REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505311840
Mayckow Carvalho Da Silva Oliveira1
Luciano Dantas Ravani1
Cauan Penido Saraiva1
Orientadores: Dr. Bruno Eduardo Morais Nunes2
Dra. Cristina Christiano2
RESUMO
Delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica comum entre pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), frequentemente subdiagnosticada e associada a desfechos clínicos adversos, como aumento da mortalidade, hospitalização prolongada e declínio cognitivo persistente. Este estudo, realizado por meio de uma revisão sistemática da literatura, teve como objetivo identificar os principais fatores de risco, estratégias de manejo e diagnósticos diferenciais relacionados ao delirium em UTI. Os achados revelaram que idade avançada, comorbidades, uso prolongado de sedativos e procedimentos invasivos são os principais fatores predisponentes. Intervenções não farmacológicas se mostraram eficazes na redução da incidência da síndrome, enquanto biomarcadores emergiram como uma ferramenta promissora para o diagnóstico precoce. Além disso, a diferenciação precisa entre delirium e outras condições clínicas — como demência, encefalopatias e transtornos psiquiátricos — mostrou-se essencial para o manejo adequado. A implementação de protocolos integrados e o treinamento das equipes de saúde são estratégias recomendadas para melhorar os desfechos clínicos.
Palavras-chave: Biomarcadores. Delírio. Diagnóstico. Cuidados intensivos. Tratamento.
ABSTRACT
Delirium is an acute neuropsychiatric syndrome frequently observed in patients admitted to Intensive Care Units (ICUs). It is characterized by disturbances in consciousness, attention, and cognition, and significantly impacts the prognosis of critically ill patients. Despite its high prevalence, delirium remains underdiagnosed and undertreated due to the variability of risk factors and the complexity of its clinical presentation. This systematic review aims to expand the understanding of delirium in the ICU by identifying the main risk factors, discussing the efficacy of preventive and therapeutic strategies, and analyzing differential diagnoses. The results indicate that advanced age, comorbidities, prolonged use of sedatives, and invasive procedures are among the main risk factors. Nonpharmacological approaches, such as early mobilization and sensory orientation, have been shown to be effective in reducing the incidence of delirium, while biomarkers are emerging as promising tools for early diagnosis and prognosis. Furthermore, adequate distinction between delirium and conditions such as dementia, metabolic encephalopathies, psychiatric disorders, and other acute confusional states is crucial for accurate diagnosis and effective treatment. The integration of structured protocols and ongoing professional education can improve outcomes and ensure better care for critically ill patients.
Keywords: Biomarkers. Delirium. Diagnosis. Intensive care. Treatment.
1. INTRODUÇÃO
O delirium na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma síndrome neuropsiquiátrica aguda, caracterizada por distúrbios na consciência, atenção e cognição, que impacta significativamente o prognóstico dos pacientes críticos (Stollings et al., 2021). Essa condição está associada ao aumento da morbimortalidade, prolongamento da hospitalização e elevação dos custos em saúde, configurando um desafio clínico e assistencial relevante (Rosgen et al., 2020; Vasilevskis et al., 2018). Apesar de sua alta prevalência, o delirium muitas vezes permanece subdiagnosticado e subtratado devido à variabilidade dos fatores de risco e à complexidade de sua apresentação clínica (Park; Lee, 2019; Rosgen et al., 2020).
As repercussões do delirium vão além do período de internação, pois a condição pode resultar em declínio cognitivo persistente e comprometimento da qualidade de vida dos pacientes (Sakusic et al., 2018; Bulic et al., 2020). Apesar dos avanços na compreensão da fisiopatologia e no desenvolvimento de estratégias de manejo, ainda há lacunas no conhecimento sobre os fatores de risco específicos na população de UTI, bem como sobre métodos eficazes de prevenção e intervenção (Devlin et al., 2018; Stollings et al., 2021). Além disso, a distinção entre delírio e delirium continua sendo um desafio na prática clínica, devido à utilização ambígua desses termos na literatura médica.
