ORAL HEALTH AS AN INDICATOR OF GENERAL HEALTH: THE IMPORTANCE OF PREVENTION AND INTEGRATED CARE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202505181707
Lucianna de Souza Silva1
Vívian de Moura Silva1
Ana Lúcia Roselino Ribeiro2
Resumo
Este trabalho visa analisar a saúde bucal como um indicador de saúde geral, enfatizando o papel da promoção à saúde e do atendimento integrado multidisciplinar. Essa abordagem busca examinar o elo existente entre as condições bucais e sistêmicas dos indivíduos, através da análise bibliográfica em artigos científicos, livros e documento oficiais. A temática evidencia que doenças orais, como a periodontite, desencadeiam e podem ser desencadeadas pelo cenário sistêmico do paciente, como doenças cardiovasculares, Diabetes Mellitus e complicações gestacional. A metodologia elegida propicia a verificação de uma perspectiva completa sobre o assunto, dando ênfase a íntima ligação existente entre boca e corpo, considerando-os sistemas integrados e que refletem alterações, além de demonstrar a necessidade por abordagens preventivas e do cuidado completo. A análise detalhada assegura a importância de boas práticas de higiene oral, atreladas a visitas regulares ao dentista e adoção de bons hábitos alimentares, bem como a importância do diagnóstico precoce e tratamento eficaz, advindas de um olhar conjunto de profissionais da saúde. O estudo observou e concluiu que a saúde bucal é uma extensão da saúde geral, e que os cuidados preventivos e integrais são estratégias importantes para promover o bem-estar pessoal.
Palavras-chave: Saúde Oral. Doenças Sistêmicas. Prevenção Odontológica. Qualidade de Vida.
1 INTRODUÇÃO
Em muitas vezes, as manifestações orais são negligenciadas, mesmo impactando consideravelmente os parâmetros gerais de saúde e sendo de extrema importância para o bem-estar do indivíduo. A cavidade oral é participante do sistema estomatognático, grande responsável por funções essenciais para o pleno funcionamento fisiológico do organismo, como digestão e comunicação, mas também pode servir como porta de entrada para micro-organismos patogênicos, os quais podem afetar órgãos e sistemas do corpo humano. A ausência de uma higiene bucal adequada pode resultar em doenças periodontais, cárie e infecções que, se não forem tratadas, podem causar sérias complicações sistêmicas (BRASIL, 2022).
Estudos científicos apontam uma observação relevante entre a saúde bucal e diversas condições sistêmicas. A periodontite, por exemplo, tem sido vinculada ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, uma vez que uma inflamação gengival crônica pode elevar os níveis de marcadores imunológicos, como a proteína C-reativa, favorecendo o desenvolvimento de aterosclerose (INSTITUTO PAULA MACHADO, 2023). Além disso, a relação bidirecional entre diabetes e doenças periodontais evidencia que indivíduos diabéticos apresentam maior suscetibilidade a infecções gengivais, ao passo que a periodontite pode dificultar o controle glicêmico, agravando o quadro da doença (CROSP, 2023).
Em gestantes, infecções bucais não tratadas podem resultar em complicações como parto prematuro e baixo peso ao nascer, o que reforça a necessidade de cuidados odontológicos durante o pré-natal (CROSP, 2023). Assim, fica claro a relevância de adotar práticas corretas de higiene oral, de realizar consultas odontológicas regulares e de manter uma dieta balanceada.
Neste cenário, o objetivo deste estudo é analisar a saúde bucal como um indicador da saúde geral, enfatizando a relevância da prevenção e do cuidado composto. O estudo é justificado pela necessidade de ampliar o entendimento sobre a conexão entre enfermidades bucais e sistêmicas, além da importância de implementar estratégias preventivas que fomentem um atendimento agregado e multidisciplinar. Assim, busca-se auxiliar na implementação de medidas que promovam a saúde da população de forma abrangente.
