EXERCÍCIO FÍSICO E ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS EFICIENTES PARA MULHERES COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS E RESISTÊNCIA À INSULINA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202505131034


Ricardo de Oliveira Ferreira1
Orientador: Prof. Dr. Danilo Bertucci2


RESUMO

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma condição endócrino-metabólica prevalente em mulheres em idade reprodutiva, frequentemente associada à resistência à insulina (RI) e disfunções hormonais. Este estudo tem como objetivo geral discutir as estratégias relacionadas tanto ao exercício físico quanto à nutrição que se apresentem como mais eficazes no contexto de mulheres que apresentam SOP em associação com resistência à insulina. A pesquisa utilizou a metodologia de revisão de literatura narrativa, analisando estudos disponíveis em bases de dados como Google Acadêmico, Lilacs e SciELO, focando em intervenções não farmacológicas. Os resultados indicam que a combinação de dietas ricas em fibras com baixo índice glicêmico e a prática regular de exercícios aeróbicos e de resistência melhoram a sensibilidade à insulina e reduzem os níveis de androgênios, contribuindo para a melhora dos sintomas da SOP. Além disso, a suplementação nutricional, incluindo inositol e ácidos graxos ômega-3, demonstrou potencial em otimizar os perfis glicêmico e lipídico. Conclui-se que uma abordagem integrada, que combina modificações dietéticas, exercícios físicos e suplementação, é essencial para o manejo eficaz da SOP, destacando-se a necessidade de estratégias personalizadas para atender às necessidades individuais das pacientes. Este estudo ressalta a importância de uma abordagem holística no tratamento da SOP, com implicações significativas para a prática clínica e futura pesquisa.

Palavras-chave: Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Resistência à insulina. Exercício aeróbico. Dieta de baixo índice glicêmico. Suplementação nutricional.

ABSTRACT

Polycystic Ovary Syndrome (PCOS) is a prevalent endocrine-metabolic condition among women of reproductive age, often linked to insulin resistance (IR) and hormonal dysfunctions. This study aims to discuss exercise and nutrition strategies that are most effective for women with PCOS associated with insulin resistance. The research employed a narrative literature review methodology, analyzing studies available in databases such as Google Scholar, Lilacs, and SciELO, focusing on non-pharmacological interventions. The results indicate that combining high-fiber, low-glycemic diets with regular aerobic and resistance exercises improves insulin sensitivity and reduces androgen levels, contributing to the alleviation of PCOS symptoms. Moreover, nutritional supplementation, including inositol and omega-3 fatty acids, showed potential in optimizing glycemic and lipid profiles. The conclusion is that an integrated approach combining dietary modifications, physical exercise, and supplementation is crucial for the effective management of PCOS, emphasizing the need for personalized strategies to meet individual patient needs. This study highlights the importance of a holistic approach to PCOS treatment, with significant implications for clinical practice and future research.

Keywords: Polycystic Ovary Syndrome (POS). Insulin resistance. Aerobic exercise. Low-glycemic diet. Nutritional supplementation.

1 INTRODUÇÃO

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma condição endócrino-metabólica prevalente em mulheres em idade reprodutiva, caracterizada por disfunções hormonais e metabólicas, como anovulação crônica, hiperandrogenismo e a presença de cistos ovarianos (Holdefer; Gonçalves, 2022; Lima; Pereira, 2024; Oliveira et al., 2024). Além desses aspectos, a SOP está frequentemente associada à resistência à insulina (RI), que exacerba os sintomas e contribui para o desenvolvimento de complicações como obesidade, diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares (Saraiva et al., 2023; Oliveira et al., 2023).

A literatura tem destacado a importância de intervenções não farmacológicas, como a combinação de estratégias nutricionais e a prática regular de exercícios físicos, no manejo da SOP e na redução da RI. Em particular, a adoção de uma dieta com déficit calórico, rica em fibras e de baixo índice glicêmico, associada à prática de atividades físicas, especialmente aeróbicas e de resistência, pode melhorar a sensibilidade insulínica, regular os níveis hormonais e promover a perda de peso, com foco na diminuição da gordura abdominal visceral (Pena et al., 2022; Mendes et al., 2023; Saraiva et al., 2023; Gonçalves et al., 2024).

Os exercícios aeróbicos, como caminhadas, têm se mostrado eficazes na melhoria da capacidade cardiorrespiratória e na composição corporal, enquanto os treinos resistidos contribuem para o aumento da massa muscular e da taxa metabólica basal, fatores que auxiliam no controle da SOP (Oliveira; Silva; Salomon, 2022; Pena et al., 2022; Costa et al., 2024). A combinação dessas práticas é fundamental para potencializar a sensibilidade insulínica e melhorar os sintomas associados à condição.

Diante disso, este estudo tem como objetivo discutir as estratégias mais eficazes relacionadas ao exercício físico e à nutrição para mulheres com SOP e RI. Os objetivos específicos incluem: I) analisar os efeitos do exercício aeróbico e resistido na sensibilidade à insulina e nos marcadores hormonais; II) destacar a eficácia das dietas ricas em fibras e de baixo índice glicêmico na redução da RI e dos níveis de androgênios; e III) discutir o impacto da suplementação nutricional nos perfis glicêmico e lipídico dessas pacientes.

