ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA EPILEPSIA NAS EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS DA REGIÃO NORTE DO BRASIL ENTRE 2020 E 2024

ANALYSIS OF THE EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF EPILEPSY IN NEUROLOGICAL EMERGENCIES IN THE NORTHERN REGION OF BRAZIL BETWEEN 2020 AND 2024

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505162034


Alliny Coutinho Rosa1
Gabriela Scop Lima2
Keith Alessandra da Rocha Moura3
Lorena Souza Tokuta4
Denilson da Silva Veras5


Resumo

A epilepsia consiste em uma condição neurológica multifatorial, frequentemente desencadeada por traumas, tumores ou outras causas, e que exige atenção imediata nas unidades de emergência neurológica. Na região Norte do Brasil, marcada por desafios singulares no setor da saúde, torna-se essencial compreender o perfil epidemiológico das crises convulsivas para melhor adequar as estratégias de atendimento. Este estudo teve como objetivo analisar o perfil dos pacientes com epilepsia atendidos em emergências neurológicas na região Norte, por meio de um estudo ecológico, transversal, quantitativo e descritivo, com base em dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS). Foram incluídos registros de internações com diagnóstico de epilepsia (CID-10 G40) entre janeiro de 2020 e dezembro de 2024. Ao todo, foram identificadas 15.136 internações, sendo a maioria em pacientes do sexo masculino (55,9%) e crianças (45,7%). A cor parda predominou entre os internados (72,9%), enquanto indivíduos de raça amarela representaram a menor proporção (1,9%). O estado do Pará concentrou o maior número de casos (44%), enquanto o Amapá apresentou o menor (1,6%). Foram registrados 231 óbitos, sendo 145 apenas no Pará. Esses dados evidenciam a prevalência entre homens e crianças, além das desigualdades regionais no acesso ao tratamento, indicando a urgência de estratégias específicas de triagem, rastreamento e intervenção para aprimorar o manejo da epilepsia na região Norte do Brasil.

Palavras-chave: Epilepsia. Epidemiologia. Emergências Neurológicas.

1 INTRODUÇÃO

A epilepsia consiste em uma condição neurológica crônica, de natureza multifatorial, que se caracteriza pela recorrência espontânea de crises epilépticas não provocadas, decorrentes de descargas elétricas sincrônicas e excessivas em redes neuronais cerebrais (MANFORD, 2017). Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia afeta aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo, configurando-se como uma das doenças neurológicas mais prevalentes e socialmente incapacitantes, especialmente em países de baixa e média renda, onde a detecção precoce e o acesso ao tratamento adequado são frequentemente limitados. A condição pode comprometer significativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados, impactando seu desempenho cognitivo, funcionalidade psicossocial e inserção produtiva (FALCO-WALTER, 2017).

Diversas são as etiologias relacionadas à epilepsia, incluindo fatores genéticos, malformações do desenvolvimento cortical, lesões cerebrais traumáticas, sequelas de infecções do sistema nervoso central (como neurocisticercose e meningite), doenças cerebrovasculares, neoplasias intracranianas, distúrbios metabólicos e intoxicações exógenas (THIJS et al., 2019). As manifestações clínicas são variadas, podendo incluir desde crises motoras generalizadas (tônico-clônicas), crises parciais com ou sem alteração do nível de consciência, até formas mais sutis, como ausências e automatismos (MYERS, 2022). Independentemente da forma de apresentação, a ocorrência aguda de uma crise epiléptica em ambiente extra-hospitalar frequentemente culmina em atendimento em unidades de urgência, sendo considerada uma emergência neurológica de alta complexidade, principalmente quando envolve episódios prolongados ou o estado de mal epiléptico.

