CAFFEINE CONSUMPTION DURING THE GESTATIONAL PERIOD AND THE IMPACTS ON THE MOTOR DEVELOPMENT OF NEWBORN CHILDREN UP TO 18 MONTHS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505311504
Rafaella Ferreira Mendes1
Fernanda Teixeira Furlan Chico2
Ticiane Aparecida Peccher da Silva3
Lucas Andre Mesquita Ferreira Solcia4
RESUMO
A cafeína age como um estimulante do sistema nervoso central, bloqueando a ação da adenosina, um neurotransmissor que promove o sono, resultando em um aumento da vigília e da concentração. O efeito da cafeína pode variar de acordo com a quantidade ingerida e fatores externos, o que só implica a importância de entender os impactos da cafeína no desenvolvimento das crianças que são expostas à cafeína no período gestacional. O relatado estudo é caracterizado como um estudo transversal analítico, com abordagem qualitativa e quantitativa, no qual foi realizada a avaliação de bebês com idade entre 0 e 18 meses, cujas mães haviam consumido ou não cafeína durante a gestação. Entre as subdivisões dos grupos, as mães selecionadas como as que consumiram cafeína, 40% dos bebês apresentavam atraso no desenvolvimento de 5th, 10th e 25th,, enquanto do grupo que não consumiu cafeína os bebês com atraso representam 20%, dentre eles os grupos 5th e 10th apenas. Por finalidade, sugere-se que a cafeína em menor quantidade tem menos efeitos negativos em prol do desenvolvimento, e que é necessário o consumo de doses menores de cafeína durante a gestação, a fim de evitar complicações futuras. Porém, novos estudos são necessários, com uma amostra maior, para a comprovação desse fato.
Palavras-chave: Crescimento e Desenvolvimento. Cafeína. Recém Nascido.
1 INTRODUÇÃO
A cafeína pode ser encontrada em diversas bebidas, ou até mesmo em alimentos. É consumida mundialmente, sendo facilmente absorvida pelo organismo humano, no qual o principal órgão responsável por essa absorção é o fígado. A cafeína age como um estimulante do sistema nervoso central, bloqueando a ação da adenosina, um neurotransmissor que promove o sono, resultando em um aumento da vigília e da concentração. Além disso, afeta diversos outros sistemas do organismo humano como o sistema cardiovascular, digestivo, muscular, endócrino, urinário e reprodutivo (JAMES, 2021).
Esses efeitos podem variar dependendo da quantidade consumida, da sensibilidade individual e de outros fatores, como o estado de saúde e a presença de condições médicas preexistentes, resultando em efeitos como, aumentando da frequência cardíaca, pode causar a constrição dos vasos sanguíneos, o que pode aumentar a pressão arterial em algumas pessoas, pode estimular a produção de ácido gástrico no estômago, o que leva a desconforto gastrointestinal, e afeta também a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol e adrenalina. Esses hormônios ajudam a preparar o corpo para respostas rápidas e consequentemente, o consumo de cafeína pode contribuir para o aumento da energia e da disposição (DEL COSO, SALINERO & LARA, 2020).
A necessidade de maior desempenho, concentração ou o cansaço leva a busca constante de bebidas energéticas, com frequência adicionam-se substâncias como taurina, guaraná, vitaminas e minerais que, consequentemente, aumentam o risco de diversos problemas cardiovasculares e neurológicos. Mesmo com doses de cafeína de até 400 mg/dia ou até 200 mg em apenas uma dose são consideradas seguras do ponto de vista cardiovascular, a administração de outras concentrações deve-se ter cuidado devido ao riscos elevados que os mesmos podem causar, administrados juntamente com a cafeína (DUTRA, MARQUES & MATOS, 2022).
Concomitantemente, muitos estudos mostram os efeitos em que abuso de substâncias como a cafeína provoca, o que leva alerta sobre o uso excessivo dela, juntamente com outras substâncias podem acarretar efeitos agudos e crônicos, ou em alguns casos levar até mesmo a morte. Em gestantes, além dos danos à mãe, a preocupação com o feto também deve ser levada em consideração (COSTANTINO et al., 2023).
