A RELAÇÃO ENTRE SAÚDE PERIODONTAL EM PACIENTES COM ANSIEDADE E DEPRESSÃO: UMA ANÁLISE DOS MECANISMOS SUBJACENTES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202505311604


Manuela Ambrosini Abreu
Mariana Alencar de Oliveira
Orientador(a) de projeto: Gabriel Almeida


RESUMO 

O intuito deste estudo é correlacionar, saúde bucal e saúde mental e promover  uma revisão de literatura a fim de compreender como a depressão e ansiedade afetam  o dia a dia considerando os impactos físicos, comportamentais e emocionais que  essas condições podem exercer sobre a saúde bucal e prejudicam hábitos rotineiros  de higiene básica, como a escovação que influencia em acúmulo de biofilme,  consequentemente em cáries e doenças periodontais. Optamos por aprofundar o  impacto desses transtornos em doenças periodontais, que são inflamações crônicas  nos tecidos que sustentam o dente, podendo gerar em seu pior quadro a perda do  elemento dentário. 

Levando em conta os fatores sistêmicos e o microbioma oral, que interferem  também desencadeando a piora nos tecidos gengivais, sendo necessário o  entendimento multidisciplinar em pacientes que sofrem de transtornos psicológicos. A  relevância desse estudo está em contribuir e estimular estratégias preventivas e  terapêuticas mais eficazes e integradas, fornecendo informações relevantes para  práticas clínicas mais humanizadas. 

Palavras-chaves: Periodontite, Transtornos mentais, Bactérias, Ansiedade e  Depressão

ABSTRACT 

The purpose of this study is to correlate oral health and mental health and  promote a literature review in order to understand how depression and anxiety affect  everyday life considering the physical, behavioral and emotional impacts that these  conditions can have on oral health and harm routine basic hygiene habits, such as  brushing that influences biofilm accumulation, consequently in caries and periodontal  diseases. We chose to deepen the impact of these disorders on periodontal diseases,  which are chronic inflammations in the tissues that support the tooth, which can  generate in its worst condition the loss of the dental element. 

Taking into account the systemic factors and the oral microbiome, which also  interfere by triggering the worsening of gingival tissues, requiring multidisciplinary  understanding in patients suffering from psychological disorders. The relevance of this  study is to contribute and stimulate more effective and integrated preventive and  therapeutic strategies, providing relevant information for more humanized clinical  practices. 

Keywords: Periodontitis, Mental Disorders, Bacteria, Anxiety and Depression

1. INTRODUÇÃO 

Com evoluções científicas, é possível cada vez mais interligar saúde mental e  saúde bucal, relacionando ambas as interações complexas e de mão dupla. Por meio  de tal evolução e pesquisas é possível interligar, ansiedade e a depressão com saúde  e bem-estar físico, ligando também a saúde periodontal tendo comunicação entre  fatores biológicos e comportamentais que agravam ambas as doenças. 

Doença periodontal, também conhecida como periodontite, é uma infecção  multifatorial gerada por bactérias gram-negativas, que acomete o tecido gengival e os  tecidos ao redor do elemento, podendo em casos mais avançados levar a perda de  osso alveolar¹. Por ser uma condição crônica, apresentam modificações que ajudam  a progressão e gravidade da doença. Diante desses fatores, é possível encontrar  situações sistêmicas, comportamentais e psicossociais. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, os transtornos de ansiedade afetam  aproximadamente 264 milhões de pessoas em todo o mundo, enquanto a depressão  acomete cerca de 322 milhões de indivíduos, números que revelam a magnitude do  problema e justificam a preocupação crescente dos pesquisadores². A literatura  científica tem demonstrado que estas condições psicológicas podem alterar  significativamente a resposta do hospedeiro, tanto em nível comportamental quanto  imunológico, criando um ambiente propício para o desenvolvimento e agravamento  de problemas periodontais³. 

Em nosso estudo, identificamos estudos que comprovam a ligação entre  microrganismos no microbiana oral, que correlacionam a distúrbios psicológicos,  como a depressão e ansiedade. Tais microrganismos agem não só na saúde do  periodonto, como também no sistema nervoso central, através de processos  inflamatórios e em conjunto a negligências de higiene bucal e hábitos prejudiciais. As  inflamações causadas pelas doenças periodontais podem alterar a função cerebral,  piorando o quadro de ansiedade e depressão em pacientes já predispostos a essas  condições². Além disso, outra conexão significativa ocorre nos medicamentos que  pacientes com transtornos mentais fazem uso, tendo alguns efeitos colaterais como  hiperplasia gengival e xerostomia, alterações estas que proporcionam agravantes em  quadros de pacientes com quadro instável de saúde bucal. 