Nas salas de emergência, os atendimentos por epilepsia são usualmente motivados por crises de início recente, recorrência de episódios em pacientes previamente diagnosticados e em uso irregular ou ineficaz de antiepilépticos, abstinência de substâncias, intoxicações ou por eventos críticos como traumatismos cranianos associados à crise convulsiva. Situações graves como o estado de mal epiléptico (EME), o qual é caracterizado por uma crise prolongada ou sucessiva, sem retorno à consciência entre os episódios, requerem intervenção imediata, sob risco de dano neuronal irreversível e desfechos letais (BEGHI et al., 2015). Diante da diversidade etiológica, da gravidade clínica das manifestações e das implicações prognósticas, a análise do perfil epidemiológico dos pacientes atendidos com epilepsia em ambientes de urgência torna-se uma ferramenta indispensável para a formulação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas.

Na região Norte do Brasil, os desafios de assistência neurológica se acentuam devido à ampla extensão territorial, baixa densidade populacional em áreas remotas e acesso limitado a centros de referência. Trata-se de uma região caracterizada por profundas desigualdades socioeconômicas, escassez de neurologistas e baixa oferta de exames complementares (como eletroencefalograma e neuroimagem), além de dificuldades no fornecimento contínuo de medicamentos antiepilépticos. Tais fatores contribuem para o atraso no diagnóstico, baixa adesão ao tratamento e recorrência das crises, culminando na elevação do número de internações hospitalares por complicações da epilepsia, o que sobrecarrega o sistema de saúde pública e aumenta os custos assistenciais.

Apesar da importância clínica e epidemiológica da epilepsia, são escassos os estudos populacionais que caracterizam o perfil dos pacientes epilépticos hospitalizados na região Norte, especialmente no contexto das emergências neurológicas. Este vácuo científico prejudica a elaboração de estratégias baseadas em evidências para mitigação das barreiras de acesso e aprimoramento da gestão do cuidado. Nesse sentido, a presente investigação busca suprir essa lacuna por meio da análise de dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), com foco nos padrões de internação por epilepsia registrados entre os anos de 2020 e 2024.

O presente estudo possui como objetivo primordial analisar o perfil epidemiológico dos pacientes com diagnóstico de epilepsia (CID-10 G40) atendidos em emergências neurológicas na região Norte do Brasil, considerando variáveis como sexo, faixa etária, cor/raça, distribuição geográfica e evolução clínica hospitalar. A compreensão desses dados é fundamental para subsidiar ações de planejamento, promover a equidade na assistência neurológica e qualificar  

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

A epilepsia é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença neurológica com impacto substancial na qualidade de vida dos pacientes, especialmente quando não diagnosticada ou tratada adequadamente. Segundo a Liga Brasileira de Epilepsia (LBE), além do tratamento clínico, o controle social e comunitário das crises epilépticas exige um sistema de saúde preparado para agir em momentos críticos e com capacidade de acompanhamento longitudinal.

As crises epilépticas se dividem em parciais (ou focais) e generalizadas, podendo apresentar manifestações motoras, autonômicas, psíquicas ou sensoriais (BEGHI et al., 2015). O diagnóstico clínico exige precisão, e o manejo da doença depende da identificação da etiologia, da periodicidade das crises e da adesão terapêutica. Em emergências, a atuação médica visa cessar a crise, prevenir a recorrência imediata e, em casos graves, estabilizar o estado de mal epiléptico.

O estudo de FALCO-WALTER (2020) aponta que crianças e idosos constituem os principais grupos etários vulneráveis à ocorrência de crises epilépticas com necessidade de internação hospitalar. Em crianças, especialmente na faixa etária entre 0 e 9 anos, a etiologia das crises epilépticas frequentemente está relacionada a encefalopatias epilépticas precoces, malformações do desenvolvimento cortical, infecções congênitas, complicações no período perinatal (como hipóxia isquêmica ou traumatismo obstétrico), bem como doenças metabólicas hereditárias e histórico familiar positivo para epilepsia. Essas condições estão associadas a um sistema nervoso imaturo e susceptível a alterações elétricas anormais, o que justifica a alta incidência de crises em idades precoces e a progressão para quadros refratários se não tratados de forma adequada.

