REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202505281220
Gilvanildo Santos Da Silva; Maiara Santos Dos Reis; Maria Carolini Torres De Almeida; Wilma Silva Rocha; Orientadora: Renata Bahia Bitencourt; Coorientadora: Eneida Pinheiro Ongaratto
RESUMO
Este artigo teve como objetivo analisar os impactos das intervenções ergonômicas no bem-estar físico e mental dos trabalhadores, ressaltando sua influência na produtividade e na prevenção de doenças ocupacionais. Foi realizada uma revisão bibliográfica com base em artigos sobre ergonomia no ambiente de trabalho, que exploram a aplicação de práticas ergonômicas e fisioterapêuticas em contextos variados. A metodologia consistiu na análise de literatura acadêmica relevante, contemplando intervenções ergonômicas, fisioterapêuticas, seus benefícios e os desafios associados à sua implementação. Os principais resultados indicam que as práticas ergonômicas, ao adaptarem o ambiente às necessidades dos colaboradores, promovem não apenas a saúde física, reduzindo a incidência de distúrbios osteomusculares e problemas relacionados ao estresse, mas também favorecem o aumento do engajamento e da produtividade. Além disso, foram observados efeitos econômicos positivos com a diminuição de custos relacionados a afastamentos e tratamentos de saúde. A pesquisa conclui que a ergonomia deve ser uma prioridade nas políticas de gestão, pois seus benefícios abrangem tanto a saúde dos trabalhadores quanto o desempenho organizacional.
Palavras-chave: Ergonomia. Bem-estar no Trabalho. Produtividade. Fisioterapia.
1. INTRODUÇÃO
A ergonomia se apresenta como um campo essencial para a adequação dos ambientes de trabalho às características dos profissionais, buscando garantir conforto, segurança e desempenho nas atividades laborais. A relação entre ergonomia e bem-estar profissional tem sido cada vez mais discutida, sobretudo diante da crescente incidência de problemas musculares e emocionais associados a ambientes de trabalho desfavoráveis. Nesse cenário, a aplicação de princípios ergonômicos, aliada a intervenções fisioterapêuticas, pode gerar avanços significativos tanto no bem-estar dos colaboradores quanto no desempenho das organizações. Conforme apontado por Cunha et al. (2024), a análise criteriosa e a adaptação ergonômica dos postos de trabalho são medidas essenciais para prevenir enfermidades ocupacionais e favorecer o aumento da produtividade. A relevância deste estudo está relacionada à ampliação do debate sobre ergonomia nas empresas, especialmente diante da crescente preocupação com o equilíbrio físico e psicológico dos trabalhadores. Coimbra et al. (2015) afirma que a ergonomia é fundamental para garantir a saúde e o conforto dos trabalhadores, reduzindo significativamente os riscos de doenças relacionadas ao trabalho. Em tempos que as organizações buscam ambientes humanizados e produtivos, torna-se indispensável adotar abordagens que valorizem a saúde ocupacional e o conforto durante a jornada laboral. Corrêa e Boletti (2015) ressaltam que ergonomia contribui para a melhoria das condições de trabalho por meio da adaptação dos postos às necessidades do trabalhador, promovendo maior conforto e segurança. Nesse contexto, a ergonomia atua promovendo ajustes no ambiente de trabalho com base nas capacidades e limitações dos profissionais, contribuindo para tornar as atividades mais seguras, confortáveis e eficientes. A aplicação destes exercícios e estratégias podem impactar diretamente na diminuição de afastamentos por doenças, ao mesmo tempo em que fortalece a motivação, o engajamento e a sensação de bem-estar entre os membros das equipes. Marquês et al. (2022) destacam que a aplicação da ergonomia no ambiente laboral favorece a redução dos níveis de estresse e contribui para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. Portanto, é essencial entender como as práticas ergonômicas, aliadas à atuação fisioterapêutica podem contribuir para a criação de ambientes do trabalho tornado mais equilibrados, seguros e produtivos. O presente estudo tem como finalidade observar a importância da ergonomia e analisar junto fisioterapia na promoção da saúde e bem-estar no contexto profissional, ressaltando ainda a contribuição da fisioterapia na prevenção e tratamento de disfunções ligadas às rotinas laborais.
