PRÁTICAS DE RESTAURAÇÃO EM PRAÇAS DE SONDAGEM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505311424


Wilson Oliveira Reis Carneiro1
Paulo Roberto Ramos2
Juraleson Leite Santos3


RESUMO: O presente artigo analisa os impactos ambientais da mineração sobre a vegetação nativa da Caatinga, com foco na supressão vegetal em dez áreas de sondagem no Povoado Pinhões, localizado no município de Juazeiro, Bahia. O principal objetivo foi promover o reflorestamento dessas áreas por meio do plantio de espécies nativas, como forma de mitigar os efeitos negativos da atividade mineradora. O projeto envolveu a quantificação das áreas degradadas, o dimensionamento das necessidades de revegetação, o monitoramento do sucesso do plantio e a análise físico-química da água do poço de decantação. A iniciativa contou com a parceria entre a empresa Ero Brasil, o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Sustentabilidade (PPGDiDeS) da UNIVASF e o Programa Escola Verde.

Palavras-chave: Mineração; Impactos ambientais; Reflorestamento.

ABSTRACT: This article analyzes the environmental impacts of mining on the native vegetation of the Caatinga biome, with a focus on vegetation suppression in ten drilling areas located in the Pinhões community, in the municipality of Juazeiro, Bahia. The main objective was to promote the reforestation of these areas through the planting of native species as a means of mitigating the negative effects of mining activities. The project involved quantifying the degraded areas, determining the revegetation requirements, monitoring the success of the planting, and conducting a physicochemical analysis of the water from the settling pond. The initiative was carried out in partnership with the company Ero Brasil, the Graduate Program in Regional Development and Sustainability (PPGDiDeS) at UNIVASF, and the Green School Program (Programa Escola Verde).

Keywords: Mining; Environmental impacts; Reforestation.

INTRODUÇÃO

A atividade mineradora no Brasil remonta ao período colonial, quando houve intensa exploração de jazidas de ouro, diamantes, esmeraldas e outros metais preciosos. Esse processo tem provocado significativos impactos ambientais nas áreas mineradas, incluindo a supressão da vegetação nativa, degradação do solo, surgimento de processos erosivos, assoreamento de corpos hídricos, emissões atmosféricas e contaminação das águas superficiais e subterrâneas (Silva; Silva, 2021).

De acordo com Jesus. et al (2016), o extrativismo mineral provoca significativa degradação da paisagem ao remover a vegetação e as camadas superficiais do solo, ocasionando alterações físicas, químicas e biológicas no ambiente. Um dos principais impactos é a redução drástica da capacidade de regeneração natural da área, uma vez que a exploração com o uso de máquinas pesadas compromete severamente as características do solo e dificulta o estabelecimento de novas espécies vegetais. Diante disso, as ações de revegetação tornam-se essenciais para viabilizar o processo de recuperação ambiental dessas áreas impactadas.

Diante desse cenário, o método de plantio de mudas de espécies nativas adaptadas às condições ecológicas locais em áreas degradadas mostrou-se uma estratégia essencial para a restauração ambiental. No contexto da regeneração artificial, o plantio de mudas pertencentes a diferentes grupos ecológicos tem se destacado como o método mais adotado no Brasil. Essa preferência se deve, principalmente, à maior taxa de sobrevivência das plantas em comparação à semeadura direta (Oliveira et al., 2022).

Para alcançar esse objetivo, as etapas do processo de restauração vegetativa, incluíram a quantificação das áreas degradadas, visando à definição precisa das necessidades de revegetação e ao monitoramento do sucesso do plantio. O projeto foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Sustentabilidade (PPGDiDeS) da UNIVASF, com apoio do Programa Escola Verde, voltado à promoção da educação ambiental junto às comunidades locais.

A justificativa da pesquisa fundamenta-se na necessidade urgente de abordar e mitigar os impactos ambientais decorrentes da degradação de áreas de vegetação nativa no Povoado Pinhões, situado no município de Juazeiro, Bahia. Essa localidade está inserida no bioma Caatinga, ecossistema exclusivamente brasileiro e de grande importância ecológica.