Diante desse contexto, este estudo busca ampliar a compreensão sobre o delirium na UTI, evidenciando a importância do diagnóstico precoce e das estratégias de manejo mais eficazes. Serão abordados os principais fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome, com ênfase na idade avançada, comorbidades, uso de sedativos e procedimentos invasivos. Ademais, serão discutidas as diferentes abordagens terapêuticas, priorizando intervenções não farmacológicas e a minimização do uso de sedativos. A análise também contemplará a distinção entre delírio e delirium, contribuindo para a redução do subdiagnóstico, especialmente do delirium hipoativo. Além disso, será explorado o potencial uso de biomarcadores como ferramenta para aprimorar o diagnóstico e prognóstico da síndrome. Dessa forma, espera-se que este estudo ofereça subsídios para o aperfeiçoamento das estratégias de manejo e da qualidade do atendimento a pacientes críticos na UTI.
2. METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como uma revisão bibliográfica sistemática, conduzida conforme as diretrizes do protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), visando identificar e analisar os fatores de risco, estratégias de manejo e diferenciação entre delírio e delirium no contexto de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). A coleta de dados foi realizada nas bases PubMed, Scopus e Google Acadêmico, utilizando os seguintes descritores com operadores booleanos: “delirium” AND “terapia intensiva” AND “manejo clínico”. Foram considerados artigos publicados nos últimos dez anos, em português e inglês, com acesso ao texto completo. O recorte temporal justifica-se pelo avanço nas diretrizes clínicas e pelas novas evidências emergentes sobre biomarcadores para diagnóstico do delirium.
A seleção dos estudos ocorreu em três etapas: triagem de títulos e resumos, realizada por dois pesquisadores independentes, excluindo artigos irrelevantes; leitura integral dos textos selecionados, com inclusão apenas dos estudos que atendiam aos critérios previamente estabelecidos; e revisão cruzada, na qual eventuais discordâncias foram resolvidas por consenso ou por um terceiro revisor. Os critérios de inclusão abrangeram estudos originais, revisões sistemáticas e metanálises que abordassem diretamente a temática do delirium na UTI, incluindo fatores predisponentes, estratégias de prevenção e manejo. Foram excluídos artigos que não apresentassem metodologia clara, estudos com populações pediátricas ou neonatais e pesquisas que abordassem delirium em contextos distintos da UTI. Além disso, foram excluídos pacientes entubados com pontuação Richmond Agitation-Sedation Scale (RASS) de -4 e -5, bem como aqueles com diagnóstico prévio de demência senil ou alterações cognitivas preexistentes, garantindo maior precisão nos achados.
A análise dos dados coletados foi conduzida por meio de leitura crítica dos artigos selecionados, com ênfase na identificação de padrões, correlações e lacunas existentes na literatura. Os resultados foram organizados em categorias temáticas, possibilitando uma abordagem estruturada sobre a prevalência do delirium, fatores de risco associados, estratégias de manejo e desafios diagnósticos. Esse método permitiu uma síntese abrangente das evidências disponíveis, fornecendo subsídios para futuras pesquisas e para a melhoria da prática clínica no cuidado de pacientes críticos acometidos por delirium.
3. RESULTADOS
Os achados desta revisão sistemática evidenciam a relevância do delirium na UTI e seus impactos clínicos e prognósticos. Stollings et al. (2021) demonstraram que o delirium está associado a um aumento de 25% na mortalidade hospitalar e de 30% no tempo de ventilação mecânica, prolongando a internação em até 12 dias. Rosgen et al. (2020) identificaram que fatores como idade superior a 70 anos, insuficiência renal e uso prolongado de sedativos elevam o risco de delirium, com uma incidência de 40% entre pacientes da UTI. Vasilevskis et al. (2018) evidenciaram um aumento de 15% nos custos hospitalares e um prolongamento médio de 10 dias na hospitalização de pacientes com delirium, além de uma chance três vezes maior de mortalidade hospitalar em casos graves. O diagnóstico do delirium ainda enfrenta desafios significativos. Park e Lee (2019) apontaram que até 50% dos casos não são identificados corretamente, sendo o delirium hipoativo o mais subdiagnosticado. Bulic et al. (2020) e Sakusic et al. (2018) reforçaram que o delirium tem impacto prolongado, resultando em declínio cognitivo em 60% dos pacientes e déficits persistentes em até 40% após a alta hospitalar. Devlin et al. (2018) destacaram a eficácia das intervenções não farmacológicas, como mobilização precoce e estímulos sensoriais, na redução de 30% dos casos de delirium, além de minimizar a necessidade de sedação. Por fim, Stollings et al. (2021) sugeriram a aplicação de biomarcadores no diagnóstico precoce, com evidências indicando uma precisão de 80% na predição do delirium.
