PREVENÇÃO DE AMPUTAÇÕES EM PACIENTES DIABÉTICOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Ciências da Saúde, Volume 29 - Edição 146/MAI 2025 / 01/06/2025

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505311446

Ian Fernando Gonçalves Brotas
Lara Vitória Pinho Moraes
Antenor Matos de Carvalho Junior
Rodrigo Ruan Costa de Matos
Walter Figueiredo de Almeida Júnior
Karine Castro Lemos
Nilcilene Sampaio Lima
Ednaldo Pereira Maranhão
Silvia Katrine Rabelo da Silva

RESUMO 

O Diabetes Mellitus é uma das principais causas de amputações não traumáticas no Brasil, devido às suas complicações crônicas como neuropatia periférica e doença arterial obstrutiva, que frequentemente evoluem para o pé diabético. Este estudo teve como objetivo geral analisar as principais evidências científicas sobre estratégias de prevenção de amputações em pacientes diabéticos, utilizando uma revisão integrativa da literatura baseada em artigos publicados entre 2020 e 2025, coletados nas bases BVS, PubMed e Scielo. A metodologia seguiu os critérios de Botelho (2011), com seleção, triagem e categorização de 25 estudos de acesso aberto em português e inglês, analisados com auxílio do software Rayyan. Os resultados demonstraram que estratégias como o controle glicêmico rigoroso, cuidados podológicos, uso de calçados adequados e educação em saúde são eficazes para a prevenção de lesões e ulcerações que levam às amputações. A conclusão aponta que a incorporação sistemática dessas práticas na atenção primária, associada à capacitação dos profissionais e ao engajamento do paciente no autocuidado, é essencial para a redução de amputações evitáveis, embora haja necessidade de mais estudos de grande escala e com foco em comunidades vulneráveis. 

Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Pé diabético, Amputações, Prevenção, Atenção primária, Educação em saúde. 

1. INTRODUÇÃO  

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica caracterizada pela hiperglicemia persistente, decorrente da deficiência na produção ou na ação da insulina. Essa condição impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes e está associada a diversas complicações micro e macrovasculares, incluindo neuropatia e a doença arterial periférica. Uma das consequências mais graves do DM é a amputação de membros inferiores, geralmente associada ao desenvolvimento do pé diabético, que resulta de infecções e isquemia tecidual causadas pela neuropatia periférica e pela doença arterial obstrutiva. 

De acordo com a International Diabetes Federation (IDF, 2021), cerca de 537 milhões de adultos vivem com diabetes no mundo, e esse número pode chegar a 783 milhões até 2045. No Brasil, a diabetes representa a principal causa de amputações não traumáticas, com milhares de procedimentos cirúrgicos realizados anualmente, o que sobrecarrega o sistema de saúde e compromete a qualidade de vida dos pacientes (SBD, 2023) .As amputações decorrentes do Diabetes Mellitus (DM) representam um dos maiores desafios para a saúde pública no Brasil. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2023). Além do impacto clínico e social, essas amputações geram altos custos para o sistema público de saúde, tanto no tratamento hospitalar quanto na reabilitação pós-cirúrgica. 

Estudos apontam que 85% das amputações em pacientes diabéticos poderiam ser evitadas com medidas preventivas eficazes, como controle glicêmico rigoroso, monitoramento contínuo da saúde dos pés, uso de calçados adequados e educação em saúde (Santos et al., 2013). No entanto, a falta de acompanhamento médico adequado, o diagnóstico tardio de lesões e a baixa adesão às estratégias preventivas continuam sendo desafios para a redução desses índices. 

Diante desse cenário, este estudo tem como objetivo analisar as estratégias de prevenção de amputações em pacientes diabéticos, visto que a diabetes é a principal causa de amputações não traumáticas, superando até mesmo aquelas resultantes de acidentes e pacientes diabéticos apresentam um risco 10 a 20 vezes maior de sofrer amputações em comparação à população geral (Wrobel et al., 2001), o que evidencia a urgência de medidas preventivas eficazes, que será realizada por meio de uma revisão integrativa da literatura, identificando as principais abordagens utilizadas para minimizar essa complicação e contribuir para a formulação de diretrizes mais eficazes no manejo do pé diabético. Além disso, pretende-se investigar os fatores de risco mais relevantes para amputações e avaliar quais estratégias preventivas apresentam maior impacto na redução dessas ocorrências. 

Compreender as evidências sobre amputações em pacientes diabéticos é essencial para aprimorar estratégias de identificação precoce e desenvolver ações preventivas eficazes. Além disso, a pesquisa visa preencher lacunas na literatura e fornecer subsídios para futuras investigações, especialmente no contexto de educação em saúde e cuidados preventivos voltados à atenção primária. Embora diversas diretrizes abordem a prevenção de amputações em pacientes diabéticos, há escassez de revisões integrativas atualizadas que sistematizem as principais estratégias com base em evidências recentes, especialmente no contexto da atenção primária no Brasil. Assim, esta revisão busca preencher essa lacuna ao reunir e analisar criticamente estudos publicados entre 2020 e 2025 sobre o tema. 