2. METODOLOGIA
A metodologia adotada para a realização da pesquisa baseia-se em uma revisão bibliográfica e na aplicação do método indutivo. Para a realização da revisão bibliográfica, o levantamento dos dados segue um processo estruturado que envolveu a identificação, triagem inicial, avaliação crítica do conteúdo e integração dos achados. O processo de coleta de dados incluiu a utilização das bases Google Acadêmico e SciELO (ScientificElectronic Library Online), com foco em publicações acadêmicas, pesquisamos 81 artigos científicos, livros, teses, estudos de casos e dissertações. Foram analisados como recorte temporal o período de 2014 a 2025 e destes 59 excluídos e 22 incluídos. Na escolha dos materiais, foram estabelecidos critérios de exclusão, tendo um deles a duplicidade de artigos, além de critérios que foram bem definidos para serem escolhidos na inclusão. Para isso, foram usados termos relacionados à ergonomia e fisioterapia, combinados de formas específicas para encontrar fontes relevantes e atuais sobre o tema. Assim, selecionaram-se publicações confiáveis que abordam a ergonomia no ambiente de trabalho e sua relação com a fisioterapia. Priorizou documentos publicados em língua portuguesa. Ao final do processo, foram estabelecidos 22 materiais para compor o estudo. Além disso, os materiais selecionados abordam diretamente o tema central da pesquisa, sendo considerados relevantes para a compreensão das estratégias discutidas.
FIGURA I – Diagrama de fluxo de inclusão e exclusão

3. RESULTADOS
AUTOR, ANO | TÍTULO E ANO | OBJETIVOS | METODOLOGI A | RESULTADOS |
MARQUES, Aline Míriamet al. | “Direito ao meio ambiente de trabalho seguro: ergonomia no home office” (2022); | Discutir a importância da ergonomia em ambientes de home Office, à luz do direito ao ambiente de trabalho seguro. | Revisão teórica com enfoque jurídico e ergonômico. | A ausência de ergonomia no home office compromete a saúde física e mental dos trabalhadores. Medidas preventivas são necessárias e um direito garantido. |
SANTOS, Andrea Aparecida et al. | “Ergonomia – Do Diagnóstico à Ação no Ambiente Administrativ o e Operacional’’ (2024); | Apresentar a importância da ergonomia desde sua origem até a Indústria, com foco nos ambientes administrativ os e operacionais, destacando benefícios, desafios e propostas de intervenção. | Revisão bibliográfica sobre o desenvolvimento histórico da ergonomia, suas aplicações atuais, análise das normas (especialmente NR-17), e discussão sobre tecnologias da Indústria e sua integração com práticas ergonômicas. | A ergonomia é essencial para promover saúde, segurança, eficiência e conforto no ambiente de trabalho, tanto em contextos industriais quanto administrativos. Redução de lesões ocupacionais (como LER/DORT) e afastamentos do trabalho ao aplicar práticas. |
CUNHA, Andreza Costa; RODRIGUES, Talitta Tuana Alvez; SILVA, Ronald Tavares Pires. | “A importância da psicologia organizacion al nas empresas” (2023); | Apontar os benefícios da psicologia organizacion al na melhoria da qualidade de vida no trabalho e no desempenho empresarial. | Revisão bibliográfica com análise teórica sobre práticas de psicologia organizacional aplicadas em ambientes corporativos. | A psicologia organizacional contribui para o desenvolvimento humano e institucional, melhorando a comunicação interna, o clima organizacional e a gestão de conflitos. |
MEDEIROS , Bruna et al. | “A importância da ergonomia e segurança do trabalho em uma construtora” (2024); | Destacar a relevância da ergonomia e da segurança no ambiente de trabalho da construção civil. | Estudo de caso em uma construtora, com aplicação de questionários, observação direta e análise de riscos ergonômicos. | A adoção de medidas ergonômicas reduziu a incidência de acidentes e afastamentos, promovendo uma cultura de segurança e valorização dos trabalhadores. |
