ANÁLISE DOS IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 EM ITABUNA: ÍNDICES DE CONTÁGIO E ESTRATÉGIAS DE VACINAÇÃO

ANALYSIS OF THE IMPACTS OF THE COVID-19 PANDEMIC IN ITABUNA: CONTAGION RATES AND VACCINATION STRATEGIES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202505120803


Camila Oliveira Borges1; Dafne Reis Alves Dos Santos1; Lanessa Indiara Quinteiro Novato Leão1; Mirna Emanuelle Pires Carraro1; Rebeca Nascimento Ezequiel Gonçalves1; Stephânia Silva Margotto2


RESUMO

Introdução: A pandemia de COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, representou um dos maiores desafios sanitários da história recente, impactando significativamente os sistemas de saúde e a organização social em todo o mundo. No Brasil, os efeitos foram amplos, exigindo respostas rápidas por parte das autoridades de saúde para conter a disseminação do vírus e mitigar seus impactos. O município de Itabuna, localizado no sul da Bahia, esteve inserido nesse contexto e enfrentou as diversas fases da pandemia, desde o aumento exponencial dos casos até a implementação de estratégias de vacinação em massa. Objetivos: Este estudo teve como objetivo analisar os impactos da pandemia de COVID-19 em Itabuna entre os anos de 2020 e 2023, com foco nos índices de contágio e nas estratégias de vacinação. Justificativa: A pesquisa se justifica pela importância de compreender o comportamento da pandemia em nível municipal, contribuindo para a produção de conhecimento e para o aprimoramento das estratégias de enfrentamento em futuras situações semelhantes. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e quantitativo, baseado na análise de dados secundários obtidos pelas plataformas do Ministério da Saúde como o DATASUS, referentes aos casos confirmados de COVID-19 e às campanhas de vacinação realizadas entre 2020 e 2023. Resultados e discussão: As informações foram organizadas em planilhas e analisadas estatisticamente com o uso de softwares de análise de dados, buscando identificar tendências, padrões e possíveis correlações. Os resultados demonstraram uma variação significativa nos índices de contágio ao longo dos anos, com picos nos anos de 2020 e 2021, e redução progressiva dos casos após a intensificação das campanhas de vacinação. Conclusão: Conclui-se que o estudo contribui para a compreensão da dinâmica da pandemia de COVID-19 em Itabuna e reforça a importância de estratégias consistentes de vacinação, vigilância epidemiológica e educação em saúde para o enfrentamento de crises sanitárias. importância da educação em saúde para prevenção e tratamento de doenças infecto- contagiosas.

Palavras-chave: Vírus. Saúde. Crise sanitária. Desafios.

ABSTRACT

Introduction: The COVID-19 pandemic, caused by the SARS-CoV-2 virus, represented one of the greatest public health challenges in recent history, significantly impacting healthcare systems and social organization worldwide. In Brazil, the effects were widespread, demanding quick responses from health authorities to contain the spread of the virus and mitigate its consequences. The municipality of Itabuna, located in southern Bahia, was part of this context and experienced the various phases of the pandemic, from the exponential rise in cases to the implementation of mass vaccination strategies.Objectives: This study aimed to analyze the impacts of the COVID-19 pandemic in Itabuna between the years 2020 and 2023, focusing on infection rates and vaccination strategies.Justification: The research is justified by the importance of understanding the behavior of the pandemic at the municipal level, contributing to knowledge production and improving response strategies in future similar situations.Methodology: This is an epidemiological, descriptive, and quantitative study, based on the analysis of secondary data obtained from Ministry of Health platforms such as DATASUS, referring to confirmed cases of COVID-19 and vaccination campaigns conducted between 2020 and 2023.Results and Discussion: The information was organized in spreadsheets and statistically analyzed using data analysis software, aiming to identify trends, patterns, and possible correlations. The results showed a significant variation in infection rates over the years, with peaks in 2020 and 2021, and a progressive decrease in cases following the intensification of vaccination campaigns. Conclusion: It is concluded that this study contributes to understanding the dynamics of the COVID-19 pandemic in Itabuna and reinforces the importance of consistent vaccination strategies, epidemiological surveillance, and health education in addressing public health crises.

Keywords: Virus. Health. Sanitary crisis. Challenges.

1 INTRODUÇÃO

A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que se espalhou rapidamente pelo mundo desde o final de 2019, gerando uma das maiores crises sanitárias da história contemporânea (Claúdio et al., 2021). Caracterizada por sua alta transmissibilidade e potencial de causar complicações respiratórias graves, a COVID-19 impactou profundamente os sistemas de saúde, a economia e o cotidiano das populações globais (Deiskan et al., 2021).

