REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202505172352
Prof. Dr. Ernesto de Souza Pachito1
RESUMO
Cultura indiana e chinesa. Escultura. Comparação entre as artes pré-colombiana e chinesa. A representação quadrangular e suas variações. Possibilidade de contato direto entre as culturas pelo Pacífico. Cronologias.
Palavras-chaves: Arte Chinesa, Arte Indiana, Astecas, Olmecas, Paralelos
ABSTRACT
Indian and Chinese cultures. Sculpture. Comparison between pre-columbian and chinese art. Quadrangular representation and its variations. Possibility of a direct contact between these cultures by Pacific routes. Chronology.
Keywords: Chinese Art, Indian Art, Aztec, Olmec, Parallels
1. INTRODUÇÃO: ÍNDIA E CHINA ANTIGAS EM INTERAÇÃO
Este texto versa sobre a influência das artes e culturas indianas e chinesas antigas sobre a arte da América Pré-colombiana. Começando com alguns paralelos, vemos que, em um dado momento, o budismo exerceu influência sobre a cultura chinesa e, nesta proporção, a cultura chinesa pode ser vista como herdeira, em parte, da cultura indiana, ou como um “entreposto cultural” entre a Índia e as Américas, caso nossa hipótese esteja correta. Mas nem só de budismo constitui-se o pensamento chinês, também há o taoísmo e o confucionismo. O taoísmo, datado de cerca do século VI a.C., também guarda certas semelhanças com o pensamento indiano, no que tange a fatores como o pensamento por oposição complementar e a ideia de que nada podemos conhecer, nem afirmar, sobre o universo em sua “verdade”, ou essência, e sobre o Absoluto. E há traços de influência hindu sobre o pensamento taoísta, estando, no hinduísmo, o homem imerso em Maya, a ilusão. Os primeiros textos sagrados do hinduísmo, Os Vedas, têm seu núcleo principal datado de pelo menos 1500 a.C., segundo Marília Albanese (ALBANESE, 2006, p. 24).
Entretanto, existem manifestações de arte em bronze, que são autóctones nas regiões da China governadas pelas dinastias Xia, Shang e Zhou (entre os séculos XXI a.C. e III a.C.) (SCARPARI, 2006, p. 27-28) e que se assemelham a manifestações da arte da Mesoamérica, em outros materiais. E parte dessas datas é anterior ao budismo, e aparentemente aos Vedas, mas discorrermos sobre isto faz parte de uma análise de semelhanças entre as culturas indiana e chinesa, sobre a possibilidade de uma influência direta da primeira sobre a segunda, em alguma época.
Uma influência cultural da Índia sobre a China dar-se-ia com uma migração (massiva?) da primeira região para a segunda e não apenas com tripulações de navios ou com poucas pessoas migrando por terra, a menos que essas tripulações, ou grupos menores de migrantes, fossem missionários ativos, como aconteceu com os jesuítas no Brasil do século XVI d.C. e seguintes. Na verdade, a cultura chinesa, em geral, é anterior aos Vedas e deve ter agido conjunta ou alternadamente com a cultura indiana sobre as culturas da América Pré-colombiana.
2. OS MOTIVOS QUADRANGULARES
Uma característica de boa parte da arte mesoamericana, pelo menos a olmeca e a asteca, são as curvas em 90º. Já expusemos, em texto anterior, a semelhança entre padrões de espirais quadradas na arte chinesa e na arte indígena da América do Sul. Vejamos as figuras de 1 a 10:

Fig. 1
E vejamos a legenda do autor do blog de onde retiramos o exemplo da figura 1, Bibhu Dev Misra, um indiano graduado em Tecnologia da Informação e Administração e pesquisador amador. Salientemos que a história da Arqueologia tem a contribuição de diversos arqueólogos amadores que foram fundamentais para o desenvolvimento da disciplina. E aqui nem se trata de arqueologia e sim de se ver o que está exposto. Eis aqui, a legenda sobre a imagem anterior:
Monument 77: The Governor. This may not be a governor but a yogi, for he is seated in a yogic posture called Sukhasana, and his fingers are performing a mudra called “gyan mudra”, which is used during meditation. This sculpture led me to realize that the Olmecs were aware of yoga. Later, I saw online collections of many Olmec clay figurines and stone statues in various yoga postures. Check my article:
Olmec Yogis with Hindu beliefs: Did they migrate from ancient China? – Ancient Inquiries
(https://www.bibhudevmisra.com/2021/02/olmec-sculptures-in-la-ventamuseum.html Acesso em 10/04/2025).
Monumento 77: O Governador. Esta representação pode não ser a de um governador, mas de um iogue. Ele está sentado numa postura de ioga chamada Sukhasana, e seus dedos formam um mudra chamado “gyan mudra”, que é usado durante a meditação. Esta escultura levou-me a perceber que os olmecas estavam a par da ioga. Posteriormente, eu vi online coleções com muitas peças de cerâmica e estátuas de pedra olmecas em várias posturas de ioga. Confira meu artigo (Tradução livre):
Olmec Yogis with Hindu beliefs: Did they migrate from ancient China? – Ancient Inquiries
(https://www.bibhudevmisra.com/2021/02/olmec-sculptures-in-la-ventamuseum.html Acesso em 10/04/2025)
A próxima imagem (fig. 2), asteca, traz-nos a lembrança das grandes cabeças olmecas (fig. 3), quadrangulares, cuja interpretação é ainda incerta:

Fig. 2 Coyolxauhqui era a deusa da Lua ou da Via Láctea, renomada por ter sido assassinada pelo seu irmão Huitzilopochtl, o deus da guerra, na mitologia asteca. (Em tradução livre). (https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-14393/coyolxauhqui/ Acesso em 12/03/25).
By Carlos yo – Own work, CC BY-SA 4.0, (https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=42114694 Acesso em 12/03/25)
Vejamos o que seria talvez um exemplo de influência olmeca sobre a arte asteca (Figura 3) e também do caráter quadrangular de uma obra na seguinte ilustração:

Fig. 3 Cabeça Colossal 4 de San Lorenzo Tenochtitlán, Veracruz, México. Fotografada em uma exposição temporária no De Young Museum, São Francisco em 2006. A cabeça está em mostra permanente no Museo de Antropología de Xalapa em Veracruz, México. (Tradução livre).
By Marshall Astor (Life on the Edge), CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=19349056 (Acesso em 21/04/2025)
A figura 4 nos traz um outro exemplo, ainda mais notável, de escultura quadrangular olmeca. Vejamos:

Fig. 4
Fig. 4 (página anterior) México, cultura Olmeca, período pré-clássico médio, 900-400 a.C. Acrobata feito de esteatita, com pátina marrom, 23 x 26 cm/9.05 x 10.24 in.
Tradução livre da informação de um site de leilão (https://www.gazette-drouot.com/en/article/abeautiful-olmec-contortionist/25496 Acesso em 10/04/2025).
E agora outro exemplo, asteca (fig. 5):

