PAPEL DO ENFERMEIRO DO TRABALHO NA PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE FRENTE A RISCOS BIOLÓGICOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505160925


Alexandre Da Silva Xavier
Orientadora: Profª Me. Ana Paula Fernandes de Oliveira Macedo
Orientadora: Profª Drª Talita Vieira Pinto.


RESUMO 

Os Cuidados A atuação da Enfermagem do Trabalho tem se tornado cada vez mais relevante no cenário da saúde ocupacional, especialmente no que se refere ao controle de infecções decorrentes de acidentes com materiais biológicos. Trata-se de uma área estratégica que envolve um conjunto de intervenções voltadas à prevenção de agravos e à promoção da saúde dos trabalhadores, com ênfase na proteção contra riscos biológicos. Essas ações são desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar, sendo o enfermeiro do trabalho figura central nesse processo. O foco principal da Enfermagem do Trabalho é oferecer uma abordagem preventiva e educativa, por meio da identificação de riscos, da implementação de medidas de biossegurança e da orientação contínua aos trabalhadores expostos a situações de risco biológico. Nesse contexto, o enfermeiro atua diretamente na elaboração e na execução de protocolos de segurança, promovendo campanhas de vacinação, treinamentos sobre o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), e monitoramento das condições de trabalho. O presente estudo tem como objetivo aprofundar a compreensão sobre o papel do enfermeiro do trabalho no controle de infecções associadas à exposição a materiais biológicos, analisando sua importância na construção de um ambiente de trabalho seguro e saudável. Para isso, realizou-se uma revisão integrativa de literatura, com a coleta de dados realizada entre os meses de março e abril de 2024. As bases de dados consultadas foram a Scientific Electronic Library Online (SciELO) e a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram identificados 60 artigos relacionados ao tema, dos quais 12 atenderam aos critérios de inclusão e foram selecionados para análise. Os estudos revisados evidenciam que o papel do enfermeiro do trabalho é indispensável na prevenção de acidentes com materiais biológicos. Esse profissional participa ativamente do planejamento e da aplicação de medidas de controle, além de realizar o acompanhamento dos trabalhadores acidentados, prestando os primeiros cuidados, encaminhando para avaliação médica e acompanhando o seguimento pós-exposição.

Outro ponto de destaque é a atuação educativa da Enfermagem do Trabalho. O enfermeiro promove ações de sensibilização, palestras e treinamentos voltados à cultura da prevenção, fortalecendo a conscientização dos trabalhadores sobre os riscos ocupacionais. Além disso, a comunicação eficaz com os colaboradores e com a equipe de saúde é fundamental para o alinhamento de condutas e a construção de estratégias de cuidado alinhadas com as necessidades do ambiente de trabalho. Conclui-se que a Enfermagem do Trabalho exerce um papel essencial no controle de infecções relacionadas à exposição a materiais biológicos, sendo um agente chave na promoção da saúde e na prevenção de acidentes. A atuação do enfermeiro transcende as práticas assistenciais, incluindo aspectos educativos, éticos e organizacionais, que contribuem para a segurança dos trabalhadores e a construção de uma cultura de saúde no ambiente ocupacional.

Palavras-chave: Enfermagem do Trabalho; Controle de Infecções; Materiais Biológicos; Saúde Ocupacional; Prevenção de Acidentes; Promoção da Saúde.

1. INTRODUÇÃO

No contexto da saúde do trabalhador, o Ministério do Trabalho, por meio da Norma Regulamentadora (NR) 04, instituiu o Serviço Especializado em Engenharia e Medicina do Trabalho (SESMT), com o propósito de promover ações de saúde e proteger a integridade física e mental dos trabalhadores em seus respectivos ambientes laborais (Brasil, 2009). Esta equipe multidisciplinar pode ser composta por Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Enfermagem do Trabalho e Técnico de Segurança do Trabalho. A depender do porte e da natureza da instituição, é comum também a inclusão de outros profissionais, como psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, entre outros (SILVA et al., 2017).

Neste contexto, destaca-se a relevância do Enfermeiro do Trabalho, cuja atuação é considerada essencial para a estruturação e desenvolvimento de programas de saúde ocupacional, bem como na prestação direta de cuidados preventivos e educativos. De acordo com a Associação Nacional dos Enfermeiros do Trabalho (ANENT), este profissional desempenha atividades que envolvem higiene ocupacional, segurança e medicina do trabalho, além de participar ativamente em grupos de estudo que visam à valorização do trabalhador e à preservação da sua saúde (SILVA et al., 2017).

Acredita-se que trabalhadores saudáveis e satisfeitos desempenham melhor suas funções, contribuindo para o aumento da produtividade e eficiência das organizações. Sob essa perspectiva, a atuação da Enfermagem do Trabalho pode ser interpretada não apenas como uma exigência normativa, mas também como um investimento estratégico das empresas na saúde e bem-estar de seus colaboradores (MATOS et al., 2017). A presença do enfermeiro do trabalho agrega valor à equipe por sua formação técnico-científica, permitindo oferecer assistência qualificada e promover ações educativas dentro do ambiente ocupacional. Esse profissional é responsável por executar atividades relacionadas à higiene, medicina e segurança do trabalho, independentemente do setor ou instituição onde esteja inserido (GONÇALVES et al., 2019).

A Norma Regulamentadora NR 32 trata especificamente da segurança e saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, abordando os riscos a que esses profissionais estão expostos, incluindo os riscos biológicos, químicos e a radiação ionizante. Dentre esses, o risco biológico, especialmente os acidentes envolvendo materiais biológicos, é considerado um dos mais preocupantes. O coordenador do SESMT ressalta que um dos principais desafios é a resistência de algumas equipes quanto ao uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), mesmo diante da sua comprovada eficácia na prevenção de acidentes (GONÇALVES et al., 2019).