No Brasil, a pandemia assumiu proporções preocupantes devido à vasta extensão territorial, às desigualdades sociais e à sobrecarga do sistema de saúde em diversos estados e municípios. A elevada taxa de contágio e mortalidade, especialmente nos anos de 2020 e 2021, demandou medidas emergenciais como o isolamento social, uso de máscaras, campanhas de conscientização e, posteriormente, estratégias de vacinação em massa (Figênio, 2022).

A vacinação se tornou a principal ferramenta de enfrentamento da pandemia, promovendo uma redução significativa nos casos graves e nos óbitos. No estado da Bahia, observou-se uma ampla mobilização dos serviços de saúde para garantir a distribuição e aplicação das vacinas, com destaque para cidades de médio porte, como o município de Itabuna, localizado no sul do estado (Fontes et al., 2023).

A transmissão do vírus ocorre principalmente por meio de gotículas respiratórias expelidas por indivíduos infectados ao falar, tossir ou espirrar, o que torna os ambientes fechados e aglomerados locais de alto risco para disseminação (Ferreira et al., 2023). Entre os principais desafios enfrentados durante a pandemia, destacam-se a escassez de insumos, a desinformação, a hesitação vacinal e a dificuldade de monitorar com precisão os casos positivos e suspeitos.

A atuação integrada entre os setores da saúde e a adoção de medidas baseadas em evidências foram determinantes para o controle da doença em diversas localidades (Lima et al., 2022). Ainda assim, as perspectivas são positivas no cenário pós-pandêmico, com o avanço das campanhas de imunização, o desenvolvimento de novas vacinas e a melhoria dos sistemas de vigilância epidemiológica.

Os aprendizados gerados durante a crise sanitária contribuem diretamente para o fortalecimento das políticas públicas e para a preparação frente a futuras emergências de saúde (Lima et al., 2022). Neste contexto, o presente estudo se justifica pela importância de analisar o comportamento da pandemia em Itabuna, a fim de compreender os padrões de contágio, a efetividade das campanhas de vacinação e os fatores que influenciaram a resposta local à COVID- 19. Assim, objetiva-se investigar os impactos da pandemia no município entre os anos de 2020 e 2023 e contribuir para o desenvolvimento de ações mais eficazes em futuras situações de emergência em saúde pública.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de cunho epidemiológico sobre os impactos da pandemia de COVID- 19 no município de Itabuna, Bahia, no período de 2020 a 2023, com uma abordagem quantitativa, descritiva e epidemiológica. A coleta de dados foi realizada utilizando registros de dados secundários referentes aos casos confirmados de COVID-19 e às campanhas de vacinação disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

Foram coletadas informações sobre o número de casos, taxas de contágio, cobertura vacinal e características demográficas dos indivíduos afetados, como faixa etária e sexo. As frequências obtidas de cada variável foram organizadas em planilhas individuais no Microsoft Excel 2012, software amplamente utilizado para elaboração, edição e gerenciamento de dados eletrônicos. Nesse sentido, os dados foram organizados, tabulados e submetidos a análises estatísticas com uso de técnicas adequadas, como cálculo de taxas de incidência, análise temporal da evolução dos casos e correlação com a cobertura vacinal.

Em consonância, a análise descritiva foi empregada para apresentar as características da população afetada pela COVID-19 em Itabuna, destacando os períodos de maior incidência e os efeitos das estratégias de vacinação, além da importância de medidas preventivas contínuas para garantir a saúde pública.

Não foi necessário submeter o estudo a um Comitê de Ética em Pesquisa, uma vez que se trata de uma pesquisa baseada exclusivamente em dados secundários, de livre acesso ao público e sem identificação dos indivíduos acometidos pela doença.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da investigação dos dados epidemiológicos, foi possível identificar a evolução dos casos de COVID-19 no município de Itabuna, Bahia, no período de 2020 a 2023. A tabela 01 apresenta os casos confirmados no município e durante esse período, foram registrados um total de 46.138 casos confirmados.

Tabela 01 – Casos confirmados de COVID-19 segundo ano de diagnóstico (2020-2023) no município de Itabuna, Bahia.

