascimento, Oliveira e Reis, 2024 no Estado da Bahia. Participaram da pesquisa 30 pacientes, 63% eram do sexo feminino. A erva cidreira (Melissa officinalis), o capim santo (Cymbopogon citratus) e o chuchu tanto a polpa quanto a casca foram às plantas mais frequentemente associadas à hipertensão arterial; enquanto que a moringa (Moringa oleífera) foi mencionada sua utilização para ambas as patologias. 56,7% dos entrevistados utilizam as espécies medicinais para auxiliar no tratamento das patologias. Pois, acreditam que estas plantas atuam como mecanismos de ação em relação a patologias.

Corroborando com o estudo acima, Shirabayashi et al., 2021, realizou uma pesquisa em Umuarama, Estado do Paraná, Região Sul do Brasil. foram 300 participantes no total, a  maioria  eram  mulheres  e  tinham idade  entre  50 e 79 anos, a maior parte eram hipertensos (68,3%), seguidos por hipertensos e diabéticos (27,6%)  e  diabéticos  somente  (4%). Das 27 plantas citadas, 13 foram referidas para tratamento de HAS, dentre elas as mais citadas foram a erva cidreira, o capim santo, o alho e o chuchu. Como tratamento concomitante de HAS e DM destacaramse: o capim santo e as folhas de graviola. Pode-se notar nos estudos a prevalência dessas patologias entre o publico feminino bem como o uso dessas plantas apresentam em maior parte por esse mesmo público, apesar disso, há o desconhecimento dos perigos, dosagem correta e forma de preparo correta dessas plantas medicinais.

Um estudo conduzido por Veliz-Rojas; Mendoza-Parra; Barriga, 2015, com 2999 indivíduos com idades entre 18 e 59 anos, que apresentavam doenças como hipertensão, diabetes tipo 2 e distúrbios lipídicos. Observou-se que 80,80% dos envolvidos utilizavam plantas medicinais. As ervas mais frequentemente empregadas para problemas cardiovasculares incluíam: Citrus limon (20,6%) para o controle da pressão arterial, Bauhinia forficata (7%) para a diminuição da glicemia e Cynara cardunculus var. scolymus (3,5%) para o gerenciamento do colesterol.

Difere desses achados, o estudo de Esakkimuthu S, et al., 2016, o estudo registrou aproximadamente 188 tipos de plantas, a pesquisa determinou que as ervas medicinais mais frequentemente mencionadas foram: Nelumbo nuciferaGaertn para o tratamento de doenças cardiovasculares, Allium sativum L. para lidar com dislipidemias, Cuminum cyminum L. para hipertensão, Macrotyloma uniflorum Verdc no enfrentamento da obesidade, e as folhas de Azadirachta indica A. Juss para controlar diabetes tipo 2. A HAS e DM são um dos pontos críticos para as doenças cardiovasculares, e a diminuição da pressão arterial e o controle da glicemia tem se revelado uma boa abordagem de prevenção inicial, ou seja, um método para reduzir o risco de problemas cardíacos, além de servir como prevenção adicional para impedir novas crises ou o agravamento das condições já existentes (Esakkimuthu S, et al., 2016).

QUADRO 2– Autor, tipo de estudo, objetivo e principais resultados dos estudos que foram utilizados para identificar os principais fitoterápicos utilizados em doenças crônicas.

