INCIDÊNCIA DE ANSIEDADE E O USO DE MEDICAÇÃO EM ESTUDANTES DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE CENTRAL DEL PARAGUAY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505311449


Hicler Jessica dos Santos Araújo1
Brayann Quadros de Souza2
Paloma Iracema Banak Zilch3
Adriano de Maman Oldra4
Clarear Figueiredo Telles5
Douglas de Oliveira Subrinho6
Lívia Cavalcanti Moret7
Moisés Silva Campos8
Wilgner Itiel Teixeira Souza9
Orientadora: Dra. Lilian Raquel Ramírez Barúa10


RESUMO: Este estudo analisou a prevalência de sintomas de ansiedade e o uso de medicação entre estudantes de Medicina da Universidade Central del Paraguay (UCP). A ansiedade, embora seja uma resposta adaptativa, pode se tornar disfuncional e comprometer significativamente a vida acadêmica e pessoal dos indivíduos. Considerando o cenário alarmante reportado pela Organização Mundial da Saúde, que aponta o Brasil como o país com a maior taxa mundial de transtornos de ansiedade, esta pesquisa buscou avaliar a situação em um grupo específico de estudantes universitários. Trata-se de um estudo transversal analítico com abordagem quantitativa, realizado com 167 estudantes, mediante a aplicação de um questionário sociodemográfico e do Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), com a devida assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os resultados indicaram que 66,5% dos participantes eram do sexo feminino e a mediana de idade foi de 27 anos. Quanto aos níveis de ansiedade, 49,33% apresentaram ansiedade mínima, 23,77% leve, 17,03% moderada e 9,87% severa. Além disso, 26,9% dos estudantes relataram fazer uso de medicação para o controle dos sintomas ansiosos, com predominância de inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Os achados reforçam a necessidade de programas institucionais de promoção da saúde mental, incluindo estratégias de prevenção, acolhimento psicológico e suporte psicossocial, com o objetivo de garantir uma formação acadêmica mais equilibrada e sustentável para os futuros profissionais da saúde.

Palavras chaves: Ansiedade. Acadêmicos. Medicina. Saúde mental.  Inventário de ansiedade de Beck

ABSTRACT: This study analyzed the prevalence of anxiety symptoms and medication use among medical students at the Universidad Central del Paraguay (UCP). Although anxiety is an adaptive response, it can become dysfunctional and significantly compromise individuals’ academic and personal lives. Considering the alarming scenario reported by the World Health Organization, which identifies Brazil as the country with the highest global rate of anxiety disorders, this research aimed to assess the situation among a specific group of university students. This is a cross-sectional analytical study with a quantitative approach, conducted with 167 medical students through the application of a sociodemographic questionnaire and the Beck Anxiety Inventory (BAI), after obtaining informed consent (ICF). The results indicated that 66.5% of the participants were female and the median age was 27 years. Regarding anxiety levels, 49.33% of the students presented minimal anxiety, 23.77% mild, 17.03% moderate, and 9.87% severe symptoms. Additionally, 26.9% reported the use of medication to manage anxiety symptoms, with a predominance of selective serotonin reuptake inhibitors. These findings reinforce the need for institutional programs focused on mental health promotion, including preventive strategies, psychological support, and psychosocial interventions, aiming to ensure a more balanced and sustainable academic training for future healthcare professionals.

Keywords: Anxiety. Medical students. Medicine. Mental health. Beck Anxiety Inventory.

INTRODUÇÃO

A ansiedade é uma resposta emocional adaptativa, presente em todos os indivíduos em situações de ameaça real ou percebida, desempenhando um papel essencial na preparação do organismo para enfrentar desafios (1). Entretanto, quando se manifesta de maneira excessiva, desproporcional ou persistente, a ansiedade pode se tornar disfuncional, caracterizando transtornos que comprometem significativamente a qualidade de vida e o funcionamento global do indivíduo (2). Em linhas gerais, os transtornos de ansiedade são marcados por sentimentos intensos de medo, apreensão, tensão e desconforto, frequentemente associados a manifestações somáticas, como taquicardia, sudorese, tremores e dificuldades respiratórias (3).

