TEMPO DE TELA E COMPORTAMENTO ALIMENTAR NA POPULAÇÃO INFANTOJUVENIL: UMA REVISÃO DE LITERATURA

SCREEN TIME AND EATING BEHAVIOR IN CHILDREN AND ADOLESCENTS: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505191635


Camilly Carneiro Silva1
Jullia Braga Morais2
Isabella Moreira da Silva3
Rayane Neves Dos Santos Castro4
Orientadora: Profa. Cyntia Rosa de Melo Ribeiro Borges5


RESUMO

A exposição excessiva de crianças a dispositivos eletrônicos tem sido apontada como um fator relevante na alteração de padrões alimentares durante a infância. Este estudo analisou a relação entre o tempo de tela e os hábitos alimentares infantis por meio de uma revisão integrativa da literatura. A pesquisa foi conduzida com base em artigos publicados entre 2014 e 2024, localizados nas bases de dados BVS e PubMed, utilizando descritores em português, inglês e espanhol. Os estudos selecionados evidenciaram que o uso prolongado de telas está associado ao aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e à redução na ingestão de frutas e vegetais, contribuindo para a piora da qualidade da dieta. Verificou-se também que o uso de dispositivos durante as refeições compromete a percepção dos sinais de saciedade, favorecendo o consumo calórico excessivo. A influência da publicidade digital, especialmente a direcionada ao público infantil, mostrou-se significativa na formação de preferências alimentares inadequadas. Os resultados indicam a importância de estratégias que envolvam a família, a escola e políticas públicas, com o objetivo de promover ambientes que favoreçam escolhas alimentares saudáveis e limitem o tempo de exposição a telas. A compreensão da relação entre o uso de dispositivos eletrônicos e os comportamentos alimentares na infância pode subsidiar intervenções eficazes para a promoção da saúde nutricional infantil. 

Palavras-chave: Tempo de tela; Comportamento alimentar; Infantil.

ABSTRACT 

This study aims to analyze the influence of breastfeeding on the composition of the infant gut microbiota, immune competence, and the nutritional development of the child. Breastfeeding, through breast milk, provides essential nutrients and bioactive compounds that help establish a healthy gut microbiota and strengthen the baby’s immune system. Compounds like human milk oligosaccharides (HMOs) play a crucial role in this process, acting as prebiotics that promote the growth of beneficial bacteria. Additionally, exclusive breastfeeding has protective effects against intestinal diseases and immune disorders, contributing to balanced nutritional development. The methodology adopted was a systematic literature review, selecting articles from scientific databases such as PubMed, Scientific Electronic Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), and Portal de Periódicos da  CAPES , published in the last ten years. The analysis of the studies revealed that exclusive breastfeeding is key for maintaining a healthy gut microbiota, strengthening the immune system, and promoting adequate nutritional growth, being essential for child health.

Keywords: Screen time; Eating behavior; Child.

1. INTRODUÇÃO

Obesidade, sobrepeso e seletividade são alguns dos desafios que as crianças lidam diariamente no processo de formação de hábitos alimentares. Entre esses, existe um que tem se intensificado nos últimos anos: a conexão entre o tempo de uso de aparelhos digitais e os padrões de consumo alimentar. Como destaca  (SILVA, 2019), esse fenômeno tornou-se um crescente problema de saúde pública, impulsionado pela alta prevalência de obesidade infantil, que está associada a comportamentos alimentares inadequados e ao sedentarismo. A exposição prolongada a telas não apenas reduz a prática de atividades físicas, mas também influencia escolhas alimentares pouco saudáveis, muitas vezes marcadas pelo consumo excessivo de alimentos ultraprocessados.

Diante desse cenário, é fundamental refletir sobre o papel da nutrição na sociedade e como ela pode contribuir para mitigar esse problema. Afinal, a nutrição – entendida como a ciência que estuda os processos pelos quais o organismo obtém, metaboliza e utiliza os nutrientes para manutenção da saúde, crescimento e desenvolvimento adequados (PHILIPPI, 2008) – vai além da simples escolha alimentar. Ela desempenha um papel crucial na promoção de hábitos saudáveis desde a infância, combatendo os fatores que levam à obesidade e ao consumo inadequado de alimentos. Sua atuação se revela multidimensional: na esfera educacional, por meio de programas que desenvolvem competências alimentares desde a infância; no ambiente familiar, orientando a criação de espaços domiciliares favoráveis à alimentação saudável; e no âmbito político, participando da formulação de regulamentações sobre publicidade de alimentos dirigida ao público infantil. A integração dessas ações com estratégias para gestão do tempo de tela demonstra como a nutrição transcende a abordagem individual, configurando-se como ferramenta essencial para promoção da saúde coletiva e prevenção de distúrbios nutricionais ao longo do curso de vida.

A infância é um período crucial para o desenvolvimento de hábitos alimentares que influenciarão a saúde na vida adulta. Nesse período, ocorrem processos fundamentais como o desenvolvimento cerebral, o crescimento físico e a programação metabólica, todos altamente sensíveis a qualidade da alimentação. No entanto, fatores externos como o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, vêm interferindo nesse processo, comprometendo essas condições. A priori, o tempo prolongado de tela está frequentemente associado ao sedentarismo, o que pode comprometer o crescimento físico saudável e aumentar o risco de obesidade infantil, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e hipertensão. Em adição, a exposição à luz azul das telas interfere na produção de melatonina, prejudicando a qualidade do sono e afetando o desenvolvimento cognitivo, emocional e físico da criança. O uso excessivo de dispositivos também reduz as interações sociais e familiares, prejudicando o desenvolvimento emocional e social, além de limitar o tempo dedicado a brincadeiras ao ar livre e outras atividades importantes (PILAR; KAFER, 2021). 