KUHN, Eloisa; BARBOSA, Claudiomiro. | “Relação entre ergonomia e qualidade de vida no trabalho” (2016); | Aponta como principal objetivo, a investigação da ergonomia no ambiente laboral, com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores . | Revisão bibliográfica e análise de dados secundários. | |
OLIVEIRA, Gilberto Rangel et al. | “Uma Visão Crítica Sobre As Metodologias Utilizadas nas Pesquisas de Ergonomia do Ambiente Construído – A Constelação de Atributos” (2015); | Analisar os métodos ergonômicos aplicados ao design de interiores e como eles podem ser usados para melhorar a ergonomia ambiental. Propor uma modelagem integradora que combine métodos de ergonomia com o processo de design de interiores. | Revisão de literatura sobre os principais métodos ergonômicos aplicados ao ambiente construído (AET, AMT e MEAC). Proposta teórica de um modelo metodológico para integrar a ergonomia no processo de design de interiores, incorporando as fases de análise ergonômica, proposição de melhorias e validação com os usuários. | Reforço da importância da integração dos métodos ergonômicos no processo de design, com ênfase na avaliação contínua das soluções propostas, garantindo que atendam às necessidades dos usuários de forma eficaz. |
COIMBRA, lorrana Vasconcelo s et al. | “A importância da ergonomia para a saúde dos colaboradores” (2015); | Destacar a relevância da ergonomia na promoção da saúde e prevenção de doenças ocupacionais. | Revisão bibliográfica sobre conceitos ergonômicos e sua aplicação no ambiente de trabalho. | A ergonomia melhora o desempenho funcional e reduz riscos de doenças ocupacionais. Sua aplicação correta favorece o bem-estar e produtividade dos colaboradores. |
IIDA, Itiro; BUARQUE, L. I. A. | “Ergonomia: projeto e produção” (2021); | Apresentar métodos ergonômicos voltados ao projeto de produtos e ambientes. | Obra técnica e metodológica baseada em normas e estudos de caso. | Proporciona diretrizes práticas para aplicação ergonômica em processos produtivos e ambientes, com foco em segurança, eficiência e conforto. |
CUNHA, Jacqueline et al. | “Ambiente de trabalho seguro e sustentável: como a ergonomia de conscientização e participativa se aplica aos servidores públicos” (2023); | Demonstrar a aplicação da ergonomia participativa para melhorar a saúde e segurança no serviço público. | Pesquisa qualitativa com aplicação de ergonomia participativa e ações educativas junto a servidores públicos. | A ergonomia participativa melhorou a percepção de bem-estar e reduziu queixas físicas. Servidores mais engajados relataram maior conforto e satisfação com o ambiente de trabalho. |
PANDOLPHI, João Luiz et al. | “Gestão de um programa de prevenção das LER/DORT em uma rede de supermercados’’ (2016); | Relatar a experiência de uma empresa de fisioterapia do trabalho e ergonomia atuando em uma rede de supermercados, identificando barreiras, facilitadores e quantificando as ações realizadas. | Estudo descritivo com base em ações de prevenção e reabilitação como ginástica laboral, blitz postural, treinamentos, análise ergonômica e atendimentos ambulatoriais e centro administrativo com 3000 colaboradores. | Destaque para alcance da ginástica laboral (colaboradores), facilidade na blitz postural, atendimentos fisioterapêuticos, e redução no número de atestados por CID-M desde a implantação do programa. |
FERNANDE S, José Luiz; NÓBREGA, Marcelo de Jesus Rodrigues; FERNANDES, Andréa Sousa. | “Aspectos Gerais de Ergonomia” (2023); | Apresentar os conceitos fundamentais de ergonomia e sua importância para a saúde ocupacional. | Revisão de literatura com foco nos fundamentos ergonômicos e suas aplicações práticas no ambiente de trabalho. | A ergonomia promove melhores condições laborais, previne doenças ocupacionais e contribui para o aumento da produtividade e bem-estar dos trabalhadores. |
