A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DOS PRIMEIROS SINAIS DE AVE NA TRIAGEM DA EMERGÊNCIA

THE IMPORTANCE OF NURSES IN THE EARLY IDENTIFICATION OF INITIAL SIGNS OF STROKE IN EMERGENCY TRIAGE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506021852


Cristiane da Silva Ribeiro1
Gabriela Pereira Augusto1
Luiza de Castro Rosa1
Maria Luiza de Moura Narciso Beloto1
Orientador: Prof. Ms. Éverson da Silva Souza2


Resumo:  

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é responsável por uma elevada taxa de sequelas neurológicas, incapacidades e mortes em todo o mundo. Existem dois tipos principais de AVE: o isquêmico (AVEi) causado pela obstrução de vasos sanguíneos; e o hemorrágico (AVEh), menos comum, mas mais letal, decorrente do rompimento de vasos e extravasamento de sangue no cérebro. Ambos compartilham fatores de risco como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e fatores genéticos. O diagnóstico precoce é crucial para aumentar as chances de sobrevivência e minimizar sequelas. Ferramentas como a Escala de Cincinnati e exames de imagem são essenciais para o diagnóstico, e tecnologias como a inteligência artificial têm melhorado a precisão e agilidade no atendimento. É fundamental investir em educação em saúde, capacitação de profissionais, especialmente da enfermagem, e fortalecimento da Rede de Urgência e Emergência (RUE). O reconhecimento precoce e o atendimento ágil são essenciais para salvar vidas e melhorar a recuperação dos pacientes. 

Palavras-chaves: Enfermeiro. Acidente Vascular Encefálico. Triagem. Diagnóstico precoce.  

ABSTRACT:  

Stroke (Cerebrovascular Accident – CVA) is responsible for a high rate of neurological sequelae, disabilities, and deaths worldwide. There are two main types of stroke: ischemic stroke (IS), caused by the obstruction of blood vessels, and hemorrhagic stroke (HS), which is less common but more lethal, resulting from the rupture of vessels and bleeding in the brain. Both share risk factors such as hypertension, diabetes, cardiovascular diseases, and genetic predisposition. Early diagnosis is crucial to increase survival rates and minimize sequelae. Tools such as the Cincinnati Prehospital Stroke Scale (CPSS) and imaging exams are essential for diagnosis, and technologies like artificial intelligence have improved accuracy and speed in patient care. It is essential to invest in health education, professional training—especially for nurses—and in strengthening the Emergency Care Network (ECN). Early recognition and rapid treatment are vital to saving lives and improving patient recovery. 

 Keywords: Nurse. Cerebral Vascular Accident (CVA). Screening. Early diagnosis.                                   

1. INTRODUÇÃO 

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é responsável por uma elevada taxa de sequelas neurológicas, incapacidades e mortes em todo o mundo. Em 2019, foram registrados 12,2 milhões de novos casos, com uma prevalência de 101 milhões e cerca de 55 milhões de óbitos, tornando-o a segunda principal causa de morte em nível global (Feigin et al., 2021).  

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) no Brasil o AVE representa também a segunda principal causa de morte em relação a doenças não transmissíveis e é esperado que se mantenha na posição até 2060.  O AVE pode ser do tipo isquêmico (AVEi) ou do tipo hemorrágico (AVEh). No tipo isquêmico o comprometimento cerebral ocorre em decorrência da redução do fornecimento de oxigênio e da disponibilidade energética aos tecidos encefálicos — condição esta que pode ser ocasionada por trombose, embolia ou oclusão vascular, resultando em diminuição significativa do fluxo sanguíneo (isquemia) na região cerebral afetada (Paula et al., 2023).  

O AVEh é caracterizado por lesões resultantes do extravasamento súbito de sangue para o interior do parênquima cerebral, caracterizando-se como hemorragia intraparenquimatosa (HIP). Esse processo ocasiona compressão mecânica das estruturas neurais, distorção da anatomia do tecido cerebral adjacente e elevação da pressão intracraniana. Além disso, mecanismos secundários de lesão incluem a citotoxicidade, o estresse oxidativo, a resposta inflamatória e o desenvolvimento de edema cerebral (Paula et al., 2023). 