Autor e Ano | Método | Objetivos | Resultados | Discussão |
Stollings et al., 2021 | Revisão sistemática e metanálise | Avaliar a prevalência e os fatores de risco do delirium na UTI, com foco na mortalidade e morbilidade. | O estudo identificou que o delirium na UTI está associado a um aumento de 25% na mortalidade hospitalar e um aumento de 30% no tempo de ventilação mecânica. Além disso, a síndrome aumentou o tempo de internação em até 12 dias. | A discussão destaca que o diagnóstico precoce é crucial para a redução da mortalidade. Intervenções não farmacológicas, como a promoção do sono e a redução de sedativos, mostraram-se eficazes na diminuição dos episódios de delirium. |
Rosgen et al., 2020 | Estudo prospectivo, cohort | Identificar os principais fatores de risco do delirium na UTI, como idade avançada e comorbidades. | Os principais fatores de risco identificados foram idade superior a 70 anos, comorbidades como insuficiência renal e uso prolongado de sedativos. Aproximadamente 40% dos pacientes da UTI desenvolveram delirium durante a internação. | A discussão reforça a importância do rastreamento precoce para pacientes em risco. Recomenda-se a utilização de protocolos de prevenção, especialmente em idosos e pacientes com múltiplas comorbidades. |
Vasilevskis et al., 2018 | Estudo observacional e análise de dados retrospectivos | Analisar a contribuição do delirium para o aumento do tempo de internação e custos hospitalares. | O delirium contribuiu para um aumento de 15% nos custos hospitalares, além de prolongar a internação em 10 dias em média. Pacientes com delirium grave tiveram uma chance 3 vezes maior de morte hospitalar. | A pesquisa reforça a necessidade de estratégias de manejo precoce para evitar complicações financeiras e clínicas associadas ao delirium, com ênfase na redução do uso de sedativos. |
Park & Lee, 2019 | Revisão da literatura | Avaliar a subnotificação do delirium e a complexidade de seu diagnóstico na UTI. | A revisão mostrou que 50% dos casos de delirium na UTI não são diagnosticados corretamente, especialmente os casos de delirium hipoativo. O delirium é frequentemente confundido com outros distúrbios neurológicos. | A discussão aponta a necessidade de ferramentas de diagnóstico mais sensíveis, como escalas específicas para delirium, para reduzir o subdiagnóstico e melhorar o manejo. |
Bulic et al., 2020 | Estudo longitudinal, coorte | Analisar o impacto do delirium na qualidade de vida pós-hospitalar e no declínio cognitivo. | A pesquisa indicou que 60% dos pacientes que experienciaram delirium na UTI apresentaram declínio cognitivo significativo 6 meses após a alta hospitalar. A qualidade de vida também foi impactada em 45% dos casos. | A discussão enfatiza a importância de intervenções a longo prazo para mitigar o impacto cognitivo do delirium, incluindo reabilitação cognitiva e monitoramento contínuo. |
Sakusic et al., 2018 | Revisão sistemática e metanálise | Investigar a persistência de déficits cognitivos após a recuperação de pacientes críticos com delirium. | A metanálise revelou que até 40% dos pacientes críticos que tiveram delirium apresentam déficits cognitivos persistentes após a alta hospitalar, com impacto significativo na função executiva e memória. | A revisão sugere que a implementação de protocolos para recuperação cognitiva após a alta hospitalar é essencial para melhorar os desfechos a longo prazo. |
Devlin et al., 2018 | Estudo randomizado controlado (RCT) | Avaliar a eficácia de intervenções não farmacológicas no manejo do delirium e redução do uso de sedativos. | O estudo mostrou que o uso de intervenções como mobilização precoce, orientação contínua e estímulos sensoriais reduziu em 30% os casos de delirium em pacientes da UTI, com uma redução significativa na necessidade de sedação. | A discussão destaca que o manejo não farmacológico é uma abordagem eficaz para prevenir e tratar o delirium, além de reduzir a dependência de sedativos e seus efeitos adversos. |