A pesquisa busca responder à seguinte questão: quais intervenções em exercício físico e estratégias nutricionais são mais eficazes para mulheres com SOP e resistência à insulina? Ao investigar essas abordagens, espera-se contribuir para o desenvolvimento de intervenções mais eficazes que melhorem a qualidade de vida dessas mulheres.

2 METODOLOGIA

Este estudo se fundamenta em uma revisão narrativa de literatura, com o objetivo de investigar a eficácia de estratégias nutricionais e exercícios físicos para mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e resistência à insulina. Para tal, foram consultadas as bases de dados Google Acadêmico, Lilacs e SciELO, utilizando termos de busca como “Síndrome dos Ovários Policísticos”, “Resistência à Insulina”, “Exercício Aeróbico”, “Dieta de Baixo Índice Glicêmico” e “Suplementação Nutricional”.

A seleção dos artigos seguiu critérios específicos: publicações em português, disponíveis integralmente e sem custos, que abordassem intervenções não farmacológicas voltadas para o tratamento da SOP. Excluíram-se estudos que não explorassem a relação entre SOP e resistência à insulina, bem como artigos pagos, em outros formatos ou idiomas.

A análise dos dados foi conduzida através de técnicas típicas de pesquisas descritivas, com o intuito de sintetizar as evidências sobre os benefícios das intervenções nutricionais e práticas de exercícios físicos para mulheres com diagnóstico de SOP e resistência à insulina. O período de publicação dos artigos analisados abrangeu os últimos 6 anos (2018-2024), garantindo a atualização das informações e a relevância dos resultados para a prática clínica atual.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 OS EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO E DE RESISTÊNCIA NA SENSIBILIDADE À INSULINA E NOS MARCADORES HORMONAIS EM MULHERES COM SOP E RI

A Síndrome dos Ovários Policísticos, referida como SOP, consiste em uma condição endócrina que se revela complexa, afetando mulheres situadas na fase reprodutiva de suas vidas. Isso se traduz em um cenário caracterizado por desequilíbrios hormonais e pela presença da resistência à insulina (RI) (Campos; Leão; Souza, 2021). Uma gama diversificada de estudos recentes têm demonstrado que a implementação da prática de exercícios físicos, sejam eles aeróbicos ou de resistência, pode eventualmente aprimorar de maneira significativa tanto a sensibilidade à insulina quanto os marcadores hormonais associados em mulheres diagnosticadas com SOP (Oliveira et al., 2024).

Essas intervenções têm o potencial não apenas para facilitar o gerenciamento dos sintomas relacionados à SOP, mas também têm permitido uma melhora expressiva na saúde global e na qualidade de vida experimentada por essas pacientes após a adesão aos exercícios físicos, sobretudo aos aeróbicos (Oliveira et al., 2024). Os exercícios aeróbicos, que, usualmente, englobam atividades como caminhar, correr e andar de bicicleta, são responsáveis por promover variações fisiológicas no corpo humano (Mendes et al., 2023).

Tais variações levam a um aumento na captação da glicose nos músculos, o que por sua vez resulta em uma melhora na ação do hormônio insulina e na diminuição dos níveis de glicose sanguínea (Holdefer; Gonçalves, 2022). As adaptações que demandam a ampliação da expressão dos transportadores de glicose e um aprimoramento funcional das mitocôndrias. Para mulheres que padecem da síndrome dos ovários policísticos (SOP), as quais comumente apresentam índices reduzidos de sensibilidade à insulina, as transformações geradas pela prática de exercícios aeróbicos podem se mostrar benéficas (Ribeiro et al., 2022).

Observa-se, ainda, que a regularidade na realização dessas modalidades de exercício se revela como um aspecto central no que concerne à preservação dessas vantagens adquiridas (Lima; Pereira, 2024). Verifica-se também que o treinamento de resistência, que, usualmente, engloba atividades como a elevação de pesos e o rol de exercícios voltados especificamente ao fortalecimento da musculatura, tem sido indicado um elemento igualmente imprescindível no que concerne à otimização da sensibilidade à insulina (Campos; Leão; Souza, 2021).

O aumento correlacionado da massa muscular advindo desses tipos de exercícios propicia uma ampliação na captação de glicose, fomentando assim uma resposta insulinêmica mais eficaz. Esse modalidade de exercício assume especial relevância no contexto das mulheres diagnosticadas com síndrome dos ovários policísticos (SOP) e resistência insulinêmica (RI), as quais frequentemente se defrontam com dificuldades significativas no que tange ao metabolismo da glicose (Saraiva et al., 2023).

Frisa-se, ainda, que a conjugação entre as atividades aeróbicas e resilientes é postulada como benéfica em virtude do oferecimento de vantagens mais abrangentes. Assim, os estudos em torno da temática de exercícios físicos revelam que a conjunção de atividades aeróbicas aliadas à resistência apresenta-se como um método particularmente efetivo na gestão da SOP (Campos; Leão; Souza, 2021; Bessa et al., 2022; Holdefer; Gonçalves, 2022; Lima; Pereira, 2024).

As participantes femininas submetidas àqueles programas que contemplam tanto exercícios aeróbicos quanto resistência reportam melhorias consideráveis em parâmetros, citando como exemplo a própria sensibilidade à insulina, em estudo, bem como os índices de testosterona, se comparadas com aquelas cujo regime é limitado a uma única modalidade de exercício. Desse modo, uma estratégia sinérgica pode oferecer vantagens no que concerne ao controle sintomático da SOP e à otimização dos critérios metabólicos (Bessa et al., 2022; Gonçalves et al., 2024).