2 REVISÃO DA LITERATURA
A saúde bucal tem sido bastante vista como parte importante da saúde em geral, sendo afetada por fatores biológicos, comportamentais, sociais e ambientais. A cavidade oral tem um papel chave não só em comer e falar, mas também reflete o estado de saúde sistêmico do indivíduo. Autores como Chapple et al. (2013) e Lockhart et al. (2012) mostram que doenças bucais não tratadas podem desencadear ou acentuar condições sistêmicas, afetando͏ órgãos deficientes e defasando a qualidade de vida. Além disso, o impacto da saúde bucal vai além do bem-estar físico, influenciando aspectos emocionais, sociais e psicológicos, uma vez que problemas odontológicos podem levar a prejuízos funcionais, motores e estéticos.͏
Offenbacher et al. (2009), Mealey (2007) e Humphrey et al. (2008) investigaram a conexão entre doenças bucais e sistêmicas, destacando a relevância da prevenção e do cuidado integrado. Condições como cárie dentária, gengivite e periodontite podem estar ligadas a problemas da saúde cardiovascular, diabetes e complicações gestacionais, enfatizando a importância de estratégias multidisciplinares na promoção à saúde. A deficiência no cuidado com a higiene oral pode levar à presença constante de micro-organismos patogênicos na boca, favorecendo processos inflamatórios que podem se propagar pelo corpo e afetar o funcionamento de vários sistemas.
Portanto, entender as conexões entre boca e corpo, é crucial para a execução de políticas públicas eficazes e para a criação de estratégias preventivas que proporcionem qualidade de vida. Esta revisão de literatura discute as relações mais significativas entre a saúde bucal e as condições sistêmicas, além de enfatizar ações essenciais para a prevenção, detecção antecipada e promoção da saúde bucal e geral.
2.1. Saúde Bucal e Doenças Sistêmicas
A inter-relação entre saúde bucal e doenças sistêmicas tem sido objeto de crescente investigação científica, uma vez que inflamações e infecções na cavidade oral podem desempenhar um papel significativo na patogênese de diversas doenças. Segundo Chapple et al. (2013), a periodontite é uma condição inflamatória crônica que pode acarretar malefícios à saúde geral, especialmente por meio da disseminação de bactérias periodontopatogênicas e mediadores inflamatórios para a corrente sanguínea. Essas alterações estão associadas ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, diabetes, complicações gestacionais e outras condições inflamatórias crônicas.
Estudos de Mealey et al. (2007) apontam que a inflamação gengival pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, uma vez que micro-organismos presentes na boca podem entrar na circulação sanguínea e desencadear processos inflamatórios sistêmicos. De acordo com Humphrey et al. (2008), pacientes com periodontite apresentam níveis elevados de proteína C-reativa e interleucina-6, ambos relacionados ao risco aumentado de aterosclerose e eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Além disso, a American Heart Association (AHA) confirma a associação entre periodontite e doenças cardiovasculares, apontando que a presença crônica de inflamação pode contribuir para o espessamento das paredes arteriais e para a formação de placas ateroscleróticas (LOCKHART et al., 2012). Embora ainda não exista consenso absoluto sobre uma relação causal direta, as diretrizes da AHA e outras entidades médicas reconhecem a saúde bucal como um fator que pode influenciar a saúde cardiovascular, indicando que a manutenção da higiene oral pode ser uma estratégia relevante na redução do risco de complicações cardiovasculares.
Outro aspecto significativo é a conexão bidirecional entre doenças periodontais e diabetes. Segundo Mealey e Oates (2006), a periodontite pode apresentar variações no controle glicêmico, o que dificulta o ajuste dos níveis de glicose no sangue. Isso acontece porque a inflamação persistente na gengiva pode intensificar a resistência à insulina, complicando o gerenciamento do diabetes. Indivíduos com diabetes têm uma resposta imunológica modificada e uma cicatrização prejudicada, tornando-se mais propensas ao avanço da doença periodontal (PAPAPANOU et al., 2018).