A relevância deste estudo está na necessidade de compreender e fortalecer estratégias de prevenção, visando diagnóstico precoce, tratamento adequado e cuidados especializados, reduzindo assim o número de amputações evitáveis. Além do impacto na qualidade de vida dos pacientes, a prevenção tem importantes implicações econômicas, pois reduz custos hospitalares, tempo de internação e a necessidade de reabilitação prolongada. Apesar da ampla disponibilidade de diretrizes sobre o manejo do pé diabético, há escassez de revisões integrativas recentes que consolidem evidências específicas sobre intervenções de baixo custo voltadas à atenção primária no Brasil. Esta revisão busca preencher essa lacuna, contribuindo com um panorama atualizado para subsidiar políticas públicas e práticas clínicas acessíveis. 

2. OBJETIVOS 

2.1 Geral 

● Analisar as principais evidências científicas sobre amputações em pacientes diabéticos, com foco na identificação e avaliação de estratégias de prevenção, a fim de reduzir a incidência dessa complicação e aprimorar as diretrizes de cuidado. 

2.2 Específicos 

  • Identificar os principais fatores de risco associados às amputações em pacientes diabéticos, considerando aspectos clínicos, sociais e comportamentais. 
  • Avaliar a efetividade das estratégias preventivas, incluindo cuidados podológicos, controle glicêmico, uso de calçados adequados e educação em saúde. 
  • Investigar barreiras e desafios na implementação de medidas preventivas para amputações, propondo soluções para otimizar a atenção à saúde desses pacientes. 

3. REFERENCIAL TEÓRICO 

3.1 Epidemiologia da doença 

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica que afeta milhões de pessoas no mundo e está associada a diversas complicações, incluindo amputações de membros inferiores. De acordo com o Atlas da Diabetes da International Diabetes Federation (IDF, 2021), aproximadamente 537 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivem com diabetes, e esse número pode aumentar para 643 milhões até 2030 e 783 milhões até 2045. 

No Brasil, o impacto do DM é alarmante. Entre 2012 e 2023, foram realizadas mais de 282 mil cirurgias de amputação de pés e pernas relacionadas à diabetes, sendo a falta de cuidados preventivos o principal fator responsável por essas amputações (Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – SBACV, 2023). Em 2022, mais de 30.000 amputações foram registradas no país, representando uma média de 85 cirurgias diárias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Além das amputações, a diabetes foi a principal causa de 78.258 óbitos no Brasil em 2021, correspondendo a uma taxa de 38,5 mortes por 100 mil habitantes. Os idosos representam a população mais afetada, com 56.345 mortes entre indivíduos acima de 65 anos. O impacto da doença também varia por gênero, com 53,5% dos óbitos ocorrendo entre mulheres e 46,5% entre homens (SIM-DATASUS, 2021). Esses números podem estar subestimados, pois muitas vezes a diabetes não é registrada como a causa primária da morte, mas sim suas complicações. 

3.2 Fatores de Riscos para as Amputações 

As amputações em pacientes diabéticos resultam de uma cadeia de complicações, sendo a Neuropatia Periférica Diabética (NPD) um dos fatores de risco mais relevantes. Essa condição afeta as fibras sensitivas, motoras e autonômicas, reduzindo a percepção de dor e sensibilidade tátil nos pés. Como consequência, pequenos traumas, atritos ou feridas podem passar despercebidos e evoluir para úlceras, aumentando em sete vezes a probabilidade de amputação (Maria, 2019). 

Além disso, a neuropatia motora pode levar à atrofia dos músculos dorsais, resultando em deformidades osteoarticulares e alterações na marcha, que aumentam o risco de lesões. A neuropatia autonômica, por sua vez, reduz a sudorese nos pés, tornando a pele seca e mais propensa a rachaduras, que servem como porta de entrada para infecções. 

As úlceras diabéticas precedem aproximadamente 85% das amputações, o que destaca a importância da prevenção e do diagnóstico precoce (Santos ICRV et al., 2013). Além dos fatores fisiopatológicos, condições socioeconômicas também desempenham um papel crucial. Baixo nível de escolaridade, acesso precário aos serviços de saúde e higienização inadequada são fatores que aumentam a vulnerabilidade dos pacientes e elevam as taxas de amputações evitáveis (J Vasc Bras, 2009). 

3.3 Estratégia de Prevenção de Amputações 

A prevenção das amputações em pacientes diabéticos envolve um conjunto de estratégias baseadas em evidências científicas, incluindo controle glicêmico, cuidados com os pés e educação em saúde. Segundo Correia et al. (2022), um manejo adequado do diabetes pode reduzir significativamente as complicações relacionadas à doença. As principais medidas preventivas incluem: 

  • Acompanhamento médico regular para monitoramento da glicemia e detecção precoce de complicações. 
  • Dieta equilibrada e prática de atividades físicas, fundamentais para o controle metabólico. 
  • Uso correto dos medicamentos prescritos, garantindo o controle da glicemia e reduzindo o risco de neuropatia e isquemia. 

A atenção aos cuidados com os pés é essencial para prevenir lesões e infecções. A ausência de hidratação, a demora na identificação de feridas e o uso de calçados inadequados aumentam o risco de ulcerações que podem evoluir para amputações (Nascimento et al., 2019). 