NEGRI, Júlia Raquel et al. | “Perfil sociodemográfico e ocupacional de trabalhadores com LER/DORT” (2014); | Caracterizar o perfil sociodemográfico e ocupacional de trabalhadores acometidos por LER/DORT. | Estudo epidemiológico com análise estatística de dados coletados em instituições de saúde pública. | A maioria dos acometidos é do sexo, feminino com alta carga de trabalho repetitivo. Os dados indicam necessidade de intervenções preventivas com base em ergonomia. |
CUNHA, Leilane Lira et al. | “Avaliação Biomecânica e Intervenções Ergonômicas para a Prevenção de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho” (2024); | Analisar riscos biomecânicos propor intervenções ergonômicas para prevenir distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). | Estudo de caso com avaliação biomecânica em ambiente corporativo, utilizando ferramentas de análise postural e biomecânica ocupacional. | As intervenções ergonômicas reduziram significativamente os riscos de DORT. Houve melhora na postura, redução de dores relatadas e maior conforto no trabalho. |
MENDES, Lucia Helena Dias; BERGIANT E, Níssia Carvalho Rosa. | “Promoção da qualidade de vida no trabalho em bibliotecas universitárias através da aplicação da ergonomia” (2018); | Analisar como a ergonomia pode ser aplicada para melhorar a qualidade de vida de trabalhadores em bibliotecas universitárias . | Estudo qualitativo com entrevistas e observações ergonômicas em bibliotecas universitárias. | A ergonomia contribuiu para melhorias no mobiliário, disposição dos ambientes e nas práticas organizacionais, resultando em maior conforto e produtividade dos trabalhadores. |
SILVA, Marcello et al. | “Ergonomia de Concepção na Prevenção de Inadequações no Ambiente de Trabalho Construído” (2021); | Facilitar a tomada de decisão em projetos para prevenir inadequações que comprometa m o desempenho dos trabalhadores . Antecipar problemas ergonômicos em mudanças organizacionais, modernização tecnológica ou aquisição de mobiliário. Promover a participação dos usuários no processo de concepção de ambientes de trabalho. | Abordagem participativa: Análise de variáveis como espaço físico, iluminação, climatização, mobiliário e fluxos de trabalho. Restrições temporais limitaram aplicação de questionários e avaliações arquitetônicas aprofundadas. | Remoção de portas para ampliar área útil melhora acessibilidade. Priorização de iluminação individualizada e ajustável (foco na área de trabalho). Substituição de monitores CRT por LCD e escolha de cadeiras ergonômicas de alto custo-benefício (durabilidade vs. custo inicial). Investimento em soluções ergonômicas previne patologias ocupacionais e reduz custos em médio prazo. Necessidade de integrar pessoal especializado em ergonomia diretamente em fases planejadas para evitar “engessamento” de decisões. |
BESTETTI, Maria Luisa Trindade. | “Ambiência: espaço físico e comportamento” (2014); | Discutir como o espaço físico influencia o comportamento humano, especialmente em contextos geriátricos. | Estudo teórico baseado em revisão bibliográfica e análise conceitual sobre ambiência, com foco na relação entre ambiente construído e bem-estar de idosos. | Ambientes planejados promovem segurança, autonomia e conforto para idosos. A ergonomia e o design ambiental são essenciais para proporcionar orientação espacial e qualidade de vida em instituições geriátricas. |