Uma revisão conjunta da Federação Europeia de Periodontologia e da Academia Americana de Periodontologia de Chapple et al. (2013), sugere que seres com diabetes têm uma prevalência e severidade mais elevadas de doenças periodontais. De acordo com Chapple et al. (2013), o tratamento da periodontite pode auxiliar na diminuição da hemoglobina glicada (HbA1c), um indicador crucial do controle da glicose no sangue. Portanto, a supervisão odontológica constante e a adoção de ações preventivas são essenciais para pacientes diabéticos.
A saúde oral também exerce um impacto significativo durante a gestação, podendo afetar a saúde materna e fetal. Estudos de Offenbacher et al. (2009) demonstram que a presença de infecções bucais, como a periodontite, pode estar associada a complicações obstétricas, incluindo parto prematuro e baixo peso ao nascer. Acredita-se que a disseminação de mediadores inflamatórios na corrente sanguínea materna pode desencadear respostas fisiológicas que resultam em complicações gestacionais (OFFENBACHER et al., 2009).
Segundo Boggess e Urlaub (2010), gestantes com doença periodontal apresentam um risco de parto prematuro espontâneo e pré-eclâmpsia. A inflamação gengival pode induzir a produção de prostaglandinas e citocinas inflamatórias, que estão associadas à indução do trabalho de parto precoce. Além disso, Offenbacher et al. (2009) indica que gestantes com periodontite têm maior predisposição ao desenvolvimento de diabetes gestacional, o que reforça a importância do cuidado odontológico no pré-natal.
Diante desse quadro, organizações como o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) recomendam que a avaliação odontológica seja parte integrada do acompanhamento pré-natal, alterações à prevenção e ao tratamento de possíveis infecções bucais que possam comprometer a saúde materno-fetal (HAN et al., 2017).
Além das doenças cardiovasculares, diabetes e complicações gestacionais, outras condições sistêmicas podem ser influenciadas pela saúde bucal. A pneumonia aspirativa, por exemplo, é uma infecção pulmonar que pode ocorrer quando micro-organismos presentes na cavidade oral são aspirados para os pulmões, sendo especialmente perigoso em idosos e indivíduos imunocomprometidos (AZARPADAN et al., 2018).
Da mesma forma, evidências de Milkus et al. (2014) sugerem que a artrite reumatoide pode ter sua progressão influenciada por infecção periodontal. Segundo Mikuls et al. (2014), a presença de Porphyromonas gingivalis, uma das principais bactérias associadas à periodontite, pode contribuir para a ativação do sistema imunológico e a exacerbação da resposta inflamatória da artrite reumatóide.
Portanto, fica evidente que a saúde bucal não deve ser isolada, mas sim como um componente essencial da saúde sistêmica. A prevenção e o tratamento de doenças periodontais não apenas preservam a integridade da cavidade bucal, mas também desempenham um papel fundamental na redução do risco e da gravidade de diversas condições sistêmicas.
2.2. Prevenção e Promoção da Saúde Bucal
A forte associação entre saúde bucal e condições sistêmicas reforça a necessidade de medidas preventivas eficazes. Segundo Sheiham (2005), a higiene bucal adequada, incluindo a escovação regular com creme dental fluoretado e o uso do fio dental, é essencial para a prevenção da cárie dentária e de doenças periodontais. A presença de biofilme dental não controlado pode levar à inflamação gengival e, consequentemente, à periodontite, que tem sido associada a diversas doenças sistêmicas, como diabetes e doenças cardiovasculares (PETERSEN et al., 2005).
A alimentação também tem papel crucial na manutenção da saúde bucal. De acordo com Moynihan e Petersen (2004), dietas ricas em açúcares livres favorecem o crescimento de micro-organismos cariogênicos, como Streptococcus mutans, elevando o risco de desenvolvimento de cárie. Além disso, as deficiências nutricionais podem comprometer a resposta imunológica do hospedeiro, facilitando o avanço da infecção periodontal (MARSH; MARTIN, 2009). Assim, as estratégias de promoção à saúde devem incluir recomendações alimentares, incentivo ao consumo reduzido de açúcares e a adoção de uma dieta balanceada, rica em frutas, verduras e fontes de cálcio.