Os fatores comportamentais quando afetados por transtornos mentais,  igualmente interferem diretamente em impactos negativos ao desenvolvimento de  doenças periodontais, em sua maioria em decorrência a negligência com a higiene  bucal, consumo de medicamentos e substâncias viciantes, promovendo ciclo vicioso  no qual bem-estar mental e saúde bucal de interligam de forma negativa novamente³ 

O objetivo deste estudo é correlacionar a relação entre saúde bucal e saúde  mental, analisando como a ansiedade e depressão influenciam a saúde periodontal e  vice-versa, além de explorar os mecanismos biológicos e comportamentais  envolvidos, ressaltando a importância no tratamento odontológico e psiquiátrico.

2. REVISÃO DE LITERATURA 

2.1 Interseção entre Saúde Bucal e Saúde Mental 

Compreender os mecanismos subjacentes entre a relação saúde bucal e saúde  mental, influencia para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento.  Está interconexão, quando estudada e (compreendida), permite uma mudança na  abordagem geral de saúde, promovendo bem-estar de forma geral para o ser humano.  

As condições periodontais, tal como outras condições crônicas, possuem  fatores modificadores que, mesmo sem provocar a doença diretamente, intensificam  os mecanismos de defesa, contribuindo para o seu avanço e severidade⁴. Dentre  esses elementos, não apenas condições como diabetes e consumo de tabaco, mas  também elementos psicossociais como estresse, ansiedade e depressão estão  presentes⁵. 

Esta relação de mão dupla gera um ciclo em que a deterioração da saúde oral  pode potencialmente intensificar sintomas de distúrbios mentais, enquanto estes, por  sua vez, prejudicam ainda mais a saúde periodontal. É essencial entender os  processos por trás desta relação para formular estratégias de prevenção e tratamento  mais eficientes, que levem em conta tanto os aspectos orais quanto os psicológicos  dos pacientes. 

A identificação dessa ligação implica uma alteração de paradigma na  perspectiva da saúde, distanciando-se do modelo tradicional fragmentado e rumo a  uma perspectiva mais unificada e holística do bem-estar humano⁵. Esta visão é  especialmente importante, pois muitos pacientes com distúrbios mentais têm mais  dificuldades para manter uma boa saúde oral, o que resulta em uma maior incidência  de doenças periodontais nessa população. 

2.2 Mecanismos Comportamentais na Interface Periodontia-Psiquiatria 

As alterações comportamentais ligadas aos transtornos mentais, são os principais motivos que afetam a saúde oral. Como exemplo podemos fazer a  comparação, de um indivíduo sem depressão, no qual realizar sua rotina de higiene  oral está enraizada como parte de alguns minutos de seu dia, porém, para um  indivíduo no qual seu episódio de depressão se encontra na maior intensidade, o ato  de escovação, assim como o de rotina diária de higiene, requer uma energia  significativa, interferindo na prática ou não de suas necessidades. Tal negligência  diária, pode criar condições favoráveis para o acúmulo de biofilme.

Indivíduos com ansiedade e depressão, além de negligenciar a higiene oral,  costumam adotar comportamentos de risco que podem intensificar problemas  periodontais, tais como o consumo excessivo de tabaco, álcool e dietas impróprias³.  Esses comportamentos não só estabelecem um cenário favorável para o surgimento  de doenças periodontais, como também intensificam a reação inflamatória aos  agentes patogênicos da região periodontal. Por exemplo, a compulsão alimentar pode  resultar em um consumo excessivo de açúcar, elevando o risco de cáries e criando  um ambiente favorável para doenças em boca⁵. Essas mudanças comportamentais,  aliadas à diminuição da frequência de consultas preventivas odontológicas, têm um  impacto significativo no severo aumento das doenças periodontais em pacientes com  distúrbios mentais. 

