O FISICULTURISMO E AS DROGAS: O USO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES E OS EFEITOS COLATERAIS NA SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505302324


Jossimari Santos Filgueiras1
Pedro Augusto Mota Matias1
Gabriel de Medeiros Aragão2


RESUMO  

Objetivos: Este estudo visa analisar os efeitos do uso de enantato de testosterona e outros  esteroides anabólicos, com ênfase no uso indiscriminado dessas substâncias entre jovens e  atletas. O principal objetivo é compreender os impactos dessas substâncias na saúde física  e mental desses indivíduos, destacando os riscos associados ao uso sem supervisão médica.  Além disso, o estudo também tem como propósito investigar as medidas preventivas e  terapêuticas disponíveis para mitigar os efeitos adversos do uso inadequado desses  esteroides. A conscientização sobre os perigos do uso indiscriminado dessas substâncias  será abordada, com foco na importância de uma orientação médica adequada, a fim de  proteger a saúde e o bem-estar dos usuários. Metodologia: A pesquisa será realizada de  forma explicativa, com um levantamento bibliográfico detalhado. Serão selecionados artigos  científicos, estudos de caso e outras fontes acadêmicas relevantes para fornecer uma base  sólida para o entendimento do tema. A metodologia adotada envolverá uma análise  qualitativa, utilizando artigos publicados entre 2000 e 2021, abrangendo idiomas como  português, inglês e espanhol. As fontes serão obtidas em plataformas acadêmicas  renomadas, garantindo a qualidade e a relevância das informações. A metodologia também  incluirá a revisão de materiais educativos e campanhas de sensibilização para avaliar sua  eficácia na prevenção do uso indiscriminado. Resultados esperados: Espera-se que este  estudo evidencie que o uso de esteroides anabólicos, como o enantato de testosterona, sem  a devida supervisão médica, pode resultar em uma série de efeitos adversos à saúde. Entre  os problemas mais comuns estão o aumento do risco de doenças cardiovasculares,  alterações hormonais, disfunções hepáticas e renais, além de efeitos psicológicos como  agressividade, alterações de humor e dependência. Outro ponto crítico a ser abordado é o  fácil acesso a esses produtos, especialmente com a proliferação de sites de venda  clandestina, que oferecem substâncias falsificadas ou de qualidade inferior, colocando ainda  mais em risco a saúde dos indivíduos.  

Palavras-chaves: Esteroide anabólico; Medicina esportiva; Efeito colateral.  

1. INTRODUÇÃO  

O fisiculturismo é uma modalidade esportiva que visa o desenvolvimento máximo da  musculatura por meio de treinos intensivos, dietas rigorosas e, em muitos casos, o uso de  produtos à base de substâncias ergogênicas para potencializar a hipertrofia muscular e a  definição corporal. Entre essas substâncias, os esteroides anabolizantes destacam-se como  os mais utilizados, devido à sua capacidade de aumentar a síntese proteica e promover  hipertrofia muscular acelerada (SILVA, 2020). Embora os benefícios estéticos e de desempenho sejam atrativos para atletas e praticantes da modalidade, o uso  dessas substâncias pode acarretar diversos efeitos colaterais negativos, comprometendo a  saúde física e mental dos usuários (SANTOS; LIMA, 2019).  

Os esteroides anabolizantes são derivados sintéticos da testosterona, desenvolvidos  inicialmente para fins médicos, como o tratamento de patologias que envolvem perda  muscular severa, osteoporose e reposição hormonal em pacientes com deficiência  androgênica (COSTA et al., 2021). No entanto, seu uso indiscriminado no esporte e no meio  recreativo tem gerado preocupação entre profissionais da saúde, devido aos efeitos adversos  que vão desde alterações cardiovasculares, hepáticas e hormonais até transtornos  psiquiátricos, como agressividade exacerbada e dependência química (FREITAS; ALMEIDA,  2022).  