Autor/AnoTipo de estudoObjetivoPrincipais Resultados
Defani, M.; Oliveira, L., 2015. Estudo TransversalLevantar o número de pacientes diabéticos atendidos pela Secretaria de Saúde do Município de Colorado (PR) e avaliar o  conhecimento  que  os  mesmos  têm  sobre  as  plantas medicinais.Dos 100 indivíduos pesquisados, apenas 36% utilizavam plantas medicinais como tratamento auxiliar do  diabetes. Dentre elas a folha de Bauhinia forficata, Baccharis trimera e Solanum melongena foram as mais citadas.  
Santos, 2017.Estudo TransversalRealizar um levantamento etnobotânico das plantas utilizadas como  hipoglicemiantes  pelos  usuários  do  Programa  de Fitoterapia da Universidade Federal do Maranhão em São LuísAs plantas mais citadas pelos entrevistados foram a berinjela (Solanun melongenaL.) com 31%; a insulina vegetal (Cissus sicyoidesL.), com 12%; o quiabo (Abelmoschus  esculentusL.  Moench),  com  10%;  e  o  pata de vaca  (Syzygium  cumini(L.)  Skeels), com 6 %.
Nasciment o; Oliveira; Reis, 2024.Pesquisa empírica, descritiva e quantitativaRealizar levantamento das plantas medicinais  utilizadas no tratamento de indivíduos com obesidade, hipertensão e diabéticos tipo 2.As espécies mais evidenciadas foram, a erva cidreira (Melissa officinalis), capim santo (Cymbopogon citratus), seguidas  da  moringa  (Moringa  oleifera)  e  do  chuchu  (Sechium  edule),  73,3%  dos  entrevistados  relataram  consumir  estas  plantas  medicinais  em  forma  de  infusão.  
Shirabaya shi et al., 2021Estudo TransversalVerificar a prevalência do uso de plantas medicinais por pacientes diabéticos e  hipertensos,  bem  como  analisar  a  associação  da  utilização  delas  e  variáveis  sociodemográficasForam citadas  27  plantas  medicinais  pelos  pacientes  entrevistados.  Para o tratamento  da  HAS,  mencionaram-se  13  espécies. No caso do DM, apareceram nove. Já  em  relação  às  duas  doenças, os participantes indicaram cinco.
VelizRojas; Mendoza-Estudo quantitativo e transversalAnalisar a adesão terapêutica em usuários de um programa de saúde cardiovascular na atenção primária na comunidade de San Pedro80,80% dos  participantes  usavam  ervas . As plantas medicinais mais utilizadas em casos de distúrbios cardiovasculares foram: Citrus limon (20,6%) para baixar a pressão arterial, Bauhinia forficata (7%) para
Parra; Barriga, 2015. de la Paz, na região de Bío Bío, Chile.reduzir a glicemia e Cynara cardunculus var. scolymus(3,5%) para controlar o colesterol.
Esakkimut hu S, et al., 2016Pesquisa de campoAnalisou as plantas medicinais prescritas para doenças cardiometabólicas por praticantes de siddha não treinados institucionalmente do distrito de Tiruvallur, em Tamil Nadu, Índia.As ervas medicinais mais utilizadas no controle de doenças  cardiovasculares  foram:  limão  (20,6%) para baixar a pressão arterial, pata de vaca (7%) para  reduzir  a  glicemia  e  alcachofra  (3,5%)  para controle do colesterol.
Fonte: Dados da pesquisa, 2025.


3.3 Seguranças, interações e efeitos adversos.

As doenças crônicas não transmissíveis são patologias que possíveis de prevenção através de hábitos de vida, alimentação e exercícios físicos. Contudo outro uso muito conhecido no tratamento e prevenção destas são os fitoterápicos. Entretanto são meios que podem causar interações com as medicações utilizadas por pessoas que tenham essas patologias, através de vários mecanismos (Ferreira et al., 2022).

Ferreira et al., 2022, em seu estudo com 145 participantes dos quais 66,2% são portadores de HAS, 9% de DM e 24,8% de ambas as condições. 52,4% relataram o uso de plantas medicinais nos cuidados de sua saúde para várias finalidades. Ao investigar as classes dos medicamentos utilizados pelos entrevistados, 22,7% fazem uso concomitante de quatro ou mais medicamentos e 75,9% usam até três medicamentos. O aumento do uso de medicamentos aumenta exponencialmente o risco de interação entre esses fitoterápicos e as medicações. Os efeitos adversos encontrados pode ocasionar desde a hipotensão, hipoglicemia até efeitos sedativos a depender da planta utilizada e o mecanismo de ação que ela vai afetar.

Em concordância com a pesquisa, Trevizani et al., 2023, averiguou em sua amostra com 30 pacientes que 46,6% dos participantes utilizavam a losartana, medicamento anti-hipertensivo e 36,6% metformina medicamento antidiabético e outras series de medicamentos com o mesmo objetivo ou para outras finalidades terapêuticas. O uso de plantas medicinais também foi bastante citado, ao todo 20 espécies diferentes. Analisando os riscos de interações entre estas duas categorias, foi constatada a probabilidade de vários efeitos adversos, por exemplo, o uso da planta conhecida como pata de vaca utilizada para o tratamento de DM, pode ter interação com a metformina e outros medicamentos antidiabéticos causando hipoglicemia e aumentando o risco de hemorragias.