Já nos adultos jovens e idosos, os fatores etiológicos predominantes incluem traumatismos cranioencefálicos, muitas vezes resultantes de acidentes automobilísticos ou quedas, além de tumores intracranianos, doenças vasculares cerebrais (como AVC isquêmico ou hemorrágico), neuro infecções, alcoolismo crônico e uso de substâncias ilícitas (THIJS et al., 2019). A epilepsia secundária a causas estruturais é especialmente comum após os 60 anos, faixa etária em que há maior prevalência de atrofia cerebral e fragilidade da barreira hematoencefálica, o que facilita a desorganização elétrica do córtex cerebral. Vale ressaltar que, nos idosos, as manifestações clínicas podem ser atípicas e confundidas com distúrbios comportamentais, crises não convulsivas ou demência, o que torna o diagnóstico ainda mais desafiador (MYERS, 2022).

Na região Norte do Brasil, há uma carência de dados consolidados e atualizados sobre a epidemiologia da epilepsia, especialmente no que tange à sua apresentação por faixa etária, etiologia e distribuição territorial. Estudos epidemiológicos sistemáticos são escassos, dificultando a elaboração de políticas públicas específicas e embasadas em evidências locais. A ausência de registros detalhados limita a compreensão das nuances regionais da doença, especialmente nas populações indígenas, ribeirinhas e em áreas de difícil acesso geográfico, que são mais suscetíveis à exclusão dos sistemas formais de vigilância em saúde.

Além disso, a distribuição desigual dos serviços especializados em neurologia nos estados do Norte brasileiro intensifica a perpetuação do acesso limitado ao diagnóstico precoce e ao tratamento contínuo. Muitos municípios não dispõem de neurologistas, neuropediatras ou exames como eletroencefalograma (EEG) e ressonância magnética, o que leva a atrasos no diagnóstico, subnotificação e uso inadequado de medicamentos anticonvulsivantes. Soma-se a isso a demora na obtenção de vagas em centros de referência e o uso frequente das emergências como porta de entrada para o cuidado, fenômeno que sobrecarrega os hospitais e expõe os pacientes a internações evitáveis, agravando ainda mais a morbimortalidade.

Essa realidade ressalta a necessidade urgente de descentralização dos serviços de saúde neurológica, bem como da implementação de estratégias de capacitação dos profissionais da atenção básica para reconhecimento e manejo inicial da epilepsia. A criação de linhas de cuidado específicas, com fluxos regionais articulados entre unidades básicas, hospitais e centros de referência, é uma medida fundamental para mitigar as desigualdades no manejo da epilepsia na região Norte do país.

3 METODOLOGIA 

Trata-se de um estudo epidemiológico, ecológico, transversal, quantitativo e descritivo, fundamentado em dados secundários extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), especificamente através da plataforma TabNet, do Departamento de Informática do SUS (DATASUS).

A população-alvo do estudo compreendeu todos os pacientes internados por epilepsia nas emergências neurológicas dos estados da região Norte do Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) entre os meses de janeiro de 2020 e dezembro de 2024, considerando o Código Internacional de Doenças – CID-10 G40 (epilepsia).

As variáveis analisadas foram: sexo, faixa etária, cor/raça, estado de internação, número absoluto e relativo de internações, e número de óbitos hospitalares. Os dados foram coletados e organizados em planilhas eletrônicas e posteriormente analisados por meio de estatística descritiva simples (frequência absoluta e percentual), com o intuito de evidenciar os principais padrões epidemiológicos.

Dessa forma, é válido ressaltar que esta pesquisa dispensou a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), tendo em vista que não aborda e nem realiza intervenções clínicas em seres humanos e animais. Posto isso, asseguram-se os preceitos de aspectos de direitos autorais dos autores vigentes previstos na lei (BRASIL, 2013).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Durante o período compreendido entre janeiro de 2020 e dezembro de 2024, foram registrados 15.136 casos de internações hospitalares por epilepsia (CID-10 G40) nas unidades de emergência da região Norte do Brasil, conforme os dados extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). A análise foi estratificada de acordo com variáveis sociodemográficas e geográficas com o intuito de caracterizar o perfil dos pacientes acometidos.