No contexto do fisiculturismo, a busca incessante por padrões estéticos irreais e a  pressão para obter resultados rápidos impulsionam muitos atletas a utilizarem esses  compostos sem acompanhamento médico adequado. Isso pode levar ao uso de doses  excessivas e à combinação de diferentes substâncias, um processo conhecido como “ciclo”  ou “stacking”, aumentando significativamente os riscos à saúde (MARTINS et al., 2020). Além  disso, o uso prolongado pode causar efeitos colaterais irreversíveis, como infertilidade,  ginecomastia em homens, virilização em mulheres, hipertensão arterial e complicações cardiovasculares graves, incluindo infarto e AVC (SANTOS et al., 2021).  Diante desse cenário, este trabalho tem como objetivo analisar os impactos do uso  de esteroides anabolizantes no fisiculturismo, abordando os motivos que levam atletas a  recorrerem a essas substâncias, os principais efeitos colaterais envolvidos e as implicações  éticas e sociais dessa prática. Além disso, busca-se discutir a regulamentação do uso dessas  substâncias, bem como estratégias de conscientização e prevenção para minimizar os danos  à saúde dos praticantes do esporte.  

Diante disso, este trabalho tem como objetivo analisar os riscos do uso indiscriminado  de esteroides anabolizantes, com foco nas consequências para a saúde dos jovens e atletas.  Serão apresentados dados epidemiológicos sobre o consumo dessas substâncias tanto no Brasil quanto no exterior, com destaque para as principais consequências adversas para a  saúde, como doenças cardíacas, problemas hormonais e psicológicos. Também será discutido o impacto desses produtos na saúde pública,  considerando a crescente utilização entre indivíduos sem prescrição médica e a falta de  regulamentação na venda desses produtos. Além disso, serão propostas medidas  preventivas que podem ser adotadas para combater o abuso de esteroides anabolizantes,  como políticas públicas de fiscalização mais rigorosas, campanhas educativas mais  abrangentes e a promoção de alternativas saudáveis para a melhoria do desempenho físico,  como treinos adequados, alimentação balanceada e o incentivo à prática esportiva segura  (DE ALBUQUERQUE et al., 2002).  

2. JUSTIFICATIVA  

O uso de esteroides anabolizantes tem crescido significativamente entre jovens,  especialmente homens com idade entre 18 e 35 anos, que buscam aprimorar a aparência  física e o desempenho atlético. Dados epidemiológicos apontam que esses indivíduos  recorrem a essas substâncias com o objetivo de aumentar a massa muscular, reduzir gordura  corporal e melhorar sua performance em atividades físicas. Entretanto, o fácil acesso aos  esteroides, seja por meio da internet, onde são comercializados clandestinamente, ou por  intermédio de amigos e contatos informais, tem favorecido seu uso indiscriminado. Esse  consumo, muitas vezes sem qualquer orientação médica, expõe os usuários a riscos severos,  pois a falta de conhecimento sobre os efeitos colaterais pode comprometer gravemente a  saúde (SANTOS et al., 2021).  

A ausência de acompanhamento profissional é um dos principais fatores que agravam  os danos associados ao uso dessas substâncias, uma vez que os esteroides anabolizantes  são controlados e sua comercialização exige prescrição médica. O consumo sem orientação  adequada pode acarretar não apenas riscos à saúde, como também consequências legais,  visto que o uso sem receita médica é proibido em muitos países. A crescente popularização  dessas substâncias extrapola o ambiente dos atletas profissionais, sendo comum também  entre praticantes amadores de atividades físicas que buscam resultados rápidos e  expressivos (COSTA et al., 2021).  

Os efeitos colaterais dos esteroides anabolizantes são amplamente documentados  na literatura científica, abrangendo desde problemas cardiovasculares, como hipertensão  arterial e aumento do risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC), até distúrbios  hormonais que afetam tanto homens quanto mulheres. Entre os principais impactos estão a  supressão da produção natural de hormônios e desequilíbrios no sistema endócrino, que podem gerar infertilidade, ginecomastia, virilização e disfunções metabólicas (MARTINS et  al., 2020). Além disso, transtornos psicológicos como agressividade extrema, depressão,  ansiedade e comportamento impulsivo são frequentemente observados em usuários,  comprometendo não apenas sua saúde mental, mas também suas relações sociais e  qualidade de vida (FREITAS; ALMEIDA, 2022).  