O reforço de comportamentos alimentares inadequados ocorre quando os pais, muitas vezes de forma inadvertida, utilizam o tempo de tela como mecanismo de negociação, tratando-o como recompensa pelo consumo de determinados alimentos. Tal estratégia configura uma forma de reforço desses comportamentos, pois prejudica a capacidade das crianças de desenvolverem a autorregulação alimentar e favorece escolhas nutricionalmente inadequadas, frequentemente influenciadas pelo marketing voltado ao público infantil. Tal dinâmica estabelece um ciclo vicioso em que o tempo de tela e o consumo de alimentos ultraprocessados tornam-se interdependentes, dificultando a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis. Quando o tempo de tela é usado como moeda de troca, a criança pode aprender a associar a alimentação saudável como algo indesejado ou obrigatório, enquanto alimentos menos nutritivos, frequentemente promovidos em plataformas digitais, tornam-se mais desejáveis devido ao apelo emocional das propagandas. Em complemento, o hábito frequente de utilizar telas durante as refeições, desvia o foco das crianças no momento da alimentação, comprometendo a identificação dos sinais de saciedade e favorecendo episódios de ingestão alimentar excessiva (VALLE, 2007; CECCATTO et al., 2018).

O uso prolongado de dispositivos eletrônicos não apenas aumenta o consumo de alimentos ultraprocessados ricos em açúcares e gorduras, como também reduz a ingestão de alimentos saudáveis, como frutas, vegetais e grãos integrais. (SILVA, 2019), verificou que crianças que passam mais de uma hora por dia utilizando telas apresentam maior propensão ao consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional. Esse comportamento é exacerbado pela associação sistemática de alimentos com baixo valor nutricional a conteúdos midiáticos altamente atrativos, os quais exercem influência direta sobre as preferências alimentares das crianças.

A exposição excessiva à publicidade de alimentos ultraprocessados é outro fator preocupante. (ALMEIDA; NASCIMENTO; QUAOTI, 2002), identificaram que cerca de 60% dos produtos anunciados em meios de comunicação pertencem às categorias de gorduras, óleos e açúcares. Para (RODRIGUES, 2020), essa influência é ainda mais alarmante quando se considera que as crianças, por estarem em uma fase de formação cognitiva e comportamental, possuem maior vulnerabilidade às mensagens persuasivas das propagandas. As estratégias utilizadas na publicidade, como personagens animados, músicas cativantes e a associação de alimentos a prêmios ou experiências positivas, criam uma conexão emocional com as crianças, incentivando o consumo de produtos pouco saudáveis.

De acordo com o estudo ERICA, conduzido por (OLIVEIRA et al., 2016), o hábito de realizar refeições em frente à televisão ou outros dispositivos eletrônicos prejudica a percepção de fome e saciedade, favorecendo o consumo excessivo de calorias. Ademais, o impacto do tempo de tela transcende o comportamento infantil, estendendo-se aos padrões alimentares familiares como um todo. Comportamentos como assistir televisão ou utilizar dispositivos eletrônicos durante as refeições, quando praticados pelos pais, estabelecem modelos comportamentais que tendem a ser reproduzidos pelos filhos, perpetuando um ciclo de hábitos alimentares prejudiciais. Além disso, pais que apresentam alimentação desregulada e realizam escolhas alimentares menos saudáveis frequentemente influenciam negativamente as decisões alimentares das crianças, reforçando práticas nutricionais inadequadas (FORLI, 2015).

O sedentarismo associado ao tempo de tela também agrava problemas de saúde. Crianças com altos níveis de exposição a telas apresentam maior propensão a distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão, além de problemas no sono e dificuldades de socialização (CARVALHO; GRANDO; BRITTO, 2020). Esses fatores reforçam a necessidade de intervenções integradas que abordam tanto os hábitos alimentares quanto os comportamentos sedentários. As intervenções devem incluir a promoção de atividades físicas regulares, a limitação do tempo de tela e o incentivo a brincadeiras ao ar livre, fundamentais para o desenvolvimento motor, emocional e social. Ademais, é crucial conscientizar pais e educadores sobre os impactos do uso excessivo de dispositivos digitais, incentivando a criação de rotinas familiares que priorizem momentos de interação presencial e de desconexão das telas.

O ambiente familiar e escolar desempenha papel fundamental na formação de hábitos saudáveis. Ações educativas voltadas aos pais e a implementação de programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) têm demonstrado eficácia na promoção de dietas equilibradas e na redução do consumo de ultraprocessados (DE LEPELEERE et al., 2017; SILVA et al., 2022). Além disso, a participação ativa da família na rotina alimentar, como o preparo conjunto das refeições e a realização de refeições em família, tem sido associada ao aumento do consumo de alimentos naturais e a melhoria da relação das crianças com a comida. No ambiente escolar, estratégias como oficinas culinárias, hortas escolares e campanhas de conscientização sobre alimentação saudável podem fortalecer o aprendizado prático e estimular escolhas alimentares mais conscientes. A integração entre escola, família e comunidade, aliada ao suporte de projetos públicos, é essencial para consolidar mudanças sustentáveis nos hábitos alimentares infantis.

Políticas públicas também são indispensáveis para regulamentar a publicidade infantil e incentivar a educação alimentar. (SANTOS et al., 2021) sugerem campanhas educativas para pais e educadores, destacando que tais iniciativas devem incluir ações práticas que promovam a reflexão sobre a escolha consciente de alimentos, a leitura de rótulos nutricionais e a redução do consumo de ultraprocessados. Outrossim, é importante implementar medidas legislativas que restrinjam a veiculação de propagandas de produtos alimentícios voltadas ao público infantil, especialmente aquelas que utilizam personagens atrativos ou brindes, contribuindo para a proteção das crianças contra práticas comerciais abusivas. 

Dessa forma, este estudo busca compreender os desafios impostos pela era digital à saúde das crianças e oferecer subsídios para intervenções que promovam o desenvolvimento saudável na infância, alinhando o papel da nutrição ao comportamento alimentar e à redução do impacto negativo do tempo de tela.