Embora os profissionais da enfermagem estejam cientes dos riscos associados ao contato com material biológico e conheçam as medidas de precaução, os índices de ocorrência de acidentes permanecem elevados. Isso evidencia a necessidade de maior investigação e intervenções direcionadas, principalmente em ambientes hospitalares, como os hospitais universitários, que foram os principais cenários avaliados em determinados estudos GONÇALVES et al., 2019).

Entre as principais estratégias para minimizar a exposição a riscos biológicos está a disponibilização de EPIs adequados e em número suficiente, bem como a constante atualização de protocolos de biossegurança e treinamentos periódicos voltados aos profissionais da saúde. A adesão a essas medidas deve ser reforçada por ações educativas, promovidas principalmente pela equipe de enfermagem do trabalho (RODRIGUES et al., 2017).

Rodrigues et al., (2017), comenta também que os acidentes de trabalho compreendem não apenas os eventos ocorridos no local de atuação, mas também os acidentes de trajeto, as doenças profissionais e as doenças ocupacionais. Esses acidentes impactam não apenas o trabalhador e sua família, mas também a economia e a estrutura organizacional como um todo. A perda da capacidade laborativa, mesmo que temporária, gera prejuízos financeiros tanto para as empresas quanto para o sistema público de saúde e previdência.

Dessa forma, torna-se imprescindível o registro sistemático de todas as ocorrências de acidentes no ambiente de trabalho, mesmo aquelas de menor gravidade. Essas notificações constituem uma base de dados essencial para o mapeamento de riscos e para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de prevenção. Tais informações integram os elementos fundamentais da saúde ocupacional e subsidiam a atuação da enfermagem nesse campo (GONÇALVES et al., 2019).

A saúde do trabalhador é um tema complexo e multifacetado, que exige a atuação integrada de diferentes áreas do saber. Dada essa complexidade, a abordagem deve ser inter e multiprofissional, garantindo um cuidado mais efetivo e direcionado às reais necessidades dos trabalhadores (RODRIGUES et al., 2017).

Segundo definição do Ministério do Trabalho, o acidente de trabalho é caracterizado como qualquer ocorrência que cause lesões corporais ou alterações funcionais, temporárias ou permanentes, capazes de comprometer a capacidade laborativa do indivíduo, podendo inclusive resultar em óbito (BRASIL, 2010). Compreender esses conceitos é essencial para que os profissionais da saúde, especialmente os enfermeiros do trabalho, possam atuar de maneira eficaz na prevenção desses eventos.

O enfermeiro do trabalho, principalmente no âmbito hospitalar, tem a responsabilidade de desenvolver e implementar ações voltadas à segurança dos profissionais de saúde, com ênfase na prevenção e controle dos riscos biológicos. Essas ações incluem a avaliação dos agravos decorrentes das atividades exercidas, a orientação sobre condutas seguras e o fortalecimento de práticas que promovam um ambiente laboral mais seguro (JESUS et al., 2017).

Todas essas ações desenvolvidas pelo enfermeiro do trabalho estão fundamentadas nas Normas Regulamentadoras (NRs), como a Portaria nº 3.214/1978, que estabelece a obrigatoriedade do uso de EPIs (NR-6) e do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO – NR-7), garantindo uma abordagem sistemática e padronizada à segurança do trabalho (GONÇALVES et al., 2017).

Diante disso, a presente pesquisa tem como questão norteadora: quais são as atribuições do enfermeiro do trabalho na redução do risco biológico no ambiente hospitalar? O objetivo principal é descrever e analisar a atuação desse profissional frente aos desafios da biossegurança hospitalar.

2. PROBLEMA

Como o enfermeiro do trabalho pode atuar de forma eficaz na prevenção de infecções por materiais biológicos e na promoção da saúde ocupacional em ambientes hospitalares?

3. OBJETIVOS

3.1 Geral

Refletir ou conhecer de forma detalhada sobre o papel do enfermeiro do trabalho na prevenção de infecções causadas por materiais biológicos.

3.2 Específico

  • Avaliar os fatores essenciais para o controle de infecções ocupacionais pormateriais biológicos;
  • Analisar o papel do enfermeiro do trabalho no apoio à saúde emocional e napromoção de uma comunicação eficaz, oferecendo suporte tanto ao trabalhador quanto à equipe de saúde.

4. JUSTIFICATIVA

A justificativa para destacar a importância do enfermeiro do trabalho no controle de infecções por materiais biológicos reside no papel essencial que esse profissional desempenha na promoção da saúde e na proteção da integridade dos trabalhadores expostos a riscos biológicos. O controle de infecções no ambiente de trabalho exige uma abordagem integrada, com foco na prevenção, monitoramento constante e ações educativas, nas quais a enfermagem do trabalho ocupa uma posição central.

O enfermeiro do trabalho é responsável por identificar precocemente os riscos e implementar práticas de biossegurança, como o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a adoção de medidas preventivas eficazes. Além disso, realiza a vigilância constante dos trabalhadores, monitorando sinais de possíveis contaminações e oferecendo intervenções baseadas em protocolos clínicos e evidências científicas para garantir a segurança e o bem-estar no ambiente de trabalho. Essa atuação técnica é fundamental para minimizar o risco de infecções ocupacionais e para garantir que as condições de trabalho sejam seguras e saudáveis.