A implementação de programas de saúde pública, como a Estratégia Saúde da Família (ESF), é fundamental para reduzir amputações. A atenção primária deve atuar na educação dos pacientes, incentivando práticas como: 

  1. Inspeção diária dos pés: O paciente deve verificar a presença de feridas, bolhas, alterações na cor da pele ou sinais de infecção. O uso de um espelho pode auxiliar na observação de áreas de difícil acesso. 
  2. Higienização adequada: Lavar os pés com água morna e sabão neutro, secando cuidadosamente, principalmente entre os dedos. 
  3. Hidratação da pele: Evitar rachaduras, que podem servir como porta de entrada para infecções. É recomendado o uso de hidratantes, evitando a aplicação entre os dedos. 
  4. Evitar andar descalço: Minimiza o risco de cortes e queimaduras, especialmente em superfícies quentes. 
  5. Corte adequado das unhas: O corte deve ser reto, com laterais levemente arredondadas. Quando necessário, um podólogo especializado deve ser consultado para evitar ferimentos. 
  6. Uso de calçados adequados: Sapatos devem ser fechados, confortáveis e proporcionar boa sustentação. Saltos devem ser baixos e largos, com no máximo 3 cm de altura. 

O incentivo à adoção dessas práticas contribui significativamente para a redução dos riscos de amputações, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo a sobrecarga no sistema de saúde. 

Dessa forma, a prevenção e o controle das complicações do DM exigem uma abordagem multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermeiros, podólogos e outros profissionais da saúde, além do engajamento ativo dos pacientes no autocuidado. 

4. METODOLOGIA 

Este estudo será conduzido por meio de uma revisão integrativa da literatura, conforme o método de Botelho (2011). A metodologia da revisão integrativa de literatura compreende seis etapas fundamentais: delimitação do tema e formulação da questão de pesquisa; definição dos critérios de inclusão e exclusão dos estudos; identificação e seleção das publicações pertinentes; categorização das evidências selecionadas; análise crítica e interpretação dos achados; e, por fim, a apresentação dos resultados por meio da síntese do conhecimento produzido. 

Para a pesquisa e seleção na literatura foram utilizados a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e as bases de dados científicos National Library of Medicine (PubMed) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo). A busca dos artigos nas bases de dados será feita utilizando descritores de saúde (Decs) idênticos e descritores boleanos AND, OR, conforme a seguinte combinação: (“Diabetes mellitus” ou “Diabetes melito”) e (“Amputações”) ou “Complicações do diabetes”); (Amputações cirúrgicas);(Neuropatia diabética) (“Estratégias de Prevenção” OR “Educação em saúde” OR Cuidados Preventivos”); (“Diabetes melitus”) AND (“Amputations” OR “limb amputations OR amputation surgical OR Neuropathy Diabetic “) AND (“Risk Factors” OR “Determinants”). 

Conforme proposto por Santos, Pimenta e Nobre (2007), foi construída a pergunta norteadora do estudo com base na estratégia PICO, sendo os componentes definidos da seguinte forma: P (População) — pacientes diabéticos com risco de complicações nos membros inferiores; I (Intervenção) — ações preventivas, como educação em saúde e cuidados com os pés; e Co (Contexto) — diminuição da incidência de amputações.Dessa forma, estabeleceu-se a seguinte questão de pesquisa: “Quais estratégias de prevenção são eficazes para reduzir a ocorrência de amputações em pacientes diabéticos?” 

Os critérios de inclusão: Artigos publicados entre 2020 e 2025, disponíveis em português e inglês, com acesso aberto e que abordem estratégias preventivas para amputações em pacientes diabéticos.como critérios de Exclusão: Estudos com foco exclusivo em tratamento de amputações, artigos duplicados, pesquisas realizadas apenas em modelos animais e artigos de opinião ou revisões narrativas. 

A categorização foi feita com o auxílio do Rayyan, uma aplicação web gratuita desenvolvida pelo Qatar Computing Research Institute (QCRI), conforme ilustrado na Figura 1. Essa ferramenta permite a leitura ágil dos resumos dos trabalhos e a classificação dos artigos em três categorias: incluído, talvez e excluído. Além disso, o Rayyan identifica artigos duplicados, o que facilitou o processo de seleção dos estudos.

Figura 1: Interface do Software Rayyan

Fonte: https://new.rayyan.ai/reviews/1450790/screening 

Após a seleção dos estudos, os dados foram sistematicamente organizados em planilhas estruturadas, com o objetivo de facilitar a extração e a categorização das informações. Essa estratégia metodológica permitiu uma análise rigorosa dos conteúdos, possibilitando a construção de um panorama abrangente sobre a prevenção de amputações em pacientes diabéticos e seus impactos na saúde. 

Foram incluídos neste estudo, artigos publicados em português e em inglês; textos completos de acesso aberto, online, gratuitos e indexados nos referidos bancos de dados em um recorte temporal de cinco anos 2020 a 2025. E, estudos que explorem a temática, abordando, principalmente, fatores de prevenção associados a amputações ocasionadas por diabetes.  

Com isso, excluem-se trabalhos acadêmicos, manuais, artigos de revisões, artigos de opinião, resumos de conferências ou livros, artigos com foco em outras complicações do diabetes, sem a presença de amputação e artigos com estudos em animais e/ou modelos de laboratórios. 

Para identificar os estudos relevantes, realizou-se uma leitura detalhada dos títulos, resumos e palavras-chave de todas as publicações completas encontradas por meio da estratégia de busca. Posteriormente, verifica-se se esses estudos atendem aos critérios de inclusão previamente definidos para a pesquisa. Caso as informações fornecidas pelo título, resumo e palavras-chave não sejam suficientes para avaliar a adequação do estudo à revisão, procede-se à obtenção do texto completo do artigo para uma análise mais aprofundada.    