Tanto o AVEi quanto o AVEh compartilham fatores de risco como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e cardiopatias, sendo a hipertensão o fator de maior relevância em ambos os casos. No entanto, distinguem-se por aspectos etiológicos específicos: o AVEi apresenta maior associação com hábitos como tabagismo e obesidade, enquanto o AVEh está mais frequentemente relacionado ao uso de anticoagulantes e à presença de aneurismas não tratados. Tais distinções evidenciam a importância de estratégias preventivas direcionadas a grupos populacionais com perfis de risco diferenciados (Cunza et al., 2024).  

O diagnóstico do AVE é clínico e possui critérios neurológicos específicos. No caso do AVEi, os principais sinais incluem parestesia unilateral em face e membros superiores ou inferiores, distúrbios da linguagem, alterações visuais uni ou bilaterais, marcha instável, vertigem, síncope, perda de coordenação motora e cefaleia de etiologia indeterminada (Paula et al., 2023).  

No AVEh, embora frequentemente assintomático em sua fase inicial, pode manifestar-se cefaleia súbita e intensa, dor na região cervical, diplopia, náuseas, vômitos e perda de consciência. Além do relato clínico obtido, instrumentos de triagem como a Escala de Cincinnati são muito úteis e avaliam três sinais neurológicos em menos de um minuto: assimetria facial, fraqueza em membros superiores e alteração da fala (Paula et al., 2023).³  

O AVE acarreta diversas alterações funcionais, entre as quais se destacam distúrbios posturais, déficits sensoriais e motores, hemiplegia, hemiparesia, alterações cognitivas, dificuldades na linguagem oral e escrita, comprometimentos na fala, disfagia, perda de memória e desorganização do pensamento. Tais alterações comprometem significativamente a autonomia e independência dos indivíduos nas atividades de vida diária (AVD), sendo esse o impacto mais severo do evento, pois interfere diretamente na qualidade de vida do paciente (Oliveira et al., 2024).  

A trombólise farmacológica representa uma das principais intervenções no tratamento agudo do AVEi, sendo indicada dentro de uma janela terapêutica restrita de até quatro horas e meia após o início dos sintomas. O tratamento é de alto custo e encontra-se disponível apenas em centros especializados ou unidades de AVE vinculadas a hospitais de referência, já no AVEh o tratamento pode ser cirúrgico, quando o paciente estiver hemodinamicamente estável. Antes, é necessário estabilizar funções cardíacas e pressão (Brandão; Lanzoni; Pinto, 2023).  

Dada a rápida progressão do dano neurológico com perda estimada de aproximadamente 1,9 milhão de neurônios por minuto de isquemia cerebral, a detecção precoce dos sinais clínicos e o encaminhamento imediato ao serviço de referência são determinantes para a eficácia da trombólise. Pacientes que excedem o tempo limite para a intervenção trombolítica devem, ainda assim, receber cuidados direcionados, com enfoque na minimização de sequelas e na prevenção de recorrência do evento vascular (Brandão; Lanzoni; Pinto, 2023).  

Através do conhecimento aprofundado da condição clínica do paciente e as alterações causadas pelo AVE as condutas do enfermeiro e equipe de enfermagem são direcionadas para o atendimento adequado atendendo as necessidades específicas do paciente, seja na fase aguda da doença ou na reabilitação (Lima et al., 2023).   

A dependência funcional do paciente acometido pelo AVE pode desencadear distúrbios emocionais, alterações de humor, limitação nas atividades e restrição da participação social. Diante disso, a identificação precoce da funcionalidade e do comprometimento neurológico ainda na fase aguda do AVE revela-se essencial para avaliar o grau de limitação e dependência em tarefas como alimentação, comunicação, higiene, vestuário, mobilidade e locomoção. A avaliação minuciosa da condição funcional desde os estágios iniciais é imprescindível para o planejamento do cuidado, promovendo intervenções mais eficazes e melhores desfechos terapêuticos (Oliveira et al., 2024).  

Este trabalho justifica-se devido ao grande impacto causado pelo AVE na vida dos pacientes e pela importância do profissional enfermeiro em reconhecer quando está diante desta emergência tempo-dependente, auxiliando no diagnóstico rápido e preciso e minimizando as consequências do AVE. 