Fig. 5
By Luis García, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3575340
Escultura em pedra representando a deusa Chalchiuhtlicue. Obra da cultura asteca. (Tradução livre do site, acesso em 21/04/2025)
A cronologia da civilização asteca vai do século XV d.C. ao início do século XVI d.C. (https://www.britannica.com/topic/Aztec Acesso em 10/04/2025). Poderia a cultura olmeca, tão anterior (cerca de 1400 a. C. ou 1200 a.C. – 400 d. C.), tê-la influenciado? Temos o exemplo da cultura de Teotihuacan, mais velha que a cultura asteca em vários séculos (do século I d.C. ao século VIII d.C., com apogeu entre 450 d.C. e 650 d.C.). Isto no site EnsinarHistoria.com.br (https://ensinarhistoria.com.br/teotihuacan-a-cidade-dosdeuses/#:~:text=Os%20astecas%20a%20consideraram%20sagrada,que%20a%20ladeav am%20eram%20t%C3%BAmulos Acesso em 27/04/2025). A cultura de Teotihuacan teria talvez influenciado os astecas.
Vejamos outra cronologia:
[Em Teotihuacan] A área foi assentada em cerca de 400 a.C., mas não experimentou crescimento urbano em larga escala até três séculos depois, com a chegada de refugiados de Cuicuilco, uma cidade destruída por atividade vulcânica. Não é sabido se o plano urbanístico básico também data dessa época. (Tradução livre de https://www.britannica.com/place/Teotihuacan Acesso em 27/04/2025)
Ainda:
Em torno de 750 d.C. a Teotihuacán central foi queimada, possivelmente durante uma insurreição ou uma guerra civil. Embora partes da cidade tenham sido ocupadas depois desse evento, muitas áreas ficaram em ruínas. Séculos depois, a área foi reverenciada por peregrinos astecas. (Tradução livre de https://www.britannica.com/place/Teotihuacan Acesso em 27/04/2025).
Esta cronologia coincide com a da cultura olmeca em 800 anos.
Quanto às culturas chinesas que dominaram o uso do bronze, temos a cultura Xia, (que data de cerca de 2070 a.C. a cerca de 1600 a.C.) (https://www.britannica.com/topic/Xiadynasty Acesso em 27/04/2025), e as culturas Shang e Zhou. Sobre a cultura Shang, temos:
As datas atribuídas para a fundação da dinastia Shang variam de em torno a 1760 a.C. a 1520 a.C. e a data de sua queda também variam, de 1122 a.C. a 1030 a.C. Seu período de governo tem sido tradicionalmente datado de 1766 a.C. a 1122 a.C. No entanto, um trabalho arqueológico mais recente localizou a data de início da dinastia Shang em torno a 1600 a.C. e identificou o fim desta dinastia em 1046 a.C. (Tradução livre de https://www.britannica.com/topic/Shang-dynasty Acesso em 27/04/2025)
E para a dinastia Zhou, os achados mais recentes localizaram o início [desta] dinastia em 1046 a.C. Esta dinastia terminou em 256 a.C. ( https://www.britannica.com/topic/Zhoudynasty Acesso em 27/04/2025). Tais culturas têm suas cronologias coincidindo com a olmeca em doze séculos, entre o século XV a.C., no surgimento da cultura olmeca, e o século III a.C., no declínio da dinastia chinesa Zhou.

Fig. 6 Teotihuacán, México. Cabeças de serpentes
By Diego Delso, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=30718629) Acesso em 21/04/2025
Há um ponto de interseção no tempo entre as culturas chinesas Xia (de cerca de 2070 a.C. a cerca de 1600 a.C.), Shang (com início entre 1760 a.C. a 1520 a.C. e queda também variando, de 1122 a.C. a 1030 a.C) e Zhou entre (1046 a.C. e 256 a.C.); e a cultura olmeca, esta influenciando posteriormente a cultura de Teotihuacan (do século I d.C. ao século VIII d.C.); e entre a olmeca e a cultura maia (cerca de 250 d.C. a 900 d.C., período de efetiva atividade escultórica dos maias). A cultura asteca sendo posterior (séculos XIV d.C. e XV d.C.).
Assim, após o declínio das civilizações de Teotihuacan e Maia (durante os séculos 9 e 10 d.C), temos, em sequência as civilizações dos toltecas (do século X d.C. ao século XII d.C.) e, por fim, a civilização Asteca. Vejamos agora alguns exemplos da arte tolteca (figs. 7 e 8):

Fig. 7 – Trono de pedra tolteca, Pós-classico anterior, 900 d.C. -1250 d.C.
By Gary Todd – https://www.flickr.com/photos/101561334@N08/9773060925/, (CC0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=96153488) Acesso em 9/5/2025.