Posteriormente, os dados relevantes dos estudos selecionados foram extraídos e sistematizados por meio de um fichamento elaborado no Google Sheets, com o objetivo de organizar as informações de maneira estruturada e otimizar o processo de análise pelos pesquisadores. As informações provenientes dos 25 artigos incluídos foram compiladas em uma tabela, apresentada no Quadro 2, contendo elementos como título do artigo, autoria e ano de publicação, objetivo principal, delineamento metodológico, principais achados, além de dados que possibilitam a identificação da qualidade dos estudos. Essa etapa é, portanto, essencial não apenas para apresentar os achados da revisão, mas também para garantir a transparência e replicabilidade do estudo, fortalecendo a credibilidade e a utilidade desta RI. 

5. RESULTADOS  

Para a seleção dos artigos, foram seguidas algumas etapas que auxiliaram na exclusão e inclusão dos artigos, foram identificados e incluídos 969 artigos publicados entre 2020 e 2025 a partir da seleção de acordos com os descritores em três (03) bases de dados, desses 382 estavam duplicados. Após isso foi realizada a seleção, excluindo os artigos que não estavam de acordo com os critérios de inclusão que totalizaram 725 no final da seleção. a seleção ocorreu no Software Rayyan e foi realizada manualmente, os artigos restantes passaram por uma triagem, na qual foram analisados os títulos e resumos dos estudos, sendo classificados nas categorias “incluído”, “talvez” ou “excluído” e associando a relevância dos estudos catalogados para a revisão integrativa presente no final da seleção. Foram incluídos 24 artigos. A partir disso, foi realizada a construção da planilha contendo Título/ Ano e publicação, Autores, Objetivo principal, Tipo de estudo, Resultados principais e Classificação (Alta/Média/Baixa qualidade) com  o objetivo de permitir a identificação dos artigos em que foram extraídos e com o intuito de organizar os artigos para melhor visualização e  avaliação.

Figura 2: Processo da Revisão Integrativa

Fonte: elaborado pelos autores, 2025

O Quadro 1 sintetiza os principais achados dos estudos selecionados na revisão, destacando elementos essenciais como o título dos artigos, autores, ano de publicação, objetivos das pesquisas, delineamento metodológico e os principais resultados obtidos. As investigações abordam distintas estratégias preventivas relacionadas às amputações decorrentes do diabetes, incluindo o controle rigoroso da glicemia, o monitoramento sistemático da saúde dos pés, a utilização de calçados apropriados e ações educativas em saúde.