Fontes: SESAB (2025) e DATASUS (2025)

A análise longitudinal dos casos confirmados de COVID-19 no município de Itabuna, Bahia, no período de 2020 a 2023, revela um panorama epidemiológico que reflete não apenas a dinâmica viral, mas também a resposta da sociedade e das instituições de saúde frente à pandemia. O total acumulado de 46.138 casos nesse período indica uma alta taxa de exposição da população ao vírus SARS-CoV-2, com picos e declínios influenciados por múltiplas variáveis contextuais.

Em 2020, com o surgimento da pandemia e a emergência sanitária decretada em março, observou-se uma curva ascendente rápida, resultando em 16.633 casos confirmados no município. A ausência de um plano nacional de testagem em massa, a escassez de insumos laboratoriais e a limitação dos recursos hospitalares colocaram a rede de atenção em situação crítica (Medeiros, 2022). Apesar das medidas iniciais de distanciamento social e lockdowns parciais, a disseminação comunitária foi inevitável, agravada por fatores como aglomerações em centros urbanos, transporte público inadequado e moradias precárias, comuns em cidades de médio porte como Itabuna.

O ano de 2021, paradoxalmente, apresentou o maior número absoluto de casos, totalizando 18.811. Essa elevação pode ser atribuída a diferentes fatores: a introdução de variantes de maior transmissibilidade, como a Gama (P.1) e posteriormente a Delta, o relaxamento das medidas restritivas e a fadiga pandêmica da população. Embora a vacinação tenha sido iniciada em janeiro de 2021, a sua distribuição foi desigual e lenta nos primeiros meses, com acesso prioritário apenas a grupos de risco (Claúdio et al., 2021). Nesse sentido, o avanço da cobertura vacinal ao longo do ano, embora positivo, não foi suficiente para conter os surtos que ocorriam de forma cíclica, refletindo a complexidade do enfrentamento da COVID-19 em um cenário de instabilidade política, desinformação e escassez de recursos.

Em 2022, verifica-se um declínio expressivo para 9.634 casos, marcando o início de uma mudança no curso da pandemia. O aumento da cobertura vacinal, incluindo a aplicação de doses de reforço, exerceu um papel central na redução da transmissibilidade, da gravidade dos casos e da pressão sobre os serviços de saúde. A imunidade de rebanho, seja por infecção prévia ou vacinação, contribuiu para a contenção da disseminação viral.

Ainda assim, esse período foi marcado pela introdução da variante Ômicron, que, embora altamente transmissível, foi associada a quadros clínicos menos severos, principalmente entre indivíduos vacinados. Além disso, o avanço na testagem e nas estratégias de monitoramento, como o uso de plataformas digitais de rastreamento, favoreceu uma resposta mais coordenada.

No ano de 2023, com apenas 1.060 casos confirmados, observa-se a consolidação de um cenário de controle epidêmico. No entanto, este número deve ser analisado com cautela, pois pode haver subnotificação significativa. A redução na busca por serviços de saúde para quadros leves, o uso de testes rápidos domiciliares sem notificação oficial e a menor vigilância ativa contribuem para uma possível distorção da realidade epidemiológica. Por outro lado, o número reduzido de internações e óbitos no período corrobora a tese de que a pandemia entrou em fase de transição para endemia, com circulação viral controlada e impactos reduzidos na morbimortalidade.

Além do aspecto sanitário, os dados reforçam desigualdades estruturais que perpassam a resposta à COVID-19. Nesse aspecto, Itabuna, como outros municípios do interior nordestino, enfrentou dificuldades históricas no acesso a recursos hospitalares de alta complexidade, como leitos de UTI, ventiladores e profissionais especializados.

No que tange à mortalidade, observa-se que ocorreram 814 óbitos decorrentes da infecção como evidente na tabela 02.

Tabela 02 – Casos de óbitos de COVID-19 segundo ano de ocorrência (2020-2023) no município de Itabuna, Bahia.

Fontes: SESAB (2025) e DATASUS (2025).

A análise dos dados de mortalidade por COVID-19 no município de Itabuna, Bahia, entre os anos de 2020 a 2023, evidencia uma variação significativa na incidência de óbitos ao longo dos quatro anos avaliados. No total, foram registrados 817 óbitos confirmados, conforme os dados obtidos da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e do Departamento de Informática do SUS (DATASUS).

O ano de 2020 apresentou o maior número absoluto de óbitos, totalizando 364 mortes, o que corresponde a aproximadamente 44,6% de todas as mortes ocorridas no período analisado. Este cenário reflete o impacto inicial da pandemia, quando ainda havia escassez de conhecimento científico sobre o manejo da doença, ausência de vacinas e limitações nos sistemas de testagem e rastreamento. Além disso, a sobrecarga nos serviços de saúde contribuiu para a alta taxa de letalidade observada.

