A CRIAÇÃO DE UMA AGÊNCIA DE PROTEÇÃO CIBERNÉTICA COM FOCO NA DEFESA NACIONAL

THE CREATION OF A CYBER PROTECTION AGENCY WITH A FOCUS ON NATIONAL DEFENSE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202505281022


Dioleno Melo Sarmento
Siomara Dias da Rocha


Resumo

A criação de uma agência de proteção cibernética focada na defesa nacional brasileira constitui uma iniciativa estratégica para enfrentar os desafios crescentes no ambiente digital. Este artigo explora a fundamentação teórica, a estrutura organizacional e as implicações dessa proposta, considerando o cenário global e nacional da segurança cibernética. A análise destaca a necessidade de fortalecer as capacidades de defesa cibernética em resposta a ameaças que comprometem a soberania e a segurança do Estado. Aspectos jurídicos, tecnológicos e operacionais são discutidos, evidenciando tanto os desafios quanto às vantagens relacionadas à implementação de uma entidade dedicada a esse propósito. Por meio de uma metodologia baseada em revisão bibliográfica, o estudo apresenta exemplos internacionais bem-sucedidos e propostas adaptadas ao contexto brasileiro, ressaltando a importância de parcerias e do desenvolvimento de políticas públicas eficazes.

Palavras-chave: Segurança Cibernética; Defesa Nacional; Proteção Digital.

1    INTRODUÇÃO

A revolução digital trouxe avanços significativos em diversas áreas, proporcionando benefícios sociais, econômicos e tecnológicos. No entanto, essa digitalização também expôs vulnerabilidades nos sistemas informacionais de Estados e organizações, tornando a segurança cibernética um tema central para a proteção da soberania nacional (DINIZ & MUGGAH, 2012). O aumento de ataques cibernéticos em larga escala, como fraudes financeiras, ransomware e invasões a infraestruturas críticas, reforça a necessidade de políticas públicas que garantam a proteção contra ameaças digitais (HUREL, 2018; HUREL & LOBATO, 2018; SILVA, 2024).

No contexto brasileiro, a criação de uma agência de segurança cibernética especializada é uma medida estratégica essencial para garantir a soberania e a segurança digital do país. Segundo Ribeiro (2021), a ausência de uma entidade centralizada dificulta a resposta rápida e eficaz a incidentes cibernéticos, expondo o país a riscos significativos. O Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) representam importantes avanços no campo legislativo, mas são insuficientes diante da crescente sofisticação das ameaças cibernéticas (BRASIL, 2010; MANDARINO & CANONGIA, 2010).

Internacionalmente, países como os Estados Unidos e a Estônia oferecem exemplos relevantes de gestão de segurança cibernética por meio da criação de agências especializadas. Os Estados Unidos, através do “Department of Homeland Security” (DHS), investem constantemente na modernização de suas defesas cibernéticas (OLIVEIRA et al., 2017). A Estônia, por sua vez, tornou-se referência após criar o NATO “Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence” (CCDCOE), demonstrando a importância da cooperação internacional para mitigar riscos digitais (SANTOS et al., 2022).

Este artigo tem como objetivo discutir a criação de uma agência de segurança cibernética focada na defesa nacional no Brasil, analisando a relevância dessa proposta diante do cenário atual. A pesquisa adota uma abordagem de revisão bibliográfica qualiquantitativa, explorando marcos legais, exemplos internacionais e desafios para a implementação de políticas eficazes de segurança digital no país. O artigo está estruturado em três seções principais: a contextualização da segurança cibernética no Brasil e no mundo, os desafios e oportunidades para a criação de uma agência de defesa cibernética, e as recomendações estratégicas para sua implementação.

2    MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Metodologia Científica

Este estudo adota uma abordagem de revisão de literatura com o objetivo de sintetizar e analisar criticamente o estado da arte em segurança cibernética aplicada à defesa nacional. A pesquisa é caracterizada como qualitativo-quantitativa, pois combina a análise descritiva e interpretativa dos conteúdos revisados com a quantificação de dados relevantes extraídos das publicações científicas.