Diante do exposto, têm-se como objetivo responder o questionamento: “qual a importância que o profissional enfermeiro desempenha  na triagem em uma unidade de emergência com os pacientes acometidos por AVE?” Para isso, é importante reconhecer o papel do enfermeiro do âmbito hospitalar. 

2. METODOLOGIA  

Para alcançar o objetivo proposto neste estudo, o método utilizado foi a revisão integrativa com abordagem qualitativa. A revisão integrativa da literatura é um método utilizado na Prática Baseada em Evidências que permite aplicar conhecimentos científicos à prática clínica de forma sistemática e fundamentada. Envolve a formulação de uma questão, busca e análise crítica da literatura, interpretação dos dados e apresentação dos resultados. Este artigo tem como objetivo descrever as etapas e critérios importantes desse tipo de revisão, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento sobre o tema abordado (Souza et.al., 2017). 

Para a realização desta pesquisa, seguimos seis etapas: (1) definição do tema e elaboração da pergunta de pesquisa; (2) definição dos critérios de inclusão e exclusão do estudo; (3) seleção dos dados que seriam coletados dos estudos escolhidos; (4) avaliação dos estudos selecionados para a revisão; (5) análise e interpretação dos resultados encontrados; e (6) estruturação e apresentação final da revisão, fundamentando o conhecimento obtido (Souza et.al., 2017). 

Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/Mesh) foram utilizados, enfermeiros, acidente vascular encefálico (AVE), assistência de enfermagem, equipe de enfermagem, pacientes. Durante a busca pelos artigos, foram aplicadas combinações de palavras-chave utilizando o operador booleano AND para obtenção dos dados necessários, foram utilizadas bases de dados científicas, incluindo SciELO (Scientific Electronic Library Online), Google Acadêmico e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) a pesquisa foi realizada nos meses de janeiro a abril de 2025. 

Foram incluídos na pesquisa artigos publicados em português nos últimos cinco anos, disponíveis na íntegra e que abordassem o tema proposto. Foram excluídos artigos de revisão, teses, editoriais, dissertações, publicações não relacionadas ao objeto de estudo e artigos duplicados. 

3. RESULTADOS 

Nos resultados, são apresentados os principais achados dos artigos selecionados para esta pesquisa. A análise permitiu identificar aspectos relevantes relacionados ao tema proposto, os quais foram organizados em um quadro com informações sobre autores, ano de publicação, objetivo do estudo e principais resultados encontrados. Esta sistematização visa facilitar a visualização e compreensão das contribuições de cada trabalho para a construção do referencial teórico desta revisão. 

No fluxograma abaixo encontram-se as bases onde os artigos foram pesquisados e o número total de artigos encontrados. No quadro 1 encontram-se os artigos selecionados para o nosso estudo, divididos em: títulos, autores, ano de publicação e objetivos. 

Figura 1: Fluxograma de buscas em bases de dados.

Fonte: Elaboração dos autores (2025). 

Quadro 1 – Estudos incluídos nos resultados e discussão.

No Título Autores / Ano Objetivos da Pesquisa 
Fatores de risco para o acidente vascular cerebral (AVC). Ferreira et al. (2020) Buscar compreender o acidente vascular cerebral em jovens.  
Abordagem inicial do paciente vítima de acidente vascular encefálico. Santos et al.  (2024) Revisar criticamente a abordagem inicial aos pacientes, com AVE, considerando os procedimentos  de  emergência recomendados  pelas  principais diretrizes   internacionais.  
Triagem e ativação da via verde do acidente vascular cerebral: dificuldades sentidas pelos enfermeiros. Costa et al.  (2020) Analisar as dificuldades dos enfermeiros na realização da triagem e ativação da via verde do AVC. 
Desempenho da triagem rápida realizada por enfermeiros na porta de emergência. Moura et al.  (2020) Comparar o desempenho da triagem rápida realizada pelos enfermeiros na porta de emergência e do Sistema Manchester de Classificação de Risco (SMCR) na identificação do nível de prioridade de atendimento dos pacientes. 
Estratégias de ensino voltadas à assistência de enfermagem no acidente vascular cerebral: revisão integrativa. Jardim et al. (2023) Identificar as estratégias pedagógicas utilizadas no ensino da assistência de enfermagem às vítimas de acidente vascular cerebral. 
Retardo na chegada da pessoa com acidente vascular cerebral a um serviço hospitalar de referência. Brandão et al. (2020) Analisar fatores que retardam o atendimento dos pacientes na fase aguda do Acidente Vascular Cerebral em  um  hospital  público  de  referência.  
Protocolo de trombólise no acidente vascular cerebral isquêmico agudo. Brasil (2023) Considerando a necessidade de se atualizarem os parâmetros sobre o Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Agudo no Brasil e as diretrizes nacionais para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos indivíduos com esta doença. 