Além das intervenções técnicas, o enfermeiro do trabalho desempenha um papel importante na comunicação e na educação contínua, tanto com os trabalhadores quanto com a gestão da empresa. Estabelecer um diálogo claro e constante sobre os riscos biológicos e as precauções necessárias é vital para garantir que todos os colaboradores compreendam a importância da prevenção. O enfermeiro também fornece orientações sobre como reagir em situações de exposição a materiais biológicos, educando os trabalhadores para a tomada de decisões rápidas e seguras.

O enfermeiro do trabalho, de maneira colaborativa com a equipe multidisciplinar, participa ativamente da elaboração e implementação de programas de controle de infecções, garantindo que as intervenções sejam individualizadas e respeitem as necessidades de saúde de cada trabalhador. A abordagem integrada, que envolve ações preventivas, educativas e técnicas, contribui para a promoção da saúde no ambiente de trabalho, protegendo tanto os trabalhadores quanto a comunidade ao seu redor.

5. REVISÃO DA LITERATURA /OU/ REFERÊNCIAIS TEÓRICOS

5.1 RISCOS OCUPACIONAIS NO AMBIENTE HOSPITALAR

Embora a questão das doenças ocupacionais seja amplamente discutida nos tempos atuais, sua descrição remonta a períodos antigos, como evidenciado por Hipócrates, que abordou clinicamente a intoxicação por chumbo, conhecida como saturnismo. Além disso, diversas descrições de acidentes ocupacionais foram registradas, evidenciando a relação entre o ato de trabalhar e os riscos à saúde (MENDES, 1991). Um exemplo histórico relevante é o relato de Agrícola sobre a “asma dos pioneiros”, atualmente reconhecida como silicose, e a observação de Plínio sobre os efeitos do contato com substâncias tóxicas como o chumbo, as poeiras e o mercúrio nos trabalhadores da época (MENDES, 1991).

No entanto, foi somente no século XVIII, aproximadamente 200 anos depois, que Bernardino Ramazzini, considerado o “Pai da Medicina do Trabalho”, publicou sua obra “De Morbis Artificum Diatriba”. Nessa publicação, Ramazzini descreveu doenças associadas a cerca de 50 ocupações, marcando um marco importante na história das doenças ocupacionais (MENDES, 1991).

O enfermeiro desempenha um papel essencial como comunicador dentro da equipe de enfermagem, além de atuar como gestor. Sua função é de grande importância na implementação de práticas de prevenção de acidentes ocupacionais, contribuindo para a redução dos riscos e o bem-estar dos profissionais de saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 1,1 milhão de pessoas em todo o mundo morrem a cada ano devido a causas relacionadas ao trabalho. As organizações apontam ainda que o crescimento populacional tem um impacto significativo no aumento das doenças e acidentes ocupacionais (OMS, 1999).

Muitos profissionais de enfermagem, especialmente no início de sua carreira, desconhecem os riscos ocupacionais aos quais estarão expostos diariamente. Esse desconhecimento reforça a necessidade de esclarecimento e treinamento adequados sobre as condições de trabalho. A conscientização sobre os riscos ocupacionais em áreas diretamente relacionadas à saúde é relativamente recente, mas sua importância é indiscutível. Embora esse interesse tenha surgido de forma tardia, ele é fundamental para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores (SILVA, 1998; MENDES, 1991).

Mendes et al. (1991) afirmam que a preocupação com os riscos biológicos no ambiente de trabalho começou a se intensificar a partir da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1980. A partir desse período, começaram a ser estabelecidas normas voltadas para a saúde ocupacional. Embora, historicamente, haja uma certa desvalorização desse campo, observa-se, atualmente, uma mudança de perspectiva. O aumento das taxas de adoecimentos e acidentes relacionados ao trabalho tem gerado um crescente interesse e conscientização sobre esses temas, refletindo a crescente preocupação com a saúde dos trabalhadores.

O contexto histórico revela a importância de uma reflexão detalhada sobre a classificação dos riscos ocupacionais, bem como a necessidade de um planejamento estratégico voltado para a implementação de ações preventivas que possam minimizar os conflitos laborais. Esses conflitos têm impactos significativos na satisfação dos trabalhadores, elevando os custos e comprometendo a qualidade da assistência prestada aos pacientes, além de afetar diretamente a organização e seus colaboradores (BARBOSA et al., 2003).

No ambiente hospitalar, os profissionais de saúde estão expostos a uma variedade de riscos. De acordo com a legislação vigente, esses riscos podem ser classificados em quatro grandes categorias: agentes físicos, agentes químicos, agentes ergonômicos e riscos de acidentes.

Dentro desses grupos, destacam-se:

a) Agentes físicos: Relacionados a fatores ambientais presentes no local detrabalho, como máquinas, equipamentos e características do ambiente. Entre os principais riscos físicos estão o ruído excessivo, as vibrações, as pressões atmosféricas anormais, temperaturas extremas (altas ou baixas) e a exposição a radiações ionizantes e não ionizantes (FIGUEIREDO, 1992).

b) Agentes químicos: Compreendem substâncias químicas presentes noambiente de trabalho, como gazes, vapores, poeiras, névoas e fumaças. A exposição a agentes como quimioterápicos também é uma preocupação em unidades de saúde que realizam esse tipo de procedimento (XELEGATI et al., 2003).

c) Agentes biológicos: Estão relacionados ao contato com microrganismoscomo bactérias, fungos, vírus e parasitas. Esses agentes podem ser transmitidos através de materiais perfurocortantes, secreções e outros fluidos corporais, expondo os trabalhadores a riscos significativos caso não sejam tomadas as precauções adequadas, como as Precauções Padrão (JANSEN, 1997).

d) Riscos ergonômicos: Este tipo de risco é cada vez mais reconhecido nasaúde ocupacional e está relacionado a lesões musculoesqueléticas causadas por cansaço, esforço físico excessivo, trabalho repetitivo e má postura durante a realização das atividades profissionais (MAURO et al., 2004).

e) Riscos de acidentes: São aqueles decorrentes de fatores como aexposição a animais peçonhentos, iluminação inadequada, riscos de incêndio e explosão, armazenamento inadequado de materiais, falhas em aparelhos e maquinários, problemas em instalações elétricas e o uso de ferramentas desprotegidas. Além disso, o condicionamento físico inadequado também pode ser um fator que contribui para a ocorrência de acidentes no ambiente de trabalho.

