EFFECTS OF TRANSCUTANEOUS ELECTRICAL NERVE STIMULATION IN THE TREATMENT OF OVERACTIVE BLADDER: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202505252008
Thaise Lucena da Silva
Orientador: Prof. Dr. Glória Maria Lourenço Revelles
RESUMO
A bexiga hiperativa (BH) é uma síndrome caracterizada por urgência urinária, aumento da frequência miccional e, por vezes, incontinência, afetando a qualidade de vida. A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), especialmente via nervo tibial posterior (TPTNS), tem se mostrado uma alternativa terapêutica segura, eficaz e não invasiva para o manejo da BH. Esta revisão integrativa analisou estudos publicados nos últimos cinco anos, demonstrando que a TENS reduz sintomas urinários em diversas populações, inclusive idosos e crianças, e melhora a qualidade de vida. Protocolos variam quanto à frequência e local de aplicação, com a TPTNS mostrando efeitos mais duradouros. Apesar dos resultados promissores, há heterogeneidade metodológica e necessidade de padronização e estudos com maior rigor científico. Conclui-se que a TENS é uma estratégia viável para pacientes com contraindicação ou baixa resposta ao tratamento farmacológico, mas mais pesquisas são necessárias para consolidar sua aplicação clínica.
Palavras-chave: “Physical Therapy”, “Transcutaneous electric nerve stimulation” e “Bladder”.
ABSTRACT
Overactive bladder (OAB) is a syndrome characterized by urinary urgency, increased urinary frequency, and sometimes incontinence, affecting quality of life. Transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS), especially via the posterior tibial nerve (PTNS), has been shown to be a safe, effective, and noninvasive therapeutic alternative for the management of OAB. This integrative review analyzed studies published in the last five years, demonstrating that TENS reduces urinary symptoms in various populations, including the elderly and children, and improves quality of life. Protocols vary in frequency and site of application, with TPTNS showing longer-lasting effects. Despite the promising results, there is methodological heterogeneity and a need for standardization and studies with greater scientific rigor. It is concluded that TENS is a viable strategy for patients with contraindications or poor response to pharmacological treatment, but more research is needed to consolidate its clinical application.
Keywords: “Physical Therapy”, “Transcutaneous electrical nerve stimulation” and “Bladder”.
1 – INTRODUÇÃO
A bexiga hiperativa (BH) é uma síndrome urológica caracterizada por sintomas como urgência urinária, geralmente acompanhada por aumento da frequência miccional diurna e noturna, podendo estar associada à incontinência urinária, na ausência de infecção ou de outra condição patológica evidente. Essa condição impacta significativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados, interferindo nas atividades diárias, no sono e no bem-estar emocional. Estima-se que milhões de pessoas em todo o mundo convivam com a BH, sendo sua prevalência maior entre idosos, embora também possa acometer adultos em diferentes faixas etárias. Apesar de sua alta incidência, muitos casos permanecem subdiagnosticados ou tratados de forma inadequada, o que reforça a necessidade de maior compreensão acerca de seus mecanismos fisiopatológicos, do diagnóstico preciso e de estratégias terapêuticas eficazes (AYDOGDU et al., 2024).
Quando não tratada de forma adequada, a BH pode evoluir para um quadro de incontinência urinária de urgência (IUU), caracterizado pela incapacidade de controlar a vontade súbita de urinar, resultando em perdas involuntárias. Além do impacto físico, a ausência de tratamento adequado acarreta prejuízos significativos na qualidade de vida, como isolamento social, constrangimento, distúrbios do sono e aumento do risco de infecções urinárias recorrentes (PIERRE et al., 2021).
As abordagens terapêuticas convencionais frequentemente mostram-se limitadas, o que leva ao uso predominante de medidas paliativas, como o uso de fraldas geriátricas. Nesse cenário, a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) tem se destacado como uma alternativa promissora no tratamento da BH, sendo uma intervenção não invasiva, segura e de baixo custo, com potencial para reduzir os sintomas urinários e promover a melhora do bem-estar dos pacientes (BOOTH et al., 2021).
A TENS pode ser aplicada de forma isolada ou associada a outras estratégias terapêuticas, como o biofeedback. Hacad et al. (2022) sugerem que seu uso pode proporcionar melhorias significativas na urgência urinária, na frequência miccional e na incontinência de urgência, impactando positivamente a qualidade de vida dos indivíduos acometidos. No entanto, ainda são necessárias investigações adicionais, com amostras mais robustas e maior tempo de acompanhamento, a fim de consolidar a eficácia e a durabilidade dos efeitos da TENS no manejo da BH.