A pesquisa se baseia no método de revisão integrativa da literatura, que permite reunir e sintetizar conhecimentos científicos já existentes sobre segurança cibernética e sua aplicação na segurança nacional. Esse tipo de revisão possibilita a identificação de lacunas no conhecimento, a análise comparativa entre diferentes estudos e a compreensão das tendências e desafios emergentes na área. Para garantir a qualidade e a relevância dos dados analisados, foram utilizadas bases de informações reconhecidas internacionalmente, tais como:

●       Periódicos CAPES, plataforma que indexa artigos científicos revisados e publicados em revistas internacionais;

●       Scientific Electronic Library Online (SciELO), biblioteca digital com acesso a artigos acadêmicos revisados;

●       ScienceDirect, plataforma que reúne publicações científicas de alto impacto revisadas por pares;

●       Google Acadêmico (Google Scholar), ferramenta de busca que permite acesso a uma ampla gama de literatura acadêmica, incluindo artigos científicos, teses e livros.

2.2 Critérios de Inclusão e Exclusão:

A fim de garantir a validade e a confiabilidade dos resultados obtidos, foram estabelecidos critérios rigorosos de inclusão e exclusão para a seleção dos artigos:

2.2.1 Critérios de Inclusão:

●          Estudos publicados nos últimos 5 anos, garantindo atualização e relevância;

●          Artigos revisados por pares e indexados em bases reconhecidas;

●          Publicações que abordam diretamente a segurança cibernética aplicada à defesa nacional;

●          Estudos teóricos e empíricos que apresentem metodologias robustas e análises bem fundamentadas.

2.2.2 Critérios de Exclusão:

●          Trabalhos de opinião sem embasamento científico sólido;

●          Artigos redundantes ou que não agreguem novos conhecimentos à pesquisa;

●          Publicações que tratam de segurança cibernética em contextos não relacionados à defesa nacional;

●          Estudos em idiomas que não sejam português, inglês ou espanhol, devido à dificuldade de tradução técnica.

●          Processo de Coleta e Análise dos Dados

A pesquisa foi conduzida a partir da formulação de palavras-chave específicas relacionadas ao tema, permitindo a busca sistemática nas bases mencionadas. Cada artigo selecionado foi submetido a um processo de análise que envolveu:

●          Leitura exploratória, para identificar a relevância do material;

●          Leitura analítica, com extração dos principais conceitos, metodologias e resultados apresentados nos estudos;

●          Comparação e categorização dos dados, organizando as informações em tópicos temáticos;

●          Síntese e interpretação dos achados, consolidando as evidências coletadas e identificando padrões, avanços e desafios na área de segurança cibernética para a defesa nacional.

Com essa metodologia, foi possível estruturar uma revisão abrangente e fundamentada, que oferece uma visão clara sobre o desenvolvimento da segurança cibernética no contexto da defesa nacional e aponta direções para futuras pesquisas e aplicações práticas. O estudo ainda identifica desafios como a falta de profissionais qualificados, a

fragmentação das políticas de segurança e a necessidade de constante atualização tecnológica, ressaltando a importância de superá- los para garantir a eficácia da agência.

3    RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Contextualização da Segurança Cibernética no Brasil e no Mundo

Nos últimos anos, a segurança cibernética consolidou-se como um dos pilares fundamentais para a proteção da soberania nacional, especialmente diante do aumento significativo de ameaças digitais. De acordo com Oliveira et al., (2017), as ameaças digitais não apenas comprometem a privacidade das informações, mas também colocam em risco infraestruturas críticas, como sistemas de energia, saúde e comunicação. Nesse cenário, a criação de uma agência especializada em proteção cibernética apresenta-se como uma resposta necessária para mitigar riscos e garantir a segurança nacional (HUREL & LOBATO, 2018).

Historicamente, o desenvolvimento das ameaças cibernéticas está diretamente relacionado à popularização da internet e ao uso massivo de tecnologias digitais. Segundo CLARKE & KNAKE (2010), nas décadas de 1990 e 2000, ataques de negação de serviço (DDoS) e roubo de informações tornaram-se frequentes, levando governos e organizações a investirem em políticas de segurança mais robustas. No Brasil, o Marco Civil da Internet (BRASIL, 2010) e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foram avanços importantes para regulamentar o ambiente digital, mas conforme Mandarino & Canongia (2010), ainda carece de uma estrutura centralizada que possa coordenar a proteção contra ameaças de grande escala.

Internacionalmente, países como os Estados Unidos e a Estônia servem como referência em segurança cibernética. Nos Estados Unidos, o Department of Homeland Security (DHS) investe constantemente em tecnologias de proteção digital (SANTOS et al.,2022). Já a Estônia, após sofrer um ataque coordenado em 2007, criou o NATO Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence (CCDCOE), que se tornou um modelo de cooperação internacional em segurança digital (SPIRI, 2020).