Apesar dos aparentes benefícios no aumento da força e no ganho muscular, a maioria  dos usuários desconhece os riscos associados ao uso prolongado e sem controle médico. A  falta de informação adequada é um dos principais fatores que levam ao consumo  indiscriminado, agravado pela pressão social para alcançar padrões estéticos idealizados. O  desejo por um corpo musculoso e definido, muitas vezes imposto pela mídia e pela cultura  fitness, incentiva muitos jovens a recorrerem a esteroides sem considerar suas possíveis  consequências. Essa busca incessante pela perfeição física, aliada à aceitação social do uso  dessas substâncias, reforça comportamentos de risco e dificulta a conscientização sobre os  efeitos adversos do uso indevido de anabolizantes (SILVA, 2020).  

Diante desse cenário, torna-se essencial compreender os fatores que impulsionam o  consumo de esteroides anabolizantes e suas implicações para a saúde pública. A  regulamentação do uso dessas substâncias varia entre os países, mas, em grande parte do  mundo, os esteroides são classificados como substâncias controladas, cuja comercialização  sem prescrição médica é ilegal. Contudo, a facilidade de obtenção por meio de canais  informais representa um desafio significativo para as autoridades de saúde. No esporte, os  exames antidoping são uma das principais estratégias para coibir o uso dessas substâncias,  garantindo competições mais justas e preservando a integridade dos atletas (SANTOS et al., 2021).  

O abuso de esteroides anabolizantes não afeta apenas a saúde física e mental dos  usuários, mas também levanta questões sociais e éticas sobre a normalização do uso de  substâncias para aprimoramento estético. Além dos danos cardiovasculares, hormonais e  psicológicos, esses compostos podem causar efeitos estéticos indesejados, como acne  severa e calvície precoce. O tema, portanto, é de grande relevância biológica e social, visto  que o consumo desenfreado dessas substâncias coloca em risco a saúde de uma parcela  significativa da população jovem, sobretudo aqueles envolvidos em práticas esportivas e  atividades físicas regulares. Dessa forma, compreender e discutir os impactos do uso de  esteroides anabolizantes é fundamental para o desenvolvimento de políticas de  conscientização e prevenção, visando minimizar os danos à saúde e promover práticas  esportivas mais seguras e responsáveis. 

3. OBJETIVOS  

3.1 Objetivo Principal  

Analisar os efeitos do uso de esteroides anabolizantes, seus benefícios e os riscos  associados ao uso indiscriminado por jovens e atletas, abordando também as medidas  preventivas e terapêuticas disponíveis, bem como a importância da orientação médica e da  sensibilização quanto aos perigos dessas substâncias.  

3.2 Objetivos Secundários  

● Identificar os principais efeitos adversos relacionados ao uso de esteroides anabolizantes.  

● Avaliar os fatores que contribuem para a adoção dessas substâncias entre jovens e atletas.  

● Compreender a importância da conscientização e do uso adequado, com orientação profissional.  

4. REFERENCIAL TEÓRICO  

4.1 Fisiculturismo: Conceito e Popularização  

O fisiculturismo é uma prática esportiva voltada para o desenvolvimento máximo da  musculatura por meio de treinos intensivos, dietas rigorosas e, em muitos casos, do uso de  substâncias ergogênicas, como os esteroides anabolizantes. Essa modalidade tem ganhado  visibilidade nos últimos anos, sendo promovida por influenciadores digitais, academias e  eventos esportivos. O apelo estético e o culto ao corpo idealizado contribuem para o  crescimento da prática entre jovens e adultos (COSTA et al., 2023; SILVA, 2020).  

4.2 Esteroides Anabolizantes: Definição e Mecanismo de Ação  

Os esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) são derivados sintéticos da testosterona  com efeitos anabólicos (crescimento muscular) e androgênicos (características sexuais  masculinas). Eles atuam nos receptores de andrógenos do núcleo celular, estimulando a  síntese proteica e promovendo retenção de nitrogênio, o que favorece a hipertrofia muscular  (SANTOS et al., 2021; LOPES et al., 2023).  

