REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506051526
Dominic Gomes de Moraes
Brenda Ferreira Barbosa
Vinicius Alves Rodrigues
Matheus Rodrigues dos Santos
Orientadora: Kauane Lopes Silva
RESUMO
Objetivo: Esta revisão integrativa teve como objetivo analisar os efeitos da prática do CrossFit® na redução da pressão arterial e na saúde cardiovascular de adultos, com ênfase em seu potencial como estratégia não farmacológica no manejo da hipertensão arterial sistêmica.
Métodos: Realizou-se uma busca sistemática nas bases PubMed, SciELO e Portal de Periódicos CAPES, considerando publicações entre 2020 e 2025. Adotou-se a estratégia PICOS para seleção dos estudos, com foco em adultos, intervenções com exercícios físicos (especialmente o CrossFit®), comparação com indivíduos sedentários e desfechos voltados à pressão arterial. Foram incluídos ensaios clínicos, estudos randomizados, revisões sistemáticas e metanálises. Resultados: Os estudos selecionados indicam que o CrossFit®, ao integrar o treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT), força e movimentos funcionais, promove reduções significativas na pressão arterial, melhora da aptidão cardiorrespiratória e da composição corporal. Protocolos baseados em HIIT demonstraram benefícios semelhantes ou superiores aos exercícios aeróbicos tradicionais, com evidências de melhora do controle autonômico e efeito hipotensor agudo. Também foram observadas melhorias na qualidade de vida e na adesão ao exercício físico.
Conclusão: O CrossFit® mostra-se uma abordagem promissora e segura no controle da hipertensão arterial sistêmica. Sua estrutura variada e motivadora favorece a adesão contínua e está alinhada às recomendações da Organização Mundial da Saúde. São necessários mais estudos para aprofundar os efeitos crônicos da modalidade e orientar sua prescrição individualizada em populações hipertensas.
Palavras-chave: CrossFit®, hipertensão, treinamento intervalado de alta intensidade, pressão arterial, saúde cardiovascular, exercício físico.
ABSTRACT
Objective: This integrative review aimed to analyze the effects of CrossFit® training on blood pressure reduction and cardiovascular health in adults, particularly focusing on its potential as a non-pharmacological strategy for managing systemic arterial hypertension.
Methods: A systematic search was conducted in PubMed, SciELO, and the CAPES Periodicals Portal, covering publications from 2020 to 2025. The PICOS strategy was applied to guide study selection, focusing on adult populations, physical exercise interventions (especially CrossFit®), comparisons with sedentary individuals, and outcomes related to blood pressure. Only clinical trials, randomized studies, systematic reviews, and meta-analyses were included.
Results: The selected studies indicate that CrossFit®, by incorporating high-intensity interval training (HIIT), strength, and functional movements, contributes significantly to lowering blood pressure, increasing cardiorespiratory fitness, and improving body composition. HIIT-based protocols showed benefits similar or superior to traditional aerobic exercise, with evidence of improved autonomic control and acute hypotensive effects, even after a single session. The findings also highlight improvements in quality of life and adherence to physical activity.
Conclusion: CrossFit® appears to be a promising and safe approach to assist in the control of systemic arterial hypertension. Its varied and engaging structure encourages long-term adherence and aligns with WHO recommendations for physical activity. Further research is necessary to deepen understanding of its chronic effects and optimize individualized prescription in hypertensive populations.
Keywords: CrossFit®, hypertension, high-intensity interval training, blood pressure, cardiovascular health, physical exercise.
INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são uma das principais causas de adoecimento e mortalidade no mundo, no Brasil, as DCV permanecem como a causa mais recorrente de morte entre as doenças crônicas não transmissíveis, representando cerca de 30% dos óbitos no país. Elas também permanecem no topo entre as causas de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade. Esse grupo de enfermidades atinge o coração e os vasos sanguíneos, e está fortemente relacionado a fatores de risco que podem ser modificados, como a falta de atividade física e o estilo de vida sedentário (Brasil, 2025). Mesmo aumentos modestos na prática de exercícios regulares já são capazes de reduzir expressivamente o risco de DCV, além de contribuir para o controle da glicose no sangue, da pressão arterial e dos níveis de colesterol (Mensah et al., 2023).