Além disso, a região do semiárido, onde se localiza o município, apresenta características climáticas que intensificam os desafios ambientais. O clima é quente e semiárido, com temperatura média anual em torno de 30°C. Nesse cenário, a escassez e a distribuição irregular das chuvas, somadas aos longos períodos de estiagem, aumentam significativamente a vulnerabilidade tanto dos ecossistemas quanto das populações locais.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Praça de sondagem

A sondagem na mineração consiste na realização de perfurações no solo com o objetivo de coletar informações sobre as características geológicas, como o perfil do solo e as rochas presentes em profundidade. Entre os principais objetivos desse processo estão a construção de poços para captação de água, a prospecção de petróleo e gás natural, bem como a identificação de depósitos minerais (Neto, 2021).

Para a realização das operações de sondagem, é necessário preparar uma área delimitada ao redor do collar do furo a ser executado. Essa área deve ser suficientemente ampla para acomodar não apenas o equipamento de sondagem, mas também a cabine de operação, contêineres e demais estruturas de apoio. Recomenda-se, em geral, uma área quadrada com dimensões de 30 x 30 metros. Além da infraestrutura principal da praça de sondagem, também são necessárias estruturas secundárias, como vias de acesso e poços para captação de água, pontos de apoio à operação, áreas de estacionamento, entre outras (Calmon, 2023).

Um aspecto importante a ser ressaltado é que as praças de sondagem são locais delimitados de interesse mineral, onde ocorre a remoção da vegetação nativa com o objetivo de abrir acessos e instalar os equipamentos que viabilizam as etapas de prospecção.

Impactos ambientais provenientes da mineração

A mineração, embora seja uma atividade geológica de grande relevância econômica, está associada a significativos impactos ambientais. Apesar de seu expressivo poder de transformação sobre a terra, essa atividade ainda depende da exploração intensiva do solo, sendo incapaz de gerar lucros sem causar danos a parte da crosta terrestre (Palheta et al., 2023).

De acordo com Freitas et al. (2019), A atividade mineradora demanda a ocupação de amplas áreas para a extração de recursos minerais. Como consequência, gera impactos ambientais negativos de grande magnitude, incluindo o desequilíbrio de biomas e ecossistemas. Além do mais, podem gerar danos socioambientais de grande escala, muitas vezes irreversíveis. Esses impactos afetam diversos componentes do meio ambiente, como a fauna e vastas áreas de vegetação (Costa; Descovi Filho; Oliveira Junior, 2020).

As áreas destinadas à atividade mineradora são submetidas a supressão da vegetação nativa, degradação do solo, ocorrência de processos erosivos e assoreamento de corpos hídricos, além da emissão de poluentes atmosféricos e da contaminação de recursos hídricos (Silva, 2021).

Nesse contexto, um exemplo recente que intensificou os debates sobre os impactos ambientais da mineração foram os rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, dois desastres de grandes proporções diretamente relacionados à negligência na gestão de rejeitos e à fragilidade dos mecanismos de controle ambiental (Mandai; Carvalho; Souza, 2021). 

Os desastres ambientais registrados em Mariana (2015) e Brumadinho (2019) evidenciam a gravidade dos danos provocados pela atividade mineradora quando não são adotadas medidas de segurança eficazes. No caso de Mariana, o rompimento da barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, ocorrido em 5 de novembro de 2015, liberou um mar de lama com rejeitos de minério que atingiu mais de 40 cidades, causou a morte de 19 pessoas e provocou severos impactos à fauna e à flora do Rio Doce ao longo de 660 km, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo (Armada, 2021).