Em 2021, houve uma leve redução no número de óbitos (353), representando 43,2% do total. Esse decréscimo, embora modesto, pode ser parcialmente atribuído à implementação inicial da campanha de vacinação contra a COVID-19 no Brasil, iniciada em janeiro daquele ano. Contudo, o impacto da vacinação ainda não havia atingido todo o contingente populacional, e variantes mais transmissíveis, como a Gama (P.1) e, posteriormente, a Delta, contribuíram para a manutenção de altos índices de mortalidade (Rando et al., 2022).

A partir de 2022, observou-se uma queda acentuada nas mortes por COVID-19 em Itabuna, com 88 óbitos registrados, correspondendo a 10,8% do total. Esse declínio coincide com o avanço da vacinação em larga escala, incluindo doses de reforço, e com maior preparo do sistema de saúde em termos de protocolos clínicos, disponibilidade de insumos e estratégias de prevenção. Além disso, o conhecimento mais consolidado sobre a doença permitiu um manejo mais eficiente dos casos graves.

O ano de 2023 marcou uma mudança ainda mais expressiva, com apenas 12 óbitos confirmados (1,4% do total), o que representa uma queda de 96,7% em relação ao pico observado em 2020. Tal redução evidencia o efeito protetor da imunização em massa, a adaptação social às medidas de controle e o impacto da diminuição da circulação de variantes mais letais. Ainda assim, a presença de óbitos mesmo em um cenário endêmico ressalta a importância da vigilância epidemiológica contínua, especialmente entre grupos de risco, como idosos e indivíduos com comorbidades (Vieira, 2022).

Esses dados acompanham a tendência nacional e internacional de redução de mortalidade associada ao SARS-CoV-2, reforçando o papel central da vacinação e das políticas públicas de saúde na mitigação dos impactos da pandemia. No entanto, é essencial considerar possíveis subnotificações e a variabilidade na qualidade dos registros, que podem influenciar a acurácia dos dados disponíveis (Deiskan et al., 2021).

No âmbito da vacinação no período analisado a Tabela 03, evidencia o panorama no município.

Tabela 03. Doses da vacina monovalente de COVID-19 aplicadas no município de Itabuna no período de 2021 a 2023.

Fonte: Ministério da Saúde (2025).

A Tabela 03 apresenta os dados referentes às doses da vacina monovalente contra a COVID- 19 aplicadas no município de Itabuna, no período de 2021 a 2023. Segundo o levantamento, foram aplicadas 163.308 primeiras doses, o que reflete uma ampla adesão inicial da população à campanha de imunização. Em seguida, observou-se uma leve redução no número de aplicações da segunda dose, totalizando 145.771, o que pode indicar evasão vacinal entre a primeira e a segunda etapa, possivelmente motivada por fatores como desinformação, reações adversas ou dificuldades de acesso.

A dose de reforço, que em muitos esquemas corresponde à terceira ou quarta aplicação, totalizou 85.012 administrações, indicando uma continuidade razoável da campanha, embora ainda com números inferiores aos da primeira dose. No total, foram aplicadas 395.157 doses no município de Itabuna ao longo dos três anos analisados, evidenciando um esforço significativo de imunização da população local.

No entanto, a análise dos dados aponta para uma tendência de queda na adesão às doses subsequentes, um fenômeno também observado em nível nacional, e que destaca a importância de estratégias contínuas de educação em saúde, combate à hesitação vacinal e facilitação do acesso à vacinação (Fontes et al., 2023). Ao aprofundar o panorama estatístico observa-se na tabela 04 a distribuição por sexo da imunização no município.

Tabela 04. Doses da vacina monovalente de COVID-19 aplicadas no município de Itabuna no período de 2021 a 2023.

Fonte: Ministério da Saúde (2025).

Os dados apresentados sobre a vacinação contra a COVID-19 no município de Itabuna, entre 2021 e 2023, revelam uma diferença significativa na adesão à vacinação entre os sexos. Foram aplicadas 218.837 doses em mulheres e 176.320 em homens, totalizando 395.157 doses aplicadas no período. A maior adesão ao processo vacinal entre as mulheres pode refletir uma tendência observada em diversas regiões, na qual as mulheres tendem a procurar mais os serviços de saúde e a aderir com maior frequência a campanhas de vacinação (Lima et al., 2022).

