ALFABETIZAÇÃO DIVERTIDA: ESTRATÉGIAS LÚDICAS PARA ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505120106


Jaclene Ferracini da Cruz1
Maria Janaína Soares de Matos2
Vivian Cristina de Oliveira Cury3
Raimundo Ronald Caxias Garcia4
Maria Lucimar Rodrigues Paranã5


RESUMO 

As estratégias lúdicas para alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental  envolvem o uso de jogos, atividades artísticas e contação de histórias, permitindo  que as crianças aprendam de forma divertida e significativa. Essas abordagens  estimulam a criatividade, a interação social e o interesse pelo processo de leitura e  escrita, tornando a aprendizagem mais envolvente. Nesse sentido, este artigo  buscou investigar como a implementação de estratégias lúdicas pode contribuir para  o processo de alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esta pesquisa  adotou uma abordagem qualitativa, permitindo uma análise aprofundada sobre o  tema em questão. A coleta de dados foi conduzida em uma escola municipal de  ensino fundamental em Jaru/RO, por meio de observações em sala de aula e  entrevistas semi-estruturadas com três professoras que utilizam estratégias lúdicas  em suas práticas pedagógicas. O estudo destaca a importância de integrar atividades lúdicas no Ensino Fundamental, mostrando que, quando bem aplicadas,  estas estratégias favorecem a alfabetização e criam um ambiente de aprendizagem  acolhedor e inspirador. É essencial que as instituições adotem essas práticas para  promover uma educação mais significativa e prazerosa. 

PALAVRAS-CHAVE: Estratégias lúdicas. Práticas pedagógicas. Aprendizagem divertida. Alfabetização. Ensino fundamental. 

ABSTRACT 

Playful strategies for literacy in the early years of elementary school involve the use  of games, artistic activities and storytelling, allowing children to learn in a fun and  meaningful way. These approaches stimulate creativity, social interaction and interest  in the reading and writing process, making learning more engaging. In this sense, this article sought to investigate how the implementation of playful strategies can  contribute to the literacy process in the early years of elementary school. Playful strategies for literacy in the early years of elementary school involve the use of  games, artistic activities and storytelling, allowing children to learn in a fun and  meaningful way. These approaches stimulate creativity, social interaction and interest  in the reading and writing process, making learning more engaging. In this sense, this  article sought to investigate how the implementation of playful strategies can  contribute to the literacy process in the early years of elementary school. This  research adopted a qualitative approach, allowing an in-depth analysis of the topic in  question. Data collection was conducted in a municipal elementary school in  Jaru/RO, through classroom observations and semi-structured interviews with three  teachers who use playful strategies in their pedagogical practices. The study  highlights the importance of integrating playful activities in Elementary Education,  showing that, when well applied, these strategies favor literacy and create a  welcoming and inspiring learning environment. It is essential that institutions adopt  these practices to promote a more meaningful and enjoyable education. 

KEYWORDS: Playful strategies. Pedagogical practices. Fun learning. Literacy. Elementary education. 

1. INTRODUÇÃO 

A alfabetização é um dos pilares fundamentais da educação, uma vez que  representa a porta de entrada para o aprendizado de diversas habilidades essenciais  ao longo da vida. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, essa etapa se torna  ainda mais crucial, visto que é nesse período que as crianças desenvolvem a base  de suas competências linguísticas.  

No entanto, a prática pedagógica frequentemente enfrenta desafios que  podem comprometer o processo de ensino-aprendizagem. Nesse contexto, a  utilização de estratégias lúdicas e divertidas pode se mostrar uma alternativa eficaz  para engajar os alunos e facilitar a aquisição de conhecimentos. 

De acordo com Abreu (2020), a ludicidade é fundamental para o  desenvolvimento das áreas cognitiva, motora, social e afetiva das crianças. É  enfatizado que todas elas têm a necessidade de explorar o mundo por meio de  brincadeiras, o que torna o lúdico uma parte essencial da educação infantil. A  importância do uso do lúdico na prática pedagógica dos professores é destacada.  Nesse contexto, vale ressaltar que os jogos educativos exercem um papel  fundamental no processo de ensino-aprendizagem.  

O lúdico além de auxiliar no aprimoramento da coordenação motora, atenção, raciocínio e no entendimento das regras, oferece uma experiência de aprendizado  interessante e divertida para os alunos, permitindo que eles vivenciem e apliquem o  conhecimento de maneira prática. Além disso, Mafra (2008) afirma que jogos e  brincadeiras são ferramentas valiosas que os educadores podem empregar para  promover o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, moral, linguístico e físico motor das crianças, além de facilitar o aprendizado de conteúdos curriculares  específicos. 