Em escala global, a ansiedade figura como um dos transtornos mentais mais prevalentes. Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 18 milhões de brasileiros convivem com transtornos de ansiedade, representando aproximadamente 9,3% da população, o que posiciona o Brasil como o país com maior prevalência desse tipo de transtorno no mundo (4). Esse dado alarmante reflete a necessidade de políticas públicas e intervenções focadas na saúde mental da população.

Entre os grupos mais vulneráveis ao desenvolvimento de sintomas ansiosos encontram-se os estudantes universitários, especialmente aqueles vinculados às áreas da saúde. A pressão por desempenho acadêmico, a carga horária intensa, o contato precoce com o sofrimento humano e a competitividade exacerbada transformam o ambiente universitário em um terreno propício para o surgimento e a manutenção de quadros ansiosos (5). Estudos indicam que estudantes de Medicina apresentam taxas de ansiedade significativamente superiores às encontradas na população geral e em outros cursos universitários, situação que compromete não apenas seu bem-estar emocional, mas também seu desempenho acadêmico e sua futura prática profissional (6).

A falta de suporte emocional adequado dentro das instituições de ensino superior pode agravar ainda mais esse cenário. Em cursos como Medicina, onde há intensa sobrecarga de atividades teóricas e práticas, os estudantes são expostos a altos níveis de estresse desde os primeiros anos, situação que tende a se intensificar à medida que avançam na formação (7). A ausência de estratégias institucionais de prevenção, acolhimento e tratamento dos transtornos de ansiedade contribui para a cronificação do sofrimento psíquico e para o risco de desfechos mais graves, como o abandono do curso ou o desenvolvimento de comorbidades psiquiátricas.

Diante desse panorama, torna-se imprescindível investigar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da ansiedade entre estudantes de Medicina, bem como compreender as estratégias de enfrentamento adotadas, o impacto do sofrimento psíquico no desempenho acadêmico e a utilização de intervenções terapêuticas, incluindo o uso de medicação ansiolítica. Estudos que abordem essas questões são fundamentais para subsidiar a formulação de políticas institucionais eficazes de promoção da saúde mental no ambiente universitário.

Sendo assim, o objetivo deste estudo é analisar a prevalência de ansiedade e o uso de medicação entre estudantes de Medicina da Universidade Central del Paraguay (UCP), bem como identificar fatores de risco associados, tipos de medicação utilizados e o impacto da ansiedade no desempenho acadêmico. Busca-se também investigar a relação entre os níveis de ansiedade, mensurados pelo Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), e o uso de medicação. Espera-se que os resultados subsidiem a implementação de estratégias de intervenção voltadas à promoção da saúde mental e à melhoria da qualidade de vida acadêmica.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal analítico com abordagem quantitativa, cujo objetivo é avaliar a associação entre a ansiedade e o uso de medicação entre os estudantes de Medicina da UCP. Esse tipo de pesquisa permite analisar simultaneamente o indivíduo e o fator de exposição no mesmo intervalo de tempo.

A coleta de dados foi realizada por meio de questionários aplicados aos estudantes de Medicina da UCP, localizada em Ciudad del Este, Paraguai, durante o período letivo de 2024 a 2025.O objetivo da coleta de dados foi incluir um número representativo de estudantes de Medicina, com o intuito de garantir a validade e a generalização dos resultados. Foram aplicados 167 questionários. Todos os discentes que concordaram em participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), garantindo o compromisso ético e a proteção dos participantes.

Os critérios de inclusão foram: estudantes regularmente matriculados no curso de Medicina da UCP, estudantes que apresentavam sintomas de ansiedade, e estudantes que faziam uso de medicação para o controle desses sintomas. Os critérios de exclusão foram: estudantes que não pertencem à UCP, questionários respondidos de forma incompleta, participantes em tratamento para outros transtornos mentais, e indivíduos com histórico de distúrbios psiquiátricos graves, como transtorno bipolar e esquizofrenia.