O acesso livre a essas plantas medicinais leva as pessoas a pensarem que as diretrizes sobre seu uso não são necessárias. Isso ocorre porque acreditam que tudo que é natural não pode prejudicar a saúde. Outro estudo avaliou os potenciais efeitos adversos de plantas de uso terapêutico e medicamentos de uso crônico e observou que várias plantas medicinais podem provocar interações ou alterar a absorção dos fármacos como a camomila (Matricaria recutita) que possui interação com anticoagulantes, fazendo com que aumentem as chances de hemorragias, assim como o capim-limão (Cymbopogon citratus) que interage com medicamentos sedativos, podendo aumentar seus efeitos. Portanto, é fundamental que haja a orientação de especialistas da saúde para assegurar que as informações sobre a segurança e eficácia das ervas medicinais sejam transmitidas corretamente à população. Além disso, é crucial estabelecer um diálogo entre o conhecimento tradicional e a ciência, para que o uso responsável dessas plantas seja promovido, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde (Sartori Riboldi; Rigo, 2019).

QUADRO 3– Autor, tipo de estudo, objetivo e principais resultados dos estudos que foram utilizados para identificar segurança, interações e efeitos adversos

Autor/AnoTipo de estudoObjetivoPrincipais Resultados
Ferreira et al., 2022.Estudo TransversalIdentificar as plantas medicinais e as classes farmacológicas utilizadas por portadores de HAS e/ou DM cadastrados no programa Hiperdia em Governador Valadares, MG, caracterizar esses usuários e pesquisar possíveis interações entre as plantas medicinais e a farmacoterapia.A maioria (52,4%) fazia uso de plantas medicinais e 46,2% estavam sujeitos a algum tipo de interação planta-medicamento, como o uso de Baccharis trimera, Allium sativum, Rosmarinus officinalise Plectranthus barbatus e anti-hipertensivos ou Allium sativum e Matricaria chamomillacom antidiabéticosorais.
Trevizani et al., 2023Estudo TransversalIdentificar potenciais interações entre plantas medicinais e medicamentos alopáticos, utilizados por idosos de uma Unidade Básica de Saúde em um município do Cone Sul do estado de Rondônia.Das 20 espécies mencionadas,  foram  encontradas  16  plantas  com potencial  de  interações  entre  os  medicamentos  alopáticos  utilizados  pelos  idosos.
Sartori Riboldi; Rigo, 2019ObservacionalDescrever o uso de plantas medicinais associado ao uso de medicamentos por usuários do Serviço Público de Saúde do município de Capitão/RS.Foram encontradas diversas possibilidades de interações entre o uso de medicações de uso crônico e de ervas terapêuticas de uso frequente. 90% da amostra também relatou não conhecer os riscos do uso concomitantes destes. 
Fonte: Dados da pesquisa, 2025.


4. CONCLUSÃO

A fitoterapia tem se mostrado uma alternativa segura e eficaz aos medicamentos convencionais no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. No entanto, é importante ressaltar que o uso de fitoterápicos deve ser acompanhado por profissionais de saúde qualificados, pois cada paciente possui características individuais que devem ser consideradas. Além disso, é fundamental que as plantas medicinais sejam adquiridas em locais confiáveis e que sigam as boas práticas de fabricação. Isso garante a qualidade e a segurança dos fitoterápicos utilizados.

A incorporação da fitoterapia ao tratamento de doenças crônicas não transmissíveis deve ser feita de forma individualizada, levando em consideração as características e necessidades de cada paciente. É importante destacar que a fitoterapia não substitui os medicamentos convencionais, mas pode ser utilizada como uma terapia complementar.

Apartir disso, espere-se que esta pesquisa venha causar impacto na forma como é visto o tratamento com fitoterápico um longo em doenças de caráter crônico. Espera-se, ainda, que o presente trabalho abra caminhos para estudos futuros que utilizar estratégias relacionado a promoção e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, bem como explorar ainda mais os recursos naturais provenientes da biodiversidade brasileira para o tratamento de DCNT. 

REFERÊNCIAS

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