A hipertensão arterial sistêmica é uma condição clínica persistente, caracterizada pela elevação dos níveis de pressão arterial (PA), sendo reconhecida como um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, renais e cerebrovasculares. Segundo a mais recente diretriz brasileira, publicada em 2023, considera-se hipertensão quando a pressão arterial obtida em ambiente clínico apresenta valores iguais ou superiores a 140 mmHg para a pressão sistólica e/ou 90 mmHg para a diastólica (Feitosa et al., 2023). A prática regular de atividades aeróbicas, como caminhada, corrida e ciclismo, tem mostrado benefícios significativos na redução da pressão arterial, melhorando a função cardiovascular e a qualidade de vida. (Li et al., 2024).
A inatividade física (IF) e o comportamento sedentário (CS) são fatores de risco evitáveis que contribuem significativamente para o aumento da incidência de doenças crônicas, sendo responsáveis por mais de 5 milhões de mortes anuais no mundo. De acordo com a American Heart Association, a prática regular de atividade física moderada é essencial para a prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas, podendo reduzir significativamente o risco de hipertensão arterial, obesidade e diabetes tipo 2 (American Heart Association., 2022). Apesar das iniciativas de promoção da saúde, estima-se que 27,5% da população adulta global ainda não atinge os níveis recomendados de atividade física, refletindo desigualdades de acesso e informação (Isath et al., 2023).
As orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualizadas em 2020, reforçam a importância da atividade física em todas as faixas etárias e em diferentes condições de saúde. Para adultos, recomenda-se entre 150 e 300 minutos semanais de exercício moderado, ou entre 75 e 150 minutos de exercícios intensos (Bull et al., 2020). Pessoas com doenças crônicas ou limitações físicas também devem se manter ativas conforme suas possibilidades, pois isso traz ganhos significativos à saúde e bem-estar (Camargo, 2020; Añez, 2020). A OMS enfatiza que qualquer quantidade de movimento é melhor do que a completa inatividade (Bull et al., 2020).
Dentre os métodos de treinamento utilizados na prevenção e no controle das doenças cardiovasculares, o CrossFit® tem se mostrado uma estratégia eficaz por combinar estímulos de alta intensidade com movimentos funcionais variados. A prática regular dessa modalidade tem sido associada a melhorias relevantes na função cardiorrespiratória, no condicionamento metabólico e na resistência muscular. Além disso, evidências indicam que o CrossFit® pode provocar uma redução aguda da pressão arterial após os treinos, contribuindo para a diminuição de fatores de risco cardiovasculares. Essas respostas positivas ocorrem mesmo em sessões de curta duração, graças à intensidade elevada e à mobilização de grandes grupos musculares, promovendo adaptações benéficas tanto em indivíduos treinados quanto iniciantes (Rios; Pyne; Fernandes, 2025).
Nesse contexto, o CrossFit® surge como uma alternativa eficaz para estimular a prática de exercícios, sendo reconhecido por seu potencial em reduzir gordura corporal, aumentar a massa muscular magra e melhorar a força. Além disso, esse método contribui para melhorias na aptidão cardiorrespiratória e na composição corporal, aspectos diretamente ligados à prevenção e ao controle das doenças do coração. Por isso, o CrossFit® pode ser considerado um complemento promissor às recomendações da OMS, com impacto positivo na saúde cardiovascular e na qualidade de vida de seus praticantes (Rios; Pyne; Fernandes, 2025).
O treinamento de resistência (TR), componente importante do CrossFit®, tem demonstrado grande eficácia na redução de fatores de risco cardiovascular, como a pressão elevada, desregulação da glicose e desequilíbrio lipídico, além de promover alterações benéficas na composição corporal. O diferencial do CrossFit® está na combinação de exercícios de força, resistência e intensidade elevada, dentro de uma proposta dinâmica e variada. Essa abordagem promove adaptações fisiológicas que fortalecem o sistema cardiovascular, melhoram a circulação e favorecem a perda de gordura. Ainda, por seu caráter envolvente e desafiador, facilita a adesão a um estilo de vida mais ativo, contribuindo para a promoção da saúde, prevenção de doenças e melhor qualidade de vida (Paluch et al., 2023).