Para a coleta de dados, foram utilizados dois instrumentos. O primeiro foi um questionário sociodemográfico e clínico, elaborado pelos pesquisadores, com o objetivo de obter dados sobre variáveis que pudessem estar relacionadas à ansiedade. O segundo instrumento utilizado foi o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), uma escala de autorrelato amplamente utilizada para medir a intensidade dos sintomas de ansiedade. O BAI foi previamente adaptado e validado no Brasil e consiste em 21 itens, que são afirmações descritivas relacionadas à ansiedade. 

Os itens da escala abrangem manifestações somáticas, cognitivas e afetivas da ansiedade, e os participantes devem avaliá-los com base na frequência com que sentiram esses sintomas na última semana. O escore total do BAI varia de 0 a 63, sendo classificado da seguinte forma:

  • Ansiedade mínimo: 0 a 10 pontos;
  • Ansiedade leve: 11 a 19 pontos;
  • Ansiedade moderada: 20 a 30 pontos;
  • Ansiedade grave: 31 a 63 pontos.

Com os dados coletados, foi elaborado um banco de dados utilizando o Microsoft Excel. A análise estatística foi realizada por meio de estatísticas descritivas, com cálculo de médias, frequências absolutas e relativas, percentuais e desvio padrão. 

RESULTADOS

O presente estudo contou com a participação de 167 estudantes regularmente matriculados no curso de Medicina da UCP. Conforme apresentado na Tabela 1, a distribuição por sexo demonstrou predominância do gênero feminino, representando 66,5% da amostra, enquanto o gênero masculino correspondeu a 33,5%. A mediana de idade dos participantes foi de 27 anos, com variação entre 18 e 48 anos. Observou-se uma maior concentração de estudantes na faixa etária entre 21 e 23 anos, refletindo o perfil populacional típico dos cursos de graduação em Medicina.

Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos participantes.

No que tange à distribuição por semestre acadêmico, todos os períodos curriculares foram contemplados. Notadamente, o terceiro e o nono semestres concentraram a maior parte da amostra, somando 53,4% dos respondentes. Este achado pode indicar uma maior disponibilidade e interesse dos estudantes destes semestres em participar de pesquisas acadêmicas, ou ainda refletir o tamanho relativo dessas turmas dentro da instituição.

A análise dos níveis de ansiedade, aferidos por meio do Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), revelou que 49,33% dos estudantes apresentaram sintomas mínimos de ansiedade. A ansiedade leve foi identificada em 23,77% dos participantes, enquanto a ansiedade moderada esteve presente em 17,03% dos casos. Já a ansiedade severa foi observada em 9,87% da amostra, conforme demonstrado na Tabela 2.

Tabela 2. Classificação dos níveis de ansiedade segundo o Inventário de Ansiedade de Beck.

Ao estratificar os níveis de ansiedade segundo o sexo, verificou-se uma maior frequência de sintomas ansiosos nas participantes do sexo feminino. Este achado está em consonância com a literatura, que aponta maior vulnerabilidade das mulheres aos transtornos de ansiedade, possivelmente decorrente de fatores biopsicossociais.

Quanto ao uso de medicação para o controle dos sintomas de ansiedade, 26,9% dos estudantes relataram fazer uso de algum tipo de tratamento farmacológico, enquanto 73,1% negaram tal utilização. Entre os medicamentos citados, destacaram-se os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como escitalopram, sertralina e fluoxetina, além de venlafaxina e bupropiona. Também foram mencionados tratamentos fitoterápicos, demonstrando a busca por alternativas menos invasivas. Estes dados encontram-se sistematizados na Tabela 3.

Tabela 3. Uso de medicação ansiolítica entre os participantes.