Título/ Ano de publicação Autores Objetivo principal Tipo de estudo Resultados principais Classific ação(Alt a/Média/ Baixa qualidade) Critérios avaliativos 
Des)conhecimento do diabetes nas escolas: percepção de crianças e adolescentes,2023 Mourão, et al Verificar a percepção dos alunos de escolas públicas sobre o diabetes, incluindo sinais, sintomas, alimentação e autocuidado no ambiente escolar. Estudo descritivo transversal Muitos estudantes associaram o diabetes a consequências negativas. Média  CASP 
Validação de tecnologia educativa para prevenção da doença do pé relacionada ao diabetes,2023 Vilhena, et al validar o conteúdo da tecnologia educativa “OUVIR, VER, FAZER” para a prevenção de alterações nos pés de pessoas com Diabetes Mellitus (DM). Estudo de validação de tecnologia educativa — pesquisa metodológica e original. Os juízes consideraram a tecnologia clara, relevante e adequada. Alta CASP 
Úlceras ou infecções em membros inferiores nas pessoas com Diabetes Mellitus: Conhecimentos e práticas dos enfermeiros,2024 Gonçalves et al  Identificar o conhecimento dos enfermeiros e as práticas relacionadas a úlceras ou infecções em membros inferiores em pessoas com diabetes mellitus. Estudo de abordagem qualitativa. O estudo revelou que o conhecimento dos enfermeiros sobre úlceras ou infecções em membros inferiores em pessoas com diabetes é frágil; Os profissionais demonstraram práticas assistenciais inadequadas e uma necessidade de maior formação específica; Foram identificadas duas categorias temáticas principais: “Conhecimento sobre úlceras ou infecções” e “O trabalho do enfermeiro no cuidado às pessoas com DM”; A falta de protocolos e a baixa frequência de exame dos membros inferiores também foram destacadas. Média CASP 
The effects of wearing textured versus smooth shoe insoles for 4weeks in people with diabetic peripheral neuropathy: a randomised controlled trial,2025 Hatton et al Investigar os efeitos do uso de palmilhas texturizadas em comparação com palmilhas lisas na melhora do equilíbrio, percepção de dor nos pés e bem-estar em pessoas com neuropatia periférica diabética (NPd). Estudo de pesquisa clínica, ensaio controlado randomizado. Evidências fracas a favor das palmilhas texturizadas, sugerindo potencial aumento na estabilidade do equilíbrio; Possível diminuição na dependência da propriocepção para controle do equilíbrio; Melhora na percepção de vitalidade e uma possível modulação na percepção da dor nos pés; Recomendação de investigações  futuras para confirmar benefícios e identificar quem mais pode se beneficiar. Média JBI 
Risk of Foot Ulcer and Lower- Extremity Amputation Among Participants in the Diabetes  Control and Complications Trial/Epidemiology of Diabetes  Interventions and Complications Study,2022 Boyko et al Investigar se o controle glicêmico intensivo reduz o risco de úlceras nos pés e amputações de membros inferiores em pessoas com diabetes tipo 1 ao longo do tempo. Estudo prospectivo longitudinal O controle glicêmico intensivo reduziu significativamente o risco de úlceras nos pés em comparação ao controle convencional. Nerve damage (neuropatia) e problemas renais estiveram associados a maior risco de úlcera e amputação. Manter o HbA1c sob controle ao longo do tempo também foi associado ao menor risco dessas complicações. Alta NOS 
Programa Dia-D: ensaio propositivo de intervenção  educativa para autogerenciamento  em diabetes tipo II,2023 Brevidelli et al Apresentar um programa de intervenção educativa (Programa DiaD) baseado em modelos teóricocomportamentai s para promover o autogerenciame nto do diabetes tipo 2, focado em mudanças nos comportamento s de alimentação, atividade física e uso de medicamentos. Ensaio propositivo de intervenção educativa – artigo de caráter teórico e de proposta de intervenção. Foram definidos os componentes e estratégias da intervenção, incluindo técnicas comportamentai s como demonstração, automonitoram ento, informações sobre consequências à saúde e uso de plataformas digitais. O programa propõe ações concretas para facilitar a mudança de comportamento, destacando a importância de modelos teóricos para estruturação da intervenção.  Trata-se de uma proposta teórica, ainda sem aplicação empírica descrita.Baixa CASP 
Perfil socioeconômico e demográfico de pacientes internados por complicações nos pés diabéticos em um hospital terciário em Belém – Pará, Reis; França; Oliveira; et al Avaliar o perfil socioeconômico e demográfico de pacientes internados com diagnóstico de pé diabético em um hospital terciário em Belém, Pará. Artigo científico de estudo descritivo transversal Participaram 57 pacientes com média de idade de 63,2 anos; Predominância de pacientes do sexo masculino (66,7%) e de baixa renda; Maioria com baixa escolaridade, com diabetes tipo II (86%); Os casos apresentaram- se com classificação  avançada de  Wagner e PEDIS, associada a altas taxas de amputação e mortalidade (21,1%); A maior parte dos pacientes era da região metropolitana, com tempo de diagnóstico de diabetes de aproximadamente 11 anos. Média CASP 
Percepção dos usuários com diabetes sobre o autocuidado com os pés: Uma análise qualitativa,2024 Andrade et al Avaliar a percepção dos usuários com diabetes mellitus tipo 2 sobre o autocuidado  com os pés, principalmente após a utilização de vídeos educativos, na atenção primária em saúde no Amazonas. Estudo de pesquisa qualitativa Identificação de três categorias principais: 1.Conhecimento prévio (fragilidade nas orientações profissionais e vídeos como ferramentas de lembrança); 2.Assimilação da linguagem e formato audiovisual; 3.Possibilidade s de impacto no autocuidado. Os vídeos ajudaram na compreensão, reforçaram conhecimentos  prévios e promoveram maior motivação para o autocuidado; Limpidez na comunicação  dos vídeos possibilitou melhor entendimento e evocou a importância do autocuidado. Média CASP 