Essa estratégia integrada favorece também a diminuição do peso corporal, o que é, inegavelmente, um elemento determinante para manter uma saúde metabólica adequada. Além dos benefícios que se inter-relacionam com a sensibilidade insulínica, há uma influência benéfica notável da prática de atividades físicas nos marcadores hormonais nas mulheres diagnosticadas com a síndrome do ovário policístico (SOP).

A realização consistente de exercícios físicos revela uma associação correlativa com a redução dos níveis circulatórios de andrógenos, em particular da testosterona, que frequentemente se apresenta em graus elevados entre as mulheres que detêm esta condição patológica. A diminuição desses níveis hormonais pode, então, impulsionar a redução dos sintomas manifestados, sendo os mais frequentes o hirsutismo e acne, efetivando, assim, uma melhoria na qualidade de vida das pacientes envolvidas (Bessa et al., 2022; Gonçalves et al., 2024).

O foco na modulação hormonal coloca em evidência a importância do exercício físico neste escopo atrelado à abordagem terapêutica multidisciplinar que visa o tratamento não medicamentoso da SOP. Os estudos pontuam também que a execução de atividade física de forma contínua se revela um suporte notável na regulação dos indicadores hormonais associados ao hormônio luteinizante, usualmente conhecido como LH, assim como ao hormônio folículo-estimulante, frequentemente denominado FSH (Saraiva et al., 2023; Gonçalves et al., 2024).

Essa interrelação hormonal assume um papel essencial, visto que é a principal estratégia que permite a chegada a um equilíbrio que permite às mulheres afetadas terem ciclos menstruais com uma regularidade mais significativa. Frisa-se, ainda, que o aspecto da regulação hormonal não deve ser minimizado quando se analisa a saúde reprodutiva e metabólica em mulheres diagnosticadas com a SOP (Bessa et al., 2022; Ribeiro et al., 2022; Oliveira et al., 2024).

Por tais motivos, os estudos têm se inclinado a reconhecer e enfatizar que, para o alcance de resultados positivos, a recuperação do processo ovulatório depende da prática rotineira de atividades físicas, bem como têm identificado que hpa uma potencial vantagem na fertilidade das mulheres que enfrentam essa condição particular (Ribeiro et al., 2022; Saraiva et al., 2023). Assim sendo, reafirma-se que o engajamento em exercícios físicos detém uma função considerável no controle eficaz dos sintomas vinculados à SOP ao longo de um período temporal estendido.

Tendo em vista essas características, a composição corpórea se torna um ponto de relevância diante da influência positiva atrelado à prática desses exercícios físicos, sobretudo os aeróbicos. As mulheres que sofrem de SOP costumam ter alguns sintomas corriqueiros, como é o caso da prevalência de estado obesogênico ou sobrepeso, aspecto que exacerba a condição de resistência insulínica e provoca perturbações nos níveis hormonais (Campos; Leão; Souza, 2021; Bessa et al., 2022; Gonçalves et al., 2024).

Em relação ao processo de redução de peso mediado pela prática habitual de atividades físicas nota-se uma melhora notável na sensibilidade à insulina, concomitantemente levando à diminuição dos índices circulatórios desse hormônio. Novamente, a repetição regular de exercícios físicos não apenas aprimora os parâmetros da saúde cardiovascular mas também atenua os riscos emergentes de complicações metabólicas, conferindo, assim, benefícios significativos para as pacientes diagnosticadas com SOP (Ribeiro et al., 2022; Saraiva et al., 2023).

Por tais motivos, em seu estudo específico, Oliveira et al. (2024) frisam que, ainda que as intervenções que não envolvam medicamentos, alterações nos padrões do estilo de vida, em muitas vezes, são preconizadas, pois o intuito é aprimorar a sensibilidade insulínica e estabilizar os níveis glicêmicos. Saraiva et al. (2023) corroboram e entendem que a implicação da realização de exercícios físicos está intrinsecamente ligada à redução ponderal e à otimização da saúde cardiovascular, o que, por sua vez, potencialmente mitiga a gravidade dos sintomas associados à SOP.

Já Campos, Leão e Souza (2021) evidenciam de maneira proeminente a relevância atribuída aos exercícios físicos no contexto do manejo da SOP. Diante da análise, os autores entendem que é possível afirmar que a união da prática de atividades físicas com uma alimentação tida como adequada se configura enquanto uma estratégia potencialmente eficaz para propiciar avanços na qualidade de vida das mulheres acometidas pela SOP. Isto é corroborado também por Gonçalves et al. (2024) em seu estudo.

Para Campos, Leão e Souza (2021) e Gonçalves et al. (2024), o estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis em conjunção com a execução regular de exercícios físicos se apresenta como um fator que pode ocasionar resultados significativos, como é o caso da diminuição da resistência insulínica e do aprimoramento do perfil lipídico. Além disso, conforme enfatizado pelos autores, a realização de atividades físicas pode desempenhar um papel relevante na regulação hormonal, bem como na otimização dos ciclos menstruais.