4.3 Principais Esteroides Utilizados no Fisiculturismo  

Algumas substâncias comumente utilizadas incluem: 

SUBSTÂNCIAEFEITO
Enantato de TestosteronaPromove aumento rápido de massa muscular.
Decanoato de NandrolonaConhecido por seus efeitos anabólicos  duradouros e recuperação muscular.
StanozololPopular por não causar retenção hídrica.
OxandrolonaA mais utilizada por mulheres devido aos  menores efeitos androgênicos.
Fonte: Os autores.

Essas substâncias, quando usadas sem acompanhamento médico, oferecem alto risco à  saúde (FREITAS; ALMEIDA, 2022).  

4.4 Motivações e Perfil dos Usuários  

Os principais fatores que levam ao uso de esteroides incluem busca por resultados  rápidos, influência de colegas, treinadores ou mídias sociais e insatisfação com a imagem  corporal. Jovens entre 18 e 35 anos são os mais vulneráveis, especialmente os que  frequentam academias ou competem em esportes estéticos (ALVES et al., 2022; FERREIRA  et al., 2021).  

4.5 Efeitos Fisiológicos dos Esteroides  

O uso prolongado de EAA está associado a diversas consequências:

SUBSTÂNCIA EFEITO 
CardíacosAumento da pressão arterial, arritmias,  infarto e AVC. 
Hepáticos Hepatite, cirrose, tumores hepáticos. 
EndócrinosSupressão de testosterona, atrofia testicular,  infertilidade, ginecomastia. 
Reprodutivos femininos Virilização, alterações menstruais,  infertilidade 
Fonte: SANTOS et al., 2021; MARTINS et al., 2023.

4.6 Efeitos Psicológicos e Psiquiátricos  

Além dos danos físicos, usuários podem apresentar:  

● Agressividade exacerbada (“roid rage”)  

● Depressão e ansiedade  

● Dependência psicológica do uso  

● Transtornos de imagem corporal (FREITAS et al., 2022; LOPES et al., 2023). 

4.7 Aspectos Éticos, Legais e Regulamentação  

No Brasil, a venda sem prescrição médica é proibida (ANVISA). A comercialização  clandestina pela internet e em academias desafia o controle sanitário. Em competições, o uso  é vedado pelas regras da WADA (Agência Mundial Antidoping) (FERREIRA et al., 2022). 

4.8 Acesso Ilegal e Comercialização  

Esteroides são frequentemente adquiridos em sites clandestinos, sem controle de  qualidade. Produtos falsificados aumentam os riscos de infecções, efeitos colaterais  imprevisíveis e intoxicações (SILVA; ALMEIDA, 2022).  

4.9 Estratégias de Prevenção e Educação  

Campanhas educativas, regulação da venda, acompanhamento psicológico e educação em  saúde são medidas fundamentais para reduzir o consumo. A presença de profissionais da  saúde em academias e a criação de políticas públicas podem inibir o uso abusivo e orientar  práticas seguras (COSTA et al., 2022; SANTOS et al., 2023).  

5. MATERIAIS E MÉTODOS  

5.1 Tipo de Estudo  

Este trabalho trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, de caráter exploratório, com  abordagem bibliográfica, voltada à análise dos efeitos do uso de esteroides anabolizantes em  jovens e fisiculturistas. A pesquisa foi desenvolvida por meio da consulta a fontes científicas,  com objetivo de aprofundar a compreensão sobre os impactos fisiológicos, psicológicos,  sociais e legais dessas substâncias, além de estratégias preventivas.  

5.2 Coleta de Dados  

A coleta de dados foi realizada através de pesquisa em bases de dados online e bibliotecas  virtuais, selecionando estudos relevantes sobre o tema, publicados entre 2000 e 2021, nos  idiomas português, inglês e espanhol.  

