PROPOSTA DE INSTRUMENTO DE ORIENTAÇÃO PARA ENFERMEIROS NOS CUIDADOS COM RECÉM-NASCIDOS 

PROPOSAL FOR A GUIDANCE INSTRUMENT FOR NURSES IN NEWBORN CARE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202505311443


Lara Letícia Gato de Jesus1
Susany Kharolayny Mota Medina1
Leilaine Saburi Cintas Ruiz2


RESUMO

O presente estudo tem como tema a elaboração de um instrumento de orientação para enfermeiros que atuam na assistência a recém-nascidos, seja em unidades neonatais, no pós-parto imediato, em visitas domiciliares realizadas por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF) ou em atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Considerando a complexidade dos cuidados com o neonato e a importância do papel da enfermagem para a promoção da saúde e prevenção de agravos, o estudo justifica-se pela necessidade de um recurso prático que auxilie os profissionais na sistematização da assistência. O objetivo foi propor um instrumento padronizado que oriente os enfermeiros durante os cuidados com recém-nascidos, promovendo segurança, qualidade e eficácia nas ações assistenciais. Trata-se de uma pesquisa aplicada, com abordagem qualitativa e caráter descritivo, que utilizou como método a revisão integrativa da literatura e a elaboração de um protótipo de instrumento baseado nos dados encontrados. Os resultados demonstraram que a utilização de instrumentos sistematizados favorece a organização do cuidado, a comunicação entre a equipe e a tomada de decisões clínicas. A proposta desenvolvida contempla informações essenciais sobre os cuidados com o neonato, abrangendo aspectos como sinais vitais, higiene, alimentação, controle térmico e interação com os pais. Conclui-se que o instrumento pode contribuir significativamente para a prática profissional, oferecendo subsídios para a melhoria da qualidade da assistência prestada ao recém-nascido.

Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem. Instrumento de Orientação. Recém-Nascido. Unidade Neonatal.

1. INTRODUÇÃO 

O termo recém-nascido refere-se à criança nas primeiras horas, dias ou até semanas após o nascimento, abrangendo os 28 primeiros dias de vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), cerca de 2,7 milhões de recém-nascidos morrem mundialmente durante esse período, representando 45% de todas as mortes de crianças menores de cinco anos e quase 58% da mortalidade infantil total. Estima-se ainda que aproximadamente 75% dessas mortes ocorram na primeira semana de vida. 

Diante dessa realidade, torna-se evidente que o recém-nascido, ao vir ao mundo, encontra-se em situação de extrema fragilidade, necessitando de atenção imediata e qualificada por parte da equipe de saúde. Isso porque, conforme estudos demonstram, a ausência de intervenções adequadas nos primeiros instantes de vida pode resultar em altas taxas de mortalidade (Brasil, 2012). 

As ações iniciais voltadas ao recém-nascido compreendem um conjunto de procedimentos essenciais logo após o parto, envolvendo tanto a criança quanto a mãe. Entre essas intervenções estão os cuidados com o cordão umbilical, a aplicação do índice de Apgar do primeiro ao décimo minuto, a realização de exame físico inicial simplificado, a administração de vacinas, vitamina K, nitrato de prata, além da aspiração das vias aéreas superiores, se necessário, e o estímulo ao aleitamento materno nas primeiras horas de vida (Rezer et al., 2022). Tais procedimentos devem ser realizados exclusivamente por profissionais habilitados, como médicos, enfermeiros e outros especialistas autorizados, garantindo a segurança e a eficácia na assistência prestada na sala de parto (Silva et al., 2020).

Além da execução dos procedimentos clínicos, destaca-se também a atuação da enfermagem como elemento chave na promoção da saúde neonatal. O enfermeiro, nesse contexto, exerce papel essencial tanto na prestação dos cuidados iniciais quanto na orientação às mães e familiares. A orientação adequada busca prevenir complicações e dar continuidade à assistência hospitalar, com o objetivo de reduzir internações e evitar o surgimento de agravos à saúde do bebê. Ao mesmo tempo, essa abordagem promove uma assistência resolutiva à mulher no pós-parto, contribuindo para a diminuição da morbimortalidade materna e neonatal, uma vez que intercorrências como infecção puerperal, hemorragia, desnutrição e icterícia podem ser identificadas e acompanhadas pelo profissional de enfermagem (Andrade, 2018). 