O objetivo geral da pesquisa é analisar, por meio de uma revisão de literatura, a relação entre o tempo de exposição a telas e os hábitos alimentares infantis, considerando os impactos sobre a saúde nutricional e o comportamento alimentar na infância. Para isso, os objetivos específicos incluem investigar a influência do tempo de tela no comportamento alimentar de crianças e adolescentes, analisar como a exposição a diferentes tipos de mídia, como televisão, dispositivos móveis e videogames, influencia as escolhas alimentares de crianças em idade escolar, e identificar os principais padrões alimentares associados ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos.

2. METODOLOGIA

O presente estudo foi desenvolvido por meio de uma revisão integrativa de literatura, com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias. A seleção dos artigos foi conduzida mediante buscas sistematizadas nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Foram empregados os descritores nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola: tempo de tela, comportamento alimentar e criança, visando identificar produções científicas relevantes que abordem a relação entre exposição a dispositivos eletrônicos e os hábitos alimentares infantis.

A seleção e análise dos artigos seguiram as etapas propostas pelo método PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). Inicialmente, os estudos foram identificados nas bases de dados selecionadas, organizados e as duplicatas foram removidas. Em seguida, realizou-se a triagem dos estudos com base nos títulos e resumos dos estudos. Foram considerados elegíveis os artigos que atendam aos critérios de inclusão previamente estabelecidos: publicações disponíveis na íntegra, em português, inglês ou espanhol, indexadas nas bases de dados selecionadas nos últimos dez anos e que abordassem diretamente a relação entre o tempo de tela e os hábitos alimentares infantis. 

Após a seleção, procedeu-se à leitura na íntegra dos artigos incluídos para extração dos dados relevantes. Os dados extraídos abrangeram o título do estudo, autores, ano de publicação, metodologia, principais achados relacionados ao tempo de tela e aos hábitos alimentares infantis, além das conclusões e recomendações dos autores.

Por fim, os dados foram analisados de forma qualitativa e descritiva, com ênfase na identificação de padrões e discrepâncias nos resultados. Os artigos foram comparados para identificar tendências, convergências e lacunas no conhecimento sobre a relação entre o tempo de tela e os hábitos alimentares infantis. A amostra final foi composta pelos artigos que respondem ao objetivo do trabalho: estabelecer a relação entre o tempo de tela e os hábitos alimentares infantis. 

3. RESULTADOS

Após a busca nas bases de dados acerca da relação entre o tempo de tela e os hábitos alimentares infantis, foram encontrados 633 artigos, selecionados os disponíveis na íntegra e publicados entre os anos de 2014 e 2024, sendo utilizados 14 artigos para comprovação dessa revisão integrativa, que estão representados no Quadro 1.

Figura 1. Fluxograma da coleta de dados e obtenção de resultados de revisão sistemática de literatura nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Pubmed.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quadro 1. Coleta de dados e obtenção dos resultados da revisão sistemática da literatura, realizada por meio de buscas nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed.

Fonte: Elaborado pelos autores

4. DISCUSSÃO

A presente discussão evidencia a relação direta entre o tempo de exposição a telas e os hábitos alimentares inadequados em crianças, configurando um fenômeno cada vez mais recorrente no cenário contemporâneo marcado pela crescente digitalização da infância. Diversos estudos apontam que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos está associado a um padrão alimentar caracterizado pela elevada ingestão de alimentos ultraprocessados e baixo consumo de frutas e vegetais. Essa correlação foi identificada por (PEARSON et al., 2017), que demonstraram que cerca de 70% das crianças que excedem duas horas diárias de tempo de tela apresentam baixos níveis de consumo de alimentos in natura e maior consumo de snacks calóricos. (TAMBALIS  et al., 2020), corroboraram esses achados ao evidenciar que o tempo de tela está fortemente associado a comportamentos alimentares de risco, como obesidade, ingestão calórica excessiva e baixa qualidade nutricional da dieta.

A análise dos dados revela uma convergência significativa nos achados entre os estudos transversais, como o de (ROCKA  et al., 2022), que investigaram o comportamento de crianças polonesas e identificaram que a exposição a telas durante as refeições contribui para o desenvolvimento de obesidade, uma vez que reduz a atenção ao ato de comer e favorece a ingestão automática de alimentos hipercalóricos. De forma semelhante (JENSEN et al., 2022), observaram que crianças que utilizam dispositivos eletrônicos durante as refeições consomem mais açúcares simples e menos frutas, o que afeta diretamente o equilíbrio nutricional da dieta. A partir desses dados, é possível compreender que o uso de telas, especialmente em durante as refeições, afeta não apenas a quantidade, mas também a qualidade da alimentação.

Outro aspecto relevante identificado nos estudos refere-se à publicidade de alimentos direcionada ao público infantil, veiculada em mídias digitais e televisivas. (ALMEIDA et al., 2002), destacaram que cerca de 60% dos produtos anunciados em meios de comunicação pertencem às categorias de gorduras, óleos e açúcares, demonstrando um predomínio de alimentos com baixa densidade nutricional na publicidade. (GOMES et al., 2024), reforçaram essa constatação ao mostrarem que crianças com maior exposição à televisão e redes sociais apresentam maior consumo de ultraprocessados, muitas vezes motivado pela repetição de propagandas com apelos emocionais. Essa associação revela implicações significativas à saúde pública, ao evidenciar que o tempo de exposição à tela não é apenas um indicador de sedentarismo, mas também revela-se como um fator preocupante na adoção de padrões alimentares inadequados.