Estudos indicam que as manifestações das complicações bucais podem mudar  conforme a idade das pessoas com depressão. Pacientes jovens que sofrem de  episódios depressivos severos têm maior probabilidade de desenvolver cáries  agudas, ao passo que pacientes adultos mostram maior predisposição a doenças  gengivais ou ósseas³. Esta distinção indica que os efeitos dos distúrbios mentais na  saúde oral podem mudar ao longo da vida, com probabilidade influenciados por  elementos hormonais, imunológicos e interpessoais particulares de cada etapa.  Entender essas diferenças é crucial para a criação de estratégias preventivas e  terapêuticas apropriadas para cada faixa etária. 

A ansiedade e o temor ligados ao tratamento dentário são outro elemento  interpessoal importante nesta associação. Os números de indivíduos com distúrbios  de ansiedade têm fobia singular a tratamentos odontológicos, o que leva à fuga de  consultas e tratamentos indispensáveis. Esta fuga leva ao agravamento de problemas  dentários que seriam capazes de ser com facilidades tratadas em fases primárias,  resultando em situações mais complexas que demandam medidas mais invasivas,  gerando dessa forma um processo desfavorável que intensifica a ansiedade dental⁵.  Identificar e gerenciar corretamente essa ansiedade é um obstáculo considerável para  os CD no atendimento de pacientes com distúrbios psicológicos. 

2.3 Sistema Imunológico x Sistemas inflamatórios 

A ligação entre os agravantes das doenças periodontais e transtornos  comportamentais, também envolvem complexos imunológicos e fisiológicos.  Ansiedade, depressão e estresse agem interligadas na capacidade do organismo de  combater infecções, transformando um ambiente favorável para proliferação de  bactérias, que dificulta o processo de recidiva da inflamação tecidual.  Simultaneamente, os transtornos mentais podem promover estados pró-inflamatórios  através da produção aumentada de citocinas e outros mediadores inflamatórios,  criando uma combinação paradoxal de imunossupressão e inflamação que favorece  a destruição tecidual periodontal⁶. Estudos indicam que a inflamação periodontal causada pelo biofilme e o estresse psicossocial parecem funcionar em conjunto, intensificando a ativação do  sistema imunológico³. Este efeito sinérgico pode esclarecer por que pessoas ansiosas  e depressivas costumam apresentar uma inflamação periodontal mais grave e um  avanço mais acelerado da doença em relação aos indivíduos sem essas condições.  A ligação parece funcionar por meio de caminhos inflamatórios comuns, elevando os  níveis de citocinas, tais mediadores inflamatórios não só auxiliam na destruição do  tecido periodontal, como também têm o potencial de afetar o funcionamento cerebral  e até mesmo intensificar sintomas de depressão e ansiedade. 

O principal problema da falha do tratamento periodontite ou negligência, é  a possibilidade de que as bactérias evoluam e afetem o sistema nervoso central,  levando a um quadro de sepse e síncope. Se dá o nome de Bacteremia tal evolução,  representa um mecanismo direto pelo qual a doença periodontal poderia influenciar o  funcionamento cerebral e, consequentemente, a saúde mental. Adicionalmente, a  doença periodontal pode influenciar indiretamente o sistema nervoso central através  de substâncias mensageiras que promovem a inflamação, criando uma via adicional  de comunicação entre a cavidade oral e o cérebro².  

2.4 O Papel do Microbioma Oral 

Uma área emergente de pesquisa foca nas interações microbianas específicas  que podem conectar a saúde periodontal com a ansiedade e depressão. A cavidade  oral humana abriga um microbioma diverso com centenas de espécies bacterianas  que existem em delicado equilíbrio. Perturbações neste equilíbrio, conhecidas como  disbiose, podem contribuir para o desenvolvimento de doenças periodontais e  potencialmente ter implicações além da saúde bucal, influenciando processos  sistêmicos incluindo a saúde mental. Pesquisas recentes têm identificado associações  significativas entre alterações no microbioma oral e transtornos mentais, sugerindo  uma conexão microbiana que poderia parcialmente explicar a relação observada entre  saúde periodontal e saúde mental. 