O acompanhamento no pós-parto, por meio do vínculo com os profissionais de saúde, tem relevância significativa, pois oferece às mães o suporte necessário para desenvolver o autocuidado e manejar corretamente os cuidados com o neonato. A atuação orientadora do enfermeiro contribui para o fortalecimento da segurança materna e para uma assistência mais humanizada, centrada no binômio mãe-filho (Andrade, 2018).

Outro aspecto fundamental da atuação do enfermeiro nas primeiras horas de vida do bebê é a avaliação de riscos potenciais tanto para o recém-nascido quanto para a puérpera. A prática baseada em evidências fortalece essa atuação, como é o caso do contato pele a pele (CPP), que traz benefícios comprovados para a estabilização emocional e fisiológica da díade mãe-bebê, além de fortalecer o vínculo afetivo (Monteiro et al., 2022). Da mesma forma, práticas como o clampeamento oportuno do cordão umbilical realizado entre 30 e 60 segundos após o nascimento têm demonstrado eficácia na prevenção de hemorragias intraventriculares e na promoção de uma transição cardiorrespiratória mais estável (Souza et al., 2021).

A utilização de materiais educativos, como cartilhas e recursos digitais, tem se mostrado uma estratégia eficaz para potencializar a autoeficácia tanto dos profissionais de saúde quanto das famílias, especialmente nas orientações sobre cuidados neonatais. O enfermeiro, ao utilizar tais instrumentos, consegue transmitir de maneira clara e acessível as informações necessárias para o cuidado adequado do recém-nascido. Esses materiais auxiliam na formação de um vínculo de confiança entre o profissional e a mãe, favorecendo o empoderamento da cuidadora e a confiança nas suas habilidades, essenciais para a realização dos cuidados. Além disso, o uso de recursos educativos facilita a repetição e a fixação dos conhecimentos adquiridos, contribuindo para a continuidade da assistência e para a redução das complicações no pós-parto e nos cuidados com o recém-nascido (Dodt, 2011; Barros et al., 2012).

Diante disso, este estudo tem como objetivo geral analisar a atuação do enfermeiro nas orientações relacionadas aos cuidados com o recém-nascido, propondo um instrumento de orientação que qualifique a assistência, promova a saúde neonatal e fortaleça o cuidado materno-infantil

2. METODOLOGIA 

Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa e descritiva, que teve como objetivo reunir, analisar e discutir dados teóricos já existentes sobre o papel do enfermeiro nas orientações relacionadas aos cuidados com o recém-nascido. A fundamentação do estudo foi construída com base em materiais científicos disponíveis em fontes confiáveis e reconhecidas na área da saúde.

A busca dos artigos foi realizada por meio das seguintes bases de dados: LILACS e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Foram utilizados os seguintes descritores cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Enfermagem neonatal”, “Cuidados de enfermagem”, “cartilha” e “orientação”, combinados com o operador booleano AND e OR.

Como critérios de inclusão, foram considerados apenas estudos completos, publicados nos últimos dez anos, que abordassem diretamente a temática proposta e estivessem alinhados com o objetivo da pesquisa. Foram excluídos os materiais que não se relacionavam ao foco do estudo ou que não apresentavam relevância científica para a discussão. Todos os artigos selecionados foram lidos na íntegra e analisados criticamente.

Figura 1- Fluxograma da metodologia da etapa de seleção e inclusão dos estudos

Autoras (2025)

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A análise dos estudos selecionados evidencia contribuições significativas acerca da atuação do enfermeiro nos cuidados com o recém-nascido. Os artigos analisados ressaltam a importância das orientações prestadas pelos profissionais de enfermagem como estratégia fundamental para a promoção da saúde neonatal, o fortalecimento do vínculo familiar e a prevenção de agravos à saúde do bebê. Destacam-se, ainda, iniciativas voltadas à elaboração de materiais educativos, como cartilhas e protocolos assistenciais, que buscam padronizar condutas, facilitar a comunicação com os cuidadores e qualificar a prática assistencial desde os primeiros momentos de vida do recém-nascido.