Fonte: Elaboração dos autores (2025). 

4. DISCUSSÃO 

Identificar o momento exato em que as manifestações neurológicas começaram e como elas evoluíram durante o atendimento ao paciente é fundamental. A aparição repentina de um déficit neurológico pode ser um indicativo de AVE (Brasil, 2023). 

O Ministério da Saúde recomenda protocolos específicos para o atendimento ao AVE, com destaque para o uso da Escala de Cincinnati, cuja eficácia é comprovada. A identificação de apenas um dos seguintes sinais de assimetria facial, fraqueza em um dos braços ou fala alterada  já é suficiente para suspeita clínica. Além disso, os profissionais de enfermagem devem estar preparados para reconhecer outros sintomas como perda de equilíbrio, dormência unilateral, alterações visuais e cefaleia súbita intensa. No ambiente hospitalar, a Escala National Institutes of Health Stroke Scale (NIHSS) é a principal ferramenta utilizada, auxiliando tanto no diagnóstico quanto na definição do prognóstico e acompanhamento da evolução clínica do paciente (Brasil, 2023). 

Santos et al. (2024) explicam que consensos internacionais sobre tabelas e protocolos foram desenvolvidos para otimizar o tempo e a eficiência da avaliação do paciente com AVE. O tempo de avaliação é crucial, pois está diretamente relacionado à viabilidade do tecido cerebral isquêmico e, portanto, à eficácia do tratamento. Dessa forma, o ganho de tempo é essencial para o tratamento e prognóstico. A discussão dos pontos levantados ressalta a importância crítica da prontidão na detecção e tratamento do AVE para mitigar os danos cerebrais e otimizar os resultados clínicos. O tempo é um recurso valioso na resposta ao AVE, pois a administração precoce de terapias de reperfusão pode limitar a extensão do dano cerebral e melhorar significativamente as perspectivas de recuperação do paciente. 

Costa et al. (2020) reforçam que a tomada de decisão é facilitada pelos sinais clássicos da Escala de Cincinnati e pelos critérios específicos do protocolo, como idade superior a 18 anos, início dos sintomas há menos de 4,5 horas e ausência de dependência prévia. Entre os sinais da Escala de Cincinnati, a fraqueza em um dos membros é o mais comum, seguido pela dificuldade em falar e a assimetria facial. 

Santos et al. (2024) também afirmam que a capacidade de identificar prontamente os sinais de um AVE e acionar uma resposta eficiente depende diretamente da qualificação das equipes de saúde. O enfermeiro, inserido nas unidades de pronto atendimento e nos serviços de emergência pré-hospitalar, deve estar capacitado para realizar uma avaliação inicial completa, contemplando o estado neurológico, vias aéreas, respiração, sinais vitais, nível de consciência, exame físico, aferição da glicemia e monitorização cardíaca. Essa abordagem sistêmica facilita a identificação de possíveis complicações e contribui para intervenções terapêuticas precoces. 

Brandão et al. (2020) trazem que as condições socioeconômicas e o acesso aos serviços de saúde são fatores que podem causar atrasos no atendimento pré-hospitalar e fazer com que o paciente não consiga ter o atendimento dentro da janela terapêutica ideal para obter o diagnóstico e tratamento, ele destaca também que a complexidade do sistema de saúde e suas rotinas podem dificultar a agilidade do atendimento e criar obstáculos ao acesso a serviços especializados, mas concorda com a afirmativa de que os pacientes que são avaliados por uma equipe multidisciplinar imediatamente após a chegada à emergência e encaminhados rapidamente para realizar os exames têm maior chance de serem submetidos ao tratamento adequado. 