4.1 PERFIL POR SEXO E FAIXA ETÁRIA
CategoriaFrequência Absoluta (n)Percentual (%)
Sexo  
Masculino8.46755,9
Feminino6.66944,1
Faixa etária  
0-14 anos (crianças)6.92345,7
15-59 anos (adultos)6.68245,3
≥ 60 anos (idosos)1.3519,0

O sexo masculino apresentou predominância nas internações, correspondendo a55,9% (n = 8.467) dos casos. Esse achado está em consonância com a literatura nacional, que aponta maior prevalência de epilepsia em homens devido a fatores como exposição a traumas, alcoolismo e maior frequência de lesões neurológicas. No entanto, ressalta-se que a diferença entre os sexos não foi tão acentuada, sugerindo uma distribuição relativamente equilibrada.

Em relação à faixa etária, crianças (0–14 anos) representaram a maior proporção dos internamentos: 45,7% (n = 6.923). Esse dado reforça a vulnerabilidade da população pediátrica, frequentemente acometida por epilepsias idiopáticas, causas genéticas e complicações perinatais. Adultos (15–59 anos) corresponderam a 45,3% (n = 6.862), enquanto os idosos (≥60 anos) responderam por 9% dos casos, indicando menor incidência porém maior risco de complicações em crises não controladas.

4.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E COR/RAÇA
VariávelFrequência Absoluta (n)Percentual (%)
Estado
Pará5.63144,0
Amazonas2.98319,7
Rondônia1.89212,5
Acre1.3348,8
Tocantins1.0617,0
Roraima9736,4
Cor/Raça
Parda11.03872,9
Branca1.99713,2
Preta1.4529,6
Indígena 3622,4
Amarela2871,9

A maior parte das internações concentrou-se no estado do Pará, responsável por 44% dos registros (n=5.631), seguido por Amazonas (19,7%; n=2.983), Rondônia (12,5%; n=1.892), Acre (8,8%; n=1.334), Roraima (6,4%; n=973), Tocantins (7,0%; n=1.061) e, por fim, Amapá, com a menor incidência (1,6%; n=249). Esses dados refletem, em parte, o tamanho populacional de cada estado, mas também sugerem desigualdades regionais na oferta de serviços especializados em neurologia.

Quanto à variável cor/raça, a maioria dos pacientes internados era parda, com 72,9% dos registros (n=11.038), seguida pela branca (13,2%; n=1.997), preta (9,6%; n=1.452), indígena (2,4%; n=362) e amarela (1,9%; n=287). Essa distribuição é coerente com o perfil demográfico da região Norte, que possui forte presença de populações mestiças e comunidades tradicionais.

4.3 MORTALIDADE HOSPITALAR

Durante o intervalo de cinco anos analisado nesta investigação, o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) registrou um total de 231 óbitos hospitalares por epilepsia ocorridos nas unidades de emergência da região Norte do Brasil, o que representa uma taxa de letalidade de aproximadamente 1,5% sobre o total de 15.136 internações. Esse índice, embora aparentemente modesto, adquire relevância clínica e epidemiológica quando se considera o contexto das desigualdades regionais no acesso ao atendimento neurológico de urgência.

O estado do Pará destacou-se não apenas como a unidade federativa com maior número de hospitalizações por epilepsia, mas também como a responsável pelo maior número absoluto de óbitos (n = 145; 62,7% do total de mortes da região). Em seguida, aparecem os estados do Amazonas, com 43 óbitos (18,6%), e Rondônia, com 18 registros (7,8%). Os demais estados (Acre, Roraima, Amapá e Tocantins) apresentaram números menos expressivos, mas ainda assim relevantes frente ao número total de habitantes e à capacidade instalada de seus sistemas hospitalares.