Tonneau, citado por Siqueira et al. (1995), destaca a carga mental como um fator relevante para o surgimento de doenças ocupacionais, especialmente no ambiente hospitalar. A necessidade de memorizar informações complexas, a grande concentração exigida no trabalho e a constante variação dos riscos a que os profissionais estão expostos são fatores que contribuem significativamente para a sobrecarga psíquica. A pressão de lidar com o sofrimento humano, que é uma constante no ambiente hospitalar, também é uma carga emocional pesada para os trabalhadores da saúde (ATLAS, 1995).

Neste contexto, é fundamental que o trabalho do enfermeiro seja devidamente valorizado, para que ele possa desempenhar seu papel essencial na prevenção de acidentes e na promoção da saúde dos trabalhadores. Com a valorização profissional, espera-se que os enfermeiros fiquem mais motivados a contribuir para a redução dos riscos ocupacionais e para a melhoria da satisfação no ambiente de trabalho.

A enfermagem do trabalho desempenha um papel fundamental na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, além de ser responsável pelo acompanhamento da saúde dos trabalhadores, especialmente no processo de reabilitação. Ao longo da história, os enfermeiros têm se dedicado à prevenção, ao tratamento e, quando possível, à cura de doenças relacionadas ao trabalho. Para que o trabalho do enfermeiro seja eficaz, é essencial que haja a colaboração de toda a equipe de saúde, evitando sobrecarga e garantindo uma abordagem mais integrada e eficiente (SILVA, 1998).

5.2 RISCOS BIOLÓGICOS NO AMBIENTE DE TRABALHO NA ENFERMAGEM

Os riscos biológicos no ambiente de trabalho na enfermagem são uma das maiores fontes de exposição a infecções para os profissionais da saúde. Tais riscos decorrem principalmente do contato com sangue e fluidos corporais, nos quais podem estar presentes microrganismos patogênicos, capazes de causar diversas doenças. No contexto brasileiro, os riscos ocupacionais são abordados dentro da saúde ocupacional ou saúde do trabalhador, que se dedica à prevenção de danos relacionados ao ambiente de trabalho, promovendo a melhoria das condições de trabalho (ROBAZZI, 2010).

A exposição a riscos biológicos pode ocorrer por meio do contato com bactérias, vírus, protozoários, fungos e parasitas, como afirmado por Silveira (2009, p. 49). Para Robazzi (2010), esses riscos estão associados principalmente à manipulação de objetos cortantes, materiais perfurocortantes e ao contato com secreções e fluidos corpóreos, o que aumenta a possibilidade de contaminação com microrganismos patogênicos, colocando em risco a saúde dos profissionais de enfermagem.

A Norma Regulamentadora NR32, do Ministério do Trabalho, estabelece diretrizes relacionadas aos riscos biológicos no ambiente laboral, classificando como agentes biológicos não apenas os microrganismos, mas também culturas celulares, parasitas, toxinas e príons. De acordo com a NR32, a exposição ao agente biológico é uma probabilidade de risco ocupacional, a qual está diretamente vinculada ao tipo de acidente e ao tipo de exposição (MORAES, 2008).

A classificação dos microrganismos quanto ao risco que apresentam é realizada pelo Conselho Nacional de Saúde, por meio da Resolução nº 1, de 1988, que divide os microrganismos em quatro grupos de risco:

  • Grupo 1: Microrganismos que apresentam baixo risco tanto individual quanto coletivo e não causam doenças ao homem, tampouco representam riscos para o ambiente. Exemplo: Bacillus cereus.
  • Grupo 2: Microrganismos que apresentam risco moderado para o indivíduo e a comunidade, podendo causar doenças no ser humano. Exemplo: Schistosoma mansoni.
  • Grupo 3: Microrganismos de alto risco para o indivíduo, mas de risco baixo para a comunidade. Podem causar doenças graves ao ser humano. Exemplos: Mycobacterium tuberculosis e HIV.
  • Grupo 4: Microrganismos que podem causar doenças graves e representarem um sério risco para a sociedade, dado seu alto poder infeccioso, sua capacidade de rápida propagação e a possibilidade de levar à morte do indivíduo.

A vulnerabilidade dos trabalhadores à infecção após exposição a materiais biológicos é variável e depende de diversos fatores, incluindo o tipo de acidente e a condição do trabalhador no momento da exposição (MIRANDA, 2011).

Além disso, a falta de organização no ambiente de trabalho pode agravar os riscos biológicos. Aspectos como jornadas de trabalho extensas, ritmo intenso de atividades, turnos noturnos, monotonia e o acúmulo excessivo de responsabilidades são fatores que contribuem para o aumento da exposição aos riscos, pois podem resultar em negligência na adoção de medidas de proteção e controle, além de aumentar o estresse dos trabalhadores, comprometendo sua atenção e desempenho (SILVEIRA, 2009).

5.3 RISCOS BIOLÓGICOS NO AMBIENTE DE TRABALHO NA ENFERMAGEM

Os profissionais de enfermagem, muitas vezes, se encontram em ambientes de trabalho insalubres e inadequados, condições essas que podem ser determinantes para a ocorrência de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. A exposição constante a agentes biológicos, como vírus, bactérias e outros microrganismos presentes em sangue e fluidos corporais, coloca esses trabalhadores em uma posição de vulnerabilidade, caso as devidas medidas de precaução não sejam adotadas.