 PEDCARE: validação de um aplicativo móvel sobre o autocuidado com o pré diabético; 2021 Marque s et al. Descrever o processo de validação de um aplicativo móvel multimídia voltado à promoção do autocuidado com os pés de pessoas com diabetes. Estudo de validação metodológica/ produção tecnológica Os juízes de enfermagem atribuíram ao aplicativo um índice de validade de conteúdo de 0,95; juízes de TIC obtiveram 99,2% de adequação pelo SAM; o público alvo apresentou índice de concordância de 98%; e o alfa de Cronbach do aplicativo foi de 0,92, indicando alta confiabilidade.A lta CASP 
NPWT resource use compared with standard moist wound care in diabetic foot wounds: DiaFu randomized  clinical trial results;2022 Dörthe et al Comparar o uso de recursos entre terapia de pressão negativa  (NPWT) e cuidados padrão de feridas úmidas  (SMWC) em feridas diabéticas do pé após amputação, desbridamento cirúrgico ou limpeza de feridas. Estudo de pesquisa clínica O tratamento com NPWT foi 16 dias mais curto em duração do que com SMWC (média de 82,8 dias vs. 98,8 dias). O tempo de tratamento ambulatorial foi 14,9 dias menor com NPWT. O número de trocas de curativos foi menor com NPWT (média de 35,1 vs. 42,9). O tempo por troca de curativo foi maior com NPWT (16,5 minutos) em comparação ao SMWC (19,7 minutos). O tempo gasto por paciente em desbridamentos cirúrgicos foi menor com NPWT, embora essa diferença não tenha sido estatisticament e significativa. Alta CASP 
Intervenção telefônica na prática de autocuidado com os pés em diabéticos: ensaio clínico randomizado.2021 Silva, Moura et al Avaliar o efeito de uma intervenção telefônica para a prática de autocuidado com os pés em pessoas com diabetes mellitus tipo 2. Ensaio clínico randomizado aberto realizado com dois grupos: Grupo Controle (GC) e Grupo Intervenção (GI) Na análise intragrupo, o grupo controle não apresentou diferenças significativas na prática de autocuidado (p > 0,05); já o grupo intervenção mostrou aumento na prática de autocuidado em 70% dos itens, com valores de p entre 0,001 e 0,03. Na análise intergrupal,  após a intervenção, houve diferenças estatisticamente significativas em 60% dos itens, indicando que a intervenção telefônica promoveu maior adesão às práticas de cuidado com os pés. Média CASP 
Impactos de estratégias educacionais de promoção da saúde para prevenção e controle do diabetes mellitus na atenção primária;2021 Souza; Rosa;  Silva et al Identificar as principais estratégias educativas usadas pelos enfermeiros na atenção primária à saúde e as repercussões no processo saúde-doença das pessoas que vivem com diabetes mellitus. Artigo de pesquisa de abordagem qualitativa e descritiva. Os enfermeiros atuam promovendo ações educativas variadas, como palestras e orientações individuais; As estratégias educativas fortalecem o vínculo entre profissionais e pacientes, contribuindo para maior autonomia no autocuidado; A atuação do enfermeiro favorece o controle do diabetes e a prevenção de complicações, influenciando positivamente 
no processo saúde-doença; A importância do enfermeiro como mediador e agente de promoção à saúde foi 
evidenciada, 
reforçando o papel multidisciplinar 
na atenção ao diabetes.		Alta CASP 
Elaboração e validação de um álbum seriado para prevenção do pé diabético;2021 Chaves,et al Elaborar e validar o conteúdo e a aparência de um álbum seriado voltado à prevenção do pé diabético, para uso por profissionais de saúde da Atenção Primária. Artigo científico de pesquisa metodológica (estudo de validação de material educativo) Sete especialistas participaram, todos com experiência na área de saúde e educação em saúde. O álbum recebeu uma avaliação global de validade de 0,96, o que indica alta validade de conteúdo e aparência. Foram feitas reformulações com base nas sugestões dos especialistas, aprimorando redação, ilustrações e informações. Média CASP 
Effectivenes s of a web-based foot-ankle exercise program for treating ulcer risk factors in diabetic neuropathy in a randomized controlled trial;2024 Jane et al Investigar a eficácia de um programa de exercícios de pés e tornozelos realizado via web para melhorar os fatores de risco de úlcera em pessoas com neuropatia diabética, assim como explorar seus efeitos em funções biomecânicas, sensibilidade e sintomas relacionados à neuropatia.Estudo de ensaio clínico randomizado controlado Os sintomas e a severidade da neuropatia diabética não mudaram significativamente, porém o grupo que realizou exercícios apresentou melhorias na função do pé, maior alcance 
funcional, 
menor dor nos pés e maior grau de flexão plantar durante a caminhada.		Média CONSORT 
Construção e validação de conteúdo para vídeos educativos ancorado na mudança de comportamento para pessoas com diabetes;2024 Sá; Arruda; Marcon et al Construir e validar o conteúdo de roteiros de vídeos educativos com foco na mudança de comportamento para o autocuidado de pessoas com diabetes mellitus tipo 2. Artigo científico (estudo metodológico de validação de roteiros educativos) Os roteiros apresentaram índices de validação média de 0,93 na primeira rodada e 1,0 na segunda  rodada; Os roteiros abordam autoavaliação,  etapas da motivação, reflexões sobre comportamento s e hábitos saudáveis; Foram considerados válidos quanto ao conteúdo e têm potencial para subsidiar ações de educação em saúde. Alta CASP 
Efeito do grupo operativo no ensino do autocuidado com os pés de diabéticos: ensaio clínico randomizado;2020 Moreira, et al Avaliar o efeito do grupo operativo no ensino do autocuidado para a prevenção do pé diabético em pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 Artigo original de ensaio clínico randomizado Melhora significativa na condição da pele, circulação, sensibilidade e pressão dos pés no grupo que recebeu a intervenção; Redução do risco do pé diabético após o uso do grupo operativo; A intervenção foi considerada eficaz para estimular o autocuidado e prevenir complicações nos pésAlta CONSORT 