Quadro 1 – Artigos selecionados para compor a Revisão

Fonte: Autoras (2025)

A atuação do enfermeiro nos cuidados ao recém-nascido, sobretudo na transição hospital-domicílio, tem se mostrado essencial para a segurança e o bem-estar do bebê e de sua família. Estudos indicam que, ao receber alta, muitos cuidadores ainda se sentem inseguros quanto às práticas básicas de cuidado, como banho, alimentação, higiene e prevenção de infecções (Santos et al., 2023). Essa lacuna evidencia a importância da presença ativa da enfermagem não apenas na assistência direta, mas também na orientação contínua, com foco no fortalecimento do vínculo familiar e na promoção da autonomia dos cuidadores.
Nesse contexto, é fundamental destacar que os materiais educativos também atuam como recursos estratégicos para os profissionais de enfermagem durante o processo de educação em saúde. Eles não apenas auxiliam na transmissão de informações aos cuidadores, como também facilitam o próprio processo de atendimento, otimizando o tempo, organizando o conteúdo e favorecendo uma comunicação mais clara e eficiente.

Como afirmam Lemos e Veríssimo (2020), materiais educativos, como cartilhas, são ferramentas que potencializam o trabalho da equipe de saúde, promovem o ensino-aprendizagem e proporcionam acesso permanente ao conteúdo, uma vez que podem ser consultados sempre que necessário. Além disso, a presença de ilustrações e a estruturação didática das informações tornam esses recursos acessíveis, mesmo em situações de baixa escolaridade ou alta sobrecarga emocional (Grudniewicz et al., 2015). 

A cartilha, portanto, destaca-se por sua viabilidade de aplicação, baixo custo, praticidade e contribuição significativa para a padronização das orientações em ambientes como unidades hospitalares e visitas domiciliares (Siddharthan et al., 2016). Dessa forma, consolida-se como um instrumento de apoio não apenas para o cuidador, mas também para o enfermeiro, fortalecendo a prática assistencial baseada em evidências e humanização.

A produção e implementação de materiais educativos voltados para os cuidados com recém-nascidos prematuros representam um aspecto fundamental no fortalecimento da assistência neonatal, especialmente nas etapas pós-alta hospitalar. A necessidade de ferramentas de apoio para enfermeiros e cuidadores é amplamente reconhecida na literatura, sendo essencial para a continuidade do cuidado com esses neonatos. Como destacado por Gadelha et al. (2023), muitos cuidadores enfrentam dificuldades ao aplicar os cuidados no ambiente domiciliar, em grande parte devido à ausência de materiais claros e acessíveis. Nesse contexto, a educação em saúde emerge como um fator central para garantir que profissionais e famílias lidem com as complexidades dos cuidados neonatais de forma eficaz e segura.

A cartilha educativa, proposta como instrumento de fácil acesso e consulta, visa sistematizar as orientações necessárias ao cuidado do recém-nascido prematuro em diferentes contextos: hospitalar, home care e atenção básica. A revisão de Gadelha et al. (2023) sobre o uso de materiais educativos na saúde neonatal confirma o impacto positivo dessas ferramentas, que contribuem para a melhor compreensão dos cuidadores e fortalecem sua confiança no cuidado pós-alta. 

No entanto, mesmo com múltiplas estratégias de educação em saúde, persiste o desafio de garantir que as informações sejam transmitidas de forma clara, objetiva e acessível aos diferentes públicos. Isso está em consonância com Casagrande et al. (2020), que ressalta a importância de materiais com linguagem simples e recursos visuais facilitadores da compreensão. 

A validação do conteúdo educativo é outro ponto essencial para garantir sua confiabilidade e aplicabilidade. Santos et al. (2023) destacam que a validação por especialistas é um passo crucial para assegurar que o material esteja alinhado com as melhores práticas e adequado ao contexto local. O Índice de Validade de Conteúdo (IVC) de 0,85 obtido na pesquisa desses autores demonstra a eficácia da cartilha como recurso útil tanto para consulta dos enfermeiros quanto como instrumento educativo para os cuidadores. 