Diante do exposto, torna-se essencial sintetizar as evidências disponíveis acerca dos efeitos da TENS e compreender suas possibilidades terapêuticas no contexto da bexiga hiperativa. Assim, esta revisão integrativa tem como questão norteadora: Quais são os efeitos da estimulação elétrica nervosa transcutânea no tratamento da bexiga hiperativa? Para respondê-la, este estudo tem como objetivo analisar criticamente as evidências científicas disponíveis sobre o uso da TENS no manejo dos sintomas da BH, identificar os principais desfechos relatados nos estudos e discutir as implicações clínicas dessa intervenção, contribuindo para o aprimoramento das condutas fisioterapêuticas na atenção à saúde uroginecológica.
3 – MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, cujo objetivo é analisar criticamente as evidências disponíveis sobre os efeitos da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) no tratamento da bexiga hiperativa, contribuindo para o aprimoramento das abordagens terapêuticas utilizadas na prática clínica. A busca dos estudos foi realizada em bases de dados reconhecidas, tais como PubMed, PEDro, SciELO, LILACS, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Embase, Epistemonikos e ScienceDirect. Foram utilizados os descritores “Physical Therapy”, “Transcutaneous Electric Nerve Stimulation” e “Bladder”, indexados nos vocabulários DeCS/MeSH, combinados por meio do operador booleano AND. Foram incluídos artigos publicados nos últimos cinco anos, nos idiomas português e inglês, que investigassem os efeitos da TENS em indivíduos diagnosticados com bexiga hiperativa. Foram excluídos estudos que abordassem exclusivamente outras modalidades terapêuticas, bem como relatos de caso, revisões narrativas, dissertações, teses e artigos com acesso restrito.
Figura 1: Fluxograma da metodologia da etapa de seleção e inclusão dos estudos.

Os dados extraídos dos estudos selecionados foram organizados em uma tabela padronizada, contendo informações como autores, ano de publicação, objetivos do estudo e conclusões. A síntese dos achados foi realizada de forma qualitativa, por meio da identificação de categorias temáticas que possibilitaram uma compreensão abrangente dos efeitos da TENS no tratamento da BH.
Por fim, os resultados foram interpretados à luz da literatura científica existente, com o objetivo de destacar as contribuições da TENS para o manejo da bexiga hiperativa e identificar lacunas no conhecimento que possam orientar futuras investigações.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Autor | Ano | Periódico | Objetivo | Resultados |
Aydogdu, O. et al. | 2024 | Paediatrics and Child Health | Avaliar os efeitos imediatos e sustentados da estimulação elétrica nervosa transcutânea parasacral em crianças com bexiga hiperativa, com foco em sua eficácia clínica e duração dos benefícios. | A estimulação elétrica nervosa transcutânea parasacral demonstrou ser uma abordagem eficaz, segura e duradoura no tratamento da bexiga hiperativa em pacientes pediátricos. |
Booth, J., et al. | 2021 | Heakth Technol Assess | Avaliar se a estimulação transcutânea do nervo tibial posterior poderia reduzir a incontinênciaurinária em idosos altamente dependentes residentes em casas de repouso. | A intervenção não resultou em uma redução significativa da incontinência urinária no grupo estudado. |
Hacad, R. C. et al. | 2022 | Iternational Braz | Comparar a eficácia da estimulação do nervo tibial posterior (PTNS) com a estimulação parasacral no tratamento da bexiga hiperativa em idosos. | Ambas as técnicas foram eficazes, mas a PTNS apresentou melhor resultado na redução dos sintomas de urgência urinária e incontinência. |
Marternik, M. et al. | 2022 | Journal of PediatricUrology | Avaliar os efeitos imediatos e sustentados da estimulação elétrica transcutânea do nervo parassacral em crianças com bexiga hiperativa. | A estimulação parasacral demonstrou eficácia significativa na redução dos sintomas de bexiga hiperativa em pacientes pediátricos, com benefícios mantidos ao longo do tempo. |
Nunes, J. et al | 2024 | Neurourology and Urodynamics | Comparar a eficácia da estimulaçãoelétrica transcutânea do nervo tibial (TTNS) e da estimulaçãoelétrica vaginal(VS) em mulheres com síndrome da bexiga hiperativa, considerando intervenções de curto prazo. | Tanto a TTNS quanto a VS mostraram-se eficazes em reduzir os sintomas da bexiga hiperativa em curto prazo, sendo que apenas a TTNS manteve efeitos residuais um mês após o tratamento. |
Pierre, M. L., et al. | 2021 | Clinics | Comparar a eficácia da estimulação elétrica nervosa transcutânea(TENS) do nervo tibial posterior no tratamento da bexiga hiperativa, considerando diferentes locais de aplicação e frequências de atendimento. | Os resultados indicaram que a estimulação unilateral, uma vez por semana, reduziu significativamente os episódios de urgência e incontinência em comparação ao placebo. Além disso, a estimulação bilateral, tanto uma quanto duas vezes por semana, mostrou melhorias. |
Zomkowski, K. et al. | 2022 | InternationalUrogynecology Journal | Investigar a eficácia de diferentes protocolos de estimulação elétrica nervosa no tratamento de adultos com bexiga hiperativa não neurogênica.. | Diversos protocolos de estimulação elétrica nervosa mostraram-se eficazes na redução dos sintomas da bexiga hiperativa em adultos, com variações na magnitude dos efeitos conforme o tipo de protocolo utilizado. |
Embora a estimulação elétrica do nervo tibial posterior (PTNS) já seja reconhecida pelo Food and Drug Administration (FDA) como uma abordagem eficaz para a bexiga hiperativa (BH), a literatura científica ainda busca compreender melhor seus principais efeitos clínicos e sua aplicabilidade em diferentes populações. Estudos sistemáticos indicam que tanto a estimulação transcutânea (TPTNS) quanto a percutânea (PPTNS) demonstram potencial para reduzir os sintomas da BH e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, embora existam variações nos resultados obtidos (PIERRE., 2021).