AGAPITO, Paula Rodrigues et al. | “Bem-estar no trabalho e percepção de sucesso na carreira como antecedente s de intenção de rotatividade” (2015); | Investigar como o bem-estar no trabalho e a percepção de sucesso na carreira influenciam a intenção de rotatividade. | Pesquisa quantitativa com aplicação de questionários estruturados a profissionais de diferentes setores, analisando variáveis psicossociais com base em modelos estatísticos. | O bem-estar no trabalho e a percepção de sucesso na carreira mostraram-se fatores significativos na redução da intenção de rotatividade. A satisfação com a trajetória profissional atua como fator protetor contra o desejo de mudança. |
RODRIGUES, Ricardo Furtado; MERINO, Eugenio Andrés Díaz; CASAROTTO, Nelson. | “Contribuição da Ergonomia no Processo de Inovação das Instituições” (2021); | Identificar e relacionar a importância da ergonomia no processo de inovação das instituições, bem como sua contribuição para o ambiente de trabalho e construção do conhecimento. | Estudo bibliográfico com base em autores da área de ergonomia e inovação, visando discutir conceitos e práticas adotadas em instituições contemporâneas. | A ergonomia contribui para inovação, eficiência e competitividade das instituições. Atua como agente de mudança ao integrar tecnologia, ambiente de trabalho e organização. Os três domínios da ergonomia (física, cognitiva e organizacional) devem estar integrados à cultura organizacional. |
GOMIDE, Sinésio; SILVERTRI N, Luiz Humberto Bonito; OLIVEIRA, Áurea de Fátima. | “Bem-estar no trabalho e suportes organizacionais” (2015); | Investigar o impacto dos suportes organizacionais no bem-estar dos trabalhadores e o papel da resiliência. | Estudo quantitativo com aplicação de questionários e análise estatística dos dados. | Suportes organizacionais adequados aumentam o bem-estar no trabalho. A resiliência atua como mediadora positiva na relação entre satisfação e desempenho. |
NOGUEIRA , Sueli Batista; SILVA, Elizabete Rodrigues. | “A incidência de doenças ocupacionais LER/DORT entre bancários em Cruz das Almas- BA’’ (2014); | Investigar a incidência de doenças ocupacionais, especificamente LER/DORT, entre bancários no município de Cruz das Almas – BA. | Qualitativa, descritiva e exploratória. Mudanças no modelo de gestão e reestruturação do setor bancário Questionários aplicados a 30 bancários (ativos, aposentados e afastados) de três agências (Caixa, Bradesco, Banco do Brasil). Interpretação qualitativa das respostas com base em referencial teórico. | 40% dos entrevistados relataram ter LER/DORT, especialmente mulheres. O tempo de acometimento varia entre 1 e 20 anos. A doença compromete o desempenho no trabalho e fora dele em grande parte dos casos. 60% não fazem nenhum; outros fazem fisioterapia, uso de medicamentos e psicoterapia. |
CORREA, Vanderlei Moraes; BOLETTI, Rosane Rosner. | “Ergonomia: fundamentos e aplicações” (2015) | Apresentar os fundamentos teóricos e práticos da ergonomia e sua aplicabilidade em diversos setores. | Compilação teórica baseada em literatura especializada e estudos de caso. | O livro fornece diretrizes para aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho, com foco na adaptação das tarefas e ambientes ao ser humano. |
VILAROUCO, Vilma. | “Um novo olhar para o projeto: a ergonomia no ambiente construído” (2018) | Traçar a trajetória do Grupo de Pesquisa em Ergonomia Aplicada ao Ambiente Construído (UFPE). Para avaliação ergonômica de ambientes | MEAC: Análise sistêmica de ambientes em uso. Estudos comparativos entre ambientes. Ferramentas como software ISEE (avaliação postural), realidade virtual e eletroencefalografia. Combinação de métodos de ergonomia, psicologia ambiental e neurociência. Estudos interdisciplinares, combinação de ergonomia. | MEAC validada em casos práticos, gerando diretrizes para projetos. Limitações identificadas em ferramentas de percepção ambiental para idosos institucionalizados. Contribuições para dimensionamento de espaços de trabalho baseado em atividades. Reconhecimento da necessidade de abordagem sistêmica e inclusiva no ambiente construído. |