Costa et al. (2020) descrevem que, a eficácia da triagem tem impacto direto na redução do tempo “porta-agulha”, ou seja, o intervalo entre a chegada do paciente ao hospital e a administração do trombolítico. Ele também alerta que  o tempo entre o início dos sintomas e a chegada ao hospital ainda depende do nível de conhecimento da população sobre os sinais de alerta do AVE, bem como da capacidade de acionar o serviço de emergência de forma imediata. 

Moura et al. (2020) enfatizam que a triagem rápida e precisa dos pacientes que necessitam de atendimento urgente é crucial para aumentar suas chances de sobrevivência. Nas doenças cerebrovasculares, o processo de triagem assume um papel estratégico. A detecção precoce dos sinais neurológicos permite o início imediato do tratamento, impactando diretamente no prognóstico do paciente. Nesse contexto, o enfermeiro desempenha um papel decisivo, especialmente na aplicação de escalas clínicas validadas que contribuem para um diagnóstico mais preciso desde o primeiro contato com os serviços de saúde. Essas ferramentas podem ser utilizadas tanto no ambiente pré-hospitalar quanto na triagem hospitalar, otimizando o reconhecimento dos sintomas e acelerando o encaminhamento para atendimento especializado.  

Ferreira et al. (2020) apontam que a formação e capacitação dos enfermeiros têm influência positiva na classificação de risco e na eficácia do acolhimento em unidades de emergência. A presença de profissionais de enfermagem na linha de frente, especialmente durante a recepção de pacientes com suspeita de AVE, pode ser determinante para um atendimento ágil, humanizado e eficiente. 

Jardim et al. (2023) consideram essencial a importância do enfermeiro tanto no atendimento pré-hospitalar quanto no hospitalar, ele ainda afirma que o enfermeiro é crucial na identificação precoce dos sinais clínicos, no monitoramento de possíveis agravamentos e na prestação de cuidados específicos, contribuindo diretamente para a melhoria do prognóstico do paciente. Para eles, a formação contínua dos enfermeiros para atender pacientes com AVE é vital para garantir um atendimento eficiente e centrado nas necessidades do paciente, buscando melhorar os resultados do processo de reabilitação, promovendo a autonomia funcional do paciente e reduzindo as limitações causadas pelas alterações neurológicas, o que impacta positivamente na qualidade de vida dos sobreviventes.  

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A atuação do enfermeiro na identificação precoce dos sinais de acidente vascular encefálico (AVE) é fundamental para a redução das sequelas e mortalidade associadas a essa condição. Durante o processo de triagem, os enfermeiros desempenham um papel crucial, não apenas na observação clínica, mas também na educação do paciente e na identificação de fatores de risco. A interpretação adequada dos sintomas, como fraqueza súbita, alterações na fala e desvio facial, permite um encaminhamento rápido para a intervenção médica, estabelecendo um fluxo eficiente no tratamento do AVE. A experiência e a formação contínua dos enfermeiros em neurologia e emergências são essenciais para que esses profissionais possam reconhecer rapidamente as variações nos sinais apresentados pelos pacientes. 

Além disso, o uso de ferramentas de triagem e a implementação de protocolos clínicos reforçam a relevância da intervenção de enfermagem nesse contexto, promovendo maior autonomia e eficácia no primeiro atendimento ao paciente. Assim, ao integrar conhecimento técnico, habilidades de comunicação, os enfermeiros não apenas protegem a saúde individual, mas também impactam positivamente na saúde pública. 

É evidente a importância do enfermeiro na triagem e a identificação dos primeiros sinais de AVE. Quando o enfermeiro realiza a identificação precoce dos sinais e promove a intervenção adequada, contribui de forma decisiva para a elevação das taxas de sobrevivência e para a minimização das sequelas a longo prazo decorrentes do AVE. Portanto, investir na formação e valorização dos enfermeiros é essencial para a criação de uma rede de atenção à saúde mais robusta e resiliente diante dessas emergências médicas. 

REFERÊNCIAS 

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1Acadêmicos do curso de Enfermagem da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.  E-mail: marialmnarciso@gmail.com. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Sul de Santa Catarina. 2025.
2Orientador, Prof. e Mestre.