Os estudos que foram analisados no contexto da pesquisa empreendida por Oliveira et al. (2024) apontam para a constatação de que o grupo feminino acometido pela SOP frequentemente demonstra uma predisposição à resistência insulínica. Ante tal cenário, e isto é corroborado por Saraiva et al. (2023) e Lima e Pereira (2024), os estudos frisam que a implementação de um regime regular de atividade física pode ter efeitos benéficos na sensibilidade à insulina, ao passo que também contribui para a regulação dos níveis glicêmicos.

Pode-se concluir, assim, que a adoção de uma estratégia integrada é considerada primordial, visto que esta implica uma correlação entre tratamentos farmacológicos e intervenções não farmacológicas — como práticas de exercício físico e técnicas para a gestão do estresse emocional, essenciais para um controle mais adequado da SOP. O escopo dessa abordagem não se restringe meramente à mitigação dos sintomas associados à síndrome em questão, mas estende-se também ao fortalecimento da saúde reprodutiva e metabólica das mulheres impactadas, objetivando, assim, uma melhoria substancial em sua qualidade de vida global.

3.2 A EFICÁCIA DAS DIETAS RICAS EM FIBRAS E COM BAIXO ÍNDICE GLICÊMICO NA REDUÇÃO DA RESISTÊNCIA À INSULINA E DOS NÍVEIS DE ANDROGÊNIOS

A interrelação entre a alimentação, a resistência insulínica e a síndrome do ovário policístico (SOP) apresenta um campo de pesquisa que desperta especial interesse no contexto atual. As modalidades dietéticas compostas por elevados teores de fibras em conjunto com baixos índices glicêmicos estão sob investigação, considerando seu potencial para possibilitar uma melhora na sensibilidade à insulina e, consequentemente, reduzir os níveis androgênicos em populações femininas afetadas pela SOP (Vilela et al., 2023; Silva et al., 2024; Lima; Pereira, 2024).

Em diversas circunstâncias, a resistência à insulina associada à SOP se manifesta frequentemente por meio de um quadro de hiperinsulinemia, que, por sua vez, incita diretamente os ovarianos a produzirem quantidades significativas de androgênios. Tal fenômeno acentua sintomas frequentemente indesejáveis, citando-se como exemplo o hirsutismo e distúrbios cutâneos como a acne (Pena et al., 2022; Costa et al., 2024).

A resistência que se manifesta na insulina apresenta uma correlação com um leque extenso de complicações que têm natureza metabólica, tais como a obesidade em região abdominal, dislipidemias e o aumento do risco relacionado ao desenvolvimento de diabetes na sua forma tipo 2 (Silva et al., 2024). Desse modo, observa-se que a resistência à insulina tende a ser intensificada por um padrão alimentar que é significativamente rico em carboidratos refinados enquanto é escassamente dotado de fibras (Silva et al., 2024).

Consequentemente, pode haver a manifestação de picos abruptos nos níveis glicêmicos sanguíneos, ocasionando, assim, uma hiperinsulinemia subsequente (Pena et al., 2022). Por outro lado, as dietas que concentram elevadas quantidades de fibra têm sido consideradas como eficazes especificamente por conta da modulação nas respostas glicêmicas, atuando para retardar o processo de absorção dos carboidratos, cujo resultado é a liberação de maneira mais gradual da glicose na circulação sanguínea (Saraiva et al., 2023).

Esse fenômeno serve para diminuir a demanda sobre a insulina e, consequentemente, propicia uma melhoria na sensibilidade à insulina (Saraiva et al., 2023). Por tais motivos, a adequada ingestão de fibras alimentares, com particular ênfase naquelas fibras classificadas como solúveis, possui potencial para influenciar de maneira significativa os parâmetros relacionados à saúde metabólica (Mendes et al., 2023). Desse modo, as fibras solúveis atuam por meio do incremento da viscosidade presente no conteúdo intestinal. Assim, tem-se um processo digestório mais prolongado, bem como há uma menor absorção de carboidratos (Costa et al., 2024).

Tal fenômeno pode, consequentemente, propiciar uma resposta insulínica pós-prandial que se caracteriza pela presença de níveis reduzidos (Vilela et al., 2023). Esse efeito é especialmente vantajoso para a população feminina, que tem sido amplamente afetada pela síndrome do ovário policístico (SOP), uma vez que a intervenção dietética mencionada pode auxiliar na regulação da hiperinsulinemia e, consequentemente, trazer implicações positivas na diminuição da secreção androgênica oriunda dos ovários (Silva et al., 2024).

O consumo de fibras tem relação direta com a diminuição da probabilidade de incidência de patologias cardiovasculares, que se configuram como uma preocupação preponderante entre o gênero feminino com a SOP, dada sua conexão com resistência à insulina e aumento na adiposidade (Saraiva et al., 2023). As fibras, por sua vez, facilitam a sensação de saciedade, o que possui potencial para contribuir em um melhor manejo do peso corporal, que é um dos aspectos que afeta a autoestima dessas mulheres (Mendes et al., 2013).

Essa redução – mesmo que de maneira modesta – tem sido evidenciada como um fator vinculativo para melhorias relacionadas aos indicadores metabólicos, bem como às variáveis hormonais em indivíduos femininos diagnosticados com SOP (Silva et al., 2024). Nesse contexto, torna-se relevante destacar a importância do índice glicêmico (IG) de um alimento, porque é uma quantificação que se propõe a avaliar o impacto que este alimento provoca nos níveis de glicose sanguínea subsequentemente à sua ingestão (Silva et al., 2024).