Degradação da região semiárida

Atualmente, a degradação das terras semiáridas ocorre devido a múltiplos fatores. Um deles é a salinização de áreas agricultáveis, que surge do manejo impróprio da irrigação, especialmente pela falta de sistemas de drenagem adequados. Outro fator relevante são as práticas inadequadas de criação de animais, ilustradas pelo uso excessivo da capacidade de suporte da área por ovinos, bovinos e caprinos. Além disso, convém ressaltar o desmatamento, onde a remoção da vegetação serve como fonte de energia para indústrias como cerâmicas, olarias e gesseiras (Redin, 2021).

Regiões de clima semiárido apresentam baixa capacidade de resiliência frente às intervenções humanas, o que as torna particularmente vulneráveis à degradação e à desertificação. No Nordeste brasileiro, o bioma Caatinga vem sendo gradualmente substituído por atividades como agricultura, pecuária, mineração e extração de madeira para lenha e carvão. Essa pressão antrópica, somada a condições climáticas adversas, representa o principal fator de degradação ambiental na região, intensificando o risco de desertificação (Silva et al., 2019).

De acordo com Diniz et al. (2020), o desmatamento acelerado resulta na exaustão dos recursos hídricos e colocam em risco diversas formas de vida. A supressão da vegetação nativa reduz os habitats naturais, levando ao desaparecimento de espécies vegetais e animais especialmente mamíferos, à proliferação de espécies vegetais com baixo valor comercial e à homogeneização dos ecossistemas.

Métodos de recuperação de áreas degradadas

A intensificação da degradação ambiental tem despertado crescente preocupação, motivando o desenvolvimento e a aplicação de diversas estratégias eficazes para mitigar seus impactos, entre as quais se destacam as ações voltadas à recuperação de áreas degradadas (Mariano; Aquino; Ferrarezi Junior, 2022). 

Uma das formas de recuperar as áreas degradadas da Caatinga é por meio da intervenção humana, utilizando o reflorestamento com espécies nativas lenhosas pioneiras, que ocorrem com maior frequência nesse bioma. Essas espécies desempenham um papel fundamental na restauração ambiental, pois ajudam a recompor a vegetação original e a melhorar as condições do solo. Além disso, o item 15.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelece, até 2030, a meta de combater a desertificação, bem como restaurar terras e solos degradados (Gomes; Silva, 2023).

Conforme descrito por Lôbo et al. (2021), os Sistemas Agroflorestais (SAFs) apresentam-se como alternativas potenciais para a recuperação das funções ambientais e o aumento da biodiversidade, ao mesmo tempo em que promovem a produtividade agrícola, florestal e pecuária. Além disso, a função do manejo agroflorestal é acelerar o processo regenerativo, permitindo que os indivíduos animais e vegetais ocupem o ambiente e contribuam para a restauração ecológica. 

O plantio de mudas é um dos métodos mais utilizados atualmente na recuperação de áreas degradadas. Essa técnica consiste na introdução de espécies vegetais cultivadas previamente em viveiros, sendo indicada, principalmente, para locais onde a vegetação nativa foi parcial ou totalmente suprimida e onde a cobertura vegetal do entorno encontra-se comprometida ou inexistente (Rodrigues; Giuliatti; Júnior, 2020). O método é particularmente eficaz em áreas cuja resiliência ecológica está prejudicada, ou seja, quando a capacidade de regeneração natural do ecossistema está severamente reduzida (Resende et al., 2015). 

MATERIAL E METODO

O presente artigo fundamenta-se em uma pesquisa de campo de caráter descrito.  A pesquisa de campo busca informações diretamente com o público-alvo, demandando um contato mais próximo entre pesquisador e participantes. Já as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial descrever as características de uma população ou fenômeno, bem como estabelecer relações entre variáveis. Sua principal característica é a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, como questionários e observação sistemática (Oliveira; Ponte; Barbosa, 2006).

Classificação quanto à natureza quantitativa. A pesquisa qualitativa foca na compreensão de fenômenos através da análise de relações humanas, crenças e valores, em contraste com a pesquisa quantitativa, que busca resultados numéricos e estatísticos, fundamentados em dados objetivos e passíveis de quantificação, frequentemente derivados de experimentos (Oliveira, 2011).

ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo abrange um total de 0,45 hectares, distribuídos em locais utilizados para a instalação de praças de sondagem do solo pela empresa mineradora local. As áreas encontram-se no povoado de Pinhões, às margens da BR-235, no município de Juazeiro, estado da Bahia (Figura 1). A vegetação predominante na região é a caatinga, adaptada às condições do clima semiárido, caracterizado por altas temperaturas e uma estação chuvosa concentrada entre os meses de novembro e março.

Figura 1: Povoado de Pinhões

Fonte: Própria autoria ArcGis, 2025.

Nos dez pontos avaliados na área de estudo, a vegetação nativa havia sido removida, e observou-se sinais claros de compactação do solo, consequência do tráfego e da operação de máquinas e equipamentos pesados utilizados nas atividades de sondagem. Essa compactação compromete a infiltração da água, dificulta a regeneração da vegetação e impacta negativamente os processos ecológicos da região.

Figura 2: Area de estudo 

Fonte: Própria autoria ArcGis, 2025.

Procedimentos adotados

Foram realizadas visitas de campo que englobaram a análise dos impactos ambientais decorrentes das atividades de sondagem mineral, bem como a coleta de dados e de amostras de água para análise laboratorial. 

O substrato avaliado apresentou baixa umidade e elevada temperatura superficial. Além disso, constatou-se uma baixa fertilidade natural e um teor reduzido de matéria orgânica, características que resultaram da escassa cobertura vegetal e da intensa evaporação. Os solos eram rasos, pedregosos e com presença de cascalho, e notou-se também a existência de áreas com solos mais arenosos. A textura do solo variava entre média e grossa, e sua coloração era avermelhada.

A quantificação das áreas desmatadas foi efetuada por meio do uso de trenas métricas, possibilitando a delimitação precisa de cada área. Adicionalmente, drones foram utilizados para capturar imagens aéreas, o que permitiu a mensuração individual dos polígonos demarcados, cujas áreas foram posteriormente convertidas em hectares.

Com o intuito de organizar e sistematizar as informações coletadas, as áreas foram identificadas numericamente, de 1 a 10, facilitando sua localização e registro em banco de dados (tabela 1).

Tabela 1 – Identificação das praças de sondagem

Fonte: Própria autoria, 2025.

A tabela elaborada a partir dessas informações forneceram uma visão geral dos pontos de desmatamento observados nas praças de sondagem, incluindo dados detalhados sobre a extensão das áreas com supressão vegetal, o que serviram de base para o planejamento das ações corretivas e etapas do projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a vistoria técnica realizada na área de estudo, verificou-se que houve a completa supressão da vegetação nativa, caracterizando significativa alteração do ambiente natural. Tal atividade está em desacordo com os princípios da preservação ambiental previstos na Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal Brasileiro), especialmente no que tange à proteção da vegetação nativa e à manutenção da biodiversidade, ressalvando-se as atividades de pesquisa mineral que possuam o devido licenciamento ambiental.

Como consequência direta da supressão vegetal, observou-se a ausência de fauna silvestre na área, fato que reforça o impacto ambiental causado pela intervenção antrópica. A perda do habitat natural comprometeu não apenas a biodiversidade, mas também a integridade ecológica da região.

Adicionalmente, identificou-se um quadro de acentuada compactação do solo, evidenciado pela elevada resistência à penetração e pela dureza da camada superficial. Esta condição foi atribuída à intensa circulação e operação de maquinário pesado, utilizados nas atividades pregressas de sondagem e movimentação de solo. A compactação reduziu significativamente a capacidade de infiltração da água no solo, prejudicando processos naturais de drenagem, aeração e desenvolvimento radicular, além de potencialmente contribuir para a intensificação de processos erosivos.