Nesse sentido, no período da gestação, a gestante deve se atentar-se com sua alimentação, dada as mudanças fisiológicas que ocorrem no seu corpo e a maior propensão de deficiências nutricionais, com destaque na importância da nutrição diretamente no desenvolvimento do feto no período intrauterino, e como ela afetará sua saúde em momentos futuros. Deficiências de vitaminas e minerais durante a gravidez podem ser decorrentes de uma dieta inadequada, doenças e infecções recorrentes, e podem estar relacionadas com o parto prematuro. A correta nutrição durante a gestação é essencial para a saúde materna, o desenvolvimento fetal e a prevenção de defeitos congênitos e problemas de saúde futuros (RUIZ et al., 2023).
Logo, o consumo da cafeína no período da gestação causa preocupações, visto que em pesquisas com animais, já foi evidenciado que a cafeína causa alterações no funcionamento das tubas uterinas e desenvolvimento do embrião, afetando a forma como o útero se prepara para receber o embrião, porém, os mecanismos e as repercussões que a cafeína provocam na gestação não são totalmente claros. A resultância da cafeína pode variar muito entre diferentes animais, mesmo em condições de laboratório bem controladas, isso pode ser por causa de diferenças genéticas ou por mudanças epigenéticas. Além disso, a exposição à cafeína em momentos críticos da gravidez pode causar mudanças que não afetam somente o bebê, mas também podem ser passadas para as futuras gerações, ocasionando problemas de saúde à longo prazo (QIAN et al., 2020).
Além disso, estudos mostram que a cafeína pode afetar a metilação do DNA no cordão umbilical, o qual pode desenvolver problemas como o risco de doenças cardiovasculares, metabólicas ou neurológicas no futuro. Alterações são encontradas em genes relacionados a processos metabólicos e de desenvolvimento fetal, entre os resultados indicaram que a relação entre o consumo de cafeína e a metilação do DNA não era uniforme, ou seja, o impacto da cafeína pode variar dependendo da quantidade consumida e de outros fatores maternos e ambientais. Isso sugere que o efeito da cafeína pode variar de acordo com a quantidade ingerida e fatores externos, o que só implica a importância de entender os impactos da cafeína no desenvolvimento das crianças que são expostas à cafeína no período gestacional (SCHELLHA et al., 2023).
A seguinte pesquisa, teve objetivo de fazer análise se o consumo de cafeína no período gestacional afeta o desenvolvimento de bebês até 18 meses, além de identificar viés que interferem nos resultados, para facilitar pesquisas futuras. Como já visto, a cafeína afeta diversas áreas do organismo, na gestação o corpo se torna mais delicado, o que só implica a importância de conhecer seus efeitos tanto pelo seu grande consumo, ou um consumo mais moderado, para prevenir possíveis alterações futuras e uma melhor orientação às futuras gestantes.
2 METODOLOGIA
O relatado estudo é caracterizado como um estudo transversal analítico, com abordagem qualitativa e quantitativa, no qual foi realizada a avaliação de bebês com idade entre 0 e 18 meses, cujas mães haviam consumido ou não cafeína durante a gestação. A coleta de dados iniciou-se após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Univel (parecer:7.423.263). Após a autorização, iniciou-se a fase de inscrição e agendamento, via formulário previamente estabelecido pelos pesquisadores, que permitiu o contato inicial com a mãe e o agendamento da avaliação do bebê. Esse formulário continha o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Entre critérios de inclusão foram utilizados, bebês de até 18 meses, que residam em Cascavel, ou na região oeste do Paraná. E como critérios de exclusão, bebês que tenham condições patológicas pré-existentes, que possam influenciar na avaliação do desenvolvimento motor, como alterações congênitas, genéticas, neurológicas e ortopédicas. A coleta de dados se iniciou em março de 2025, com término em abril de 2025.
Após o agendamento, iniciou-se a coleta de dados, foi realizada, primeiramente, a avaliação do desenvolvimento motor do bebê, garantindo que os avaliadores não tivessem acesso à informação sobre o consumo de cafeína materno. Em seguida, foi aplicada a ficha de avaliação com a mãe, abordando o histórico de consumo de cafeína durante a gestação ou intercorrências no período gestacional. A avaliação do desenvolvimento motor ocorreu por meio da análise do tônus muscular, reflexos primitivos e da Escala de Avaliação Motora Infantil de Alberta (AIMS).