No que diz respeito ao ambiente familiar, diversos estudos apontam que os hábitos dos pais exercem um papel mediador importante na relação entre o tempo de tela e a alimentação infantil. (FORLI,  2015), observou que pais que consomem alimentos ultraprocessados e utilizam telas durante as refeições estabelecem um modelo comportamental que tende a ser replicado pelos filhos. (LEITE et al., 2022), por sua vez, ao analisarem famílias em situação de vulnerabilidade social em São Paulo, identificaram que o uso de telas está frequentemente atrelado à ausência de regras alimentares e à baixa qualidade nutricional das refeições. Esses achados evidenciam que intervenções devem considerar o contexto familiar como um todo, não apenas o comportamento da criança, sendo essencial a inclusão de estratégias de educação nutricional voltadas aos responsáveis com a finalidade de promover a construção de ambientes alimentares mais favoráveis às práticas alimentares saudáveis.

Um ponto de convergência importante entre os estudos refere-se à percepção de saciedade e ao comportamento alimentar consciente. (MASZTALERZ-KOZUBEK  et al., 2024), destacam que crianças demonstram maior dificuldade em reconhecer os sinais de saciedade, o que contribui para o consumo excessivo de alimentos. Esse fato foi corroborado por (FATHIMA et al., 2024), que entrevistaram pediatras e fonoaudiólogos na Índia, os quais relataram que o uso de telas durante as refeições interfere na atenção das crianças ao ato de se alimentar, dificultando a construção e estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis. Dessa forma, torna-se evidente que a alimentação mediada por telas interfere não apenas nas escolhas alimentares, mas também nos processos fisiológicos e comportamentais que regulam a ingestão.

A associação entre o uso excessivo de dispositivos digitais e o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade foi amplamente discutida nos estudos analisados, sendo considerada uma das consequências mais preocupantes dessa prática. (PEARSON et al., 2020), realizaram um ensaio clínico piloto com crianças entre 9 e 11 anos e observaram que intervenções voltadas à redução do tempo de tela e do consumo de lanches não saudáveis resultaram em melhorias no padrão alimentar e no comportamento sedentário. Esse dado evidencia o potencial das intervenções escolares e familiares na modificação de comportamentos alimentares quando aliadas à limitação do tempo de tela, apontando um caminho promissor para políticas públicas voltadas à prevenção da obesidade infantil.

No entanto, os estudos também evidenciaram divergências quanto aos efeitos do tempo de tela em diferentes faixas etárias. Enquanto (PEARSON et al., 2018), identificaram que crianças entre 5 e 6 anos apresentavam três comportamentos de risco simultâneos — alto consumo de alimentos ultraprocessados, baixa ingestão de frutas e excesso de tempo de tela —, o estudo de (JENSEN et al., 2022), mostrou que adolescentes tendem a apresentar padrões de consumo diferentes, como maior ingestão de bebidas adoçadas e menor consumo de laticínios. Essa distinção sugere que o impacto do tempo de tela pode variar de acordo com o estágio de desenvolvimento, demandando estratégias diferenciadas conforme a idade e o nível de autonomia alimentar da criança ou do adolescente.

Fatores socioeconômicos também emergem como importantes moderadores da relação entre tempo de tela e comportamento alimentar. (HUO et al., 2022), apontaram que crianças chinesas de idade pré-escolar com tempo de tela superior a uma hora por dia apresentavam menor ingestão de vegetais e maior consumo de lanches e bebidas açucaradas, mesmo após ajustes por renda e escolaridade dos pais. Esse achado é reforçado por (LEITE et al., 2022), que verificaram que a vulnerabilidade social está associada a maior exposição a telas e, consequentemente, a padrões alimentares menos saudáveis. Esses dados indicam que o tempo de tela não pode ser analisado de forma isolada, mas sim dentro de um contexto mais amplo, em que condições socioeconômicas precárias ampliam os riscos à saúde alimentar infantil.

Embora a maioria dos estudos apresente correlação entre tempo de tela e hábitos alimentares inadequados, poucos deles abordam as implicações de longo prazo dessa relação. (SIMONATO et al., 2018), são uma exceção, ao realizarem um estudo longitudinal que identificou que o hábito de assistir televisão na infância tem efeitos persistentes nos padrões alimentares da adolescência, caracterizados por maior consumo de doces, fast foods e menor ingestão de vegetais. Essa lacuna na literatura aponta para a necessidade de mais pesquisas longitudinais que permitam compreender como os comportamentos alimentares mediados por telas se desenvolvem ao longo do tempo e impactam a saúde na vida adulta.

No campo da saúde mental, os resultados obtidos por (CHU  et al., 2024), são particularmente relevantes. O estudo demonstrou que adolescentes com uso problemático de telas e redes sociais apresentaram maior prevalência de sintomas de transtornos alimentares, como compulsão, preocupação excessiva com o peso e insatisfação corporal. Essa associação amplia a discussão sobre os efeitos do tempo de tela, que não se restringem apenas à ingestão alimentar, mas também à percepção de corpo e autoestima. A internalização de padrões estéticos irreais promovidos nas mídias digitais pode gerar sofrimento psíquico e distorções na relação com a alimentação, exigindo que as intervenções também contemplem aspectos psicológicos e emocionais da saúde infantil.

A análise crítica dos estudos também permite identificar que o tempo de tela não atua de forma isolada, mas interage com outros comportamentos e rotinas diárias, como o padrão de sono, o nível de atividade física e o tempo destinado às refeições em família. (TAMBALIS et al., 2020), evidenciaram que o uso prolongado de dispositivos eletrônicos está associado à redução do tempo de sono, à menor frequência de refeições compartilhadas com os pais e à redução da prática de atividade física. Tais fatores, combinados, contribuem para um estilo de vida sedentário e para o desenvolvimento de hábitos alimentares disfuncionais, o que indica que o tempo de tela deve ser abordado dentro de um contexto mais amplo de comportamento de saúde.