As áreas mineradas geram uma série de consequências ambientais, como a destruição da vegetação nativa, a degradação do solo, a intensificação de processos erosivos, o assoreamento de rios e córregos, além da contaminação dos recursos hídricos. Esses impactos negativos não afetam apenas os recursos naturais, mas comprometem todo o ecossistema local, resultando na perda de biodiversidade, na alteração dos habitats naturais e na interrupção dos ciclos ecológicos (Silva; Silva, 2021).

O bioma Caatinga já teve cerca de 40% de sua área degradada, enquanto apenas 42% permanecem preservada. Além disso, aproximadamente 8% do solo encontra-se exposto e suscetível à desertificação processo intensificado pelo desmatamento acelerado. Essa degradação ambiental compromete o regime de chuvas e altera significativamente os fatores climáticos da região, podendo levar a um ponto de não retorno, com sérias consequências para a biodiversidade, como o empobrecimento da flora e da fauna (Demartelaere et al., 2022).

Segundo Gomes e Silva (2023), o baixo número de publicações permite compreender que, mesmo diante dos crescentes impactos no bioma Caatinga os quais intensificam o processo de desertificação, as ações voltadas à recuperação ainda são pouco difundidas. Nesse sentido, é possível afirmar que, apesar da relevância atual do tema, sua abordagem no meio científico ainda é limitada e carece de maior aprofundamento.

Praça de sondagem: restauração da vegetação 

A restauração ecológica é uma prática que busca iniciar, facilitar ou acelerar a recuperação de ecossistemas degradados, permitindo que eles se adaptem às mudanças locais e globais, além de garantir a persistência e a evolução de suas espécies componentes. Áreas degradadas pela mineração, por exemplo, apresentam baixa resiliência, uma vez que o solo é completamente removido, ficando desprovido de diásporos como sementes, caules, raízes ou tubérculos. Por isso, é essencial que cada ambiente impactado tenha tempo e condições adequadas para se regenerar, contando com intervenções humanas que apoiem esse processo (Buss, 2021).

As atividades de recuperação das áreas degradadas foram iniciadas com a abertura manual dos buracos, utilizando alavanca e cavadeira. Na sequência, realizou-se a instalação das estacas, que servem de suporte para a cerca perimetral. O cercamento foi executado por meio do esticamento de oito fios de arame farpado, seguido da fixação das estacas, grampeamento e amarração com arame liso, conforme ilustrado na Figura 4.

O isolamento da área de plantio foi uma etapa essencial no plano de restauração ambiental, pois esteve diretamente relacionado ao sucesso do estabelecimento das mudas. Essa medida teve como principal objetivo proteger a área contra o acesso de animais, como ovinos, caprinos e bovinos, que circulavam pela região, além de restringir o trânsito de pessoas, evitando danos às mudas que haviam sido recentemente plantadas.

Figura 3 – Escavação de buracos

Fonte: Própria autoria, 2024.

A Tabela 2 apresenta a quantidade de insumos utilizados, evidenciando a relevância desses recursos para a proteção e reabilitação das mudas plantadas.

Tabela 3 – Materiais utilizados nas praças de sondagens.

Fonte: Própria autoria, 2025.

As mudas utilizadas foram previamente preparadas de forma criteriosa, seguindo procedimentos que assegurassem condições ideais para o seu desenvolvimento inicial. Revestidas com material plástico, apresentavam elevada resistência à umidade e às variações térmicas, características que contribuíram significativamente para a criação de um microambiente propício à formação de raízes vigorosas e ao estabelecimento saudável das plantas.

O material plástico foi preenchido com substrato coletado nas proximidades do local de plantio, uma escolha estratégica que visou favorecer a adaptação das espécies às condições edafoclimáticas do ambiente definitivo. Tal prática potencializou o sucesso do processo de restauração, ao promover maior compatibilidade entre o sistema radicular das mudas e o solo receptor.

Nesse contexto, foi concluída mais uma etapa essencial do projeto de restauração ambiental. Em colaboração com a equipe técnica dos setores de Meio Ambiente e Geologia de Exploração, foram implantadas 70 mudas, distribuídas entre 14 espécies nativas, todas provenientes do viveiro da empresa Ero Brasil Caraíba (conforme detalhado na Tabela 4).