Manter-se fisicamente ativo é uma estratégia chave para prevenir diversas doenças crônicas e garantir bem-estar físico e emocional. A prática regular de exercícios favorece o funcionamento do organismo e o equilíbrio entre os sistemas vitais. Diante do crescimento do sedentarismo, torna-se cada vez mais necessário promover políticas e ações que estimulem a movimentação cotidiana da população. A criação de ambientes propícios ao exercício e a adoção de hábitos mais ativos no dia a dia são atitudes simples, porém impactantes, na reversão desse cenário. Mais do que prevenir enfermidades, adotar um estilo de vida ativo é um passo essencial para garantir saúde e qualidade de vida ao longo do tempo (Saqib et al., 2020).
Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos da prática do CrossFit® na redução da pressão arterial sistêmica em indivíduos praticantes dessa modalidade, destacando seus benefícios na saúde cardiovascular.
METODOLOGIA
Este trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura, cuja coleta de dados foi realizada entre os meses de março e maio de 2025. As buscas ocorreram nas bases de dados SciELO, PubMed e Portal de Periódicos da CAPES, selecionadas por sua relevância científica e abrangência na área da saúde. Para a construção da pergunta de pesquisa e definição dos critérios de elegibilidade, adotou-se a estratégia PICOS, que compreende: (P) população composta por adultos; (I) intervenção relacionada à prática de exercício físico, com ênfase no CrossFit®; (C) comparação com indivíduos não praticantes de exercício físico; (O) desfecho voltado à redução da pressão arterial; e (S) tipo de estudo, incluindo ensaios clínicos e estudos randomizados, revisões sistemáticas e metanálises.
Foram estabelecidos como critérios de inclusão: (1) estudos originais publicados nos últimos cinco anos; (2) estudos com intervenção prática em exercícios físicos; (3) publicações nos idiomas português, inglês ou espanhol; e (4) pesquisas que avaliaram a prática de exercícios físicos, especialmente o CrossFit®, em adultos hipertensos e não hipertensos.
Os critérios de exclusão foram: (1) estudos de revisão bibliográfica ou narrativa; (2) pesquisas que não abordaram a relação entre exercícios físicos, CrossFit® e hipertensão arterial; (3) estudos não finalizados ou com dados inconclusos; (4) estudos com população composta por crianças, adolescentes ou idosos; e (5) publicações em idiomas diferentes dos previamente especificados.
A estratégia de busca utilizou a combinação de descritores controlados e operadores booleanos (AND, OR, NOT), aplicando a seguinte expressão: (“Arterial Hypertension” OR “Hypertension”) AND (“Exercise” OR “Physical Activity”) AND (“High-Intensity Interval Training” OR “Hiit”) AND (“Title/Abstract”) NOT (“pulmonary hypertension”), com as respectivas traduções para a língua portuguesa. Foram considerados apenas os artigos publicados nos últimos cinco anos (2020–2025), alinhando-se ao recorte temporal da presente pesquisa. Aplicaram-se os seguintes filtros para refinamento dos resultados: ensaio clínico, artigo original, estudo observacional e ensaio clínico randomizado controlado, revisão sistemática e metanálise. Após a recuperação dos estudos nas bases selecionadas, os títulos e resumos foram analisados de forma criteriosa. Os estudos duplicados foram excluídos, e os artigos elegíveis foram submetidos à leitura na íntegra para verificação de aderência aos critérios estabelecidos.
Quadro 1: Características dos estudos selecionados nesta pesquisa de literatura.