As plataformas utilizadas foram:  

● Google Scholar  

● SciELO  

● PubMed/MEDLINE  

● LILACS  

● Portal CAPES  

● SanarFlix 

● Kenhub 

Os descritores utilizados para filtragem dos artigos incluíram: “fisiculturismo”, “esteroides  anabolizantes”, “efeitos colaterais”, “medicina esportiva”, “dependência”, “riscos hormonais” “prevenção ao uso de anabolizantes”.  

5.3 Critérios de Inclusão  

Foram incluídos estudos e materiais que atendiam aos seguintes critérios: 

● Textos publicados entre 2000 e 2021;  

● Trabalhos com foco em usuários de esteroides, principalmente jovens e fisiculturistas; 

● Estudos com ênfase em efeitos fisiológicos, psicológicos e sociais; 

● Pesquisas abordando aspectos legais, acessibilidade, regulamentação e estratégias  preventivas.  

5.4 Critérios de Exclusão  

Foram excluídos:  

● Artigos sem revisão por pares;  

● Trabalhos com informações incompletas, fora do recorte temático ou com dados  contraditórios;  

● Materiais que não abordavam diretamente o uso de esteroides anabolizantes em  humanos.  

5.5 Análise dos Dados  

Após seleção e leitura integral dos artigos, os dados foram organizados em planilhas  do Excel e categorizados por temas: efeitos fisiológicos, efeitos psicológicos, motivações para  o uso, impactos legais e ações preventivas. A análise seguiu a técnica de análise de conteúdo  temática, identificando padrões recorrentes nos estudos.  

5.6 Considerações Éticas  

Por se tratar de uma pesquisa exclusivamente bibliográfica, sem a coleta direta de  dados com seres humanos, este trabalho está dispensado de avaliação pelo Comitê de Ética  em Pesquisa, conforme prevê a Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016, do Conselho  Nacional de Saúde. Todas as fontes utilizadas foram devidamente referenciadas, respeitando  os princípios éticos da produção científica.  

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO  

O estudo realizado focou no uso de esteroides anabolizantes entre jovens e  fisiculturistas, analisando os efeitos colaterais à saúde, a prevalência do uso indiscriminado  dessas substâncias e as implicações sociais, legais e psicológicas associadas a essa prática.  A partir da revisão de literatura e análise de dados epidemiológicos, foi possível identificar um panorama preocupante sobre o consumo de esteróides e suas consequências para a saúde  dos indivíduos, além de destacar a necessidade de intervenção para prevenção e tratamento.  Os dados obtidos mostram que o uso de esteroides anabolizantes está se tornando  cada vez mais prevalente entre jovens, especialmente homens com idades entre 18 e 35  anos. Este grupo está predominantemente associado à prática de fisiculturismo e outros  esportes que exigem maior desempenho físico e aparência corporal aprimorada. Em grande  parte, o acesso fácil às substâncias, seja por meio de mercados paralelos, pela internet ou  através de amizades que já fazem uso, tem levado ao aumento do consumo entre iniciantes, fisiculturistas amadores e até praticantes ocasionais de atividades físicas.  É importante destacar que muitos desses indivíduos não buscam orientação médica  adequada ao iniciar o uso de esteróides, recorrendo a fontes não regulamentadas, como sites  na internet, e-mails informais ou até negociantes de mercado negro. Esse acesso  desregulado e a falta de supervisão médica aumentam os riscos de consumo de produtos  falsificados ou contaminados, que não só comprometem a saúde dos usuários, mas também  dificultam o diagnóstico de possíveis efeitos adversos.  

A análise dos efeitos colaterais do uso de esteroides anabolizantes revelou uma série  de consequências à saúde dos usuários. Os efeitos físicos mais comuns incluem  complicações cardiovasculares, como o aumento da pressão arterial, o risco de infarto do  miocárdio e o acidente vascular cerebral 14 (AVC). Tais riscos são intensificados pelo  consumo prolongado de esteroides, que também afeta o perfil lipídico do usuário, causando  aumento de colesterol LDL (ruim) e redução do colesterol HDL (bom), o que favorece o  desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além disso, o uso de esteroides pode resultar  em dano hepático, incluindo doenças como hepatite medicamentosa e cirrose, principalmente  devido ao efeito tóxico das substâncias no fígado.  