Tabela 4: Mudas plantadas

Fonte: própria autoria, 2025.


As mudas foram criteriosamente selecionadas e transportadas até a área de plantio, localizada nas dez praças de sondagem definidas na fase inicial do projeto. Cada berço de plantio, com dimensões médias de 60 cm de largura por 40 cm de profundidade, foi preparado manualmente e recebeu duas mudas de espécies distintas (Figura 8)

Figura 4: Plantio das mudas

Fonte: Própria autoria, 2025.

Para otimizar as condições de desenvolvimento das plantas, foram empregadas técnicas de plantio que simulam os processos naturais de regeneração. Além da abertura dos berços, o solo foi coberto com serrapilheira e galhos secos, formando uma camada de cobertura morta. Essa prática contribui para a conservação da umidade do solo, fornece matéria orgânica e nutrientes, e atua na redução da erosão.

Considerando as condições climáticas vigentes, com a estação chuvosa ainda por iniciar, foi necessária a utilização de um caminhão-pipa para garantir a irrigação das mudas recém-plantadas duas vezes semanais (figura 09). Essa ação emergencial foi essencial para assegurar a sobrevivência das espécies durante a fase inicial de estabelecimento.

Figura 5: Irrigação das mudas com auxílio do caminhão pipa.

Fonte: Própria autoria, 2025.

Dentre as estratégias empregadas nesse processo, o plantio de mudas de espécies nativas (figura 9) destaca-se como uma das mais eficazes, pois contribui para o restabelecimento da cobertura vegetal e a retomada dos processos ecológicos naturais. Contudo, o sucesso dessas ações depende de fatores-chave, como a seleção adequada das espécies, o preparo correto do solo e a manutenção contínua das áreas vegetadas.

Figura 6: Áreas de plantio recuperadas.

Fonte: Própria autoria, 2025.

As mudas implantadas nas áreas de supressão apresentaram bom desenvolvimento, indicando sucesso nas ações de reflorestamento. Esse crescimento saudável demonstra a adaptação das espécies ao ambiente e a eficácia das técnicas de plantio. 

Análise química da água utilizada no processo de sondagem mineral

Segundo Rodrigues e Bueno (2019), a avaliação da qualidade da água baseia-se em diversos parâmetros que expressam suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Valores desses parâmetros acima dos limites estabelecidos para determinado uso podem indicar a presença de contaminação. Devido à sua elevada capacidade de dissolução e transporte de substâncias, a água está constantemente sujeita a alterações em sua qualidade. Por isso, a coleta e a preservação adequadas das amostras são fundamentais para garantir a precisão dos resultados analíticos.

A coleta de água no poço de decantação é uma etapa essencial para o monitoramento da qualidade da água empregada no processo de perfuração do solo, contribuindo para a prevenção de possíveis contaminações ambientais. O poço de decantação, representado na figura abaixo, possui dimensões de 1,5 x 2 x 1,5 metros e é revestido com lona plástica impermeável, o que impede a infiltração da água residual no solo e, consequentemente, a contaminação do lençol freático.

Figura 7: Poço de decantação

Fonte: Própria autoria, 2025

A coleta de água no poço de decantação é uma etapa essencial para o monitoramento da qualidade da água empregada no processo de perfuração do solo, contribuindo para a prevenção de possíveis contaminações ambientais. O referido poço, possui dimensões de 1,5 x 2 x 1,5 metros e é revestido com lona plástica impermeável, o que impede a infiltração da água residual no solo e, consequentemente, a contaminação do lençol freático.

A coleta da amostra foi realizada utilizando os seguintes materiais: vara coletora, copo coletor, bailer e recipiente térmico (como isopor) para o armazenamento temporário das amostras, até seu transporte ao laboratório interno da empresa.