A Escala de Avaliação Motora Infantil de Alberta (AIMS) é uma ferramenta validada que tem sido amplamente utilizada para monitorar o desenvolvimento motor em bebês, especialmente nos primeiros 18 meses de vida. Trata-se de uma escala observacional e visual, onde o bebê é avaliado em diferentes posturas: pronação, supinação, sedestação e ortostatismo, como observado no anexo A. Em cada posição, observa-se a movimentação espontânea do bebê para identificar padrões motores típicos ou atípicos. Durante a aplicação da AIMS, os movimentos espontâneos e a qualidade dos movimentos são analisados, comparando-os com marcos de desenvolvimento padronizados. A observação inclui o controle postural e a transição entre as posturas mencionadas (YILDIRIM et al., 2022).
A AIMS é amplamente usada por ser uma ferramenta simples, objetiva e não invasiva, o que facilita a avaliação precoce de atrasos motores. A soma é feita a partir da observação dos itens que a criança consegue executar. Cada item da escala tem um valor associado, e os pontos são atribuídos conforme a criança realiza as posturas e movimentos listados. Para calcular a pontuação total, o avaliador soma os pontos de todos os itens que a criança completou com sucesso. O total resultante é comparado com normas de desenvolvimento para determinar se a criança está dentro da faixa esperada ou se apresenta atrasos motores (YILDIRIM et al., 2022).
A avaliação do tônus muscular foi realizada por meio da análise da resistência à movimentação passiva e ativa das articulações. Foram observadas condições como hipotonia, normotonia e hipertonia, assim como a capacidade do bebê de sustentar a cabeça, engatinhar e sentar. Os reflexos pré-natais foram analisados para verificar padrões normais de desenvolvimento neuromotor. Entre os reflexos avaliados, estiveram o Reflexo de Moro, reflexo de busca, reflexo de preensão palmar e plantar, reflexo de tônus simétrico do pescoço, reflexo de marcha, reflexo de Babinski e reflexo de Galant.
A amostra foi de 30 crianças, e logo após a coleta as variáveis quantitativas foram analisadas inicialmente no programa Microsoft Excel (versão 2013) onde foram demonstradas através de tabelas e gráficos, e posteriormente, exportadas para um software estatístico para análise descritiva. As variáveis qualitativas foram organizadas no programa Microsoft Word (versão 2013), visando a identificação de padrões e tendências.
Os riscos do estudo foram mínimos, podendo incluir desconforto ou constrangimento devido à coleta de informações pessoais. Para mitigar esses riscos, garantiu-se a confidencialidade dos dados, omitindo informações identificadoras, como nome e contato telefônico. Durante a avaliação, o bebê poderia apresentar estresse ou choro, caso necessário, a avaliação foi interrompida. Entre os benefícios, o estudo contribuiu para um maior entendimento sobre os efeitos do consumo de cafeína durante a gestação no desenvolvimento motor infantil. Os achados forneceram subsídios para pesquisas futuras e auxiliaram no desenvolvimento de estratégias de intervenção precoce.
3 RESULTADOS
Dentre os resultados do seguinte estudo, foi observado a faixa etária das mães participante, com intuito de analisar possíveis diferenças nos níveis de desenvolvimento infantil relacionado com a idade materna, sendo que 40% das mães tiveram idade abaixo de 29 anos, 53,3% das mães idade de 30 até 39 anos, e 6,6% 40 ou mais. Além disso, é importante a análise da faixa etária dos bebês, no qual, 23,3% dos bebês estavam na faixa etária de até 3 meses, 33,3% entre 4 até 7 meses, e 43,3% de 8 até 15 meses de idade. Em relação a estes bebês participantes, 13,3% desses bebês eram prematuros e 86,7% a termo, mostrando poucos casos de prematuridade no predito estudo.