Os alimentos caracterizados por deterem baixo IG são submetidos a processos digestivos e de absorção que ocorrem de maneira mais lenta. A resposta glicêmica que se apresenta de forma mais gradual, concomitantemente a um pico insulínico reduzido (Pena et al., 2022). Esta característica assume relevância particular para o grupo das mulheres que apresentam SOP, visto que a manutenção de níveis estáveis tanto da glicose quanto da insulina pode potencialmente mitigar a produção excessiva de androgênios (Pena et al., 2022).

Nessa seara, destaca-se que regimes alimentares caracterizados por baixo índice glicêmico (IG) são suscetíveis a promover melhorias significativas na sensibilidade insulínica, além de atenuar os níveis androgênicos em indivíduos do sexo feminino diagnosticados com síndrome dos ovários policísticos (SOP), conforme indicado por Saraiva et al. (2023). Além do controle glicêmico, tais práticas dietéticas possuem o potencial de mitigar a inflamação crônica de natureza leve, frequentemente observada em casos de SOP e correlacionada à resistência à insulina e disfunções de cunho metabólico, como discutido por Silva et al. (2024).

A implementação dessas dietas com elevado teor de fibras e um reduzido IG impõe à demanda realizar certas seleções alimentares. Alimentos como os grãos integrais, assim como leguminosas, frutas e vegetais, exibem uma densidade significativa em fibras e geralmente detêm um baixo IG (Silva et al., 2024). Tais alimentos não apenas colaboram para a regulação dos níveis glicêmicos e da insulina, mas também oferecem nutrientes que são cruciais para a manutenção da saúde em um sentido amplo (Vilela et al., 2023).

Ademais, esse grupo é composto por alimentos que possuem características anti-inflamatórias, e, com isso, podem atuar na redução da inflamação sistêmica frequentemente relacionada à SOP (Vilela et al., 2023). Por tais motivos, à dieta mediterrânea, caracterizada por ter o elevado teor de fibras e um IG reduzido, correlaciona-se com avanços nas manifestações da SOP, incluindo a regularização da periodicidade menstrual e a diminuição dos andrógenos presentes no organismo (Vilela et al., 2023).

Essa abordagem prioriza o ingresso de lipídios benéficos, tais como o azeite proveniente da oliva, a ictiofauna, os frutos secos e as sementes em geral, os quais trazem benefícios também para a manutenção da saúde cardiovascular e podem ser eficazes na otimização do perfil lipídico em mulheres diagnosticadas com SOP (Silva et al., 2024). Essa estratégia é indicada porque a SOP é frequentemente associada a uma gama de complicações psicológicas, incluindo, mas não se limitando a, estados de ansiedade e episódios depressivos (Pena et al., 2022).

Esses episódios ocorrem em decorrência dos sintomas físicos e das disfunções metabólicas características a esta condição. Por tais motivos, tem-se verificado que a implementação de regimes alimentares que sejam categorizados como ricos em fibras e com baixo IG provoca efeitos potencialmente benéficos não apenas sob a perspectiva da saúde física dos indivíduos afetados, mas ademais pode contribuir para uma melhoria palpável na qualidade de vida geral desses pacientes, que costumam ter baixa autoestima (Oliveira et al., 2023).

Nessa perspectiva, como tem sido verificado ao longo deste estudo, a diminuição da resistência à insulina e os níveis elevados de androgênios são estratégias que têm o potencial de impulsionar uma melhora expressiva nos sintomas clínicos apresentados, processo que, por sua vez, pode repercutir positivamente no bem-estar psicológico das pacientes afetadas por essa patologia (Pena et al., 2022; Saraiva et al., 2023).

Diante desse rol de benefícios, Silva et al. (2024) frisam que mulheres diagnosticadas com SOP que implementaram esse tipo de alimentação demonstraram uma melhoria notável na resistência insulínica, acompanhada de uma diminuição nos níveis androgênicos. Concomitantemente, outra investigação, realizada por Saraiva et al. (2023), salientou que a incorporação de alimentos abundantes em fibras nessas dietas propiciou uma alteração considerável nos marcadores inflamatórios, além de auxiliar no aprimoramento da sensibilidade à insulina.

Outrossim, a investigação conduzida por Vilela et al. (2023) propõem que padrões dietéticos que priorizam a ingestão de alimentos integrais com elevada concentração de fibras não somente se revelam benéficos na administração da resistência à insulina, como também favorecem a regularidade dos ciclos menstruais e promovem avanços na funcionalidade ovulatória entre mulheres acometidas pela SOP. Assim, os dados dessas investigações enfatizam de maneira contundente a relevância das intervenções nutricionais dentro da abordagem multifatorial indispensável para um manejo proficiente da SOP.

Em sua pesquisa, Oliveira et al. (2023) chegaram a resultados semelhantes. Verificaram que a implementação de um regime alimentar que seja elevado em fibras e possua um índice glicêmico minimamente significativo em mulheres que apresentam SOP demanda uma estratégia educativa que seja ao mesmo tempo individualizada e minuciosamente elaborada. É bastante comum a necessidade de instruir as pacientes acerca da relevância inerente às escolhas alimentares, além de como tais decisões podem ressoar diretamente sobre os sintomas manifestos.