Fig. 8 (página anterior) – Atlante (Guerreiro de Pedra) do templo de Tlahuizcalpantecuhtli, Tula, Hidalgo, Pós-clássico Anterior, 4,60 metros.
By Gary Todd – https://www.flickr.com/photos/101561334@N08/9772449495/, CC0, (https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=96153485) Acesso em 09/05/2025
Voltando para um pouco antes dos toltecas, a cultura maia, por sua vez, tem a seguinte cronologia:
Apesar de permanecer desconhecida a origem da cultura maia, acredita-se que eles surgiram entre 7.000 a.C. e 2.000 a.C., quando caçadores-coletores abandonaram hábitos nômades e estabeleceram assentamentos mais permanentes. Análises recentes sugerem que esses primeiros colonos eram provenientes da América do Sul e provavelmente passaram a cultivar seu alimento básico, o milho, em 4000 a.C. A cultura do milho mudou drasticamente a trajetória dos maias, literalmente alimentando o florescimento de sua sociedade e cultura.
(https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2022/09/quem-foram-osmaias-conheca-os-segredos-desta-antiga-civilizacao) Acesso em 6/5/2025.
Por fim:
Embora algumas cidades do norte continuassem a florescer, a maioria dos centros maias começou a entrar em colapso durante os séculos 9 e 10 d.C. As relações entre cidades se deterioraram, as guerras se intensificaram, o comércio entrou em declínio e a taxa de mortalidade aumentou.
(https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2022/09/quem-foram-osmaias-conheca-os-segredos-desta-antiga-civilizacao) Acesso em 6/5/2025.
No entanto:
No primeiro milênio a.C., os artistas maias começaram a esculpir em pedra, estuque, madeira, osso conchas e cerâmica cozida. Durante o Período Clássico, (cerca de 250 d.C.a 900 d.C.), reis e rainhas de poderosas cidades-estados, como Tikal, Calakmul, Palenque, e Copán, encomendaram obras de arte para cobrir os edifícios de suas cortes e seus corpos reais.
(Tradução livre de https://www.metmuseum.org/pt/essays/ancient-maya-sculpture) Acesso em 7/5/2025.
Vejamos agora algumas obras maias (figs. 9 e 10):

(fig. 9) Deus do milho maia, escultura de Copan.
By Infrogmation – Own work, CC BY-SA 4.0, (https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=102471249) Acesso em 9/5/2025.
Esta primeira com muita semelhança com obras indianas ou balinesas ou cambojanas.
Trata-se de um deus do milho da cidade de Copan. Vejamos outra imagem (fig. 10):

Fig. 10 (página anterior) – Closeup de uma figura de homem sentado maia. Entre 600 a.C. e 900 a.C. Portland Art Museum
By Mary Harrsch – Own work, CC BY-SA 4.0, (https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=79654253 ) Acesso em 9/5/2025.
A figura 10 não nos mostra uma configuração ortogonal, e sim, um rosto esférico, com os dentes à mostra, como as esculturas de leões guardiões indianos do templo (budista) de Angkor Wat, no Camboja. Sua data coincide com a dos maias. Vamos à fig. 11:

Fig. 11
Fig. 11 (página anterior) Leão guardião, Cambodja, estilo Angkor Wat, séculos 11 d.C. a 12 d. C., arenito – Honolulu Museum of Art.
By Hiart – Own work, CC0, (https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=19063773) Acesso em 10/5/2025.
Falando de duração de um estilo artístico ou arquitetônico, ou seja, da possibilidade dos estilos olmecas e de Teotihuacan terem suportado o intervalo de tempo entre seu fim (400 d.C. para os olmecas e 750 d.C. para Teotihuacan) e a cronologia da arte asteca, podemos citar a arte do Egito antigo que permaneceu inalterada por muitos séculos, cerca de três mil anos. Transformou-se no período de Akhenaton e depois voltou aos modelos antigos. Será que fenômeno semelhante aconteceu com a arte na América Central pré-colombiana? E por que estamos falando de astecas neste ponto do texto? Porque no segundo milênio de nossa era, em torno do século XV d.C., houve pelo menos uma viagem da China às Américas e talvez, no caso de ter ocorrido mais de uma viagem, tenha havido a permanência de alguns chineses em solo da América, por tempo suficiente para um processo de transmissão cultural. O que pode denotar uma influência direta da cultura chinesa sobre a cultura asteca, coincidindo as cronologias asteca, do século XV d.C ao século XVI d.C., e as viagens chinesas pelo Pacífico, no século XVI.
2.1. ORTOGONALIDADE E CHINA ANTIGA
Voltando, a arte chinesa também apresenta essa característica de ortogonalidade, e, repetindo, se for argumentado que há um grande intervalo de tempo entre as representações em bronze exibidas a seguir e as representações astecas exibidas anteriormente neste texto, podemos também argumentar que houve influências de culturas anteriores à asteca, como a olmeca (pelo menos), conforme dissemos, sobre a asteca. esta última contemporânea em parte às obras chinesas expostas a seguir, como já foi dito. Vejamos os exemplos:

Fig. 12 – Ancient Chinese Writing on Shang Bronze Yue Axe with Inscription “Yachang”
By Gary Todd – https://www.flickr.com/photos/101561334@N08/10184728284/, CC0, (https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=97553995) Acesso em 4/03/2025.
Veja-se, na figura 12, a representação de duas cabeças de aves, laterais, cujos bicos são tratados de forma ortogonal. Trata-se de um vaso da Dinastia Shang.
A figura chinesa a seguir (fig. 13) apresenta também características de ortogonalidade nos contornos da figura:

Fig. 13
Fig. 13 (página anterior) – Escavada próximo a Luoyang, a capital da dinastia Zhou Oriental (770–256 a. C.), representando um homem ajoelhado segurando uma vasilha em forma de tubo que pode ser um tipo de tocha em uma tumba […]. (28.58 × 15.24 × 15.24 cm)
(https://collections.artsmia.org/art/825/kneeling-figure-china) Acesso em 04/04/2025.
Vejamos mais motivos quadrangulares na figura 14:

Fig. 14
Fig. 14 – Recipiente para vinho (Hu). Dinastia Zhou ocidental (1046 a.C. – a.C.). De fins do século IX a.C. – ao início do século VIII a.C. À medida que a máscara animal Shang (veja fig. 12) foi perdendo seu significado simbólico sob os Zhou, este simbolismo dissolveu-se em um padrão ornamental, como aqui, onde um “olho” é cercado por linhas curvas em forma de ganchos. Tradução livre.
(https://www.metmuseum.org/art/collection/search/44516) Acesso em 12/5/2025.

Fig. 15
Vaso quadrado para serviço, Shang Tardio, por Mountain.
CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=658325
Diz o texto do site:
O Shang Tardio, também conhecido como período período Anyang, é a primeira civilização letrada da China, abrangendo os reinados dos últimos nove reis da dinastia Shang, começando com Wu Ding na segunda metade do século XIII a.C. e terminando com a conquista de Shang pelos Zhou em meados do século XI a.C. (https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=658325) Acesso em 12/5/2025.
Para encerrarmos estas especulações, por ora, exibimos visualmente, a análise fenomenológica de Bibhu Dev Misra, o arqueólogo e antropólogo amador indiano, lembrando que, pelo menos no caso da arqueologia, até hoje esta ciência recebe contribuições importantes de amadores, para além de quaisquer pseudociências. Misra, já citado anteriormente, talvez fosse melhor qualificado como historiador da arte amador, visto que não realiza escavações. O que ele nos traz está à mostra, sobre a terra. Ele nos contribui com seu conhecimento da cultura indiana, sendo nativo da própria Índia. A ele devemos prestar certo tributo. Vejamos a figura 16:

Fig. 16
(https://www.bibhudevmisra.com/2016/08/olmec-yogis-with-hindu-beliefs-did-they.html?m=1) Acesso em 12/5/2025.
Poderíamos adicionar outras pranchas do site do Sr. Misra. Embora ele tenha dado um grande passo, iremos precisar mais de sua cronologia e os aspectos culturais envolvidos nas obras de arte. Também, adicionaremos outras obras a serem analisadas. Num próximo trabalho.
3. CONCLUSÃO
A presença de motivos visuais semelhantes em obras de arte de terras distantes poderia ser atribuída a tendências inatas (se isso for possível) de representação comuns às duas áreas, ou, na teoria de Jung, ao inconsciente coletivo e a padrões simbólicos representativos de arquétipos. No entanto, quando há a possibilidade de contato real, físico, entre tais culturas, pode-se investigar a influência direta, ou indireta de uma região sobre a outra, guardados os marcos temporais de ocorrência das manifestações de arte.
Além disso, utilizando o célebre princípio lógico-epistemológico da “Navalha de Okham”, segundo o qual, parafraseando, se um fenômeno pode ser explicado por uma teoria mais simples, é por esta teoria que deverá ser explicado, é claro que uma influência direta deverá ser considerada anteriormente a quaisquer abstrações que algumas vezes se colocam como quase esotéricas.
Os motivos quadrangulares aparecem em diversas culturas, como as espirais quadradas dos ornamentos da arte grega, ou da arte indígena de várias localidades. Mas, notemos que estes aparecem com menos importância na arte da África (para a conformação de suas esculturas) e na arte dos povos nórdicos europeus, nestes últimos, predominando a “curva arredondada”. Algumas manifestações geométricas, como os padrões em xadrez da cestaria dos indígenas das Américas devem-se, por outro lado, às condições técnicas do sistema de trançado utilizado, seja em teares manuais ou seja em trabalho puramente manual: para se transformar uma linha (ou fibra vegetal) em plano (ou tecido) é preciso que se estabeleça um processo de trançado que pode ser ortogonal ou não.
Por outro lado, pode-se admitir que o contorno “externo” quadrangular, ou ortogonal, de esculturas em pedra segue o caminho de menor esforço para se talhar um bloco quadrangular, devido a uma menor habilidade do trabalho das peças e do caráter rudimentar das ferramentas usadas. Mas isso não ocorre na escultura indiana, notadamente “esférica” ou curvilínea, de figuras em beatitude. O que liga as esculturas indianas às esculturas astecas (no mínimo) é o caráter de “fera” das representações de criaturas malévolas, ou, pelo menos, de uma representação de um avatar do deus Vishnu chamado Naramsinha. Vishnu aparece como este último, para matar demônios, os chamados asuras. A história de Naramsinha vai do hinduísmo ao budismo e as representações mais próximas de alguns exemplos de “feras” na arte pré-colombiana são formas budistas da China e do Sudeste Asiático. Um estilo “indígena”.
E o que dizer dos trabalhos em bronze chineses com padrões quadrangulares? A escultura da cera, núcleo para as formas que irão receber o bronze fundido, é extremamente fácil se comparada ao trabalho em pedra, claro.
A suposta descoberta da vinda de chineses para as Américas cerca de 70 anos antes de Colombo abre, supostamente, esta possibilidade(https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/10/02/como-a-china-poderia-ter-chegado-as-americas-sete-decadas-antes-de-colombo.ghtml) Acesso em 15/5/2025), visto que a China usava a bússola muitos séculos antes dos europeus. A distância entre a China e as Américas é quase a mesma
que a distância entre a Espanha e a América Central, basta que se coloque um compasso entre a Espanha
e esta última região e posteriormente se transporte essa abertura de compasso colocando uma de suas pontas no litoral leste da China. A outra ponta cairá exatamente na costa dos atuais Estados Unidos, num ponto mediano entre a atual fronteira sul deste país (com o México atual) e sua fronteira norte (com o atual Canadá).
Devemos acrescentar que, pelo menos nos dias de hoje, há uma corrente marítima, a Corrente do Pacífico Norte, que parte da altura do Japão, indo mais ao norte e chega, como foi dito, na latitude mediana entre a fronteira sul dos atuais Estados Unidos a fronteira norte destes.
Existe um padrão de arte do leste da Ásia e da Oceania que tem sua zona de influência indo até, pelo menos, a América Central e México.
4. BIBLIOGRAFIA
4.1. LIVROS
ALBANESE, Marilia. Índia antiga. Col. Grandes civilizações do passado. Barcelona: Folio, 2006.
SCARPARI, Maurizio. China antiga. Col. Grandes civilizações do passado. Barcelona: Folio, 2006.
4.2.WEB PAGES
<https://www.bibhudevmisra.com/2016/08/olmec-yogis-with-hindu-beliefs-didthey.html?m=1> Acesso em 12/5/2025.
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<https://www.britannica.com/topic/Aztec Acesso> em 10/04/2025
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1Universidade Federal do Espírito Santo