Estudos conduzidos por Zomkowski et al. (2022) revelaram que a estimulação elétrica nervosa é uma intervenção eficaz para o manejo da BH não neurogênica em adultos. Protocolos como a estimulação do nervo tibial posterior e a estimulação sacral demonstraram melhorias significativas nos sintomas urinários, indicando que a modulação neuromuscular pode ser uma estratégia terapêutica válida. No entanto, a heterogeneidade dos protocolos avaliados e a variação nos desfechos clínicos sugerem a necessidade de padronização das técnicas e dos parâmetros de estimulação.
Booth et al. (2021) avaliaram a eficácia da estimulação elétrica nervosa transcutânea do nervo tibial posterior (TENS) em idosos institucionalizados com incontinência urinária, manifestação comum da BH. Embora a TENS tenha se mostrado promissora em outras populações, os resultados do estudo não identificaram benefícios clínicos significativos no grupo analisado. Essa constatação sugere que fatores como o alto grau de dependência, comprometimentos cognitivos e limitações funcionais dos participantes podem influenciar negativamente a resposta ao tratamento com neuromodulação — aspecto relevante a ser considerado em análises clínicas mais amplas. Esses achados reforçam a importância de uma abordagem individualizada na escolha da modalidade terapêutica para o tratamento da BH. Apesar de diversos estudos demonstrarem a eficácia da TENS em adultos saudáveis e pacientes ambulatoriais, sua aplicabilidade pode ser limitada em populações mais frágeis.
A comparação entre a estimulação do nervo tibial posterior e a estimulação parasacral, conforme investigado por Hacad et al. (2022), revelou que ambas as modalidades são eficazes no tratamento da BH em idosos, sendo que a PTNS demonstrou maior benefício na redução dos sintomas de urgência urinária. Esses achados reforçam a relevância da neuromodulação como abordagem terapêutica não invasiva e segura, especialmente para populações mais vulneráveis, como os idosos, que frequentemente apresentam contraindicações ao uso prolongado de medicamentos anticolinérgicos. Além disso, o estudo acrescenta evidências importantes à literatura ao empregar um desenho metodológico rigoroso — um ensaio clínico randomizado e triplocego — o que fortalece a validade dos resultados. A superioridade da PTNS em relação à estimulação parasacral sugere que intervenções focadas na modulação periférica do nervo tibial podem representar uma alternativa de primeira linha, aliando eficácia terapêutica e baixo risco de efeitos adversos.
Em contrapartida, Pierre et al. (2021) demonstraram que a TENS é eficaz na redução dos sintomas da BH em mulheres adultas. A aplicação unilateral, realizada uma vez por semana, foi particularmente eficaz na diminuição dos episódios de urgência e incontinência, enquanto a aplicação bilateral mostrou benefícios na redução da noctúria. Esses achados sugerem que a TENS pode ser uma alternativa terapêutica viável e não invasiva para pacientes com BH, especialmente aquelas que não respondem bem aos tratamentos farmacológicos convencionais. Além disso, a variação nos protocolos de aplicação, considerando lateralidade e frequência semanal, permite uma abordagem personalizada no manejo da condição. A possibilidade de ajustar o protocolo conforme os sintomas predominantes pode otimizar os resultados clínicos e melhorar a qualidade de vida.