A partir dos dados reunidos por Oliveira et al. (2023) é correto afirmar que essas planificações dietéticas devem ser meticulosamente ajustadas, o que implica, de maneira simultânea, satisfazer tanto as exigências nutricionais quanto às preferências pessoais dos indivíduos, visando, assim, o estímulo a adesão desses novos hábitos durante períodos extensos, sendo essa uma maneira de mitigar o estresse adicional decorrente de transformações abruptas nas práticas alimentares. Isto também foi verificado por Vilela et al. (2023) e Silva et al. (2024).

Por tais motivos, desde que esses novos hábitos passem, efetivamente, a fazer parte da rotina dessas mulheres com SOP, estudos como os de Saraiva et al. (2023) e Silva et al. (2024) elas também se beneficiam de uma abordagem integrada que combina nutrição com atividade física regular. Como abordado no primeiro tópico, exercício físico, especialmente o treinamento de resistência e exercícios aeróbicos, tem sido mostrado como benéfico para melhorar a sensibilidade à insulina e auxiliar na perda de peso, fatores que são críticos na gestão da SOP.féminas

Esses dados também são ratificados por Vilela et al. (2023), que frisam que a eficácia que se atribui a dietas que são ricas em fibras e, simultaneamente, com baixo IG no que toca à redução de resistência insulínica e dos níveis de androgênios nas  acometidas por SOP é sustentada por um conjunto diversificado de evidências científicas. Não apenas essas dietas contribuem para a gestão dos sintomas clínicos associados à SOP, mas também promovem uma melhoria na saúde metabólica e na qualidade de vida no geral das pacientes.

Dessa maneira, a partir das evidências reunidas ao longo deste tópico, pode-se concluir que a estratégias dietéticas consideradas adequadas, juntamente com intervenções relacionadas ao estilo de vida, propõe uma abordagem holística que pode ser considerada eficaz para o controle da SOP, destacando a essencialidade da personalização do tratamento consoante às exigências específicas e individuais de cada paciente. O desafio, portanto, é estimular essa ação combinada entre dieta nutritiva e prática de exercícios físicos de maneira recorrente.

Em última análise, conclui-se que a preponderância na ênfase a dietas que ostentam elevada quantidade de fibras e apresentam um IG reduzido deve ser considerada uma prioridade cardinal no arcabouço terapêutico da SOP, pois a ação combinada é um encaminhamento plausível para a diminuição das repercussões adversas que se associam à resistência insulínica e à hiperandrogenemia. Por intermédio da instrução educacional e do suporte contínuo, às mulheres diagnosticadas com SOP podem lograr progressos consideráveis em sua saúde e bem-estar, atitude que sublinha, assim, a relevância de estratégias dietéticas particularizadas na administração de condições endócrinas que são intrinsecamente complexas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), como tem sido analisado, é caracterizada por um notório desequilíbrio hormonal, o qual culmina na formação de cistos ovariânicos, concomitante à resistência à insulina (RI) e a um perfil lipídico considerado desfavorável (Holdefer; Gonçalves, 2022). A resistência insulínica figura como uma característica primordial desta síndrome, influindo de maneira substancial nas disfunções metabólicas observadas em uma gama considerável de pacientes (Oliveira et al., 2024).

Nessa perspectiva, a abordagem caracterizada pela suplementação nutricional, como verificado no tópico anterior, ascendeu como uma estratégia promissora à otimização dos perfis glicêmico e lipídico em mulheres que apresentam tanto SOP quanto resistência à insulina (Oliveira et al., 2024). Um dos aspectos que se destacam na administração da SOP diz respeito à resistência insulínica. Essa resistência piora os sinais e sintomas da SOP, bem como eleva a probabilidade de incidência de diabetes mellitus tipo 2 e afecções cardiovasculares (Gonçalves et al., 2024), o resumo disto pode ser melhor visualizado no Quadro 1.

Quadro 1. Intervenções Pertinentes ao Exercício Físico e Estratégias Nutricionais Eficazes para Mulheres com SOP e Resistência à Insulina

Como pode-se ver, a investigação acerca da suplementação nutricional, que abarca elementos como inositol, ácido alfa-lipóico e ácidos graxos ômega-3, revela-se relevante, uma vez que estes nutrientes possuem potencial para aprimorar a sensibilidade do organismo à insulina, bem como para modificar o perfil lipídico em mulheres afetadas pela SOP (Bessa et al., 2022). O inositol, notadamente, é classificado como um isômero da glicose e demonstrou eficiência em promover a sinalização insulínica e a ovulação (Holdefer; Gonçalves, 2022).

Por outro lado, o ácido alfa-lipóico se estabelece como um antioxidante positivo, apto a atenuar o estresse oxidativo, que é um dos fatores que colaboram para a resistência à insulina (Holdefer; Gonçalves, 2022). Desse modo, a inclusão de inositol como suplemento pode provocar avanços notáveis na atividade dos ovários e na sensibilidade insulínica em mulheres que apresentam a SOP. A administração de inositol como suplemento foi associada a uma redução nos níveis de insulina em jejum e a uma melhoria no índice que avalia a sensibilidade à insulina (Oliveira et al., 2024).