Ao investigar a função das refeições em família, verifica-se que elas representam um fator protetor significativo, mitigando os impactos negativos associados ao uso excessivo das telas. Segundo (JENSEN  et al., 2022), a presença dos pais durante as refeições, sem o uso de dispositivos, promove um ambiente alimentar mais estruturado e favorável ao desenvolvimento de práticas conscientes. (MASZTALERZ-KOZUBEK et al., 2024), também apontam que crianças pequenas que apresentam prazer em comer e capacidade de perceber os sinais de saciedade são mais propensas a manter uma alimentação saudável, principalmente quando as refeições são realizadas sem distrações digitais. Essa perspectiva reforça a relevância de incentivar práticas alimentares coletivas no ambiente familiar, valorizando as refeições compartilhadas como momentos de convivência e de transmissão de hábitos alimentares saudáveis. Essa abordagem está em consonância com as diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira, que recomenda a valorização do ato de comer como prática social, cultural e afetiva, destacando que realizar refeições em companhia fortalece os vínculos familiares, promove uma relação mais consciente com os alimentos e contribui para escolhas alimentares mais adequadas (BRASIL, 2014).

Outro aspecto relevante diz respeito à forma como o tempo de tela está inserido no cotidiano infantil, especialmente como mecanismo de recompensa ou distração. (GOMES et al., 2024), identificaram que muitas famílias utilizam os dispositivos eletrônicos como recurso para manter as crianças calmas durante as refeições, o que desvia a atenção da criança da comida e prejudica o processo de autorregulação alimentar. Essa prática, além de naturalizar o uso de telas à mesa, reforça a dependência emocional da criança por estímulos externos para comer, o que compromete a formação de uma relação autônoma e saudável com os alimentos.

A publicidade digital aparece como uma das variáveis mais discutidas nos estudos, tanto em sua dimensão quantitativa quanto qualitativa. (CECCATTO et al., 2018), destacam que as estratégias publicitárias dirigidas ao público infantil são altamente persuasivas, utilizando personagens animados, jingles e jogos interativos para promover alimentos ultraprocessados. (FATHIMA et al., 2024), por meio de uma abordagem qualitativa, relataram que profissionais da saúde reconhecem o impacto dessas estratégias nas escolhas alimentares das crianças, apontando para a necessidade de regulamentações mais rigorosas que limitem o acesso irrestrito a esses conteúdos. Esses dados indicam que há um desequilíbrio entre o poder da indústria alimentícia e a capacidade de escolha crítica das crianças, o que demanda intervenções institucionais mais robustas.

Embora os estudos abordem amplamente os efeitos do tempo de tela sobre a alimentação, ainda são escassas as investigações que analisam as diferenças de impacto entre os tipos de tela — televisão, smartphone, tablet ou computador. (BYUN et al., 2021), realizaram uma distinção relevante ao mostrar que o uso da internet para lazer está mais associado a comportamentos alimentares de risco do que o uso para fins educacionais. Essa diferenciação é importante, pois aponta que o problema não está apenas na quantidade de tempo de tela, mas também em sua finalidade e no conteúdo acessado. Portanto, futuras pesquisas devem considerar essas variáveis para propor orientações mais precisas às famílias e educadores.

No que tange ao papel da escola como agente transformador, observa-se que ela tem sido pouco abordada nos estudos analisados, o que representa uma importante lacuna na literatura. (DE LEPELEERE  et al., 2017), demonstraram que intervenções escolares, como vídeos educativos e práticas parentais modeladas por meio de exemplos positivos, são eficazes na redução do tempo de tela e no estímulo à alimentação saudável. Essa evidência destaca o potencial do ambiente escolar como espaço estratégico para o desenvolvimento de práticas alimentares adequadas e regulação do uso de tecnologias, sobretudo quando há integração entre educadores, nutricionistas e famílias.

A escassez de estudos com delineamento longitudinal limita a compreensão aprofundada da causalidade entre o tempo de tela e os hábitos alimentares. A maioria das evidências disponíveis baseia-se em estudos transversais, o que compromete a possibilidade de estabelecer relações de causa e efeito. (SIMONATO et al., 2018) avançaram nesse campo ao demonstrar, em um estudo prospectivo, que o tempo excessivo de televisão durante a infância influencia negativamente os padrões de alimentação e estilo de vida durante a adolescência. No entanto, são necessários mais estudos com seguimento em médio e longo prazo para validar essas associações e identificar períodos críticos para intervenção.

Outro ponto pouco explorado nos estudos é a influência da cultura e das práticas alimentares regionais na relação entre tempo de tela e alimentação. Os estudos incluídos na revisão abrangem populações de diferentes países — como China, Coreia do Sul, Brasil, Polônia e Índia —, mas não discutem em profundidade as especificidades culturais que podem influenciar tanto a exposição às telas quanto o padrão alimentar predominante. Por exemplo (HUO et al., 2022), relataram aumento no consumo de bebidas adoçadas entre crianças chinesas, enquanto (LEITE et al., 2022), destacaram o consumo de alimentos ultraprocessados em comunidades brasileiras. Essa diversidade aponta para a necessidade de estudos comparativos interculturais que identifiquem padrões comuns e variações contextuais.

As contribuições práticas dos estudos são amplas e fornecem subsídios para a formulação de estratégias de intervenção multissetoriais. (PEARSON et al., 2020) mostraram que programas de intervenção com foco simultâneo em educação nutricional e redução do tempo de tela são eficazes quando aplicados no contexto escolar e familiar. Esses achados reforçam que a abordagem deve ser integrada e considerar os múltiplos determinantes do comportamento alimentar, como o ambiente físico, o acesso a alimentos saudáveis, a qualidade da informação nutricional e os hábitos de consumo de mídia. Portanto, políticas públicas eficazes devem considerar a transversalidade do tema, articulando setores da saúde, educação, mídia e assistência social.