Conforme apontado por Rüdell (2023), a segurança cibernética vai além da proteção de dados; ela também visa garantir a continuidade de serviços essenciais que são dependentes de tecnologia. O impacto de um ataque cibernético pode ser devastador para a economia de um país, afetando setores como financeiro, industriais e de comunicação (SILVA, 2024). No Brasil, a criação de uma agência especializada poderia centralizar os esforços de monitoramento e resposta a incidentes, garantindo uma proteção mais eficiente contra ataques digitais (SPIRI, 2020).


A criação de políticas públicas eficazes também depende da formação de profissionais capacitados na área. Segundo Santos et al. (2022), a educação e o treinamento são essenciais para o fortalecimento das defesas cibernéticas, uma vez que a carência de especialistas em segurança da informação é um dos principais desafios enfrentados por diversos países. Iniciativas acadêmicas, como as desenvolvidas pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), contribuem para suprir essa lacuna, promovendo pesquisas que fortalecem a base de conhecimento no setor (SILVA, 2024).

Nos últimos anos, o Brasil tem intensificado seus esforços para monitorar e mitigar riscos cibernéticos. A Estratégia Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber), lançada em 2021, define diretrizes para o desenvolvimento de capacidades cibernéticas no país (LOPES, 2016). Apesar disso, conforme observado por Silva (2024), o país ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de investimentos adequados e a necessidade de uma articulação mais eficiente entre os setores público e privado.

Tabela 1. Principais Marcos de Segurança Cibernética no Brasil e no Mundo.

Fonte: Próprio Autor, 2025.

Portanto, a criação de uma agência especializada em segurança cibernética não apenas fortaleceria a capacidade do Brasil em responder a ameaças digitais, mas também contribuiria para o fortalecimento da soberania nacional em um mundo cada vez mais conectado e dependente de tecnologias digitais.

3.2 Desafios e Oportunidades para a Criação de uma Agência de Proteção Cibernética

A criação de uma agência dedicada à proteção cibernética representa uma resposta estratégica ao crescente desafio das ameaças digitais em um mundo cada vez mais interconectado. No Brasil, a necessidade de uma instituição centralizada para coordenar a segurança cibernética é reforçada pelos frequentes ataques a sistemas governamentais e infraestruturas críticas, como aponta (SILVA, 2024). A ausência de uma agência especializada limita a capacidade do país de responder rapidamente a incidentes e fortalece a urgência de iniciativas que consolidem a proteção digital em diversos setores.

A construção de uma agência enfrenta uma série de desafios, que podem ser classificados em tecnológicos, organizacionais, financeiros e legais. Segundo Rüdell (2023), as ameaças cibernéticas evoluem constantemente, exigindo que as estruturas de defesa estejam sempre atualizadas com as mais recentes técnicas de proteção. Essa dinâmica demanda investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento, algo que nem sempre recebe a atenção necessária por parte dos governos.

A escassez de profissionais qualificados em segurança cibernética também é um desafio significativo. Como afirma Silva (2024), o déficit de especialistas em cibersegurança compromete a implementação de medidas eficazes de proteção digital. Para suprir essa lacuna, é essencial que a agência promova programas de formação e certificação, garantindo uma força de trabalho capacitada para monitorar, detectar e mitigar riscos cibernéticos.

Além disso, a estrutura organizacional de uma agência de proteção cibernética precisa ser robusta para coordenar ações de prevenção, detecção e resposta a incidentes. No entanto, conforme observado por Hurel & Lobato (2018), a fragmentação das políticas de segurança digital e a falta de comunicação eficaz entre órgãos governamentais e privados dificultam a implementação de uma estratégia unificada. Uma agência bem estruturada poderia facilitar essa integração e garantir uma resposta mais eficiente a ameaças.

Os desafios legais também devem ser considerados. De acordo com Mandarino & Canongia (2010), a criação de uma agência de proteção cibernética deve respeitar os marcos regulatórios existentes, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e alinhar-se às melhores práticas internacionais. A privacidade dos dados e a governança são questões que exigem uma abordagem cuidadosa para evitar conflitos legais e assegurar que os direitos dos cidadãos sejam protegidos.

Apesar dos desafios, a criação de uma agência de proteção cibernética oferece diversas oportunidades. Segundo Lopes (2016), uma agência dedicada pode atuar como um centro de excelência, estabelecendo diretrizes e normas para a proteção de sistemas e informações sensíveis. Essa atuação pode fortalecer a infraestrutura crítica de setores como saúde, energia, comunicação e financeiro, aumentando a resiliência contra-ataques cibernéticos e promovendo a confiança pública.