Essa distribuição desigual da mortalidade pode ser atribuída a uma conjunção de fatores estruturais e assistenciais. Em primeiro lugar, a disponibilidade limitada de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) nos estados do Norte compromete a estabilização de pacientes em crise epiléptica prolongada ou em estado de mal epiléptico — uma das principais causas de morte nesses casos. Além disso, a escassez de neurologistas de plantão nas emergências, sobretudo em municípios do interior, dificulta a abordagem especializada precoce e a tomada de decisões terapêuticas adequadas.

Outro fator relevante diz respeito ao acesso irregular a fármacos antiepilépticos de segunda geração, a exemplo, levetiracetam, lamotrigina ou lacosamida, que muitas vezes não estão disponíveis na rede pública em quantidade suficiente ou em apresentações adequadas para uso hospitalar. Pacientes com epilepsia refratária, ou em uso crônico de medicações específicas, podem evoluir negativamente quando ocorrem falhas na continuidade terapêutica durante a internação, o que pode contribuir para desfechos letais.

É importante destacar, ainda, que o perfil socioeconômico da população afetada, majoritariamente pertencente a grupos socialmente vulneráveis, pode levar à demora na procura por assistência médica, agravamento do quadro clínico e maior risco de complicações associadas à epilepsia. Aspectos como desnutrição, comorbidades não tratadas, uso concomitante de substâncias psicoativas e baixa adesão ao tratamento farmacológico também devem ser considerados como agravantes indiretos da mortalidade observada.

Dessa forma, os dados de óbito hospitalar por epilepsia na região Norte denunciam as deficiências do sistema de saúde regional, que se refletem de maneira crítica nos estados mais populosos. Esses achados reforçam a necessidade de estratégias específicas de prevenção de crises graves, ampliação do acesso à neurologia de emergência, descentralização da atenção terciária e inclusão de medicamentos essenciais para o manejo adequado das crises epilépticas em toda a rede SUS no território pertencente à Amazônia Legal.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora a epilepsia seja uma condição neurológica de longa data e amplamente reconhecida, ela ainda representa um desafio significativo para os sistemas de saúde, especialmente em regiões com limitações estruturais, como o Norte do Brasil. Observa-se uma prevalência expressiva de internações por crises epilépticas em ambientes de emergência, refletindo a importância de uma abordagem integrada e eficiente frente a esta condição. Destacou-se o predomínio de casos em crianças e indivíduos do sexo masculino, além da expressiva concentração de registros em estados como o Pará, o que evidencia disparidades regionais no acesso ao diagnóstico precoce, ao tratamento contínuo e ao acompanhamento neurológico especializado.

Apesar dos avanços no diagnóstico por imagem, terapias medicamentosas e manejo hospitalar, persistem desafios quanto à triagem eficaz, adesão terapêutica e estratégias preventivas para evitar a recorrência das crises. Nesse contexto, é fundamental a realização de estudos populacionais mais robustos e com maior abrangência metodológica, os quais poderão fornecer subsídios mais sólidos para a formulação de políticas públicas, capacitação de profissionais e criação de protocolos assistenciais personalizados. O enfrentamento da epilepsia requer um esforço multidisciplinar entre as áreas de conhecimento aprofundado da neurologia, saúde pública e atenção primária, visando garantir melhores prognósticos clínicos e qualidade de vida para os pacientes acometidos por essa condição clínica crônica.

REFERÊNCIAS

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THIJS, R. D.; SURGES, R.; O’BRIEN, T. J.; SANDER, J. W. Epilepsy in adults. The Lancet, v. 393, n. 10172, p. 689-701, 16 fev. 2019.


1Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade Santa Teresa Campus Manaus. e-mail: rosaalliny@gmail.com 

2Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade Santa Teresa Campus Manaus. e-mail: gabiscoplima@gmail.com 

3Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade Santa Teresa Campus Manaus. e-mail: keithalessandra20@outlook.com 

4Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade Santa Teresa Campus Manaus. e-mail: lorena.tokuta@gmail.com 

5Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto Faculdade Santa Teresa Campus Manaus. Mestre em Ciências da Saúde (PPGCIS/UFAM). e-mail: denilsonveras55@gmail.com