Em termos teóricos, os estudos analisados sustentam a ideia de que a alimentação infantil deve ser compreendida como um fenômeno multidimensional, que extrapola os aspectos nutricionais e incorpora elementos psicológicos, culturais e ambientais. A exposição prolongada às telas, especialmente durante as refeições, pode ser entendida como um fator disruptivo da relação natural entre fome, saciedade e prazer alimentar, comprometendo a construção de hábitos alimentares saudáveis e conscientes. (FATHIMA  et al., 2024); e (MASZTALERZ-KOZUBEK et al., 2024), reforçam essa perspectiva ao apontarem que o uso das telas interfere na percepção sensorial e emocional dos alimentos, deslocando o foco da criança para os estímulos externos. Assim, o tempo de tela deve ser analisado como uma variável que integra um ecossistema de influências sobre a alimentação, com implicações teóricas relevantes para a Nutrição Comportamental e a Educação Alimentar.

No que se refere às estratégias de enfrentamento, diversos estudos sugerem que a redução do tempo de tela deve ser acompanhada de ações educativas que estimulem o protagonismo das crianças na escolha alimentar. (JENSEN et al., 2022); e (PEARSON et al., 2020), destacam que, para além do controle parental, é necessário investir na formação de competências alimentares desde a infância, promovendo a autonomia, o senso crítico frente à publicidade e o prazer em comer. Intervenções que apenas limitam o uso de telas, sem propor alternativas de lazer e envolvimento com o preparo dos alimentos, tendem a ser menos eficazes e menos sustentáveis a longo prazo. Assim, a promoção de oficinas culinárias, hortas escolares e campanhas lúdicas pode contribuir para o fortalecimento de uma cultura alimentar saudável.

Uma importante implicação prática dos estudos analisados diz respeito à capacitação de profissionais da saúde e da educação para lidarem com os impactos do tempo de tela na alimentação infantil. (FATHIMA et al., 2024), apontaram que pediatras e fonoaudiólogos reconhecem a influência da exposição às telas durante as refeições, mas muitas vezes não recebem formação adequada para orientar as famílias sobre essa questão. Essa lacuna formativa limita o alcance das ações preventivas e demonstra a necessidade de incluir o tema do uso de telas nos currículos de graduação e nos programas de educação continuada. O nutricionista, nesse contexto, assume um papel central na mediação entre informação técnica e prática familiar, sendo agente fundamental para transformar o conhecimento em hábitos cotidianos.

Os dados também sugerem que políticas públicas voltadas à regulação da publicidade infantil ainda são insuficientes frente ao volume de conteúdo veiculado em plataformas digitais. (CECCATTO  et al., 2018); e (ALMEIDA et al., 2002), já haviam alertado para o predomínio de produtos com alta densidade calórica nas propagandas dirigidas a crianças, e essa realidade se intensificou com a migração para o ambiente online. A ausência de regulamentações específicas para influenciadores digitais e jogos interativos, por exemplo, permite que a indústria alimentícia alcance o público infantil com ainda mais eficácia, driblando as restrições aplicadas à televisão tradicional. Assim, há uma necessidade urgente de atualizar a legislação vigente e promover a responsabilização das empresas de tecnologia no controle dos conteúdos dirigidos às crianças.

Ao observar os estudos sob uma perspectiva de saúde pública, constata-se que a relação entre tempo de tela e alimentação inadequada constitui um fator de risco coletivo que demanda atenção intersetorial. (LEITE et al., 2022); e (GOMES et al., 2024), demonstram que a prevalência de comportamentos de risco alimentares é maior em comunidades com menor acesso a recursos e informações de qualidade. Nesse cenário, políticas de combate à fome e à insegurança alimentar devem incluir ações voltadas ao uso responsável da tecnologia, integrando o tema da mídia digital nas políticas de alimentação e nutrição. Essa abordagem seria capaz de reduzir as desigualdades no acesso à informação e promover práticas alimentares mais saudáveis, sobretudo entre crianças em situação de vulnerabilidade social.

Apesar dos avanços metodológicos observados em alguns estudos, é importante reconhecer limitações que comprometem a generalização dos achados. A maioria das pesquisas utilizou questionários autorreferidos e delineamentos transversais, que, embora úteis para análises exploratórias, são suscetíveis a vieses de memória e não permitem inferir causalidade. Apenas (SIMONATO et al., 2018), adotaram um modelo longitudinal robusto. Além disso, os critérios de definição de “tempo excessivo de tela” variaram entre os estudos, dificultando a comparação direta entre os achados. Tais limitações indicam a necessidade de padronização dos instrumentos de coleta, de maior rigor metodológico e de triangulação de dados qualitativos e quantitativos para fortalecer as evidências no campo.

Uma contribuição importante dos estudos analisados é a constatação de que o tempo de tela não afeta apenas o comportamento alimentar, mas interfere na construção da identidade alimentar da criança. (CHU et al., 2024), demonstraram que a exposição precoce e intensa às redes sociais está relacionada ao desenvolvimento de preocupações corporais e transtornos alimentares na adolescência. Essa influência se dá, em parte, pela idealização de corpos e estilos de vida promovidos por influenciadores digitais e pela internalização de padrões de beleza inatingíveis. Tais fenômenos afetam a percepção da imagem corporal e reforçam práticas alimentares disfuncionais, tornando evidente que a educação nutricional deve ser integrada a programas de saúde mental e de uso consciente das mídias.

Também é possível observar, a partir da literatura revisada, que o tempo de tela funciona como um mediador comportamental que impacta múltiplas dimensões do cotidiano infantil: desde a relação com os alimentos até a interação social e familiar. (PILAR e KAFER 2021), destacam que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos compromete não apenas a qualidade da alimentação, mas também o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor das crianças. Assim, as intervenções propostas devem ter caráter multifocal, contemplando não apenas recomendações nutricionais, mas também orientações sobre organização de rotinas, estímulo a brincadeiras ao ar livre e fortalecimento dos vínculos interpessoais no ambiente doméstico.

Os estudos também apontam que, para serem efetivas, as ações de combate aos efeitos do tempo de tela na alimentação infantil devem ser adaptadas às realidades locais. (ROCKA et al., 2022); e (HUO et al., 2022), ao investigarem contextos polonês e chinês, respectivamente, evidenciaram que fatores culturais, estrutura familiar, tipo de moradia e acesso a alimentos saudáveis influenciam fortemente os resultados das intervenções. Portanto, é essencial que programas de prevenção sejam sensíveis às diferenças regionais e culturais, promovendo estratégias baseadas na escuta ativa das comunidades e no protagonismo das famílias.