Estudos realizados pela Universidade de Xi’an Jiaotong identificaram  interações significativas entre microbiomas salivares e do dorso da língua com  estados de ansiedade e depressão. Esta pesquisa, analisando dados de  predisposição genética de uma grande coorte de participantes do UK Biobank,  encontrou associações entre bactérias orais específicas como Centipeda Periodontii,  Granulicatella e Eggerthia com ambas as doenças mentais². Estes achados sugerem  que certos microrganismos orais podem desempenhar um papel no desenvolvimento  ou progressão de condições de saúde mental, possivelmente através de vias  inflamatórias ou efeitos diretos nos sistemas de neurotransmissores. A identificação  destas bactérias específicas representa um avanço significativo na compreensão dos  mecanismos microbianos que podem conectar a saúde periodontal à saúde mental. 

A conexão microbiana é particularmente intrigante porque sugere uma relação  bidirecional onde não apenas a saúde mental afeta a saúde bucal através de vias comportamentais, mas também pode ser influenciada pela composição do microbioma  oral. Este conceito se alinha com a crescente compreensão do eixo intestino-cérebro,  onde a microbiota intestinal influencia o funcionamento cerebral e o comportamento.  De forma similar, um “eixo oral-cérebro” pode existir onde o microbioma oral se  comunica com o sistema nervoso central através de vias neurais, imunes e  endócrinas. Esta perspectiva amplia nossa compreensão das interações entre  diferentes sistemas do corpo e destaca a importância da saúde bucal para o bem estar geral, incluindo a saúde mental. 

A infecção periodontal e a subsequente inflamação podem criar uma resposta  inflamatória sistêmica que potencialmente afeta o cérebro. Estudos indicam que  patógenos periodontais podem produzir toxinas que podem direta ou indiretamente  influenciar o funcionamento neural⁷. Adicionalmente, o processo inflamatório  desencadeado por estes patógenos pode levar à liberação de citocinas pró inflamatórias que podem atravessar a barreira hematoencefálica e afetar centros de  regulação do humor no cérebro, potencialmente contribuindo para sintomas de  ansiedade e depressão. Esta via inflamatória representa um mecanismo biológico  plausível pelo qual a doença periodontal poderia influenciar a saúde mental,  complementando os já estabelecidos mecanismos comportamentais. 

2.5 Efeitos de Medicamentos Psiquiátricos na Saúde Bucal 

Os medicamentos comumente prescritos para ansiedade e depressão podem  impactar significativamente a saúde bucal e periodontal através de diversos  mecanismos. Muitos psicotrópicos, incluindo inibidores seletivos de recaptação de  serotonina (ISRSs), antidepressivos tricíclicos e ansiolíticos, têm a xerostomia (boca  seca) como um efeito colateral comum. Esta redução no fluxo salivar é particularmente  significativa para a saúde periodontal porque a saliva desempenha papéis protetores  cruciais na cavidade oral, incluindo a neutralização de ácidos, remineralização do  esmalte e ação antimicrobiana. A diminuição destes mecanismos protetores cria um  ambiente mais favorável para o desenvolvimento de cáries e doenças periodontais. 

Além da xerostomia, alguns medicamentos psicotrópicos podem causar  hiperplasia gengival, um crescimento excessivo do tecido gengival que pode criar  bolsas periodontais mais profundas onde bactérias podem proliferar. Este efeito  colateral complica ainda mais os esforços de higiene oral e pode acelerar a progressão  da doença periodontal⁷-⁵. Adicionalmente, alguns medicamentos podem alterar a  percepção gustativa, potencialmente levando a mudanças na dieta que poderiam  impactar tanto o risco de cáries quanto a saúde periodontal. A combinação destes  efeitos colaterais cria um desafio significativo para a manutenção da saúde bucal em  pacientes em tratamento para transtornos mentais. 

Os efeitos dos medicamentos criam uma situação desafiadora onde os próprios  tratamentos destinados a aliviar a ansiedade e depressão podem inadvertidamente contribuir para o risco de doença periodontal. Esta complexa interação sublinha a  importância de abordagens de cuidado integradas onde profissionais da odontologia  e saúde mental colaborem para monitorar e gerenciar estes potenciais efeitos  colaterais enquanto mantêm o tratamento efetivo das condições mentais subjacentes.  Estratégias compensatórias, como o uso de substitutos salivares, aumento da  ingestão de água e suplementação de flúor, podem ser necessárias para mitigar os  efeitos da xerostomia induzida por medicamentos e preservar a saúde periodontal. 