Em relação ao período gestacional, 43,3% das mães relataram ter uma gestação tranquila, sem nenhuma intercorrência ou complicação. Entretanto, 56,6% das mães relataram algum tipo de ocorrência na gestação, seja por estresse, ansiedade, cansaço excessivo, adoecimentos, diabetes gestacional, ou internação durante um período devido ao contágio de algum tipo de vírus ou bactéria, sendo esses, fatores importantes, que podem ou não estarem relacionados com resultados adversos.
Em complemento, 63,3% não desenvolveram nenhum tipo de comorbidade durante ou após a gestação, relatando uma gestação saudável, no entanto, 23,3% desenvolveram alguma comorbidade, entre elas, diabetes gestacional ou hipertensão gestacional. Além desses dados, 13,4% das mães relataram possuir uma comorbidade pré existente da gestação, entre elas, transtorno afetivo bipolar, doença renal crônica, e alteração da tireoide.
Dentre as complicações durante a gestação ou após o parto com o bebê, 76,6% das mães relataram não ter nenhum tipo de intercorrência com o bebê antes ou depois do parto, 23,3% relataram algum tipo de intercorrência antes ou posterior ao parto, incluindo internações devido a diabetes, insuficiência placentária ou descolamento da placenta. Dentre as complicações com o bebê após o parto foram citadas, graves casos de hipoglecemia, apgar 2 nos primeiros minutos de nascimento, hipossaturação ao nascimento levando ao uso de O2 durante 20 minutos, e caso de desconforto respiratório ocasionando a internação na UTI.
Ademais, em relação às comorbidades permanentes, apenas uma mãe entre as 30 participantes (4%) relatou que o bebê possuía alguma comorbidade, sendo essa, a braquicefalia, e as demais mães (96%) afirmaram que os bebês não possuíam nenhuma comorbidade.
Sobre alimentação, 100% das mães relataram mais preocupação com a alimentação e obtiveram uma rotina de alimentação mais saudável e nutritiva, mesmo que não tivessem o hábito de uma alimentação saudável pré gestação, além de não terem restrições em comer diferentes cDentre os resultados do seguinte estudo, foi observado a faixa etária das mães participante, com intuito de analisar possíveis diferenças nos níveis de desenvolvimento infantil relacionado com a idade materna, sendo que 40% das mães tiveram idade abaixo de 29 anos, 53,3% das mães idade de 30 até 39 anos, e 6,6% 40 ou mais. Além disso, é importante a análise da faixa etária dos bebês, no qual, 23,3% dos bebês estavam na faixa etária de até 3 meses, 33,3% entre 4 até 7 meses, e 43,3% de 8 até 15 meses de idade. Em relação a estes bebês participantes, 13,3% desses bebês eram prematuros e 86,7% a termo, mostrando poucos casos de prematuridade no predito estudo.
Em relação ao período gestacional, 43,3% das mães relataram ter uma gestação tranquila, sem nenhuma intercorrência ou complicação. Entretanto, 56,6% das mães relataram algum tipo de ocorrência na gestação, seja por estresse, ansiedade, cansaço excessivo, adoecimentos, diabetes gestacional, ou internação durante um período devido ao contágio de algum tipo de vírus ou bactéria, sendo esses, fatores importantes, que podem ou não estarem relacionados com resultados adversos.
Em complemento, 63,3% não desenvolveram nenhum tipo de comorbidade durante ou após a gestação, relatando uma gestação saudável, no entanto, 23,3% desenvolveram alguma comorbidade, entre elas, diabetes gestacional ou hipertensão gestacional. Além desses dados, 13,4% das mães relataram possuir uma comorbidade pré existente da gestação, entre elas, transtorno afetivo bipolar, doença renal crônica, e alteração da tireoide.
Dentre as complicações durante a gestação ou após o parto com o bebê, 76,6% das mães relataram não ter nenhum tipo de intercorrência com o bebê antes ou depois do parto, 23,3% relataram algum tipo de intercorrência antes ou posterior ao parto, incluindo internações devido a diabetes, insuficiência placentária ou descolamento da placenta. Dentre as complicações com o bebê após o parto foram citadas, graves casos de hipoglecemia, apgar 2 nos primeiros minutos de nascimento, hipossaturação ao nascimento levando ao uso de O2 durante 20 minutos, e caso de desconforto respiratório ocasionando a internação na UTI.