De acordo com Bonaldo e Lima (2012), os profissionais de enfermagem têm conhecimento sobre os fatores que alteram sua percepção de risco, como sobrecarga, fadiga e estresse. Embora possuam informações sobre a importância do uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e sobre as técnicas seguras a serem seguidas durante a assistência, esses conhecimentos por si só não são suficientes para garantir práticas profissionais seguras. A implementação efetiva dessas medidas de proteção depende, muitas vezes, da conscientização e do comportamento dos próprios trabalhadores, que nem sempre aderem às precauções necessárias.

Castro (2010) aponta que a baixa adesão e a não utilização de medidas preventivas e protetivas no ambiente de trabalho são uma realidade preocupante. A literatura científica tem demonstrado um aumento significativo nos índices de acidentes de trabalho, apesar da existência de medidas de precaução. Isso ocorre devido à aplicação insuficiente dessas medidas, o que não contribui efetivamente para a redução dos riscos de acidentes. Diante dessa situação, torna-se essencial refletir sobre as causas dos acidentes e as mudanças comportamentais necessárias para a melhoria da segurança no ambiente de trabalho. O envolvimento dos profissionais na adesão às práticas preventivas é crucial para garantir a segurança e a proteção de todos os envolvidos.

Nesse contexto, os gestores têm um papel fundamental na promoção de ações educativas que incentivem a adesão a medidas de segurança. Palestras periódicas, treinamentos e campanhas de conscientização são algumas das estratégias eficazes para sensibilizar os profissionais de enfermagem sobre os riscos biológicos no ambiente laboral. Essas iniciativas educativas são imprescindíveis para garantir que os trabalhadores compreendam a importância das práticas preventivas e protejam não apenas sua própria saúde, mas também a saúde de seus colegas e pacientes.

5.4 ESTRATÉGIAS DE USO DE EPIS NA PREVENÇÃO DE RISCOS BIOLÓGICOS

A exposição potencial dos trabalhadores da saúde aos fluidos biológicos representa um risco significativo para sua saúde, uma vez que esses profissionais realizam cuidados diretos e indiretos aos pacientes, ficando expostos aos microrganismos presentes no sangue, urina, fezes, secreções e outros fluidos corporais. Miranda (2011) aponta que o risco de exposição está presente em diversos ambientes de trabalho, como unidades básicas de saúde, hospitais, clínicas, ambulatórios e consultórios médicos. Uma das formas de evitar ou minimizar esses acidentes é a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Muitas vezes, os trabalhadores estão expostos a esses riscos sem o conhecimento adequado, realizando suas atividades sem plena consciência de seus direitos e deveres dentro do ambiente de trabalho. Por isso, é responsabilidade das instituições cumprir as normas regulamentadoras, contribuindo para a redução máxima de acidentes ocupacionais relacionados aos riscos biológicos.

Os agentes biológicos são considerados um dos principais fatores geradores de insalubridade, e os profissionais de enfermagem, em contato direto com os pacientes, enfrentam o risco de acidentes, caso ocorra algum incidente. Isso destaca a importância do uso correto dos EPIs, como afirmam Avelar et al. (2011), que ressaltam que a adoção de medidas preventivas adequadas e a utilização correta das técnicas apropriadas podem apresentar resultados positivos, embora essa prática, frequentemente, seja realizada de maneira inadequada ou não seja adotada por alguns profissionais de enfermagem.

Silva (2018) enfatiza que o trabalhador de enfermagem deve se proteger sempre que tiver contato com material biológico, incluindo durante a assistência cotidiana aos pacientes, independentemente de conhecer ou não o diagnóstico. Estudos indicam que as maiores causas de acidentes entre os trabalhadores de enfermagem estão associadas a práticas de risco, como o descarte inadequado de objetos perfurocortantes, o reencape de agulhas e a falta de adesão ao uso de EPIs. Os profissionais da área de enfermagem devem manter uma postura segura ao utilizar os EPIs, conforme as orientações para a execução de procedimentos, assegurando, assim, a proteção tanto do profissional quanto de toda a equipe envolvida.

Ainda é evidente, na prática de enfermagem, o desconhecimento sobre a importância do uso de EPIs. É responsabilidade do profissional garantir o uso correto desses equipamentos, além de outras medidas como a lavagem adequada das mãos, o manuseio correto de resíduos, a notificação de acidentes de trabalho, o tratamento médico adequado, a atualização das vacinações e o controle das sorologias, sendo fundamental também a conscientização sobre a importância dessas práticas por parte dos gestores de instituições.

O uso das precauções padrão, como apresenta Rezende (2011), é uma das estratégias mais eficazes para prevenir e controlar infecções, tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde. No contexto da utilização de EPIs, estes são indispensáveis no dia a dia dos profissionais de saúde nas instituições hospitalares. Entre os EPIs essenciais, destacam-se as máscaras descartáveis de proteção respiratória, luvas de procedimento para proteção contra riscos biológicos, capotes descartáveis e gorros, que devem ser usados sempre que houver contato com pacientes acamados ou com doenças patológicas, incluindo tanto as mais comuns quanto as mais agressivas.

Portanto, é possível concluir que a prática de enfermagem relacionada ao uso adequado dos EPIs é fundamental como medida de proteção. O uso correto desses equipamentos assegura a realização de procedimentos de forma segura e eficaz, tanto para o profissional da saúde quanto para o paciente sob seus cuidados. Os EPIs são dispositivos de uso individual que visam proteger a saúde e a integridade física do trabalhador, e seu uso está regulamentado pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho, conforme as normas estabelecidas para a saúde ocupacional.