No laboratório, realizaram-se análises físico-químicas dos efluentes com o objetivo de verificar sua conformidade com os padrões estabelecidos, conforme detalhado na Tabela 3.

Tabela 5 – Análises físico-química da água

Fonte: Laboratório Químico, 2025.

A análise físico-química da água proveniente do poço de decantação tem por finalidade identificar e quantificar possíveis contaminantes, a fim de avaliar a influência das atividades mineradoras sobre a qualidade da água e verificar o atendimento aos padrões ambientais estabelecidos.

O sistema de água utilizado na sondagem opera em circuito fechado. Após a conclusão dos trabalhos, a água é recolhida por um caminhão-pipa e descartada em local apropriado na empresa.

CONCLUSÃO

A região do Povoado Pinhões, inserida no bioma Caatinga, apresenta uma rica biodiversidade e oferece serviços ecossistêmicos essenciais à população local. Entretanto, apesar de a atividade mineradora contribuir significativamente para a economia regional, especialmente por meio da geração de empregos, ela também pode provocar impactos ambientais relevantes, tais como a supressão da vegetação nativa, alterações no solo e a contaminação de recursos hídricos.

A partir dessa perspectiva, a pesquisa evidencia que a restauração da vegetação nativa vai além da simples recomposição da cobertura vegetal. Ela envolve também a reconstrução de processos ecológicos complexos que sustentam a biodiversidade local, promovendo, assim, a resiliência dos ecossistemas afetados. 

Os impactos ambientais decorrentes da atividade mineradora não incidem apenas sobre elementos específicos do meio natural, mas comprometem a integridade de todo o ecossistema local, incluindo os fatores bióticos, abióticos e as populações humanas ali residentes. Nesse contexto, torna-se essencial a implementação de ações efetivas que visem mitigar os danos já existentes, prevenindo a intensificação dos desequilíbrios ecológicos e resguardando tanto os recursos naturais quanto a saúde das comunidades afetadas.

REFERÊNCIAS

ARMADA, C. A. S. OS DESASTRES AMBIENTAIS DE MARIANA E BRUMADINHO EM FACE AO ESTADO SOCIOAMBIENTAL BRASILEIRO. Revista Territorium, n. 28 (I), p. 13-22, 2021.

BUSS, T. O. L. et al. Restauração ecológica em áreas de mineração por cascalho no Sul do Brasil. Revista Ibero Americana de Ciências Ambientais, v. 12, n. 7, p. 8192, 2021.

CALMON, E. R. C. Aplicação da sondagem direcional à pesquisa mineral como alternativa ambiental. 2023. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Engenharia Mineral) – Universidade Federal de Alfenas, Poços de Caldas, 2023.

COSTA, S. S. da; DESCOVI FILHO, L. L. V; OLIVEIRA JUNIOR, J. M. B. de. Esforços da pesquisa brasileira sobre mineração e impactos ambientais: uma visão geral de cinco décadas. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, v. 11, n. 2, 2020.

DEMARTELAERE, A. C. F. et al. Revisão bibliográfica: impactos em áreas nativas da caatinga causadas pelas atividades econômicas e as técnicas de reflorestamento. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 4, p. 25085-25306, 2022.

Diniz, N. A. et al. DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA SERRA DA MERUOCA – CE. Revista Homem, Espaço e Tempo, nº 3, v. 14, p. 127-141, 2020.

FREITAS, C. M. de. et al. Desastres em barragens de mineração: lições do passado para reduzir riscos atuais e futuros. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 28, n. 1, 2019.

GOMES, J. P. S; SILVA, V.P. da. RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS SOBRE O BIOMA CAATINGA: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA. Revista Eletrônica do Curso de Geografia, n. 46, 2023. Disponível em: https://revistas.ufj.edu.br/geoambiente/article. Acesso em: 05 maio 2025.

JESUS, E. N. de. et al. Regeneração Natural de Espécies Vegetais em Jazidas Revegetadas. Floresta e Ambiente, Seropédica, v. 23, n. 2, p. 191-200, 2016. 