Além disso, a participação dos próprios cuidadores no processo de validação, conforme sugerido por Gadelha et al. (2023), é indispensável, pois sua percepção sobre a utilidade e clareza do conteúdo é determinante para a efetividade do material. Ao proporcionar um resumo prático das orientações necessárias, a cartilha educativa contribui significativamente para superar os desafios enfrentados pelos enfermeiros no processo de educação dos cuidadores, sobretudo no momento da alta hospitalar, com dificuldades para absorver todas as informações. A pesquisa de Casagrande et al. (2020) mostra que a ansiedade dos cuidadores, associada à sobrecarga informacional, pode comprometer a assimilação do conteúdo educativo. A cartilha, nesse sentido, funciona como ferramenta de apoio contínuo, podendo ser consultada sempre que necessário, o que facilita a implementação dos cuidados no cotidiano.

A literatura também evidencia que a implementação de cuidados adequados ao recém-nascido prematuro vai além das orientações fornecidas no momento da alta. Conforme revisão de Gadelha et al. (2023), o sucesso do cuidado neonatal está associado a um acompanhamento contínuo, que inclui visitas domiciliares regulares, orientações sobre alimentação, controle de temperatura e monitoramento do desenvolvimento. 

Nesse cenário, a cartilha assume um papel complementar, servindo como base para as visitas domiciliares e reforçando as práticas recomendadas. A pesquisa de Souza et al. (2018) corrobora essa abordagem ao destacar que a formação contínua e o acompanhamento das famílias são fundamentais para o êxito do cuidado domiciliar.

Quanto ao impacto no cuidado a longo prazo, a utilização de cartilhas educativas está diretamente relacionada à melhoria dos indicadores de saúde neonatal. Como discutido por Casagrande et al. (2020), a educação contínua oferecida aos cuidadores por meio desses materiais pode contribuir para a redução das taxas de morbidade e mortalidade neonatal, à medida que capacita os cuidadores a evitarem erros comuns, como o manejo inadequado da amamentação ou a ausência de medidas preventivas contra infecções.

Contudo, é importante reconhecer que, apesar dos avanços na criação e validação de materiais educativos voltados ao cuidado neonatal, o sucesso de sua aplicação requer uma abordagem colaborativa entre enfermeiros, médicos, cuidadores e demais profissionais de saúde. Gadelha et al. (2023) reforçam a importância da atuação conjunta de toda a equipe de saúde no processo educativo, garantindo que as orientações transmitidas sejam claras, consistentes e adaptadas ao contexto de cada família. 

Dessa forma, a cartilha educativa deve ser compreendida não como solução isolada, mas como parte integrante de um esforço coletivo para aprimorar a assistência neonatal e assegurar que os recém-nascidos prematuros recebam cuidados adequados para seu desenvolvimento e bem-estar.

A esse respeito, destaca-se também a importância de protocolos clínicos como instrumentos de apoio à prática dos profissionais de saúde. O estudo de Silva et al. (2023) descreve a elaboração e implementação de um protocolo assistencial para a primeira hora de vida do recém-nascido prematuro, ressaltando a eficácia da padronização de condutas baseadas em evidências no contexto hospitalar. A implementação desse protocolo voltado à estabilização cardiorrespiratória, prevenção de hipotermia, hipoglicemia e infecção demonstrou melhorias significativas na qualidade da assistência neonatal e na segurança do paciente. Esse tipo de iniciativa reforça a relevância da construção de instrumentos orientadores, especialmente para enfermeiros, pois proporciona suporte técnico, clareza nas atribuições e contribui para a organização dos processos de cuidado desde os momentos iniciais da vida do recém-nascido.

Além disso, a preparação para a alta hospitalar deve ser iniciada ainda durante a internação. Ambientes como a Unidade Canguru proporcionam oportunidades para que as mães pratiquem os cuidados sob supervisão da equipe de enfermagem, favorecendo o desenvolvimento de habilidades e reduzindo sentimentos como medo e insegurança (Couto; Praça, 2012).

Como resultado da análise teórica e da revisão da literatura, foi elaborada uma cartilha educativa em dois formatos (digital em PDF e impresso), com o objetivo de orientar enfermeiros e cuidadores nos cuidados com o recém-nascido. A seguir, descreve-se a organização e o conteúdo da cartilha:

  • Formato e apresentação:
    Tamanho A5 (14,8 x 21 cm) para facilitar o manuseio; papel offset 120g, com até 10 páginas; encadernação tipo caderneta; cores em tons pastéis e capa clara com imagem ilustrativa de uma mãe com bebê no colo, seguida do título: Cuidados com o Recém-Nascido para Mães e Enfermeiros. Na contracapa, foram inseridas as referências utilizadas e informações complementares.
  • Tópicos abordados:

Amamentação:
Orientações com ilustrações simples, mostrando posições corretas (ex: barriga com barriga), sinais de fome, avaliação da integridade da mama e movimentos de sucção. Reforça a importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses.
Importância: Previne fissuras, mastites e fortalece o vínculo afetivo.