5.5 A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DO TRABALHO NA REDUÇÃO DOS RISCOS NO AMBIENTE OCUPACIONAL

A atuação do Enfermeiro do Trabalho teve origem no final do século XIX, na Inglaterra, com o propósito de categorizar os profissionais responsáveis pela prevenção de doenças e acidentes no ambiente laboral. Esses enfermeiros desempenhavam suas funções tanto em unidades de saúde pública quanto em visitas domiciliares a trabalhadores acidentados e seus familiares (MATOS; SILVA; LIMA, 2017).

Esse profissional tem funções essenciais que envolvem tanto atividades técnicas quanto ações educacionais e administrativas. Segundo MATOS; SILVA; LIMA (2017), suas atribuições incluem:

  • Procedimentos clínicos, como dinamometria, testes de acuidade visual, aferição de sinais vitais, realização de curativos, administração de medicamentos, coleta de amostras para exames e campanhas de vacinação;
  • Prevenção de doenças ocupacionais, promoção da saúde e medidas de desinfecção e esterilização de materiais;

Educação e pesquisa, por meio da condução de programas de saúde ocupacional, treinamentos sobre segurança e análise de dados epidemiológicos para aprimorar práticas assistenciais. Pois a prática da Enfermagem do Trabalho prioriza a prevenção de acidentes e doenças, buscando identificar e eliminar riscos ocupacionais. Esse profissional tem papel fundamental na orientação dos trabalhadores, garantindo que recebam informações acessíveis e esclarecedoras sobre sua saúde e segurança (MATOS; SILVA; LIMA, 2017).

Atualmente, a atuação do Enfermeiro do Trabalho é cada vez mais valorizada na Saúde Ocupacional, visto que ele orienta ações preventivas, assegurando que medidas eficazes sejam implementadas para evitar acidentes e doenças relacionadas ao ambiente de trabalho (MATOS; SILVA; LIMA, 2017).

Ao longo dos anos, sua função evoluiu significativamente, tornando-se indispensável nas organizações, pois suas atividades contribuem diretamente para a segurança e bem-estar dos trabalhadores (MATOS; SILVA; LIMA, 2017).

Embora programas educativos orientados pelo Enfermeiro do Trabalho sejam essenciais para reduzir riscos ocupacionais, a adesão dos trabalhadores ainda representa um desafio significativo. Muitos acidentes poderiam ser evitados por meio de ações educativas, aumentando a conscientização sobre os perigos do ambiente de trabalho e incentivando práticas seguras (GONÇALVES; KUROBA, 2017).

O acidente de trabalho é definido como qualquer evento que comprometa a saúde do trabalhador durante seu trajeto ou no próprio ambiente laboral, incluindo doenças ocupacionais e acidentes de trajeto. Esses incidentes têm impacto econômico e social, afetando tanto a produtividade das empresas quanto as despesas dos sistemas públicos de saúde (GONÇALVES; KUROBA, 2017).

A exposição a materiais biológicos, como agulhas e objetos perfurocortantes, representa um risco significativo para profissionais da saúde. Para minimizar esses perigos, são indispensáveis medidas como biossegurança, cursos de capacitação, vacinação, acompanhamento médico e o uso de dispositivos de segurança (ALBUQUERQUE ET AL., 2015).

Pesquisas indicam que programas de prevenção primária, estruturados pelo Enfermeiro do Trabalho, são eficazes para reduzir acidentes envolvendo materiais biológicos, permitindo uma melhor análise das práticas laborais, identificação de fatores de risco e adaptação de materiais e equipamentos conforme a realidade do local de trabalho (ALBUQUERQUE ET AL., 2015).

No entanto, para que essas práticas sejam eficientes, é fundamental que toda a equipe esteja engajada na promoção da saúde e segurança, adotando uma abordagem integrada que priorize a proteção dos trabalhadores (ALBUQUERQUE ET AL., 2015).

O papel do enfermeiro do trabalho no ambiente laboral é indispensável para garantir a conscientização, educação e esclarecimento dos trabalhadores sobre as medidas de prevenção e proteção que asseguram sua saúde e segurança no ambiente ocupacional. Como líder da equipe de saúde ocupacional, esse profissional deve estar constantemente atualizado quanto às melhores práticas de segurança, promovendo um espaço de trabalho protegido e livre de riscos (PAZ; KAISER, 2011).

Além da prevenção de doenças e acidentes, o enfermeiro desempenha ações estratégicas na promoção da saúde do trabalhador, reconhecendo a importância de valorizar o indivíduo em sua totalidade. Essa atuação impacta diretamente na redução dos índices de acidentes e no controle de doenças ocupacionais, garantindo um ambiente laboral mais saudável e produtivo (PAZ; KAISER, 2011).

De acordo com PAZ; KAISER (2011), a contribuição do enfermeiro do trabalho na promoção da saúde ocupacional vai além da assistência individual aos trabalhadores. Sua atuação inclui a educação contínua dos profissionais de saúde por meio de treinamentos, palestras e campanhas educativas, incentivando a reflexão sobre práticas seguras.

O desenvolvimento de programas teóricos e práticos permite a transformação de ideias e métodos de trabalho, reduzindo riscos biológicos no ambiente ocupacional. A disseminação de informações qualificadas contribui para que os trabalhadores identifiquem e previnam exposições a agentes patogênicos, garantindo maior segurança na execução de suas atividades (PAZ; KAISER, 2011).