Em termos de direções para futuras pesquisas, há uma carência significativa de estudos com enfoque qualitativo que explorem as percepções e experiências de crianças e pais em relação ao uso de telas e à alimentação. A maior parte dos trabalhos analisados adota métodos quantitativos, o que limita a compreensão mais profunda sobre as motivações, crenças e hábitos cotidianos relacionados ao tema. Investigações etnográficas, entrevistas em profundidade e grupos focais poderiam enriquecer o campo com dados mais subjetivos, ampliando o escopo de compreensão e contribuindo para a elaboração de políticas públicas mais sensíveis às realidades familiares.

Por fim, a presente análise reforça a necessidade de que o tempo de tela seja reconhecido como uma variável-chave na construção dos hábitos alimentares infantis. Embora o acesso à tecnologia digital seja inevitável e até necessário em determinados contextos educacionais, o uso desregulado e não mediado pode gerar efeitos adversos duradouros à saúde física e emocional das crianças. Os estudos revisados demonstram de forma consistente que o tempo de tela está associado ao consumo de alimentos ultraprocessados, à redução da percepção de saciedade, à exposição à publicidade nociva e ao surgimento de transtornos alimentares. Portanto, conclui-se que a promoção da saúde nutricional infantil no contexto digital exige uma abordagem integrada, multidisciplinar e comprometida com o desenvolvimento pleno e saudável da criança.

5. CONCLUSÃO

A análise dos estudos permitiu concluir que há uma associação significativa entre o tempo excessivo de exposição a telas e a adoção de hábitos alimentares inadequados na infância, como o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e a redução da ingestão de frutas e vegetais. A pesquisa atingiu seus objetivos ao evidenciar que fatores como o uso de dispositivos durante as refeições, a influência da publicidade digital e o ambiente familiar exercem papel central na formação do comportamento alimentar infantil. Como contribuição prática, o trabalho reforça a necessidade de estratégias interdisciplinares envolvendo família, escola e políticas públicas na promoção de uma alimentação saudável aliada ao uso consciente da tecnologia. Recomenda-se que pesquisas futuras aprofundem os aspectos qualitativos dessa relação e considerem diferentes contextos sociais e culturais. Diante da relevância do tema, os achados podem subsidiar ações educativas e preventivas voltadas à saúde nutricional infantil em um cenário cada vez mais digitalizado.

6. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, S. de.NASCIMENTO, P. C. B; QUAIOTI, T. C.B.Quantidade e qualidade de produtos alimentícios anunciados na televisão brasileira. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 3, p. 353–355, jun. 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000300016. Acesso em: 28 de fev. 2025.

BYUN, D., KIM, R & OH, H (2021). Leisure-time and study-time Internet use and dietary risk factors in Korean adolescents. The American journal of clinical nutrition, 114(5), 1791–1801. Disponível em: https://doi.org/10.1093/ajcn/nqab229. Acesso em: 02 de mar de 2025.

CARVALHO, K. M.; GRANDO, R. L.; BRITTO, J.A. Os efeitos do tempo de tela em crianças e adolescentes: um levantamento bibliográfico. In: FERNANDES, J. R; SILVA, M. A. (orgs.) Saúde e desenvolvimento infantil: aspectos contemporâneos. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira/Fiocruz, 2020. p. 75-96. Disponível em: https://observatorio.fiocruz.br/sites/default/files/observatorio_da_fiocruz_em_ctei_-_estudo_screentime.pdf. Acesso em: 07 de mar. de 2025

CECCATTO, D.; F.L.; MENDONÇA, M. S.; RIBEIRO, A. L. A influência da mídia no consumo alimentar infantil: uma revisão da literatura. Conselho Editorial, v. 15, n. 2, p. 140-160, 2018. Disponível em: https://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/157_700.pdf. Acesso em: 12 mar de 2025

CHU, J.; GASON, K. T., TESTA, A., AL-SHOAIBI, A. A. A., JACKSON, D. B., RODGERS, R. F., HE, J., BAKER, F. C., &¨NAGATA, J. M. (2024). Screen time, problematic screen use, and eating disorder symptoms among early adolescents: findings from the Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD) Study. Eating and weight disorders: EWD, 29(1), 57. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s40519-024-01685-1. Acesso em: 12 de mar. de 2025.

DE LEPELEERE, S., VERLOIGNE, M.; CARDON, G.; DE BOURDEAUDHUIJ, I. O efeito de uma intervenção de vídeo online ‘Modelos de Filmes’ em práticas parentais específicas e autoeficácia parental relacionadas à atividade física, tempo de tela e dieta saudável das crianças. Springer Public Health, v. 27, p. 123-140, 2017. Disponível em: DOI: 10.1186/s12889-017-4264-1. Acesso em: 15 de mar. de 2025.

FATHIMA N, VENKATRAMAN L, HARIHARAN TS. Qualitative study on the influence of mealtime screen exposure on children’s feeding practices: perspectives from paediatricians and speech-language pathologists in Chennai, Tamil Nadu. BMJ Open. 2024 Dec 10;14(12):e087904. Disponível em: DOI: 10.1136/bmjopen-2024-087904. Acesso em: 16 de mar. de 2025

FORLI, D. C.Tempo frente à tela e estado nutricional: um estudo com crianças e mães em uma unidade básica de saúde. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/143707. Acesso em: 16 de mar. de 2025.

GOMES, G.M.D., SOUZA, R. C. V., SANTOS, T. N., & SANTOS, L. C. (2024).Screen Exposure in 4-Year-Old Children: Association with Development, Daily Habits, and Ultra-Processed Food Consumption. International journal of environmental research and public health, 21(11), 1504. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijerph21111504. Acesso em: 25 de mar. de 2025.