O quadro 1 apresenta um panorama abrangente sobre os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT — High-Intensity Interval Training) e outras modalidades de exercício na saúde cardiovascular, com ênfase na pressão arterial e na aptidão cardiorrespiratória em indivíduos com hipertensão e condições associadas. Tamayo Acosta et al. (2022) demonstram que o HIIT é tão eficaz quanto o exercício aeróbico de baixa a moderada intensidade para reduzir a pressão arterial, apresentando ainda superioridade no aumento do consumo máximo de oxigênio (VO₂máx), indicador chave da aptidão cardiorrespiratória.
Além disso, Lu et al. (2022) destacam que o exercício aeróbico moderado promove maior redução da pressão arterial, enquanto o HIIT de alta intensidade e volume elevado gera melhorias na composição corporal e na frequência cardíaca em repouso, ambos importantes para o manejo da hipertensão. Ahmad et al. (2022) mostram que o HIIT associado a outras intervenções potência a redução dos fatores de risco cardiovascular, incluindo a pressão arterial.
Esses achados são reforçados por estudos que apontam o HIIT, modalidade presente em programas de CrossFit®, como eficiente na melhora da saúde cardiovascular e metabólica, especialmente para indivíduos hipertensos. A prática do CrossFit®, que combina exercícios intervalados de alta intensidade, força e resistência, tem ganhado destaque como alternativa eficaz para o controle da pressão arterial e aumento da capacidade cardiorrespiratória, proporcionando benefícios similares ou superiores aos exercícios aeróbicos tradicionais (Battista et al., 2021).
Estudos intervencionistas, como o de Delgado-Floody et al. (2020), indicam que 16 semanas de HIIT promovem melhorias significativas na pressão arterial e no VO₂máx em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. Também é importante destacar que Teixeira et al. (2022) apontam para a segurança e eficácia do exercício intermitente de alta intensidade na redução da pressão arterial, sendo especialmente benéfico para quem já apresenta hipertensão.
Mesquita et al. (2021) evidenciam que o HIIT melhora a variabilidade da frequência cardíaca, refletindo adaptações positivas no controle autonômico em pacientes hipertensos. Silva et al. (2023) confirmam que até mesmo uma única sessão de HIIT pode reduzir significativamente a pressão arterial em mulheres hipertensas, sem aumentar o risco cardiovascular imediato.
Por fim, o estudo de Tous-Espelosin et al. (2020) demonstra que programas supervisionados de exercício, com destaque para o HIIT, promovem melhorias na qualidade de vida física, social e mental em pessoas hipertensas, reforçando o papel do exercício na abordagem integral da hipertensão.
Em suma, os dados indicam que o HIIT, modalidade presente no CrossFit®, é uma estratégia eficiente e segura para o controle da pressão arterial, melhora da aptidão cardiorrespiratória e qualidade de vida em pacientes hipertensos, constituindo uma importante ferramenta complementar às intervenções convencionais para o manejo da hipertensão.
Figura 1. Fluxograma dos artigos selecionados
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos por meio desta revisão integrativa reforçam a relevância da prática de exercícios físicos, especialmente os de alta intensidade, como o CrossFit®, na redução da pressão arterial e no controle de fatores de risco cardiovascular. A hipertensão arterial sistêmica, condição crônica de alta prevalência, tem sido combatida de forma eficaz por intervenções não farmacológicas, com destaque para a atividade física regular, conforme demonstrado nos estudos incluídos (Tamayo Acosta et al., 2022; Lu et al., 2022).
A prática do CrossFit®, que combina elementos do treinamento de resistência (TR) e do treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT — High-Intensity Interval Training) aparece como uma estratégia promissora, especialmente por proporcionar adaptações fisiológicas amplas, como melhora da função endotelial, redução da frequência cardíaca de repouso, aumento do consumo máximo de oxigênio (VO₂máx) e, principalmente, queda da pressão arterial (Tamayo Acosta et al., 2022; Lu et al., 2022).
Estudos como o de Tamayo Acosta et al. (2022) e Lu et al. (2022) indicam que o HIIT, presente nas sessões de CrossFit®, pode ser tão ou mais eficaz que os exercícios aeróbicos moderados na redução da pressão arterial e na melhora da aptidão cardiorrespiratória.