DISCUSSÃO

O presente estudo evidenciou uma elevada prevalência de sintomas ansiosos entre estudantes do curso de Medicina da Universidade Central del Paraguay. Esse resultado é consistente com a literatura nacional e internacional, que há anos alerta para a sobrecarga emocional que permeia a formação médica. Estudantes de Medicina enfrentam níveis elevados de estresse acadêmico, jornadas extensas de estudo e exposição precoce a situações emocionalmente complexas, fatores que contribuem diretamente para o desenvolvimento de quadros ansiosos (8).

Ao analisar os níveis de ansiedade segundo o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), observou-se que mais da metade dos participantes apresentaram sintomas de ansiedade em intensidade leve, moderada ou grave. Esse achado reforça a necessidade de atenção à saúde mental durante a formação médica, corroborando resultados de Rotenstein et al. (9), cuja revisão sistemática apontou prevalência de sintomas ansiosos em cerca de 33,8% dos estudantes de Medicina mundialmente, com variações importantes de acordo com o contexto sociocultural e acadêmico.

O predomínio do sexo feminino entre os casos de ansiedade elevada é coerente com achados anteriores que destacam uma maior vulnerabilidade das mulheres aos transtornos de ansiedade. Essa diferença de gênero é multifatorial, podendo ser atribuída a fatores hormonais, à construção social dos papéis de gênero e a diferentes estratégias de enfrentamento ao estresse (10,11). Em contextos acadêmicos altamente competitivos, como a formação médica, essas diferenças tornam-se ainda mais evidentes.

Outro ponto de destaque foi a identificação de uma frequência elevada de uso de medicação ansiolítica entre os estudantes. Aproximadamente 26,9% dos participantes referiram o uso de medicamentos como estratégia para lidar com os sintomas ansiosos, destacando o escitalopram, a sertralina e a fluoxetina como os fármacos mais utilizados. Embora o uso medicamentoso possa proporcionar alívio sintomático, seu emprego isolado, sem intervenções psicoterápicas associadas, pode não resolver adequadamente os fatores de base que sustentam a ansiedade (12). Ademais, a literatura aponta o risco da medicalização excessiva do sofrimento psíquico no ambiente acadêmico, sugerindo a necessidade de abordagens terapêuticas mais integradas e humanizadas (13).

A análise do semestre de formação mostrou que estudantes do terceiro e do nono semestres concentraram a maior parte da amostra. Estudos anteriores indicam que os níveis de ansiedade podem variar ao longo do curso de Medicina, com picos nos primeiros anos, em função da adaptação ao ambiente universitário, e nos últimos anos, devido ao aumento das responsabilidades clínicas e à aproximação da inserção no mercado de trabalho (14). Nesse sentido, a identificação de semestres críticos pode subsidiar intervenções específicas em momentos estratégicos da formação acadêmica.

É importante destacar que os sintomas ansiosos não afetam apenas o bem-estar dos estudantes, mas também impactam diretamente seu desempenho acadêmico, a aquisição de habilidades clínicas e o relacionamento com pacientes e colegas. Níveis elevados de ansiedade prejudicam a capacidade de concentração, a memória de trabalho e a tomada de decisões, comprometendo a formação de futuros médicos mais competentes e resilientes (15).

Apesar da relevância dos achados, o presente estudo apresenta limitações que devem ser consideradas. O delineamento transversal impede a inferência de relações de causalidade entre as variáveis analisadas. Além disso, a utilização de questionários de autorrelato pode estar sujeita a viés de memória e desejabilidade social. A amostra, composta apenas por estudantes de uma única instituição, pode limitar a generalização dos resultados para outros contextos acadêmicos.

Diante desses resultados, recomenda-se a implementação de políticas institucionais robustas de promoção da saúde mental, incluindo programas de prevenção, acolhimento psicológico, estratégias de redução do estigma associado ao sofrimento mental e capacitação dos docentes para identificação precoce de sinais de sofrimento psíquico nos estudantes. Estratégias como oficinas de mindfulness, grupos de apoio emocional e ações de psicoeducação têm se mostrado eficazes na redução dos níveis de ansiedade entre universitários (16).