HUO, J., KUANG, X., XI, Y., XIANG, C., YONG, C., LIANG, J., ZOU, H., & LIN, Q. (2022). Screen Time and Its Association with Vegetables, Fruits, Snacks and Sugary Sweetened Beverages Intake among Chinese Preschool Children in Changsha, Hunan Province: A Cross-Sectional Study. Nutrients, 14(19), 4086. Disponível em: https://doi.org/10.3390/nu14194086. Acesso em: 17 de mar. de 2025.

JENSEN, Melissa L. et al. Television viewing and using screens while eating: associations with dietary intake in children and adolescents. Appetite, v. 168, p. 105670, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105670. Acesso em: 21 de mar. de 2025.

LEITE, L. N .; DAMACENO. B. S.; LOPES, A. F. Consumption of ultra-processed foods and screen exposure of preschoolers living in a region of high social vulnerability in São Paulo, Brazil. ABCS Health Sci. 2022;47:022217 Disponível em: https://doi.org/10.7322/abcshs.2020129.1584. Acesso em: 28 de fev. de 2025.

MASZTALERZ-KOZUBEK, Daria. et al. The influence of early and current feeding practices, eating behaviors, and screen time on dietary patterns in Polish toddlers – A cross-sectional study. Appetite, v. 201, p. 107580, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.appet.2024.107580. Acesso em: 24 de mar. de 2025

OLIVEIRA, J. S.; BARRPS, J. C.; LIMA, M. G.; SANTOS, T. M . ERICA: uso de telas e consumo de refeições e petiscos por adolescentes brasileiros. Revista de Saúde Pública, v. 50, supl. 1, p. 7s, 2016. Disponível 

PEARSON, N., BIDDLE, S. J. H., GRIFFITHS, P. et al. Clustering and correlates of screen-time and eating behaviors among young children. BMC Public Health, 18, 753 (2018). Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12889-018-5698-9. Acesso em: 01 de abr. de 2025.

PEARSON, N., BIDDLE, S. J. H., GRIFFITHS, P. et al. Reducing screen-time and unhealthy snacking in 9–11 -year-old children: the Kids FIRST pilot randomized controlled trial. BMC Public Health 20, 122 (2020). Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12889-020-8232-9. Acesso em: 01 de abr. de 2025.

PEARSON, N., BIDDLE, S. J. H., GRIFFITHS, P. et al. Clustering and correlates of screen-time and eating behaviors among young adolescents. BMC Public Health, 17, 533 (2017). Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12889-017-4441-2. Acesso em: 01 de abr. de 2025.

PHILIPPI, S. T. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. Barueri: Manole, 2008. Disponível em: https://www.manole.com.br. Acesso em: 25 de mar. de 2025.

PILAR, G. E.; KAFER, M. A. Formação dos hábitos alimentares na primeira infância. Cascavel: Universidade Paranaense, 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Universidade Paranaense. Disponível em: https://www.unipar.br/documentos/411/Formacao_dos_Habitos_Alimentares_na_Primeira_Infancia.pdf. Acesso em: 14 de abr. de 2025

ROCKA, Ágata et al. The Impact of Digital Screen Time on Dietary Habits and Physical Activity in Children and Adolescents. Nutrients, Basel, v. 14, n. 2985, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.3390/nu14142985. Acesso em: 10 abr. 2025.

RODRIGUES, R. da R. M.; de SOUZA, B. da S. N.; CUNHA, D. B.; ESTIMA, C. P.; SICHIERI, R.; YOKOO, E. M. Association between screen time and the variation of food intake markers among school-aged adolescents in Niterói/RJ, Brazil. Cadernos de Saúde Coletiva, v. 28, n. 1, p. 24–33, jan. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1414-462X202028010074. Acesso em: 28 de abr. de 2025.

SIMONATO, Isabelle et al. Prospective associations between toddler televiewing and subsequent lifestyle habits in adolescence. Preventive Medicine, v. 110, p. 24-30, 2018. ISSN 0091-7435. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2018.02.008. Acesso em: 21 de abr. de 2025.

SILVA, I. M. Análise da influência do tempo de tela sobre os hábitos alimentares de escolares. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Santa Cruz. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/34698. Acesso em: 19 de mar. de 2025.

SILVA, A. B.; SOUZA, R. T.; CASTRO, M. L . Situação socioeconômica, tempo de tela e de permanência na escola e o consumo alimentar de crianças. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, n. 1, p. 257-267, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232023281.05772022. Acesso de 15 de abr. de 2025.

SILVA, M. R.; CARVALHO, J. P. Influência da mídia e do tempo de tela no consumo alimentar infantil. Jornal de Nutrição Infantil, v. 6, n. 2, p. 210–220, 2022. Acesso em: 14 de mar. de 2025.

TAMBALIS, K. D., PANAGIOTAKOS, D. B., PSARRA, G., & SIDOSSIS, L. S. (2020). Screen time and its effect on dietary habits and lifestyle among schoolchildren. Central European journal of public health, 28(4), 260–266. Disponível em: https://doi.org/10.21101/cejph.a6097. Acesso em: 29 de abr. de 2025.

VALLE, J. M. N.; EUCLYDES, M. P. A formação dos hábitos alimentares na infância: uma revisão de alguns aspectos abordados na literatura nos últimos dez anos. Revista APS, v. 10, n. 1, p. 56–65, jan./jun. 2007. Disponível em: https://www2.ufjf.br/nates//files/2009/12/Hinfancia.pdf. Acesso em: 01 de mai. de 2025.


1Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Evangélica de Goiás – camillyvas@hotmail.com
2Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Evangélica de Goiás – julliabraga7@hotmail.com
3Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Evangélica de Goiás – isabellamoreira72@hotmail.com
4Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Evangélica de Goiás – rayanenvs3517@gmail.com
5cyntia.borges@unievangelica.edu.br – Professora orientadora