LÔBO, R. L. de L. et al. Sistemas agroflorestais na recuperação de áreas degradadas. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 4, p. 38127-38142, 2021.

MANDAI, S. S; CARVALHO, R. M. de; SOUZA, M. M. P. de. A biodiversidade e os Estudos de Impacto Ambiental de mineração do estado de São Paulo – Brasil. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 24, 2021.

Mariano, N; Aquino, M. D. H. de; Ferrarezi Junior, E. A importância da recuperação de áreas degradadas: uma forma de conservação ambiental. Interface Tecnológica, v. 19, n. 1, 2022.

NETO, T. X. M. Gestão de Projetos na Mineração: Pesquisa Mineral e Sondagens Geológicas. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) – Faculdade Pitágoras, Goiânia, GO, 2021. 

OLIVEIRA, A. S. et al. Semeadura direta e plantio de mudas para recuperação de nascentes no rio Piauitinga, município de Salgado, Sergipe, Brasil. Revista Thema, v. 21, n. 1, 2022.

OLIVEIRA, M. C.; PONTE, V. M. R; BARBOSA, J. V. B. Metodologias de pesquisa adotadas nos estudos sobre Balanced Scorecard. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, XIII, 2006, Belo Horizonte. Anais… Belo Horizonte: ABC, 2006.

OLIVEIRA, M. F. de. Metodologia científica: um manual para a realização de pesquisas em administração. Catalão-GO: Universidade Federal de Goiás, 1  Campus Catalão, Curso de Administração, 2011. 72 p.

PALHETA, A. R. et al. A sustentabilidade na mineração do Amapá: revisão de literatura. Revista Multidisciplinar do Amapá – REMAP, v. 3, n. 2, p. 72-80, 2023.

Redin, E. (Org.). Ciências Rurais em Foco. v. 3. Belo Horizonte, MG: Poisson, 2021.

RESENDE, L. A. et al. Crescimento e sobrevivência de espécies arbóreas em diferentes modelos de plantio na recuperação de área degradada por disposição de resíduos sólidos urbanos. Revista Árvore, v. 39, n. 1, p. 147-157, 2015.

RODRIGUES, A. B. M; GIULIATTI, N. M.; JÚNIO, A. P. Aplicação de metodologias de recuperação de áreas degradadas nos biomas brasileiros. Braz. Ap. Sci. Rev, v. 4, n. 1, p. 333-369, 2020.

RODRIGUES, A. L. A.; BUENO, S. M. Análise físico-química e microbiológica de água potável em diferentes pontos de coleta da cidade de São José do Rio Preto-SP. Revista Científica UNILAGO, v. 1, n. 1, 2019.

SILVA, B. H. R. Avaliação de impactos ambientais em áreas de mineração com o uso do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI): estudo de caso para a região de Paracatu (Minas Gerais). Revista Brasileira de Sensoriamento Remoto, v. 2, n. 3, p. 002-017, 2021.

SILVA, B.H.R.; SILVA, R.N.F. Avaliação de impactos ambientais em áreas de mineração com o uso do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI): estudo de caso para a região de Paracatu (Minas Gerais). Revista Brasileira de Sensoriamento Remoto,v.2, n.3, p. 002-017, 2021.

Silva, D. A. de O. et al. ANÁLISE E MAPEAMENTO DA DEGRADAÇÃO POR SENSORIAMENTO REMOTO NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA RASO DA CATARINA-SEMIÁRIDO BRASILEIRO. Revista Engenharia na Agricultura, v. 27, n. 5, p. 420430, 2019. 


1Mestrando PPGDiDeS – Univasf. E-mail: wilsonreis_17@hotmail.com
Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/3801293572226172
²Doutor Univasf. E-mail: paulo.ramos@univasf.edu.br
Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/9107135900230723
3Mestrando PPGDiDeS – Univasf. E-mail: juralesonleite@gmail.com  Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/9107135900230723