Além disso, os achados de Ahmad et al. (2022) e Mesquita et al. (2021) reforçam que a combinação do HIIT com outras estratégias, como a educação em saúde ou intervenções nutricionais, potencializa os efeitos sobre a pressão arterial e a saúde cardiovascular geral. O CrossFit®, por integrar força, resistência e exercícios funcionais em formato de circuito de alta intensidade, pode reproduzir esses benefícios de forma prática e acessível, inclusive em ambientes comunitários ou academias especializadas (Ahmad et al., 2022; Mesquita et al., 2021).
O estudo de Battista et al. (2021) evidencia os efeitos positivos do CrossFit® sobre a composição corporal e a saúde metabólica, pontos diretamente relacionados ao controle da hipertensão. Já Teixeira et al. (2022) destacam que o exercício intermitente de alta intensidade é seguro para indivíduos hipertensos, desde que adequadamente prescrito e monitorado. Essa segurança é fundamental para ampliar a adesão ao programa, algo reforçado pelo caráter dinâmico e motivacional do CrossFit®.
Outro aspecto relevante observado é a melhora na variabilidade da frequência cardíaca relatada por Mesquita et al. (2021), indicando modulação autonômica positiva. Esses achados contribuem para a compreensão de que o exercício intenso, quando bem estruturado, pode reduzir os níveis pressóricos não apenas durante o esforço, mas também em repouso, favorecendo o controle da hipertensão ao longo do tempo. Silva et al. (2023), por sua vez, demonstram que até mesmo sessões únicas de HIIT (modelo presente no CrossFit®) já são capazes de reduzir a pressão arterial pós-esforço, apontando para seus efeitos agudos benéficos (Silva et al., 2023).
Além disso, Tous-Espelosin et al. (2020) destacam que os exercícios supervisionados, como os realizados em aulas de CrossFit®, impactam não só a saúde física, mas também a saúde mental e a qualidade de vida dos praticantes, favorecendo uma abordagem integral da hipertensão arterial (Tous-Espelosin et al., 2020).
Dessa forma, os dados levantados confirmam que o CrossFit® pode ser utilizado como um aliado no combate à hipertensão arterial, desde que respeitados os princípios de individualidade biológica, segurança e progressão. Sua estrutura variada, com treinos curtos, intensos e funcionais, favorece a adesão e mantém o engajamento a longo prazo, o que é essencial para alcançar benefícios sustentáveis na saúde cardiovascular. (Silva et al., 2023).
Por fim, é importante ressaltar que, embora a maior parte dos estudos revisados tenha avaliado os efeitos do HIIT em geral, muitos dos achados são aplicáveis ao contexto do CrossFit®, dado seu formato e estrutura semelhantes. (Tamayo Acosta et al., 2022; Ahmad et al., 2022). Ainda assim, destaca-se a necessidade de mais estudos com foco específico no CrossFit® como intervenção isolada, especialmente em populações hipertensas, para aprofundar o entendimento sobre seus efeitos crônicos e sua segurança a longo prazo.
CONCLUSÃO
O CrossFit®, por sua estrutura dinâmica e multifuncional, apresenta-se como uma alternativa viável e atrativa para promover a adesão ao exercício físico, capacidade de aliar intensidade, variedade e socialização pode favorecer a continuidade da prática, aspecto fundamental para a obtenção de resultados duradouro.
Contudo, embora os resultados encontrados sejam promissores, é importante a continuidade dos estudos específicos sobre os efeitos do CrossFit® em populações hipertensas, considerando aspectos como segurança, prescrição individualizada e resposta a longo prazo. Tais investigações contribuirão para embasar ainda mais sua aplicação clínica e preventiva.
O CrossFit®, quando bem orientado, pode ser uma estratégia complementar e eficaz no manejo da hipertensão arterial, alinhando-se às diretrizes da Organização Mundial da Saúde e às recomendações para a prática de atividade física regular. A promoção de programas de exercícios estruturados, supervisionados e cientificamente embasados, como o CrossFit®, representa uma importante ferramenta no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis e na construção de uma sociedade mais ativa e saudável.
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