Ademais, em relação às comorbidades permanentes, apenas uma mãe entre as 30 participantes (4%) relatou que o bebê possuía alguma comorbidade, sendo essa, a braquicefalia, e as demais mães (96%) afirmaram que os bebês não possuíam nenhuma comorbidade.
Sobre alimentação, 100% das mães relataram mais preocupação com a alimentação e obtiveram uma rotina de alimentação mais saudável e nutritiva, mesmo que não tivessem o hábito de uma alimentação saudável pré gestação, além de não terem restrições em comer diferentes comidas.
1-Tabela de frequência e consumo de alimentos


Em relação a descoberta da gestação, 60% das mães descobriram a gestação até a quarta semana, 33,3% descobriram entre a quinta a décima semana, 3,3% relataram a descoberta na vigésima semana, e apenas uma das mães (3,3%) relatou não lembrar ao certo quando foi.
2-Tabela referente a quantidade ingerida de cafeína e a descoberta da gestação
Quantidade de alimentos cafeinados ingerido por mães que descobriram a gestação até quatro semanas


Dentro do formulário apresentado para as mães, foi-se questionado questões em relação ao seu consumo diário de alimentos cafeinados, a análise desse consumo, foram apresentados os seguintes resultados, conforme o gráfico 1, apresentado abaixo.
1-Tabela de frequência e consumo de alimentos.


Após análises sobre o consumo dos alimentos cafeinados, foi feito uma comparação entre o desenvolvimento motor dos bebês e o consumo de cafeína pelas mães durante a gestação, assim apresentados nos gráficos 2 e 3 abaixo.
2-Percentual motor da AIMS de bebês expostos à cafeína (20 bebês)

3-Percentual da AIMS de bebês não expostos à cafeína (10 bebês)

Os dados acima foram analisados a partir da avaliação realizada pela escala AIMS, visto que, a parte da avaliação sobre o tônus muscular e reflexos não mostraram alterações para serem incluídos em análises entre os diferentes grupos, mostrando os seguintes resultados, com 6,7% apresentaram alteração no tônus muscular, os outros 93,3% não apresentaram nenhuma alteração, e referente aos reflexos, 6,7% apresentaram apenas leves alterações enquanto os outros 93,3% se apresentaram com resultados dentro da normalidade.
4 DISCUSSÃO
Este estudo teve como objetivo investigar se a ingestão de cafeína durante o período gestacional influencia o desenvolvimento motor de bebês com até 18 meses de idade, se o consumo da cafeína durante a gestação pode estar relacionada com prematuridade, analisar a quantidade e frequência da ingestão de cafeína das mães no período da gestação e ainda correlacionar os dados dos bebês das mães que consumiram cafeína e das que não consumiram, além de analisar outras diferentes variáveis apresentadas no estudo que correlacionaram com o objetivo geral.
Conforme os resultados apresentados, as mães que participaram deste estudo, possuíam predominantemente, idade na faixa de 30 a 39 anos, o que pode indicar que há um índice maior de consciência relacionado ao cuidado no período gestacional, em questões alimentares principalmente, assim como é dito no estudo de Alves et al (2017), onde no estudo, as mães relataram sentir-se mais centradas e conscientes do que desejavam, o que contribuiu para uma experiência gestacional mais positiva e cuidadosa.
Em estudo feito por Mancini et al. (2002), foi analisado o desenvolvimento de pré termos e a termos e foi possível observar que a partir dos 8 meses o nível de desenvolvimento das crianças se iguala devido a maturação. No predito estudo o percentual de bebês acima de 8 meses foi o maior dentre todos, mais da metade para ser exato, podendo ter influenciado no resultado da avaliação do desenvolvimento motor.