Outro ponto positivo é a capacidade de fomentar a inovação tecnológica. Como destacam Mandarino & Canongia (2010), uma agência de proteção cibernética pode incentivar o desenvolvimento de soluções inovadoras, como sistemas de criptografia, detecção de ameaças em tempo real e inteligência artificial aplicada à segurança digital. Esse incentivo pode gerar parcerias público-privadas que potencializem o desenvolvimento de novas tecnologias.

A cooperação internacional também se apresenta como uma oportunidade relevante. Segundo Silva (2024), a natureza global das ameaças cibernéticas exige que os países colaborem para enfrentar desafios comuns. A criação de uma agência de proteção cibernética pode servir como uma plataforma para a troca de informações e melhores práticas, fortalecendo a resposta a incidente e promovendo a criação de normas internacionais de segurança digital.

Tabela 2. Principais Desafios e Oportunidades para a Criação de uma Agência de Proteção Cibernética.

Fonte: Próprio Autor, 2025.

Portanto, a criação de uma agência de proteção cibernética representa uma medida essencial para garantir a segurança e a resiliência das infraestruturas digitais no cenário atual. Apesar dos desafios encontrados, as oportunidades de fortalecer a segurança digital, impulsionar inovações e promover a confiança pública tornam essa iniciativa fundamental para a soberania digital do país.

3.3 Recomendações Estratégicas para a Implementação da Agência

A implementação de uma agência de proteção cibernética requer uma abordagem estratégica e coordenada para garantir a eficiência de suas ações. As recomendações para essa implementação devem considerar tanto os desafios identificados quanto às oportunidades que surgem com a criação da agência. Segundo Egloff (2019), é essencial definir uma estrutura organizacional clara, alocar recursos financeiros adequados, criar uma força de trabalho qualificada e estabelecer parcerias nacionais e internacionais. Uma abordagem inclusiva que envolva o governo, o setor privado e a sociedade civil são fundamentais para o sucesso da agência.

A primeira recomendação estratégica é a definição de uma estrutura organizacional bem delineada. De acordo com Clarke & Knake (2010), a agência deve contar com diferentes departamentos especializados em prevenção, detecção, resposta e recuperação de incidentes cibernéticos. Esses departamentos devem operar de forma integrada, garantindo um fluxo de informações ágil para uma resposta eficaz a ataques. A criação de unidades especializadas, como equipes de monitoramento e análise forense, é essencial para a atuação eficiente da agência (SILVA, 2024).

Outro ponto crucial é o investimento em infraestrutura tecnológica de ponta. Segundo Editora A. (2025), as ameaças cibernéticas estão em constante evolução, exigindo atualizações constantes nas ferramentas de segurança. A agência deve desenvolver e implementar sistemas de detecção de ameaças em tempo real e incentivar a pesquisa em soluções inovadoras, como inteligência artificial aplicada à segurança digital. Parcerias com instituições acadêmicas e empresas tecnológicas podem fortalecer a capacidade da agência em desenvolver soluções avançadas (SILVA, 2024).

A formação de uma força de trabalho altamente qualificada também é essencial. De acordo com Hurel & Lobato (2018), a falta de profissionais especializados é uma das principais barreiras para a segurança cibernética eficaz. Para mitigar esse problema, a agência deve implementar programas de treinamento e capacitação contínuos, além de estabelecer parcerias com universidades para formar uma nova geração de especialistas. Certificações e colaborações com organizações internacionais também podem contribuir para a criação de um quadro técnico altamente qualificado (EDITORA A., 2025).

A agência de proteção cibernética deve, ainda, estabelecer parcerias nacionais e internacionais para compartilhar informações e melhores práticas de segurança. Segundo Hurel & Lobato (2018), a cooperação internacional é essencial para enfrentar ameaças globais. A agência deve aderir a acordos internacionais de segurança cibernética e colaborar com outras agências governamentais para fortalecer a resposta a incidentes. Essa colaboração também pode envolver o setor privado, incentivando uma resposta mais ampla e coordenada (LOPES, 2016).