Visita pós-alta:
Imagens ilustrativas com conteúdo sobre higiene das mãos, restrições quanto a beijos no rosto/mãos do bebê e cuidados com visitantes.
Importância: Reduz o risco de infecções nos primeiros dias.

Higiene e cuidados com a pele:

Calendário vacinal:
Orientações ilustradas sobre as vacinas até o primeiro ano de vida, com explicações sobre cada uma.
Importância: Previne doenças graves da infância.

Cuidados emergenciais:
Ilustrações e orientações básicas sobre como agir em casos de engasgos, convulsões e quando levar ao hospital.
Importância: Pode ser decisivo para salvar vidas em situações críticas.

  • Checklist:
    Inclui imagens e tópicos a serem preenchidos pelo profissional durante ou após a consulta, com possibilidade de entrega física ou envio em PDF.
    Importância: Ferramenta prática para o cotidiano dos pais e apoio técnico ao trabalho do enfermeiro.

Em síntese, materiais educativos como a cartilha proposta exercem um papel crucial na qualificação dos cuidados prestados aos recém-nascidos prematuros. Eles auxiliam os enfermeiros a oferecer uma assistência mais eficaz e equipam os familiares com os recursos necessários para a continuidade do cuidado em domicílio. Um diferencial importante desta cartilha é a inclusão de um checklist estruturado, que acompanha o material e se destaca como uma ferramenta prática e inovadora. Esse checklist não apenas orienta o enfermeiro na condução das orientações e sistematização da assistência, como também serve de apoio direto aos familiares, oferecendo um guia objetivo, visual e de fácil consulta. A validação científica, a acessibilidade, a clareza do conteúdo e a presença desse instrumento complementar tornam a cartilha uma contribuição relevante e estratégica para a saúde neonatal, promovendo um cuidado mais seguro, organizado e centrado nas necessidades da família.

4. CONCLUSÃO

A atuação do enfermeiro no cuidado ao recém-nascido, especialmente no ambiente hospitalar, revelou-se fundamental para garantir a continuidade da assistência, a segurança do neonato e o fortalecimento do vínculo entre família e equipe de saúde. A pesquisa evidenciou que, apesar dos avanços nas práticas assistenciais e na produção de materiais educativos, ainda há desafios relacionados à insegurança dos cuidadores e à dificuldade de compreensão das orientações oferecidas no momento da alta hospitalar.

Nesse sentido, a cartilha educativa proposta neste trabalho surge como uma ferramenta estratégica para qualificar o processo de educação em saúde. Sua estrutura acessível, linguagem simples e conteúdo validado conferem ao material um caráter prático, capaz de auxiliar tanto o enfermeiro na organização do cuidado quanto os familiares no manejo das necessidades do recém-nascido em casa. A proposta inovadora da inclusão de um checklist fortalece ainda mais essa perspectiva, ao oferecer um recurso de avaliação rápida e eficiente, que favorece o diálogo entre os pais e o profissional de saúde.

Diante disso é importante destacar que esta pesquisa representa uma primeira etapa, configurando-se como uma proposta inicial. A partir dela, espera-se que novos estudos possam ser desenvolvidos, incluindo a implementação da cartilha na prática clínica e a realização de pesquisas quantitativas que avaliem a eficácia do instrumento proposto na melhoria dos cuidados prestados e nos desfechos clínicos dos recém-nascidos. Dessa forma, o presente trabalho contribui não apenas com um material educativo, mas também como base para futuras investigações e avanços na prática da enfermagem neonatal.

REFERÊNCIAS

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1Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Martha Falcão- Wyden.

2Docente do Curso Superior de Enfermagem da Faculdade Martha Falcão- Wyden. Mestre em Turismo e Hotelaria (UNIVALE). e-mail: leilainesaburi@gmail.com