Em contrapartida, segundo Ornoy et al. (2021), a diabetes gestacional, pode afetar o feto de maneira significativa, estando associada a complicações perinatais como alterações no padrão de crescimento intrauterino, desvios no desenvolvimento neurológico e um aparente aumento na taxa de malformações congênitas. Durante a análise dos dados, observou-se que cerca de 60% das mães relataram a presença de intercorrências durante a gestação, como estresse elevado e doenças como diabetes gestacional. Esses fatores exigem atenção especial, pois podem atuar como variáveis de confusão na investigação dos efeitos da cafeína sobre o desenvolvimento motor, tais condições, por si só, já possuem potencial de impactar negativamente o desenvolvimento fetal, dificultando o isolamento dos efeitos específicos da cafeína.
Comunicante, diversos estudos mostram que o estresse materno também pode afetar em desenvolvimento motor das crianças, na pesquisa realizada por Zhang et al. (2023), mostra os impactos que estresse, depressão ou ansiedade impactam no desenvolvimento futuro das crianças até 2 anos, dentre os grupos o que se mostrou com maior atraso foi mães com estresse, visto que é muito comum entre as mães relatam isto.
Conforme destacado por Santander Ballestín et al. (2021), deficiências de micronutrientes durante a gestação podem comprometer não apenas o crescimento fetal, mas também o desenvolvimento cognitivo, fisiológico e imunológico da criança. Logo, não se encaixa com resultados encontrados neste estudo, devido relato das mães em relação a sua alimentação, a qual todos destacaram priorizar uma alimentação saudável rica em vegetais e proteínas.
Casos de prematuridade e complicações neonatais, foram quase nulos no estudo, sem grandes percentuais, porém é importante o questionamento se ocorreram ou não. Já que, em estudo feito por Araújo, Eickmann & Coutinho (2013), é relatado o como fatores como menor peso ao nascer, hipóxia, displasia broncopulmonar, uso prolongado de ventilação mecânica e maior tempo de permanência na UTI neonatal estão significativamente associados a atrasos no desenvolvimento motor em prematuros. Porém não foi o caso do seguinte estudo, já que os 13,3% prematuros participantes, resultaram em um desenvolvimento motor normal para a idade.
Por outro lado, a descoberta precoce da gestação permite a adoção de comportamentos mais saudáveis já no início do desenvolvimento fetal. No presente estudo, 60% das mães relataram ter descoberto a gravidez até a 4ª semana, o que potencialmente reduziu o tempo de exposição à cafeína. No entanto, quase 37% descobriram após esse período, o que pode ter prolongado o consumo habitual da substância durante o primeiro trimestre, fase crítica para o desenvolvimento neurológico. Vale ressaltar que das mães que descobriram até a quarta semana, 55% ingeriram três ou mais alimentos cafeinados, enquanto as mães que descobriram depois da quarta semana, 90% consumiram três alimentos cafeinados ou mais.
Nesse sentido é importante ressaltar o estudo de Lakin, Sheehan & Soti (2023), que enfatiza que o primeiro trimestre é o período mais sensível à cafeína, onde está ocorrendo a formação dos principais órgãos e sistemas, incluindo o sistema nervoso central, feto ainda não possui enzimas hepáticas desenvolvidas para metabolizar a cafeína, o que enfatiza que o período de descoberta da gestação influencia no seu consumo em produtos cafeinados e podem diversificar os resultados em relação ao desenvolvimento motor dos bebês.
Além disso, outro fator que pode influenciar é a quantidade de cafeína consumida. Na presente pesquisa, as participantes foram divididas em dois grupos: o grupo com consumo de cafeína e o grupo com baixo consumo. Por esse motivo, a divisão foi feita com base na variedade de alimentos cafeinados consumidos. O grupo de baixo consumo foi composto por mães que consumiram 1 ou 2 tipos de alimentos com cafeína, enquanto o grupo de maior consumo incluiu aquelas que consumiram entre 3 e 6 tipos diferentes de alimentos cafeinados. Porém dentre as respostas de cada grupo de alimento, foram detalhadas as seguintes respostas (diariamente, nunca, moderado e muito pouco), essas respostas eram relacionadas a cada alimento separadamente.