A integração entre profissionais também é essencial para um atendimento eficaz. Estudos apontam que a abordagem interdisciplinar melhora os avanços clínicos de pacientes com condições crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares (Gupta et al., 2013). A atenção primária deve incluir o rastreamento de fatores de risco para doenças orais e sistêmicas, bem como o encaminhamento adequado para especialistas, garantindo um atendimento mais abrangente (PERES et al., 2019). Dessa forma, a promoção à saúde bucal deve ser considerada parte de uma estratégia global de prevenção e bem-estar.
3 METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e exploratória, fundamentada em uma revisão integrativa da literatura. A escolha dessa abordagem justifica-se pela necessidade de compreender, de forma ampla e aprofundada, as relações entre saúde bucal e saúde sistêmica, levando em consideração estudos científicos, diretrizes internacionais e evidências clínicas. Segundo Mendes, Silveira e Galvão (2008), uma revisão integrativa permite uma síntese do conhecimento disponível sobre determinado tema, possibilitando uma análise crítica das evidências existentes. Dessa forma, a presente pesquisa buscou reunir informações relevantes para compreender a importância da saúde bucal como um indicador da saúde geral, e a necessidade da adoção de práticas preventivas e do cuidado transdisciplinar.
A pesquisa foi realizada a partir de um levantamento bibliográfico e documental, abrangendo artigos científicos indexados em bases de dados reconhecidas, como PubMed, SciELO e Google Scholar. Além disso, foram utilizados documentos oficiais de órgãos de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde do Brasil e a American Dental Association (ADA). A seleção de materiais seguiu rigorosos critérios de inclusão e exclusão, de modo a garantir a qualidade e a relevância das fontes utilizadas. Foram considerados apenas artigos publicados nos últimos vinte anos, entre 2004 e 2024, disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol, e que abordam diretamente a relação entre saúde bucal e condições sistêmicas, prevenção odontológica e cuidados interdisciplinares. Trabalhos não revisados por pares, resumos de congressos, teses não publicadas e artigos sem relação direta com o tema foram excluídos da análise.
A coleta de dados foi realizada entre janeiro e março de 2024, utilizando descritores específicos combinados com operadores booleanos. Para pesquisas em português, foram empregados os termos “saúde bucal”, “doenças sistêmicas”, “periodontite”, “diabetes”, “doença periodontal”, “doenças cardiovasculares”, “prevenção odontológica” e “promoção à saúde”. Em inglês, foram utilizados os termos “oral health”, “systemic diseases”, “periodontitis”, “diabetes”, “periodontal disease”, “cardiovascular diseases”, “dental prevention” and “health promotion”. As buscas foram realizadas de forma estruturada, garantindo a recuperação de um expressivo número de artigos pertinentes sobre o tema.
Após a obtenção dos materiais, foi realizada uma leitura exploratória para a seleção dos estudos mais relevantes, seguida de uma leitura analítica detalhada, a fim de avaliar a qualidade metodológica e os principais achados de cada pesquisa. Os dados extraídos dos artigos foram organizados em categorias temáticas, que incluem a relação entre saúde bucal e doenças sistêmicas, o impacto da periodontite em doenças crônicas, as estratégias de prevenção e promoção à saúde bucal e as abordagens interdisciplinares na Odontologia e na Medicina. Para a inspeção dos dados, utilizou-se a metodologia de análise de conteúdo proposta por Bardin (2011), que permite identificar padrões e convergências entre os estudos selecionados. A síntese das informações foi realizada de forma criteriosa, sendo os resultados exibidos em tabelas e apresentados à luz das evidências científicas atuais.
Entre as principais limitações desta pesquisa, destaca-se a dependência exclusiva de estudos secundários, uma vez que não foram coletados dados primários. Além disso, a escolha de restringir a investigação de artigos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol pode ter acesso limitado a outros estudos relevantes que estejam disponíveis em outras linguagens. No entanto, a inclusão de múltiplas bases de dados e a aplicação de critérios rigorosos de seleção dos materiais minimizam essas limitações, garantindo que uma revisão integrativa forneça um panorama abrangente e atualizado sobre a temática investigada.