Stollings et al., 2021 | Revisão sistemática sobre biomarcadores | Discutir a aplicação de biomarcadores para melhorar o diagnóstico precoce e prognóstico do delirium na UTI. | A revisão encontrou evidências emergentes sobre biomarcadores, como o aumento de proteínas específicas no sangue, que podem prever o desenvolvimento de delirium com 80% de precisão. | A discussão sugere que a integração de biomarcadores com avaliação clínica pode melhorar a detecção precoce e otimizar as estratégias de manejo do delirium na UTI. |
4. DISCUSSÃO
Os resultados desta revisão reforçam o impacto significativo do delirium na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), evidenciado pelo aumento da mortalidade, prolongamento da internação, comprometimento cognitivo e elevação dos custos hospitalares. A alta prevalência da síndrome, conforme demonstrada por Rosgen et al. (2020), exigem estratégias de rastreamento precoce, especialmente para pacientes idosos e com múltiplas comorbidades, principais fatores de risco identificados.
O manejo do delirium deve priorizar instruções não farmacológicas, conforme apontado por Devlin et al. (2018), descobertas demonstram que a mobilização precoce, a orientação contínua e os estímulos sensoriais aumentaram em 30% os casos da síndrome e minimizaram a necessidade de sedação. A redução do uso de sedativos é fundamental, visto que seu uso prolongado está associado a maior incidência de delirium (Vasilevskis et al., 2011; Rosgen et al., 2020). Além disso, Stollings et al. (2021) ressaltam a importância da promoção do sono e de ambientes adequados para minimizar os episódios de delirium.
O subdiagnóstico do delirium, especialmente na forma hipoativa, ainda representa um desafio na prática clínica. Park e Lee (2019) indicam que até 50% dos casos não são identificados corretamente, destacando a necessidade de ferramentas diagnósticas mais sensíveis. O uso de escalas padronizadas, como o CAM-ICU, aliado à capacitação contínua das equipes multiprofissionais, pode contribuir para a detecção precoce e manejo mais eficaz da síndrome.
As consequências do delirium se estendem para além da hospitalização. Bulic et al. (2020) e Sakusic et al. (2018) evidenciaram que até 60% dos pacientes apresentaram declínio cognitivo persistente após a alta, com impacto na qualidade de vida e na função executiva. Diante desse cenário, é essencial que os protocolos hospitalares incluam estratégias de recuperação cognitiva e acompanhamento pós-alta para minimizar os efeitos adversos a longo prazo.
Além das abordagens clínicas tradicionais, a literatura aponta para o potencial uso de biomarcadores no diagnóstico e prognóstico do delirium. Stollings et al. (2021) demonstraram que certas proteínas séricas podem prever a ocorrência da síndrome com 80% de precisão, indicando que a integração desses biomarcadores à avaliação clínica pode melhorar a detecção precoce e orientar intervenções terapêuticas mais assertivas.
Dessa forma, este estudo reforça a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no manejo do delirium, combinando estratégias preventivas, diagnóstico precoce e intervenções terapêuticas eficazes. A implementação de protocolos estruturados, a minimização do uso de sedativos e a incorporação de novas ferramentas diagnósticas, como biomarcadores, podem contribuir significativamente para a melhoria dos estágios clínicos e a qualidade do atendimento prestado a pacientes críticos na UTI.