Em relação ao chocolate e ao café, notou-se uma maior prevalência de consumo moderado e “muito pouco”, com destaque para o chocolate, onde o consumo moderado foi relatado por 12 participantes. No entanto, os resultados desta pesquisa indicam um baixo consumo de cafeína entre as participantes, o que pode sugerir um risco reduzido nesse aspecto, já que, nas divisões de grupo não foram diversificadas as respostas, podendo incluir o consumo pouco, ou o consumo elevado. Vale ressaltar que o consumo foi autorreferido, podendo haver subestimação. Estudos como o de Chen et al. (2016) destacam que a moderação no consumo é um fator protetivo, o que está de acordo com os dados encontrados neste estudo.
Logo, mesmo com o consumo variado, em relação ao consumo de café, teve respostas diversas, como três, duas ou uma vez ao dia, ou apenas sim, leva a um impasse, visto que, segundo estudos como de Nishihara et al. (2022), que destaca que 300 mg de cafeína por dia apresentaram um risco 11% maior de atraso no desenvolvimento motor grosso aos 12 meses de idade, leva a sugerir que essas mães entram em um maior risco, um fator de seleção entre os grupos diferente poderia ser abordado em próximos estudos, que que na seguinte pesquisa foram subdivididos de acordo com o número de alimentos consumidos, e não de acordo com a quantidade ingerida.
Dentre as subdivisões dos grupos, as maẽs selecionadas como as que consumiram cafeína, 40% os bebês apresentavam atraso no desenvolvimento de 5th, 10th e 25th, as quais subdivisões já representam um atraso abaixo da média, enquanto do grupo que não consumiu cafeína os bebês com atraso representam 20%, dentre eles os grupos 5th e 10th apenas, este é um resultado importante, mesmo que os grupos tenham divergência de número, vale lembrar que os dois grupos consumiram, porém um consumiu menos, e mostrou resultados superiores em relação ao grupo consumo.
Como já descrito em artigo antes comentado de Chen et al. (2016), revelou que o risco de baixo peso ao nascer aumenta mesmo com ingestões moderadas de cafeína (50 a 149 mg/dia). No entanto, o risco é significativamente menor em comparação com ingestões mais altas, sugerindo que manter o consumo de cafeína em níveis baixos pode reduzir os riscos associados. O tamanho reduzido da amostra e o perfil das participantes, com idade mais madura e comportamento de maior cuidado, podem limitar a generalização dos achados. Esse viés de seleção pode ter favorecido um grupo com menor risco para alterações no desenvolvimento.
Portanto, os achados deste estudo, aliados à literatura científica, indicam que o consumo de cafeína durante a gestação pode ter impacto no desenvolvimento motor infantil. No entanto, variáveis como idade materna, intercorrências gestacionais, faixa etária das crianças e a quantidade de consumo de cafeinados também desempenham papel significativo e devem ser cuidadosamente controladas em futuras pesquisas, para que possam ter resultados mais claros e assertivos sobre o assunto, usufruindo de exclusão de fatores que interferem na avaliação em relação a cafeína, assim observando o papel da cafeína sem interferências, e usufruindo de resultados claros.
5 CONCLUSÃO
A partir deste estudo foi possível analisar os efeitos da cafeína no desenvolvimento motor de recém nascidos de até 18 meses, observar quais alterações os agentes cafeinados podem causar no organismo da mãe, e quais efeitos adversos podem influenciar um atraso motor nas crianças. Por finalidade, concluiu-se que o consumo reduzido da cafeína durante a gestação, tem menos impacto negativo no desenvolvimento motor, e que é necessário um consumo regrado, para evitar complicações futuras. Além disso, devido aos fatores externos que também podem influenciar no desenvolvimento motor, e pelas limitações de uma amostra pequena, novas pesquisas devem ser elaboradas para comprovar essa relação, promovendo mais conhecimento para estudantes, trabalhadores da área da saúde e mães para um maior cuidado a fim das crianças e futuras gerações.
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1Discente Rafaella Ferreira Mendes do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Centro Universitário Univel
Campus Cascavel e-mail: rafaferreiramendes14@gmail.com
2Discente Ticiane Aparecida Peccher Da Silva do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel, e-mail: ticianepeccher@gmail.com
3Docente Fernanda Teixeira Furlan Chico do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel, email: fernanda.chico@univel.br
4Discente Lucas Andre Mesquita Ferreira Solcia do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Univel, e-mail: solcialucas@gmail.com