No que se refere à promoção da saúde ocupacional, o enfermeiro desempenha um papel essencial na implementação de ações preventivas, incluindo:

  • Promoção de medidas de higiene no ambiente laboral, assegurando a integridade física dos trabalhadores;
  • Elaboração de campanhas de saúde voltadas para a prevenção de doenças ocupacionais, como lesões musculoesqueléticas e transtornos psicológicos decorrentes de carga excessiva de trabalho;
  • Desenvolvimento de projetos para a identificação e mitigação de riscos ocupacionais, considerando aspectos químicos, físicos e biológicos;
  • Implementação de políticas para controle da exposição a agentes nocivos, com foco na proteção dos trabalhadores e na melhoria da qualidade do ambiente de trabalho (PAZ; KAISER, 2011).

5.6 MONITORAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE PREVENÇÃO

O Enfermeiro do Trabalho deve permanecer atento às condições do ambiente laboral, analisando a rotina dos trabalhadores para identificar potenciais riscos e antecipar fatores desencadeantes de doenças ocupacionais (MATOS; SILVA; LIMA, 2017).

Entre suas principais responsabilidades, destacam-se:

  • Coleta e análise de dados epidemiológicos sobre atividades funcionais;
  • Execução e avaliação de programas de prevenção de acidentes e doenças;
  • Atendimento ambulatorial, incluindo administração de medicamentos, aferição da pressão arterial, realização de curativos e campanhas de vacinação;

Promoção de ações voltadas para o controle de doenças como hipertensão, diabetes e obesidade (MATOS; SILVA; LIMA, 2017).

Além de garantir o bem-estar dos trabalhadores, o enfermeiro atua na prevenção de doenças ocupacionais, que podem ser classificadas em duas categorias:

  • Tecnopatias, originadas diretamente pelo trabalho;
  • Mesopatias, condições preexistentes que são agravadas pelo ambiente laboral (MATOS; SILVA; LIMA, 2017).

O Enfermeiro do Trabalho desempenha um papel essencial dentro das organizações, não apenas na prevenção de acidentes e doenças, mas também na implementação de ações educativas para conscientizar os trabalhadores sobre o uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPI) e a importância da manutenção da saúde ocupacional.

Sua atuação impacta diretamente a segurança e a saúde no ambiente de trabalho, promovendo benefícios significativos para toda a organização e garantindo um ambiente laboral mais seguro e saudável (MATOS; SILVA; LIMA, 2017).

5.7 AÇÕES MITIGADORAS NOS RISCOS OCUPACIONAIS HOSPITALARES

As ações de prevenção e controle de acidentes devem começar com a qualificação antecipada da equipe de trabalho de uma instituição, levando em consideração as particularidades de cada profissional. O enfermeiro responsável por uma equipe precisa estar atento às necessidades individuais dos colaboradores, assegurando que todos possam desempenhar suas funções sem comprometer sua saúde. Outra medida importante nesse contexto é o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que devem ser utilizados exclusivamente no ambiente de trabalho e para os fins específicos para os quais foram destinados.

É essencial também investir na aquisição e uso de novas tecnologias, além de garantir que a equipe de saúde receba treinamento adequado para operar esses equipamentos. Isso inclui a manutenção regular, bem como a limpeza e higienização adequadas dos aparelhos. A equipe de enfermagem também é responsável por garantir o bom manuseio dos equipamentos.

Outra ação relevante de mitigação é a implementação da ginástica laboral, que pode ser organizada durante os plantões por meio de uma escala de atividades realizadas por um profissional treinado. Essa prática contribui para a preparação física dos funcionários, fortalecendo tendões e músculos, prevenindo lesões e outros problemas relacionados à ergonomia, além de diminuir a ocorrência de acidentes ocupacionais.

A Educação Continuada (EC) também é uma medida essencial para os profissionais de enfermagem e as instituições de saúde, pois permite a melhoria do desempenho profissional por meio de constante atualização e aprendizado. A EC deve ser um processo contínuo, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos que auxiliem na intervenção e resolução de problemas, além de modificar conceitos ultrapassados (SILVA et al., 2009).

Para que a EC seja efetiva, é necessário que as instituições desenvolvam estratégias focadas na prática assistencial e em orientações voltadas à melhoria da assistência aos pacientes. A EC deve ser vista como um instrumento de valorização da profissão, devendo ser estendida a todas as categorias profissionais dentro do hospital. Isso permitirá que a cultura de aprendizagem e atualização se espalhe por toda a equipe, promovendo melhores resultados para a saúde do trabalhador e dos pacientes (BEZERRA et al., 2012).

Segundo Gomes et al. (2009), a revisão do processo de trabalho, com ênfase no uso de EPIs e na adoção de práticas seguras, é uma medida de grande importância para a promoção de um ambiente de trabalho seguro. No entanto, muitos profissionais de saúde acabam se tornando “automatizados” em suas funções devido à sobrecarga de trabalho, o que aumenta o risco de acidentes e diminui a eficiência no trabalho (GOMES et al., 2009).

Por isso, é fundamental que as atividades de atualização e educação continuada sejam realizadas dentro do horário de trabalho, evitando que os profissionais precisem sair de seu tempo de folga para participar de treinamentos, o que contribuirá para um aumento no bem-estar e na satisfação dos funcionários (GOMES et al., 2009). Além disso, a colaboração entre as instituições de ensino e os serviços de saúde é uma estratégia importante para criar um processo contínuo de educação que beneficie tanto os profissionais quanto os pacientes (BEZERRA et al., 2012).

Outras iniciativas, como a implantação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e do Programa de Prevenção de Riscos Ocupacionais (PPRO), são essenciais para o controle dos riscos ocupacionais em ambientes hospitalares. Essas comissões garantem maior vigilância e segurança para os trabalhadores e pacientes (GUGLIELMI, 2010).