4. DISCUSSÃO
A escolha por discutir a relação entre ergonomia e fisioterapia neste trabalho justifica-se pela importância crescente dessas áreas na construção de ambientes laborais mais saudáveis e eficientes. Diante do aumento dos afastamentos por causas relacionadas ao trabalho, torna-se indispensável entender como a atuação integrada da ergonomia e da fisioterapia pode favorecer tanto a promoção da saúde quanto a continuidade das atividades nas organizações. Quando há o reconhecimento do valor do bem-estar físico e emocional no trabalho, os profissionais tendem a apresentar maior envolvimento com suas atividades, além de contribuir para relações mais colaborativas. Nesse sentido, a integração entre ergonomia e fisioterapia se revela como uma abordagem estratégica para promover qualidade de vida, eficiência operacional e fortalecimento das equipes nas instituições. A ergonomia é uma ciência voltada para adaptar o ambiente de trabalho às capacidades e limitações humanas, promovendo conforto, segurança e eficiência nas atividades laborais (IIDA, 2016). O termo “ergonomia” vem do grego, unindo “ergon” (trabalho) e “nomos” (regras), expressando seu propósito de harmonizar as condições de trabalho com as necessidades humanas (CORREA; BOLETTI, 2015). Desde a Revolução Industrial, ficou evidente a necessidade de melhorar as condições laborais, o que impulsionou o surgimento de estudos voltados à organização do trabalho e à prevenção de doenças ocupacionais. A partir das décadas de 1950 e 1960, a ergonomia se consolidou como ciência multidisciplinar, incorporando aspectos físicos, organizacionais e psicológicos (SILVA, 2021). Atualmente, sua aplicação é essencial na prevenção de lesões por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), contribuindo também para a redução de custos com afastamentos e melhora da produtividade. No Brasil, a Norma Regulamentadora NR-17 orienta a adoção de práticas ergonômicas que considerem as características físicas, mentais e emocionais dos trabalhadores, garantindo condições mais adequadas e seguras (FERNANDES; NÓBREGA; FERNANDES, 2023). Nesse contexto, a fisioterapia desempenha papel fundamental, não apenas no cuidado terapêutico, mas também na promoção de ações preventivas no ambiente profissional. O fisioterapeuta atua na análise e modificação das rotinas de trabalho e dos ambientes, respeitando as condições físicas e funcionais dos profissionais, com o objetivo de prevenir sobrecargas e reduzir a incidência de lesões ocupacionais.
CONCLUSÃO
A discussão desenvolvida ao longo deste trabalho evidencia que a ergonomia é um recurso indispensável para a construção de ambientes laborais mais saudáveis, seguros e eficientes. As práticas ergonômicas, quando corretamente aplicadas, atuam não apenas na prevenção de doenças ocupacionais, como distúrbios musculoesqueléticos e transtornos psicológicos, mas também no fortalecimento da qualidade de vida dos trabalhadores. A adequação dos postos de trabalho considerando aspectos como mobiliário, iluminação, postura e organização mostra-se como uma estratégia eficaz para melhorar o conforto, reduzir afastamentos e promover maior bem-estar. Para além da contribuição à saúde dos trabalhadores, a ergonomia e a fisioterapia também exercem influência direta nos aspectos organizacionais, promovendo maior eficiência operacional e fortalecendo a cultura de bem-estar nas instituições. Ambientes estruturados com base nas necessidades físicas e psicológicas dos colaboradores tendem a gerar impactos positivos em indicadores como produtividade, motivação e clima organizacional. Além disso, a adoção de práticas fisioterápicas reforçam, como a área vem se destacando, para melhorar o seu valor estratégico para uma gestão mais sustentável.
REFERÊNCIAS
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