Complicaçõe s por diabetes mellitus no Brasil: estudo de base nacional, 2019. publicado em 2023. Neves et al Estimar a prevalência de complicações decorrentes do diabetes mellitus (DM) na população brasileira e avaliar as desigualdades sociais (segundo escolaridade e renda) relacionadas à sua ocorrência. Estudo transversal de base populacional Mais de um terço (37,8%) das pessoas com DM reportaram alguma complicação. Os tipos mais prevalentes foram problemas na visão (30,6%) e nos rins (9,7%). A prevalência aumentava conforme diminuía o nível de escolaridade e renda, evidenciando desigualdades sociais.  Pessoas com menor escolaridade e renda tiveram maior risco de complicações e combinações de múltiplas complicações. Alta CASP 
Comparison of a new versus standard removable offloading device in patients with neuropathic diabetic foot ulcers: a French national, multicentre, open-label randomized, controlled trial;2020 Potier et al Avaliar a eficácia do dispositivo Orthèse Diabète, uma nova órtese removível, no tratamento de úlceras neuropáticas do pé diabético, em comparação com os dispositivos removíveis tradicionais. Estudo de pesquisa original (artigo de estudo clínico randomizado) Não houve diferença significativa na cura das úlceras entre o grupo com o dispositivo novo (Orthèse Diabète) e o padrão (cerca de 35% em ambos). O uso do dispositivo foi menor na fase de acompanhamento no grupo experimental, e houve maior incidência de 
eventos adversos relacionados ao dispositivo no grupo novo.		Alta CASP 
Avaliação do risco de ulceração nos pés em pessoas com diabetes mellitus na atenção primária;2020 Moreschi et al . Avaliar o risco de ulceração nos pés de pessoas com diabetes mellitus atendidas na atenção primária. Artigo científico de estudo transversal analítico A maioria apresentou risco baixo (grau 1) de ulceração (54,2%),Fatores associados ao maior risco incluíram alterações na sensibilidade vibratória e reflexo do tornozelo. 86% dos participantes  nunca haviam realizado exame clínico dos pés. Fatores de risco relevantes: controle glicêmico inadequado, hipertensão, dislipidemia, obesidade, pele seca e deformidades nos pés Média NOS 
Avaliação do autocuidado com os pés entre pacientes portadores de diabetes mellitus;2022 Lima et al Avaliar a prática de medidas de autocuidado com os pés, segundo sexo e escolaridade, em pacientes com diabetes mellitus na região nordeste do Brasil. Artigo científico, estudo transversal, observacional e analítico. 58% dos indivíduos desconheciam o termo “pé diabético”; Mesmo assim, muitos tinham cuidados básicos como inspecionar (60,2%), hidratar (65,9%) e não andar descalço  (81,8%), e cortar as unhas (92%); 90,9% não usavam 
calçados adequados;  Houve relação entre menor escolaridade e pior 
desempenho nos cuidados (p < 0,05); Não foi encontrada associação 
significativa 
entre cuidados e sexo.		M édia CASP 
Avaliação de risco dos pés de pessoas com Diabetes Mellitus residentes de um bairro de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil;2023 Pinto; Nunes; Bonow et al Descrever o grau de risco dos pés de pessoas com Diabetes  Mellitus que utilizam insulina, residentes em um bairro da zona urbana de Pelotas, RS. Estudo científico de natureza quantitativa e descritiva Predom inância de diabetes tipo 2 (89,7%) ,Tempo de diagnóstico variando de 3 a  40 anos, Avaliação de neuropatia  mostrou que 43,6% apresentavam dor ao caminhar; 41% relataram dormência e perda de sensibilidade, Perfil sociodemográfi co: maioridade (66,7%), baixo nível de escolaridade (81,9% sem ensino fundamental completo), renda de 1 a 3 salários mínimos, maioria aposentada, maioria morando em moradia de alvenaria. Alta CASP 
Avaliação das estratégias de educação em grupo e intervenção telefônica para o diabetes tipo II.2021 Pereira et al Comparar a eficácia de estratégias de educação em grupo e intervenção telefônica na melhoria do empoderament o, práticas de autocuidado e controle glicêmico em pessoas com diabetes mellitus tipo 2. Artigo original (estudo clínico, ensaio clínico com abordagem quantitativa) Ambas as estratégias promoveram redução significativa na hemoglobina  glicada; A intervenção telefônica foi mais eficaz na melhora das práticas de autocuidado e no empoderamento dos pacientes quando comparada à educação em grupo; Ambas estratégias apresentaram resultados positivos na redução da glicemia. Alta CASP 
Affordable web-based foot– ankle exercise program proves effective for diabetic foot care in a randomized controlled trial with economic evaluation;2024 Ronaldo; Ferreira, Veríssi mo et al Avaliar a relação custoefetividade e a relação custoutilidade de um programa de exercícios  online para modificar fatores de risco ajustáveis para úlcera em pessoas com neuropatia periférica relacionada ao diabetes Artigo de pesquisa original (estudo clínico randomizado com avaliação econômica) O programa ajudou na redução da dor no pé, melhoria na função do pé e mostrou relação custo efetividade favorável, com ICERs entre USD 5,37 e USD 148,71 por melhora nos desfechos Alta NOS 
Aplicativos como ferramenta de educação em saúde para portadores de diabetes mellitus: o que está disponível na língua portuguesa?2023 Ginani et al Avaliar as funcionalidades e o conteúdo de aplicativos em língua portuguesa disponíveis nas lojas Google Play e Apple Store que auxiliam no monitoramento e gerenciamento do diabetes mellitus, especialmente na educação em saúde e na promoção do autocuidado. Estudo exploratório, transversal, qualiquantitativo Os aplicativos monitoram glicemia, insulina, atividade física, alimentação, carboidratos e apresentam gráficos e lembretes, entre outros recursos. 13 aplicativos apresentam conteúdo educativo, mas poucos oferecem estratégias de mudança de comportamento personalizadas. A maioria está disponível em português, predominantemente em plataformas Android. A Funcionalidade s voltadas para educação, mudança de comportamento e individualização do tratamento ainda são incipientes Alta CASP 