A metodologia adotada neste estudo possibilita a construção de um entendimento sólido sobre a relação entre a saúde bucal e a saúde sistêmica, reforçando a importância das estratégias de prevenção e do cuidado integrado. A análise crítica da literatura permite não apenas a identificação de padrões já estabelecidos, mas também a sugestão de novas abordagens para fortalecer a integração entre Odontologia e outras especialidades médicas. Dessa forma, este estudo contribui para o aprimoramento das práticas de saúde pública e para a conscientização sobre a relevância da saúde bucal na manutenção do bem-estar geral.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma avaliação dos dados recolhidos por meio da revisão integrativa da literatura demonstrou que a saúde bucal está intimamente ligada à saúde geral, com várias evidências apontando a forte conexão entre doenças periodontais e condições como doenças cardiovasculares, diabetes e complicações gestacionais. Os dados coletados de artigos científicos, diretrizes de saúde pública e estudos clínicos foram organizados e debatidos com base nos temas centrais do estudo: a interação entre doenças bucais e sistêmicas, a prevenção de doenças periodontais e o efeito do atendimento interdisciplinar na saúde do paciente.
Os resultados da pesquisa evidenciaram uma clara associação entre doenças periodontais e condições sistêmicas. A periodontite, em particular, foi apontada como um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Segundo Tonetti et al. (2013), uma inflamação crônica associada à periodontite pode contribuir para a aterosclerose, uma das principais causas de doenças cardíacas. O estudo de Petersen e Ogawa (2012) corrobora essa relação, destacando que as bactérias presentes na cavidade bucal podem entrar na corrente sanguínea e desencadear processos inflamatórios sistêmicos, afetando não apenas o coração, mas também outros órgãos envolvidos.
Além disso, a literatura aponta que a periodontite pode prejudicar o controle glicêmico em indivíduos com diabetes. O trabalho de Mealey e Oates (2006) enfatiza que a resposta inflamatória exacerbada observada em pacientes diabéticos contribui para a progressão das infecções periodontais, dificultando o controle da glicose. Isso é validado por Grossi (2001), que sugere que a intensidade na microbiota oral também pode induzir resistência à insulina, agravando o quadro clínico do diabetes. Assim, a relação entre doenças bucais e doenças crônicas, como doenças cardiovasculares e diabetes, é complexa e bidirecional, o que enfatiza a necessidade de cuidados preventivos adequados na saúde bucal desses pacientes.
Outro achado importante foi a associação entre saúde bucal e complicações obstétricas. Estudos revisados indicam que mulheres com infecções bucais não tratadas, como periodontite, apresentam um risco aumentado de complicações durante a gestação, incluindo parto prematuro e baixo peso ao nascer. De acordo com Lopez et al. (2005), uma inflamação gengival pode induzir uma resposta inflamatória sistêmica que, por sua vez, afeta a gestação. A literatura sugere que a presença de mediadores inflamatórios na corrente sanguínea materna pode desencadear processos fisiológicos que resultam em complicações gestacionais, como pré-eclâmpsia e parto prematuro. Essa evidência destaca a importância da saúde bucal durante a gestação, sublinhando a necessidade de tratamentos preventivos para gestantes, com foco na redução da carga bacteriana oral.
No que tange às estratégias de prevenção, os resultados da pesquisa apontam que a adoção de práticas de higiene bucal adequadas, como a escovação regular e o uso do fio dental, continua sendo a principal forma de prevenção contra doenças periodontais. Uma análise de Moynihan e Petersen (2004) sobre o impacto da alimentação na saúde bucal revelou que dietas ricas em açúcares favorecem o crescimento de micro-organismos cariogênicos, aumentando o risco de cárie e inflamações gengivais. Nesse sentido, a promoção de hábitos alimentares saudáveis, aliada à orientação profissional, é um pilar fundamental para a manutenção da saúde bucal.
Além disso, uma pesquisa também mostrou que as visitas regulares ao dentista são essenciais para a detecção precoce de doenças bucais e para a implementação de medidas preventivas. A literatura revisada reforça a ideia de que o acompanhamento odontológico regular permite identificar sinais precoces de doenças periodontais, o que facilita uma intervenção antes que a doença se torne grave e impacte à saúde geral do paciente (Petersen, 2005).