Esse comportamento pode ser influenciado por fatores socioculturais, como a maior preocupação com a saúde entre as mulheres, ou por aspectos relacionados à organização das campanhas de vacinação, como a localização e horários dos postos de imunização, que podem ser mais acessíveis ao público feminino (Deiskan et al., 2021).

Esse total de vacinas aplicadas indica um nível significativo de adesão à vacinação, considerando a importância da imunização para o controle da pandemia de COVID-19. No entanto, é importante contextualizar esse número dentro da população total de Itabuna para verificar a cobertura vacinal e se ela está alinhada com as metas necessárias para o controle da doença. Além disso, a diferença entre os sexos sugere que há um fator a ser considerado para melhorar a adesão dos homens à vacinação (Medeiros, 2022).

Ademais, fatores como o acesso à vacinação e as campanhas de conscientização podem ter influenciado essa disparidade. Por exemplo, a distribuição de postos de vacinação em locais mais acessíveis às mulheres ou a presença de campanhas focadas no público feminino poderiam ter contribuído para esse cenário (Fontes et al., 2023). Para garantir uma cobertura vacinal mais equilibrada, seria importante implementar estratégias que abordem especificamente os homens, considerando aspectos como percepção de risco e possíveis barreiras ao acesso aos serviços de saúde (Vieira, 2022).

As estratégias de vacinação visam garantir acesso eficiente e equitativo às vacinas, especialmente em campanhas de imunização em larga escala. A conscientização pública, por meio de campanhas educativas em diferentes plataformas, é essencial para aumentar a adesão e combater desinformações (Rando et al., 2022). Logo, garantir a acessibilidade também é fundamental, com a utilização de postos móveis e ampliação de horários de vacinação. Assim, priorizar grupos vulneráveis, como idosos e profissionais de saúde, é uma prática comum.

Nesse sentido, parcerias com organizações locais, uso de tecnologia para agendamento e monitoramento, e a oferta de incentivos à vacinação também são estratégias eficazes. Desse modo, a vacinação escolar e no local de trabalho ajudam a alcançar grandes grupos da população, facilitando o acesso à vacina (Claúdio et al., 2021).

A integração das campanhas com outras iniciativas de saúde pública e a avaliação contínua dos resultados são essenciais para otimizar a cobertura vacinal e garantir que todas as áreas e grupos da população sejam atendidos. Essas abordagens colaborativas são fundamentais para o sucesso de qualquer programa de vacinação (Rando et al., 2022).

Por fim, embora a vacinação tenha sido bem-sucedida no município, é necessário continuar monitorando e adaptando as estratégias de saúde pública para alcançar uma vacinação mais equitativa, principalmente entre os diferentes grupos demográficos, como os homens, garantindo que a população tenha acesso facilitado à imunização (Angeli et al., 2021).

4 CONCLUSÃO

A análise dos dados epidemiológicos de COVID-19 no município de Itabuna, entre 2020 e 2023, revela uma significativa evolução do cenário da pandemia, com uma redução substancial no número de casos e óbitos ao longo do período. Em 2020, o município enfrentou um grande desafio com o rápido aumento dos casos e a alta mortalidade, reflexo da escassez de conhecimento e recursos. Contudo, a partir de 2021, com a introdução das vacinas, houve uma redução gradual dos casos e das mortes, especialmente após o aumento da cobertura vacinal em 2022. O ano de 2023 consolidou o controle da pandemia, com a redução dos casos confirmados e óbitos, embora o cenário ainda requeira vigilância, considerando possíveis subnotificações e as dificuldades de acesso a cuidados de saúde em áreas mais periféricas.

No que diz respeito à vacinação, os dados mostraram uma adesão significativa, especialmente entre as mulheres, que representaram a maior parte das doses aplicadas. Apesar disso, a análise revela uma necessidade de aprimorar as estratégias de vacinação para alcançar maior adesão masculina, considerando barreiras sociais e culturais que possam interferir na busca pela imunização. A disparidade entre os sexos na adesão à vacinação indica que esforços adicionais são necessários para garantir uma cobertura vacinal mais equilibrada e eficaz. Em termos gerais, os resultados destacam a importância de políticas públicas de saúde coordenadas, com foco em conscientização contínua, acessibilidade e inclusão, para garantir que todos os grupos da população tenham acesso à vacina e, consequentemente, ao controle da pandemia.

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1Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.

2Médica em Pneumologia, especialista em endoscopia respiratória. Professor orientador. Docente do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.