Futuras pesquisas poderiam se beneficiar da adoção de delineamentos longitudinais, que permitam acompanhar a evolução dos sintomas ansiosos ao longo da formação médica. Além disso, seria relevante investigar fatores de proteção, como suporte social, religiosidade, práticas de autocuidado e estratégias de enfrentamento, bem como a eficácia de intervenções integrativas, como terapia cognitivo-comportamental e práticas de meditação, na redução dos índices de ansiedade entre estudantes de Medicina.

CONCLUSÃO 

O presente estudo evidenciou uma alta prevalência de sintomas de ansiedade entre os estudantes de Medicina da UCP, indicando que a formação médica continua sendo um ambiente de risco para o desenvolvimento de transtornos emocionais. A identificação de uma associação significativa entre níveis elevados de ansiedade e o uso de medicação ansiolítica reforça a gravidade da situação, demonstrando que uma parcela expressiva dos estudantes recorre a intervenções farmacológicas para o manejo dos sintomas, muitas vezes em contextos de sofrimento psíquico não plenamente acolhido pelas instituições de ensino.

A magnitude dos resultados obtidos aponta para a necessidade de estratégias institucionais mais efetivas e sistemáticas voltadas à promoção da saúde mental dos estudantes. Programas estruturados de apoio psicológico, campanhas de conscientização sobre saúde emocional, ações de redução do estigma relacionado aos transtornos mentais e a ampliação do acesso a serviços de atendimento psicológico devem ser incorporados de forma contínua às políticas acadêmicas. Tais estratégias não devem ser restritas a intervenções pontuais, mas sim fazer parte de uma cultura universitária que valorize a formação integral dos estudantes, contemplando aspectos emocionais e cognitivos de maneira indissociável.

A análise dos dados também sugere que fatores como o semestre cursado, o sexo e o perfil sociodemográfico podem influenciar a manifestação dos sintomas ansiosos, o que destaca a importância de ações de suporte segmentadas, capazes de atender às necessidades específicas de cada grupo dentro da comunidade acadêmica. A identificação de períodos críticos ao longo da formação, como os momentos de transição curricular e início das práticas clínicas, pode subsidiar intervenções preventivas mais eficazes.

É importante ressaltar que, embora o uso de medicamentos ansiolíticos possa representar uma alternativa terapêutica válida em casos indicados, a dependência exclusiva da farmacoterapia, sem o acompanhamento psicoterapêutico adequado, pode não resolver os fatores subjacentes que perpetuam o quadro ansioso. A instituição deve, portanto, fomentar o acesso não apenas ao tratamento medicamentoso, mas também a abordagens multidisciplinares que promovam a construção de estratégias de enfrentamento mais saudáveis e sustentáveis.

As limitações do estudo, como seu delineamento transversal e o uso de instrumentos de autorrelato, não invalidam os resultados, mas indicam a necessidade de cautela na interpretação dos dados. Recomenda-se que futuras investigações adotem delineamentos longitudinais, possibilitando o acompanhamento da evolução dos sintomas de ansiedade ao longo do curso de Medicina, além de incluir variáveis que explorem o papel de fatores protetores, como suporte social, práticas de autocuidado e intervenções baseadas em mindfulness.

Em síntese, a promoção da saúde mental dos estudantes de Medicina deve ser encarada como uma responsabilidade institucional inadiável. Garantir condições adequadas de suporte emocional durante a formação não é apenas uma medida de cuidado individual, mas um investimento na qualidade da prática médica futura, na ética profissional e na segurança dos pacientes que, no futuro, estarão sob os cuidados desses profissionais. A construção de um ambiente acadêmico mais acolhedor, equilibrado e saudável é, portanto, uma condição necessária para o desenvolvimento pleno e ético da próxima geração de médicos.

REFERÊNCIAS

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8Orcid: 0000-0001-8531-2895
9Orcid: 0000-0002-9297-6427
10Orientadora, Médica e Docente de la Universidad Central del Paraguay – UCP – Ciudad Del Este – Alto Paraná – Orcid: 0009-0009-2053-9760