Outro ponto destacado nos resultados é a importância da integração entre os profissionais de saúde bucal e os profissionais de saúde geral. A literatura demonstra que o modelo de atendimento interdisciplinar é eficaz para promover um cuidado integral ao paciente, permitindo o compartilhamento de informações e a abordagem conjunta das condições que envolvem múltiplos sistemas do organismo. O trabalho de Petersen (2005) enfatiza que a colaboração entre dentistas, médicos e outros profissionais de saúde é essencial para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado de condições que podem ter impacto na saúde geral. Assim, a promoção à saúde bucal deve ser entendida como parte de uma estratégia global de propagação à saúde e bem-estar, reconhecendo a interdependência entre saúde bucal e saúde geral.
Por fim, é importante ressaltar que a maioria dos estudos revisados foi observacional, o que limita a capacidade de estabelecer relações causais definitivas entre doenças bucais e condições sistêmicas. Embora a associação entre saúde bucal e saúde geral tenha sido amplamente discutida, mais estudos experimentais e clínicos são necessários para aprofundar o entendimento sobre os mecanismos biológicos envolvidos e para desenvolver novas estratégias de prevenção e tratamento. As futuras pesquisas também devem investigar o impacto das disciplinas multidisciplinares em larga escala, considerando a diversidade de situações e condições de saúde.
5 CONCLUSÃO
O estudo conduzido confirma que a saúde bucal é crucial para a preservação da saúde geral, e que doenças bucais, como a periodontite, estão ligadas a condições sistêmicas como doenças cardiovasculares, diabetes e complicações durante a gravidez. As descobertas sugerem que a prevenção e o tratamento correto das doenças bucais são fundamentais para prevenir o agravamento das doenças crônicas, destacando a relevância de uma assistência conjunta entre os profissionais de saúde.
Os objetivos propostos neste estudo, que incluíram examinar a conexão entre a saúde bucal e a saúde geral, além de explorar a relevância da prevenção e do cuidado integrador, demonstraram os efeitos positivos da propagação multidisciplinar de informações que promovam bons hábitos e bem-estar aos indivíduos. A investigação constatou que a saúde bucal pode ser vista como um importante indicador da saúde geral, impactando diretamente em outras condições sistêmicas. Além disso, uma análise bibliográfica enfatiza a importância de estratégias preventivas, tais como a escovação diária, o uso do fio dental, consultas regulares ao dentista e a adoção de uma dieta equilibrada.
Os dados indicam que é essencial a interligação entre profissionais de saúde, que propiciem um cuidado efetivo aos pacientes. Isso ajuda a aprimorar a qualidade de vida e reduzir complicações relacionadas a doenças sistêmicas. Não se considerar a boca de maneira isolada, nem tão poucos seus sinais e sintomas, é parte importante para compor um cuidado holístico que leva em consideração as interações entre manifestações orais e outros elementos da saúde do paciente.
As limitações deste estudo incluem uma análise exclusivamente bibliográfica, o que impede a realização de uma investigação mais aprofundada sobre as práticas preventivas em diferentes contextos clínicos. Para futuras pesquisas, sugere-se a realização de estudos clínicos e experimentais que possam avaliar de maneira mais direta o impacto da prevenção e do tratamento das doenças bucais na saúde geral, especialmente em situação com condições sistêmicas específicas. A realização de estudos longitudinais também pode fornecer uma visão mais detalhada sobre as interações entre a saúde bucal e as doenças crônicas ao longo do tempo.
Para concluir, este estudo destaca a importância de uma abordagem integrativa e preventiva para a saúde bucal, reafirmando seu papel essencial na promoção da saúde geral e no bem-estar dos pacientes.
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1 Discentes do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC. e-mail: lucs012@icloud.com e vivianmouraceddc2017@gmail.com.
2 Docente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC. e-mail: ana.roselino@unitpac.edu.br.