Além disso, os efeitos psicológicos também são significativos e incluem agressividade  exacerbada (conhecida como “roid rage”), ansiedade, depressão, irritabilidade e até psicoses  em casos mais graves. Os transtornos psiquiátricos associados ao uso de esteroides são  frequentemente subdiagnosticados, já que muitos usuários podem não associar diretamente  as alterações comportamentais ao uso das substâncias. Esses distúrbios podem impactar  negativamente a vida social, emocional e até profissional dos usuários.  

Outro ponto crítico identificado no estudo foi o impacto dos esteroides no sistema  endócrino dos usuários. O uso de esteroides, especialmente por longos períodos, interfere  diretamente na produção natural de testosterona pelo corpo. Esse efeito pode causar uma  série de problemas endócrinos, como a supressão da produção natural de testosterona,  levando a hipogonadismo secundário, o que pode resultar em diminuição da libido,  infertilidade e atrofia testicular nos homens. Já nas mulheres, o uso de esteroides pode causar virilização, com o aumento de pelos no corpo, alteração da voz (engrossamento) e aumento  do clitóris, entre outros efeitos.  

Além disso, o consumo contínuo de esteroides pode alterar os ciclos menstruais nas  mulheres, reduzindo a fertilidade e prejudicando o equilíbrio hormonal geral. Essas condições  podem ter impactos duradouros, mesmo após o término do uso de esteroides, o que coloca  em risco a saúde a longo prazo dos usuários.  

O uso de esteroides anabolizantes não ocorre apenas devido à busca por resultados  físicos, mas também está profundamente enraizado em fatores sociais e culturais. A pressão  para alcançar um corpo idealizado, muitas vezes impulsionada pela mídia social e pelos padrões estéticos promovidos por celebridades e influenciadores, tem  contribuído para o aumento do consumo de esteroides entre os jovens. Além disso, o  ambiente das academias e grupos de fisiculturismo, frequentemente, cria uma rede de  incentivo ao uso dessas substâncias, com muitos usuários recomendando seu uso para obter  ganhos rápidos em termos de massa muscular e força.  

Outro fator importante é a normalização do uso de esteroides dentro dessas  comunidades. A prática de utilizar esteroides é muitas vezes vista como uma maneira legítima  de melhorar o desempenho, e o estigma associado ao uso de substâncias para aprimorar o  corpo pode ser minimizado, criando um círculo vicioso de uso contínuo e até dependência  dessas substâncias.  

O estudo também investigou a eficácia das estratégias preventivas e educativas  adotadas para reduzir o uso indiscriminado de esteroides. Foi identificado que campanhas de  conscientização, tanto em escolas quanto em academias, podem ser eficazes na educação sobre os riscos do uso de esteroides. Contudo, a resistência dos usuários em parar com o  consumo, devido aos efeitos imediatos de ganho muscular e de desempenho, é um desafio  significativo.  

É importante ressaltar que programas de orientação médica e acompanhamento  contínuo de profissionais de saúde nas academias também são formas eficazes de reduzir a  prevalência de uso de esteroides. No entanto, ainda há uma falta de infraestrutura em muitas academias e centros esportivos para implementar programas de saúde que envolvem  acompanhamento médico regular e orientação especializada.  

Os resultados também apontam para os desafios legais e regulatórios envolvidos no  controle do uso de esteroides anabolizantes. Apesar de esses compostos serem substâncias  controladas, o fácil acesso ao mercado paralelo e a venda por canais ilegais, como a internet,  aumentam as dificuldades na regulamentação e fiscalização do uso dessas substâncias. A  falta de fiscalização rigorosa e a escassez de políticas públicas eficazes no combate à  comercialização ilegal de esteróides têm contribuído para o consumo indiscriminado e o  aumento de riscos associados à saúde. 