Fonte: elaborado pelos autores, 2025.

6. DISCUSSÃO    

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica que afeta milhões de pessoas no mundo e está associada a diversas complicações, incluindo amputações de membros inferiores. A amputação e ulcerações nos pés por diabetes é a 5º complicação isolada mais presente em pacientes diabéticos sendo 6,0% (Neves et al, 2023).  

O estudo de (Sá; Arruda; Marcon et al) traz uma proposta de uma intervenção a partir de vídeos educativos que visam a mudanças de comportamentos e autocuidado em pacientes com diabetes, que estão diretamente ligadas a prevenção de complicações, principalmente a neuropatia diabética, que é uma das principais causas de ulcerações nos pés e consequentemente a amputação e traz uma intervenção educativa que apoia estratégias de prevenção a partir de vídeos educativos. Assim como, é proposto na pesquisa de (Chaves et al, 2021) que elabora um álbum de fim didático para propor a prevenção e os cuidados devidos com o pé diabético 

A educação em saúde é reconhecida como uma estratégia essencial para a prevenção das complicações relacionadas ao diabetes mellitus (DM), especialmente as que envolvem o pé diabético. Estudos demonstram que a implementação de tecnologias educativas específicas, como álbuns seriados validados, pode promover a autonomia e o empoderamento dos pacientes em relação ao autocuidado, facilitando a compreensão e a adoção de práticas preventivas [VILHENA et al., 2023]. Tais recursos educativos, ao estimular múltiplas formas de aprendizado — auditiva, visual e cinestésica —, apresentam potencial para modificar o comportamento dos pacientes, fortalecendo sua capacidade de evitar complicações graves, como úlceras e amputações [SILVA et al., 2023]. 

Além disso, a literatura aponta para a importância de capacitação continuada dos profissionais de saúde, notadamente enfermeiros, para a realização adequada do exame dos pés e a orientação aos pacientes. A ausência ou o atraso na realização desse exame é comum, especialmente nos casos de pacientes com diagnóstico de DM tipo 2 por longo tempo, o que reforça a necessidade de educação em serviço e atualização dos profissionais para prevenir complicações mais severas [ANDRADE et al., 2023]. A implementação de abordagens inovadoras, como intervenções telefônicas, também tem se mostrado eficazes para aumentar o conhecimento e a prática do autocuidado, atuando como complementos à educação presencial [CAMPOS et al., 2021]. 

Apesar dos avanços, um desafio importante é o acesso limitado a produtos essenciais para os cuidados diários dos pés, como sabonetes neutros, cremes hidratantes e calçados adequados, principalmente entre populações de baixa renda. Nesse contexto, há recomendação para que o sistema público de saúde amplie o fornecimento desses materiais, considerando que a relação custo-benefício favorece expressivamente a prevenção em detrimento do tratamento das lesões já estabelecidas [SILVA et al., 2023]. 

As amputações de membros inferiores decorrentes das complicações do pé diabético configuram uma das principais causas de morbimortalidade entre pessoas com diabetes. Estima-se que 50 a 70% das amputações estejam relacionadas a esse quadro, com cerca de 85% precedidas por úlceras nos pés [VILHENA et al., 2023]. Essa estatística enfatiza a necessidade absoluta de estratégias eficazes para a detecção precoce e prevenção das lesões. 

A avaliação de risco e o acompanhamento contínuo por equipes multiprofissionais são fundamentais para identificar fatores predisponentes como neuropatia periférica, deformidades e traumatismos, que aumentam significativamente o risco de amputação [ANDRADE et al., 2023]. O acesso ao exame regular dos pés, associado à educação para o autocuidado, constitui medida eficaz para reduzir a incidência de úlceras e consequentemente das amputações [CAMPOS et al., 2021]. 

No entanto, o sucesso dessas ações depende da articulação adequada entre políticas públicas e práticas clínicas. É imprescindível o investimento em políticas de saúde que garantam recursos materiais e humanos para a implementação de programas preventivos. A adoção de tecnologias educativas com baixo custo e fácil acesso, que favoreçam a mudança comportamental, é um diferencial que pode alterar o panorama das complicações do pé diabético [SILVA et al., 2023]. 

Por fim, observa-se que o papel do enfermeiro vai além da assistência direta, envolvendo a educação, o monitoramento e o estímulo ao autocuidado do paciente, o que pode contribuir decisivamente para a redução de amputações e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com diabetes [ANDRADE et al., 2023]. 

A prevenção de amputações em pacientes diabéticos está fortemente associada ao controle intensivo da glicemia, especialmente em estágios iniciais da doença. Conforme  (Boyko et al 2022), demonstram que pacientes com diabetes tipo 1 submetidos a tratamento intensivo apresentaram uma redução significativa no risco de desenvolvimento de úlceras nos pés — principal precursor das amputações — em comparação com aqueles que receberam tratamento convencional . Esses dados reforçam a importância do controle glicêmico precoce como estratégia preventiva essencial para complicações graves nos membros inferiores. 

Embora estudos como os de Boyko et al. (2022) e Hatton et al. (2025) demonstrem benefícios claros do controle glicêmico intensivo e do uso de palmilhas adaptadas, ainda não há consenso quanto ao impacto de tecnologias educativas digitais na redução de amputações em populações de baixa renda. Este vazio evidencia a necessidade de estudos multicêntricos e com avaliação de custo-efetividade. 

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS   

Com base na síntese dos 24 estudos analisados, recomenda-se a implementação de protocolos sistemáticos de triagem do pé diabético na atenção básica, com uso de ferramentas educativas digitais e ações de autocuidado. Políticas públicas devem priorizar a distribuição gratuita de insumos básicos para cuidado dos pés e capacitação de agentes comunitários de saúde. Futuros estudos devem explorar a efetividade dessas intervenções em comunidades ribeirinhas e populações vulneráveis. 

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