A administração de antidepressivos pode ocasionar não apenas xerostomia,  mas também outros efeitos adversos que potencialmente impactam a saúde  periodontal. Alguns medicamentos podem afetar a microvasculatura gengival,  alterando o fluxo sanguíneo e potencialmente comprometendo os mecanismos de  defesa e reparo tecidual. Outros podem influenciar o metabolismo ósseo,  potencialmente afetando a progressão da perda óssea alveolar característica da  periodontite avançada. A compreensão destes efeitos específicos é fundamental para  o desenvolvimento de estratégias preventivas e terapêuticas personalizadas para  pacientes com transtornos mentais em tratamento medicamentoso. 

2.6 Abordagens Clínicas Integradas 

O reconhecimento da complexa relação entre saúde periodontal e transtornos  mentais demanda abordagens clínicas integradas que considerem ambos os aspectos  simultaneamente. Para os profissionais da odontologia, a compreensão dos potenciais  impactos da ansiedade e depressão na saúde periodontal sugere a importância de  incorporar a avaliação da saúde mental no exame periodontal abrangente.  Similarmente, profissionais de saúde mental devem estar cientes das potenciais  implicações orais da ansiedade e depressão, bem como dos medicamentos utilizados  para tratar estas condições, orientando adequadamente seus pacientes sobre a  importância dos cuidados bucais mesmo durante episódios depressivos. 

Na prática clínica odontológica, o tratamento de pacientes com ansiedade ou  depressão conhecidas pode requerer modificações no plano terapêutico tradicional.  O conceito de “terapia individual progressiva de suporte bucal” (TIPSB) mencionado  na literatura envolve diagnosticar o nível de higiene oral de cada paciente e associá-lo ao nível de cooperação do mesmo. Esta abordagem individualizada reconhece que  pacientes com transtornos mentais podem necessitar de estratégias de cuidado  modificadas que considerem seus desafios específicos com rotinas de autocuidado.  Consultas mais frequentes, instruções de higiene oral simplificadas e adaptadas às  capacidades momentâneas do paciente, e maior ênfase em procedimentos  preventivos podem ser necessários para manter a saúde periodontal em indivíduos  com transtornos mentais. 

Para pacientes tomando medicamentos que causam xerostomia, estratégias  de manejo podem incluir a recomendação de substitutos salivares, aumento da ingestão de água, uso de suplementos de flúor e monitoramento mais vigilante da  saúde periodontal⁵. Adicionalmente, profissionais da odontologia devem estar  preparados para colaborar com psiquiatras quando efeitos colaterais de  medicamentos impactarem significativamente a saúde bucal, pois ajustes nos regimes  medicamentosos podem ser ocasionalmente justificados. Esta abordagem  colaborativa exemplifica o modelo de cuidado integrado necessário para abordar  efetivamente a interseção entre saúde mental e saúde bucal⁸. 

Da perspectiva da saúde mental, profissionais devem incorporar educação  sobre saúde bucal em seus planos de tratamento para pacientes com ansiedade e  depressão⁹. Intervenções simples como enfatizar a importância de manter a higiene  bucal básica mesmo durante episódios depressivos, ou fornecer estratégias para  superar barreiras ao cuidado odontológico para pacientes com ansiedade, poderiam  impactar significativamente os resultados de saúde bucal a longo prazo. A  sensibilização dos profissionais de saúde mental para a importância da saúde bucal  representa um passo importante na direção de um cuidado verdadeiramente integrado  e centrado no paciente¹⁰

3. CONCLUSÃO 

Mediante dos fatos abordados no trabalho, é possível concluir nosso objetivo  de interligar a saúde periodontal com a saúde mental dos pacientes. Entender que a  saúde da mente influencia diretamente a saúde da boca foi um dos pontos mais  importantes deste trabalho. Vimos que ansiedade e depressão vão muito além do  emocional, elas mexem com os hábitos diários, com o sistema de defesa do corpo e  até com o equilíbrio das bactérias da boca, o que pode piorar ou até causar doenças  periodontais. 

Muita gente ainda trata esses problemas de forma separada, mas esse estudo  mostrou que não dá mais pra pensar assim. Quando a saúde mental está fragilizada,  o cuidado com a higiene bucal acaba sendo deixado de lado. E o contrário também  acontece: problemas periodontais podem tornar mais grave os sintomas emocionais. 

Por isso, fica claro que o ideal é um tratamento conjunto e humanizado, que  olhe para o paciente como um todo. A integração entre dentistas e profissionais da  saúde mental faz toda a diferença.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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