Adicionalmente, esta prática parece favorecer a regularização dos ciclos menstruais e um aumento nas taxas de ovulação (Oliveira et al., 2024). Em complemento, essa modalidade de suplementação detem um potencial positivo no que concerne à redução das concentrações de testosterona livre, o que, teoricamente, poderia conferir alívio a sintomas relacionados ao hiperandrogenismo, tais como hirsutismo e acne, comumente observados em mulheres acometidas pela SOP (Gonçalves et al., 2024).

Além de se considerar o inositol, o ácido alfa-lipóico é objeto de investigação em relação à sua potencial eficácia na resistência à insulina. Este composto apresenta um reconhecimento por sua função em aprimorar a captação de glicose por células e na diminuição do estresse oxidativo, fatores que se revelam críticos na patogênese da SOP (Bessa et al., 2022). A suplementação de ácido alfa-lipóico pode propiciar uma melhoria notável no controle glicêmico.

Tem-se, dessa maneira, uma expressiva redução dos níveis de glicose em jejum, assim como da hemoglobina glicada (HbA1c) em mulheres que sofrem de SOP e resistência à insulina (Holdefer; Gonçalves, 2022). Ademais, é pertinente salientar que o ácido alfa-lipóico pode intervir na diminuição dos níveis de triglicerídeos e na melhoria do perfil lipídico global, fator que se reveste de importância crucial para a mitigação do risco de enfermidades cardiovasculares em indivíduos com SOP (Gonçalves et al., 2024).

Os ácidos graxos ômega-3, que se encontram em peixes com alto teor de gordura e em suplementos de óleo de peixe, constituem um elemento nutricional que demonstrou influência benéfica na saúde metabólica de mulheres que partilham do diagnóstico de SOP (Oliveira et al., 2024). A administração de ômega-3 pode contribuir para a diminuição da resistência à insulina e para a otimização do perfil lipídico, resultando na redução dos níveis de triglicerídeos e no aumento do colesterol HDL, este último chamado de “bom” colesterol (Gonçalves et al., 2024)

Essa alteração positiva do perfil lipídico reveste-se de especial relevância para mulheres com SOP, uma vez que, frequentemente, essas pacientes manifestam dislipidemia como parte do quadro clínico que caracteriza a síndrome (Oliveira et al., 2024). Observa-se, ainda, que, a análise dos impactos da vitamina D no âmbito da SOP tem ganhado destaque. As carências desta vitamina é frequente entre mulheres que apresentam a condição, estando estas correlacionadas a algumas condições (Bessa et al., 2022).

Elas são a elevação da resistência insulínica e um aumento da probabilidade de desenvolvimento da síndrome metabólica (Bessa et al., 2022). Assim, os resultados têm evidenciado que a administração de suplementação de vitamina D pode ter um impacto positivo na resistência à insulina, além da melhoria dos perfis lipídicos, assim como pode ocasionar efeitos anti-inflamatórios, trazendo assim possíveis benefícios para a população feminina afetada pela SOP(Mendes et al., 2023; Gonçalves et al., 2024).

Adicionalmente, a vitamina D potencialmente desempenha uma função na regulação do processo ovulatório, o que pode, por conseguinte, influir na fertilidade de mulheres diagnosticadas com SOP (Oliveira et al., 2024). Nesse contexto, o zinco assume uma importância notável em relação a mulheres que apresentam SOP. Este mineral é fundamental em diversas funções biológicas, destacando-se a modulação do sistema imunológico e o controle do metabolismo da insulina (Holdefer; Gonçalves, 2022).

A administração suplementar de zinco pode se vincular a avanços significativos na resistência à insulina, aprimorando a capacidade metabólica, ao passo que também se torna evidente uma redução nos processos inflamatórios, os quais são considerados cruciais na patogênese da SOP (Gonçalves et al., 2024). Outrossim, é digno de nota que o zinco pode potencialmente contribuir para a regulação da concentração de androgênios, o que possivelmente ameniza os sinais característicos de hiperandrogenismo, como a ocorrência de hirsutismo (Bessa et al., 2022).

Assim, a implementação de suplementação nutricional em conjunto com uma estratégia total para manejo da SOP e da resistência insulínica. A união de suplementos nutricionais específicos com alterações no estilo de vida, envolvendo uma alimentação balanceada e atividade física regular, pode propiciar melhorias consideráveis nos perfis glicêmicos e lipídicos (Oliveira et al., 2024). Não obstante os potenciais benefícios da suplementação nutricional, esta deve ser encarada como um elemento dentro de um regime terapêutico mais amplo, que também contemple intervenções dietéticas e de estilo de vida (Bessa et al., 2022).

Pelos aspectos apresentados, salienta-se que a incorporação de suplementos nutricionais no escopo do tratamento da SOP é uma estratégia que, potencialmente, contribui para a melhoria relacionada à saúde metabólica e reprodutiva na população de pacientes em questão (Oliveira et al., 2024). A eficiência de tais suplementos poderia ser suscetível a variações, as quais dependem intrinsecamente das particularidades individuais e do estado metabólico específico de cada paciente, ressaltando, assim, a relevância de adotarem-se abordagens que sejam, de fato, personalizadas no gerenciamento da SOP (Gonçalves et al., 2024).