Mudanças estruturais no ambiente de trabalho, como a revisão da infraestrutura, mobiliário e equipamentos, são igualmente necessárias para reduzir os riscos ocupacionais. Aspectos como ajustes na temperatura ambiente, eliminação de ruídos e a identificação de áreas de risco devem ser constantemente avaliados para proporcionar condições de trabalho adequadas (BELEZA et al., 2013).

Portanto, as ações educativas e de prevenção realizadas pelas equipes de enfermagem, quando bem planejadas e aplicadas, podem reduzir significativamente os riscos ocupacionais e promover a saúde e segurança dos trabalhadores. A gestão de riscos ocupacionais deve ser conduzida, preferencialmente, pelos enfermeiros, que têm um papel fundamental na supervisão e educação da equipe de saúde (VALENTE et al., 2012). No entanto, a conscientização sobre esses riscos ainda é insuficiente em muitos ambientes hospitalares, o que destaca a importância de uma ação educativa contínua e eficaz.

5.8 FLUXOGRAMA – ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DO TRABALHO EM ACIDENTE COM MATERIAL BIOLÓGICO

FLUXOGRAMA- Atuação do Enfermeiro do Trabalho em Acidente com Material Biologico.

6. METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido em conformidade com as disposições legais estabelecidas pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais no Brasil, assegurando a proteção das produções intelectuais utilizadas na elaboração da presente pesquisa.

Trata-se de uma revisão bibliográfica, de abordagem descritiva, qualitativa e exploratória, com o objetivo de analisar a relevância da atuação do enfermeiro do trabalho na prevenção e controle de infecções por materiais biológicos, bem como identificar estratégias eficazes voltadas à promoção da saúde ocupacional e à segurança dos trabalhadores. A abordagem descritiva permitiu o levantamento detalhado de informações já publicadas, enquanto a perspectiva qualitativa proporcionou uma análise interpretativa do conteúdo, enfatizando o impacto das ações preventivas adotadas e a eficácia das práticas de biossegurança implementadas no ambiente laboral.

A coleta de dados foi realizada entre os meses de março e abril de 2025, por meio de pesquisa em bases científicas reconhecidas, como a Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e a Scientific Electronic Library Online (SCIELO), além da análise de livros técnicos e manuais oficiais do Ministério da Saúde. Foram utilizados como critérios de busca os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Enfermagem do Trabalho”, “Biossegurança”, “Prevenção de Infecções” e “Saúde Ocupacional”.

Inicialmente, foram identificados 40 artigos científicos publicados nos últimos dez anos. Após aplicação de critérios rigorosos de elegibilidade, com ênfase na precisão metodológica e relevância temática, foram selecionados 28 estudos que atenderam aos objetivos da pesquisa. Além dos artigos recentes, foram incluídas obras clássicas e publicações anteriores a 2010, desde que apresentassem contribuições significativas à fundamentação teórica e ao histórico das práticas de segurança ocupacional.

A análise dos dados foi conduzida de forma crítica e sistemática, priorizando a identificação de evidências relevantes sobre a atuação do enfermeiro do trabalho frente aos riscos biológicos. Os resultados foram organizados e apresentados por meio de descrições analíticas, quadros, tabelas e gráficos, visando facilitar a compreensão das informações e evidenciar as principais tendências e boas práticas na área de biossegurança. A organização das informações considerou tanto as intervenções práticas quanto as abordagens teóricas, possibilitando uma compreensão abrangente sobre o papel da enfermagem do trabalho na prevenção de infecções e na promoção da saúde dos profissionais em ambientes laborais.

7. CONCLUSÃO

O presente estudo tem como objetivo analisar, de forma detalhada, a atuação da enfermagem do trabalho no controle e prevenção de infecções ocupacionais causadas por materiais biológicos, com ênfase nas ações preventivas e de promoção da saúde no ambiente de trabalho. A revisão da literatura visa explorar as melhores práticas, protocolos e estratégias de intervenção que busquem reduzir os riscos biológicos a que os trabalhadores estão expostos, especialmente aqueles inseridos no contexto hospitalar e em ambientes de saúde.

Além disso, o estudo procura destacar a importância da enfermagem do trabalho como um elemento essencial na implementação de medidas de segurança e controle, abrangendo desde o fornecimento e orientação sobre o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) até o acompanhamento de práticas de higiene e prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes e outras fontes de risco biológico. As ações do enfermeiro do trabalho não se limitam apenas à prevenção, mas também à promoção da saúde, oferecendo suporte contínuo aos trabalhadores para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável, o que contribui diretamente para a qualidade de vida e bem-estar do colaborador.

A revisão das evidências científicas será fundamental para entender o impacto de estratégias de prevenção, como a educação continuada, a sensibilização dos profissionais de saúde e a implementação de medidas de controle rigorosas, como o descarte correto de resíduos biológicos e a adequação dos espaços de trabalho. Este estudo também discutirá os desafios enfrentados pelos enfermeiros do trabalho na abordagem desses riscos, além de apontar a importância do trabalho interdisciplinar na criação de políticas eficazes de segurança e saúde no trabalho.

O foco da pesquisa é fornecer subsídios teóricos e práticos para a construção de uma atuação profissional ainda mais qualificada, que não apenas proteja o trabalhador dos riscos biológicos, mas também promova a conscientização e o engajamento das equipes de saúde em um compromisso coletivo pela segurança e bem-estar no ambiente de trabalho. Assim, espera-se que os resultados contribuam para o aprimoramento contínuo das práticas de enfermagem do trabalho, influenciando positivamente tanto a saúde dos trabalhadores quanto a qualidade do cuidado prestado aos pacientes.

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