Além disso, a legislação de alguns países ainda não é suficientemente eficaz para  lidar com o crescente uso de esteroides, o que demanda uma abordagem mais ampla e  integrada, envolvendo autoridades de saúde, esportes e órgãos reguladores.  

O uso de esteroides anabolizantes tem se tornado uma prática comum entre jovens e  fisiculturistas que buscam resultados rápidos em termos de aumento de massa muscular e  desempenho físico. No entanto, os efeitos colaterais associados a essa prática, tanto físicos  quanto psicológicos, são graves e podem ter consequências duradouras na saúde dos  usuários. A falta de orientação médica adequada e o fácil acesso ao mercado paralelo são  fatores que agravam essa situação. É necessário um esforço contínuo de conscientização,  regulamentação e educação em saúde, para proteger os indivíduos dos riscos associados ao  uso indiscriminado de esteroides, garantir sua saúde a longo prazo e promover alternativas  mais seguras e naturais de aprimoramento físico.  

7. CONCLUSÃO  

O uso de esteroides anabolizantes, especialmente entre jovens e fisiculturistas, tem  se tornado uma prática crescente e preocupante, com sérias implicações para a saúde física,  psicológica e social dos indivíduos. A busca por resultados rápidos, seja para aumento de  massa muscular ou melhoria no desempenho atlético, tem levado muitos a recorrer ao uso  indiscriminado dessas substâncias, sem a devida orientação médica ou acompanhamento  especializado.  

Os efeitos adversos do uso de esteroides anabolizantes são amplamente  documentados e incluem complicações cardiovasculares, hepatológicas, endócrinas e  psicológicas, como aumento do risco de infarto, AVC, alterações hormonais, infertilidade e  transtornos de comportamento. Esses problemas podem resultar em danos irreversíveis à  saúde dos usuários, comprometendo não só o bem-estar imediato, mas também a qualidade  de vida a longo prazo.  

Além disso, o fácil acesso a essas substâncias, seja através da internet, do mercado  negro ou até mesmo pela circulação entre amigos e academias, agrava ainda mais os riscos envolvidos. A falta de regulamentação rigorosa e de políticas públicas eficazes de controle e  prevenção tem contribuído para o aumento da prevalência do uso de esteroides,  especialmente entre indivíduos sem o devido conhecimento dos riscos que estão assumindo.  

A análise dos fatores que motivam o uso indiscriminado de esteroides aponta para  pressões sociais e culturais, como a busca por um corpo idealizado, a necessidade de  atender a padrões estéticos muitas vezes impostos pela mídia, e a influência de comunidades  esportivas e de fisiculturismo. A falta de informação clara e acessível sobre os efeitos  colaterais desses compostos também desempenha um papel crucial no aumento do consumo, especialmente entre jovens que ainda estão em fase de desenvolvimento físico e mental.  

Diante desse cenário, é fundamental que sejam adotadas estratégias preventivas e  de educação em saúde, visando alertar sobre os riscos do uso de esteroides e promover  alternativas seguras para o aprimoramento físico, como treinamento adequado, nutrição  balanceada e acompanhamento profissional. Além disso, é necessário um maior controle  legal e regulamentação do comércio dessas substâncias, além de programas de  conscientização em academias, escolas e centros de treinamento, para minimizar os  impactos negativos dessas substâncias na saúde pública.  

Este estudo reafirma a importância da orientação médica e do acompanhamento  profissional como medidas essenciais para proteger os indivíduos que praticam atividades  físicas de riscos à saúde relacionados ao uso de esteroides anabolizantes. A conscientização,  aliada a políticas públicas mais rigorosas, é fundamental para que o fisiculturismo e outros  esportes possam ser praticados de forma segura e saudável, preservando a saúde física e  mental dos atletas e jovens praticantes.  

8. REFERÊNCIAS  

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1Jossimari Santos Filgueiras, 1Pedro Augusto Mota Matias, estudantes de Medicina na Faculdade  Metropolitana- União de Ensino Superior da Amazônia Ocidental- UNNESA
2Professor Gabriel de Medeiros Aragão, Faculdade Metropolitana- União de Ensino Superior da  Amazônia Ocidental- UNNESA