Nunes et al. (2023) evidenciaram que intervenções de curto prazo com TPTNS e estimulação transvaginal (VS) proporcionaram melhorias significativas nos sintomas da BH em mulheres, conforme demonstrado pela redução nos escores do questionário ICIQOAB e na sensação de desconforto. Ambas as terapias foram bem toleradas e apresentaram resultados positivos após seis semanas de tratamento, indicando que são opções viáveis para o manejo inicial da condição. Notavelmente, apenas o grupo submetido à TPTNS manteve os benefícios terapêuticos um mês após o término das sessões, sugerindo um efeito mais duradouro dessa modalidade. Essa diferença pode estar relacionada à maior eficácia da TPTNS na modulação das vias neurais envolvidas no controle vesical. Esses achados destacam a importância de considerar a TPTNS como uma intervenção preferencial em estratégias de tratamento de curto prazo para a BH, especialmente quando se busca prolongar os efeitos terapêuticos.
Os resultados também indicam que a estimulação elétrica transcutânea do nervo parasacral é uma intervenção eficaz para o tratamento da BH em crianças, proporcionando alívio sintomático imediato e sustentado. A melhora observada pode estar relacionada à modulação da atividade neural responsável pelo controle vesical, promovendo uma regulação mais eficiente da função da bexiga. Além disso, a manutenção dos benefícios ao longo do tempo sugere que essa abordagem terapêutica pode induzir adaptações neurofisiológicas duradouras. Tais adaptações podem resultar em uma melhora contínua da qualidade de vida, reduzindo a necessidade de uso de medicamentos e seus potenciais efeitos colaterais (MARTERNIK et al., 2024).
5 – CONCLUSÃO
A estimulação elétrica nervosa transcutânea, especialmente por meio da estimulação do nervo tibial posterior (TPTNS), apresenta-se como uma alternativa terapêutica eficaz, segura e não invasiva para o manejo da bexiga hiperativa em diferentes faixas etárias e condições clínicas. Os estudos analisados demonstraram benefícios relevantes na redução dos sintomas urinários, como urgência, incontinência e noctúria, além de melhorias na qualidade de vida dos pacientes. Apesar da heterogeneidade nos protocolos de aplicação e dos desfechos avaliados, os resultados reforçam o potencial da neuromodulação periférica como estratégia de primeira linha, especialmente para pacientes que não respondem bem às terapias farmacológicas convencionais ou que apresentam contraindicações ao seu uso. No entanto, a escassez de padronização metodológica e o curto tempo de seguimento em diversos estudos limitam a robustez das evidências. Assim, recomenda-se a realização de ensaios clínicos com maior rigor metodológico, amostras mais representativas e acompanhamento em longo prazo, a fim de consolidar o uso da TENS na prática clínica e ampliar sua aplicabilidade em diferentes contextos.
6 – REFERÊNCIAS
AYDOGDU, Ö. et al. Immediate and continued results of parasacral transcutaneous electrical nerve stimulation in paediatric patients with overactive bladders. Journal of Paediatrics and Child Health, [S.l.], 2024. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39069460
BOOTH. J. et al. Tibial nerve stimulation compared with sham to reduce incontinence in care home residents: electric rct. Health Technol Assess. 2021 Jun;v.25, n.41, p.1110. doi: 10.3310/hta25410. PMID: 34167637; PMCID: PMC8273680.
HACAD, C. R. et al. Association of physical therapy techniques can improve pain and urinary symptoms outcomes in women with bladder pain syndrome. A randomized controlled trial. International Braz.2022 n.22.
MATERNIK, M. et al. Immediate and continued results of parasacral transcutaneous electrical nerve stimulation in paediatric patients with overactive bladders. Journal of Pediatric Urology, v. 20, n. 5, p. 868-876, out. 2024. DOI: 10.1016/j.jpurol.2024.07.006.
NUNES, J. et al. Transcutaneous tibial nerve electrical stimulation versus vaginal electrical stimulation in women with overactive bladder syndrome: Is there a role for short-term interventions? Neurourology and Urodynamics, v. 42, n. 5, p. 1101–1110, 2023. DOI: https://doi.org/10.1002/nau.25179. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37042223/.
PIERRE, M. L., et al. Comparison of transcutaneous electrical tibial nerve stimulation for the treatment of overactive bladder: a multi-arm randomized controlled trial with blinded assessment. Clinics, [S.l.], v. 76, e3039, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.6061/clinics/2021/e3039.
ZOMKOWSKI, K. et al. The effectiveness of different electrical nerve stimulation protocols for treating adults with non-neurogenic overactive bladder: a systematic review and meta-analysis. International Urogynecology Journal, v. 33, n. 5, p. 1045-1058, 2022. DOI: https://doi.org/10.1007/s00192-022-05088-7.