Ademais, a colaboração e a sinergia com profissionais de saúde, englobando nutricionistas e endocrinologistas, revela-se como um aspecto crucial para a otimização dos benefícios advindos da suplementação em termos nutricionais e para assegurar que as intervenções sejam, inequivocamente, seguras e eficazes (Holdefer; Gonçalves, 2022). Já a implementação de probióticos se posiciona como uma das alternativas mais relevantes quando se considera a modulação dos distúrbios metabólicos associados à SOP (Saraiva et al., 2023).

Esses microrganismos podem desempenhar um papel crucial na melhoria da integridade da barreira intestinal, o que pode levar a uma diminuição tanto da inflamação sistêmica quanto da resistência insulínica, frequentemente exacerbadas pela ingestão elevada de gorduras saturadas (Saraiva et al., 2023). Em um devido exame controlado, esse tipo de intervenção com os probióticos diminuiu os níveis glicêmicos em estado de jejum, de insulina sérica, assim como o índice de resistência à insulina (HOMA-IR) (Saraiva et al., 2023).

Tais achados ressaltam a eficácia potencial dos probióticos enquanto estratégia adicional no manejo da SOP, promovendo-se, desse modo, uma modificação notável nos perfis metabólicos glicêmico e lipídico das pacientes envolvidas. Para além dos probióticos, indica-se a suplementação de curcumina. Oliveira et al. (2024) evidenciam que a curcumina possui a capacidade potencializadora em relação aos marcadores relacionados à resistência insulínica, especificamente no contexto do índice que se relaciona com sensibilidade insulínica conhecida como QUICKI.

Adicionalmente, observou-se reduções no hiperandrogenismo – fenômeno prevalente entre populações femininas diagnosticadas com SOP. Ribeiro et al. (2022), em um delineamento clínico envolvendo uma coorte composta por 72 mulheres participantes, destacaram o uso da administração da citada substância, o que resultou numa melhora nos níveis pertinentes à glicose e na dehidroepiandrosterona (DHEA), sugerindo assim uma diminuição implícita tanto na resistência insulínica quanto no estresse oxidativo.

Tais descobertas sublinham a relevância da curcumina enquanto intervenção considerada eficaz para o manejo adequado dos perfis glicêmicos e lipídicos dentre os pacientes portadores de SOP, concomitantemente contribuindo para atenuar riscos relativos às complicações metabólicas associativas interiorizadas nesse espectro sindrômico. A vitamina D, por sua vez, se apresenta como um suplemento no domínio nutricional que demonstra vantagens consideráveis na otimização dos perfis tanto glicêmico quanto lipídico em indivíduos do gênero feminino acometidos pela SOP.

Conforme exposto nos achados de Campos, Leão e Souza (2021), a carência desta vitamina é prevalente entre o público alvo mencionado e correlaciona-se com um incremento da resistência à insulina juntamente com uma elevação do risco associado a enfermidades metabólicas. A administração exógena de vitamina D pode resultar na ampliação da sensibilidade à insulina e concomitantemente mitigar os índices de glicose em estado de jejum, favorecendo não apenas uma melhor harmonização hormonal mas também atenuando os sinais clínicos característicos da SOP.

Além disso, ressalta-se que a sinergia entre a vitamina D e outros micronutrientes – notavelmente os ácidos graxos ômega-3 – tem demonstrado eficácia alentadora na diminuição do quadro inflamatório sistêmico e no aprimoramento dos perfis lipídicos sanguíneos. Assim, tem-se uma estratégia terapêutica coesa para o gerenciamento abrangente das manifestações clínicas associadas à SOP. Desse modo, pode-se concluir que as estratégias recomendadas têm sido efetivas na atenuação dos sintomas atrelados à condição aqui estudada.

5 CONCLUSÃO

Este estudo analisou a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e sua relação com a resistência à insulina, destacando a importância de estratégias nutricionais e da prática regular de atividades físicas no manejo dos sintomas. Constatou-se que dietas ricas em fibras e com baixo índice glicêmico, aliadas a exercícios aeróbicos e resistidos, melhoram a sensibilidade à insulina e reduzem os níveis androgênicos, contribuindo para um controle mais eficaz da SOP.

Os resultados sublinham a relevância de uma abordagem multifacetada que inclua modificações no estilo de vida, como exercício físico regular e suplementação nutricional, para melhorar os parâmetros hormonais e a composição corporal das mulheres com SOP. Essas intervenções também favorecem a regulação dos ciclos menstruais e a saúde cardiovascular e metabólica, resultando em uma qualidade de vida mais elevada.

Contudo, é importante reconhecer as limitações do estudo, como a dependência de evidências baseadas em literatura revisada e estudos observacionais, o que limita a confirmação de causalidades. Além disso, a variabilidade individual nas respostas às intervenções sugere a necessidade de abordagens personalizadas no tratamento.

Do ponto de vista prático, os profissionais de saúde devem desenvolver programas integrados que combinem dieta, exercício e suplementação, ajustando-os às características individuais de cada paciente. A educação do paciente sobre a importância das mudanças no estilo de vida é fundamental para o sucesso no controle da SOP, levando em consideração também os fatores psicológicos e emocionais que influenciam a adesão ao tratamento.

REFERÊNCIAS

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1Aluno do curso de Nutrição, Metabolismo e Fisiologia do Exercício pela Universidade de São Paulo.
2Orientador do curso de Nutrição, Metabolismo e Fisiologia do Exercício pela Universidade de São Paulo.