Adicionalmente, é imprescindível considerar os diagnósticos diferenciais no contexto do delirium, sobretudo em ambientes de cuidados intensivos onde múltiplas condições podem mimetizar ou coexistir com a síndrome. Entre os principais diagnósticos diferenciais estão demência, transtornos psiquiátricos primários, encefalopatias metabólicas, intoxicações medicamentosas, crises epilépticas não convulsivas, infecções do sistema nervoso central, distúrbios endócrinos e deficiências vitamínicas. Embora compartilhem sintomas cognitivos, o delirium apresenta início agudo e curso flutuante, enquanto a demência é caracterizada por declínio progressivo e crônico. Condições como esquizofrenia e transtorno afetivo bipolar podem apresentar sintomas semelhantes ao delirium, mas alucinações visuais são mais comuns neste último.
Ademais, encefalopatias metabólicas como encefalopatia hepática, uremia e distúrbios eletrolíticos devem ser cuidadosamente avaliadas, sendo exames fundamentais laboratoriais específicos. O uso de medicamentos como benzodiazepínicos, opioides e anticolinérgicos pode precipitar sintomas de delirium, devendo uma anamnese medicamentosa ser detalhada. Crises epilépticas não convulsivas, por sua vez, podem simular estados confusos agudos, sendo o EEG um exame complementar essencial. Infecções como meningites e encefalites devem ser consideradas em pacientes com febre e alteração do estado mental, e os distúrbios endócrinos como hipotireoidismo e insuficiência adrenal também podem cursar com confusão mental. Por fim, a deficiência de tiamina, frequentemente associada ao alcoolismo periódico, pode levar à síndrome de Wernicke, devendo ser acessível para evitar sequelas neurológicas graves. A distinção curada entre delirium e seus diagnósticos diferenciais é crucial para a adoção de medidas terapêuticas direcionadas e específicas, reduzindo riscos e promovendo melhores resultados clínicos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, o presente estudo evidencia que o delirium – uma síndrome de elevada complexidade no contexto das UTIs – requer uma abordagem holística e multidisciplinar que vá além dos tratamentos farmacológicos isolados. A identificação precoce dos fatores de risco, especialmente a idade avançada, a presença de comorbidades e o uso prolongado de sedativos, revela-se fundamental para a implementação de intervenções terapêuticas eficazes, capazes de reduzir não só a incidência da síndrome, mas também os desfechos adversos associados, tais como o aumento da mortalidade e o prolongamento das internações.
A eficácia demonstrada por intervenções não farmacológicas e pelo uso estratégico de escalas diagnósticas padronizadas, somadas ao potencial dos biomarcadores para o diagnóstico precoce, corrobora a necessidade de se estabelecer protocolos integrados e da capacitação continuada das equipes de saúde. Dessa forma, a consolidação de uma prática clínica baseada em evidências robustas se configura como essencial para a transformação dos cuidados intensivos, permitindo a formulação de políticas públicas que assegurem a segurança e a qualidade no atendimento aos pacientes críticos.
Ademais, o manejo do delirium deve ser orientado por uma sinergia entre os avanços da neurobiologia, que elucidam os desequilíbrios neuroquímicos e inflamatórios, e as práticas de monitoramento e intervenção clínica. A integração entre essas dimensões possibilita a implementação de medidas preventivas e terapêuticas mais precisas, assegurando uma redução dos índices de morbidade e a otimização dos recursos assistenciais. Assim, é imperativo que futuras pesquisas se concentrem na validação e expansão dos instrumentos diagnósticos – tanto clínicos quanto laboratoriais – e na elaboração de protocolos padronizados que possam ser amplamente aplicados no ambiente das UTIs.
Portanto, para que se alcance uma melhoria significativa na assistência intensiva, torna-se urgente que a comunidade científica e os gestores de políticas de saúde incorporem esses achados na prática diária, consolidando um modelo de cuidado que seja sustentável, eficiente e fundamentado em evidência científica de ponta. Dessa forma, a integração de medidas preventivas, diagnósticas e terapêuticas representa o caminho para reduzir os impactos adversos do delirium, promovendo a segurança do paciente e contribuindo para a eficiência dos sistemas de saúde.
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1Acadêmico(a). Universidade do Grande Rio Afya – Duque de Caxias, RJ, Brasil.
2Docente. Universidade do Grande Rio Afya – Duque de Caxias, RJ, Brasil. Instituição.