Outra recomendação fundamental é a criação de normas e regulamentações claras para orientar a segurança digital. Conforme Spiri (2020), essas normas devem abranger desde requisitos mínimos de segurança para empresas até diretrizes para a proteção de dados pessoais. A agência deve colaborar com outros órgãos reguladores para garantir a segurança das infraestruturas críticas e dos dados dos cidadãos. Políticas públicas abrangentes podem fortalecer a resiliência digital e promover um ambiente mais seguro (CLARKE & KNAKE, 2010).

A educação e a conscientização digital também são recomendadas. Segundo Silva (2024), a educação em cibersegurança deve ser promovida desde as escolas até o ambiente corporativo. A agência pode desenvolver campanhas de conscientização, programas de treinamento para cidadãos e cursos para funcionários públicos, visando a criação de uma cultura de segurança digital.

Tabela 3. Recomendações Estratégicas para a Implementação de uma Agência de Proteção Cibernética.

Fonte: Próprio Autor, 2025.

Por fim, para garantir a efetividade da agência, é essencial implementar processos de avaliação e melhoria contínuos. A agência deve monitorar o desempenho de suas ações, utilizando métricas para identificar vulnerabilidades e promover ajustes nas políticas de segurança. Com uma abordagem proativa, baseada em dados e tendências tecnológicas, a agência pode garantir uma proteção eficaz contra ameaças cibernéticas, contribuindo para a segurança digital do país.

4    CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criação de uma agência de proteção cibernética é uma medida estratégica essencial para fortalecer a resiliência digital do Brasil em um cenário global cada vez mais marcado por ameaças cibernéticas complexas e frequentes. Ao longo deste artigo, foram identificados os principais desafios e oportunidades relacionados à implementação de uma agência dedicada à segurança cibernética, assim como as recomendações estratégicas que podem garantir seu sucesso. A proteção das infraestruturas críticas, à privacidade dos cidadãos e a segurança dos dados sensíveis devem ser prioridades nacionais, exigindo ações coordenadas e investimentos contínuos.

Entre os desafios mais significativos estão a necessidade de coordenação entre diferentes setores, a escassez de profissionais qualificados e a exigência de constante atualização tecnológica. No entanto, as oportunidades são consideráveis, como o fortalecimento da cooperação internacional e a promoção da inovação tecnológica em segurança digital. A implementação de uma agência eficiente depende de uma estrutura organizacional robusta, do investimento em infraestrutura de ponta e da formação de uma força de trabalho especializada e continuamente capacitada.

Para garantir a efetividade da agência, é indispensável que ela não se limite a ser um centro de resposta a incidentes, mas que também atue de forma proativa na criação de políticas públicas de segurança, na regulamentação do setor e no desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras. O fomento à educação e à conscientização digital também é um fator fundamental para a consolidação de uma cultura de segurança cibernética abrangente e eficaz. Com uma abordagem integrada e colaborativa, será possível criar um ambiente digital mais seguro e confiável para todos.

Em última análise, a criação de uma agência de proteção cibernética representa um passo crucial para garantir a segurança e a sustentabilidade da transformação digital no país. O sucesso dessa iniciativa dependerá da capacidade da agência de se adaptar rapidamente às novas ameaças, de implementar políticas eficazes e de fortalecer parcerias nacionais e internacionais. Com esforços coordenados e investimentos adequados, o Brasil pode consolidar-se como um país mais resiliente frente aos desafios do mundo cibernético, promovendo um futuro digital mais seguro e confiável para todos os cidadãos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. 2010. Gabinete de Segurança Institucional. Departamento de Segurança da Informação e Comunicações. Livro verde: segurança cibernética no Brasil / Gabinete de Segurança Institucional, Departamento de Segurança da Informação e Comunicações; organização Claudia Canongia e Raphael Mandarino Junior. – Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010.63 p. Disponível em: https:///www.bibliotecadeseguranca.com.br/wp- content/uploads/ 2015/10/Livro_Verde_SEG_CIBER.pdf. Acesso em 10 de Novembro de 2024.

CLARKE, R., & R. KNAKE. Cyber War: The Next Threat to National Security and What to Do About It. HarperCollins e- books, 2010. Disponível em: https:// books.google.com.br/books/about/Cyber_War.html? id=rNRlR4RGkecC&redir_esc=y. Acesso em: 06 de Janeiro de 2025.

DINIZ, G. AND MUGGAH, R. (2012). A Fine Balance: Mapping Cyber- (In)security in Latin America. Strategic paper 2. Igarapé Institute: Rio de Janeiro, June. Disponível em: https://igarape.org.br/a- fine- balance- mapping cyber- insecurityin- latin- america. Acesso em: 02 de Fevereiro de 2025.

EDITORA, A. (2025). Comunicação e conexões digitais: Estratégias e impactos na Era da Informação (Atena Editora). Comunicação e Conexões Digitais: Estratégias e Impactos na Era da Informação (Atena Editora). 172 p. Disponível em: https://doi.org/10.22533/at.ed.45625120. Acesso em: 27 de Março de 2025.

EGLOFF, F. J. Contested Public Attributions of Cyber Incidents and the Role of Academia. Contemporary Security Policy, V. 41, N.1, P. 55 81. 2019. Doi: 10.1080/13523260.2019.1677324. Disponível em: https://www.Tandfonline.Com/ Doi/Full/10.1080/13523260.2019.1677324. Acesso em: 27 de Janeiro de 2025.

HUREL, L. M. & LOBATO, L. C. Uma Estratégia para a Governança da Segurança Cibernética. Instituto Igarapé. 2018. Disponível em: https://igarape.org.br/umaestrategia- para- a- governanc%cc%a7a- da- seguranc%cc%a7a- cibernetica- nobrasil/. Acesso em: 20 de Janeiro de 2025.

HUREL, L. M. (2018). “Securitização e governança da Segurança Cibernética no Brasil”. In: Horizonte presente: tecnologia e sociedade em Debate. Belo Horizonte: Letramento. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/ 329973134_Securitizacao_e_Governanca_da_Seguranca_Cibernetica_no_Brasil. Acesso em: 12 de fevereiro de 2025.

LOPES, G. V. As Relações Internacionais Cibernéticas (CiberRI): Um Defesa Acadêmica a Partir dos Estudos de Segurança Internacional. Tese de Doutorado. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2016. 171p. Disponível em: https:// www.academia.edu/31120775/

_TESE_DE_DOUTORADO_Relações_Internacionais_Cibernéticas_CiberRI_uma_def esa_acadêmica_a_partir_dos_Estudos_de_Segurança_Internacional. Acesso em: 20 de Dezembro de 2024.

MANDARINO, R. & CANONGIA, C. Livro Verde de Segurança Cibernética. GSI/ DSI. 2010. Brasília- DF, 2010. 63 p. Disponível em: / www.bibliotecadeseguranca.com.br/wp- content/uploads/2015/10/ Livro_Verde_SEG_CIBER.pdf. Acesso em: 21de Fevereiro de 2025.

OLIVEIRA, M. A., G. C. PAGLIARI, A. A. MARQUES, L. S. PORTELA, e W. B. FERREIRA NETO. Guia de Defesa Cibernética na América do Sul. Recife, Ed. UFPE, 2017. 162 p. Disponível em: https:// /www.researchgate.net/publication/ 355407547_GUIA_DE_DEFESA_CIBERNETICA_NA_AMERICA_DO_SUL. Acesso em: 15 de Janeiro de 2025.

RÜDELL, I. Cibersegurança no Brasil em 2023. Lumion Blog. Disponível em: https:// www.lumiun.com/blog/ciberseguranca-no-brasil-em-2023/. Acesso em: 27 de Março de 2025.

SANTOS, C. S. A, L. O GAVIÃO, L. A. S OLIVEIRA, e J. C. PEREIRA. “Proposta de Avaliação da Política Nacional de Segurança da Informação.” Em Perspectivas em Ciência da Informação, v. 27, n.4, p. 108 – 145, out/dez, 2022. Disponível em: https: ://periodicos.ufmg.br/index.php/pci/ article/view/29373. Acesso em: 22 de março de 2025.

SILVA, L. G. L. 2024. Segurança Cibernética no Brasil: Uma Análise dos Fatores Institucionais que Precedem a Política de Segurança Cibernética entre 2008 – 2020. Mestrado em Relações Internacionais. Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) do Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política (ILAESP) da Universidade Federal da Integração LatinoAmericana (UNILA). 84 p. Disponível em: https:/dspace.unila.edu.br/server/api/ core/bitstreams/33f8e929-24b2- 4c3e- 9641-26deb78dc541/content. Acesso em: 29 de Fevereiro de 2025.

SPIRI, R. T. Cibersegurança No Brasil: Uma Análise De Seus Desdobramentos À Luz Da Securitização. Dissertação de Mestrado. Marília: Universidade Estadual Paulista (UNESP), 2020. 202 p. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/ acca1ae8-6942-42f0-abc1-7f47249e0b48/content. Acesso em: 30 de Janeiro de 2025.