Diante do exposto o objetivo geral é investigar como a implementação de  estratégias lúdicas pode contribuir para o processo de alfabetização nos anos iniciais  do Ensino Fundamental. Para isso, estabelecemos objetivos específicos que incluem: 

Os objetivos específicos são: Analisar a eficácia de jogos e atividades lúdicas  na motivação dos alunos durante o processo de alfabetização; Identificar as práticas  pedagógicas que incorporam elementos lúdicos e sua correlação com o  desenvolvimento da leitura e escrita; Propor um conjunto de atividades lúdicas que  possam ser aplicadas no cotidiano escolar. Nesse sentido, busca-se saber como a  aplicação de estratégias lúdicas pode influenciar positivamente o processo de  alfabetização no Ensino Fundamental?  

A primeira hipótese: A aplicação de jogos e atividades lúdicas no processo de alfabetização aumenta a motivação dos alunos e melhora seu desempenho em  leitura e escrita. 

A segunda hipótese: Professores que utilizam estratégias lúdicas em sala de  aula percebem uma maior participação e interesse dos alunos nas atividades de alfabetização. 

A justificativa para a escolha deste tema se fundamenta na necessidade de  repensar as metodologias tradicionais de ensino, que muitas vezes não capturam a  atenção dos alunos ou não atendem às suas diferentes formas de aprender. O uso  de estratégias lúdicas pode não apenas tornar o aprendizado mais prazeroso, mas  também mais efetivo, contribuindo para o desenvolvimento integral do aluno. 

Esta pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, permitindo uma análise  aprofundada sobre o tema em questão. A coleta de dados foi conduzida em uma  escola municipal de ensino fundamental em Jaru/RO, por meio de observações em  sala de aula e entrevistas semi-estruturadas com três professoras que utilizam estratégias lúdicas em suas práticas pedagógicas. As informações coletadas serão  analisadas com o intuito de identificar padrões e nuances nas experiências  relatadas, buscando compreender os impactos das atividades lúdicas no processo  de alfabetização. A pesquisa espera contribuir para a formação de uma base teórica  e prática sobre o uso de estratégias lúdicas na educação, visando aprimorar os  métodos de ensino e, consequentemente, o desempenho dos alunos. 

2. ERA UMA VEZ “ O LÚDICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DO  ENSINO FUNDAMENTAL” 

Se o processo de alfabetização fosse retratado em um conto de fadas,  provavelmente começaria assim: “Era uma vez, em um mundo onde as palavras  ganham vida e os sons são pura magia.” Nesse contexto, o lúdico se tornaria a  chave para adentrar nesse universo encantado, permitindo que as crianças se  conectassem de maneira criativa e prazerosa com a leitura e a escrita. Tal como em  uma narrativa envolvente, vai além de regras e técnicas rígidas: é essencial  estimular a imaginação, aventurar-se no absurdo e, através da brincadeira, ajudar as  crianças a encararem as palavras não apenas como símbolos, mas como seres  vivos, capazes de narrar suas próprias histórias. 

Entre os encantos do lúdico e os desafios da alfabetização, há um importante  ponto de convergência: a necessidade de envolver as crianças de forma significativa  e prazerosa no processo de aprendizagem. Para que a alfabetização seja bem sucedida, não é suficiente que o educador compreenda a psicogênese da língua,  saiba avaliar as capacidades de escrita dos alunos ou conheça os critérios que a definem. É fundamental mais do que isso. Para que as crianças possam se  alfabetizar e se letrar, é crucial criar situações didáticas que despertem o interesse  delas. Considerando que o gosto e a necessidade de brincar são premissas básicas  da infância, o lúdico assume um papel indispensável na construção do conhecimento  e no processo de alfabetização. 

O lúdico, enquanto estratégia pedagógica, vai além de um simples recurso  didático; é um convite à participação ativa da criança com o conteúdo escolar. Ao  integrar o brincar ao ensino, o educador gera um ambiente que facilita a compreensão de letras e palavras, tornando a aprendizagem mais acessível e  atrativa. Dessa maneira, o ato de aprender a ler e escrever deixa de ser uma tarefa  mecânica e se transforma em uma experiência criativa, onde a imaginação e a  curiosidade das crianças são fundamentais para a construção do saber (FREIRAS,  2023). 

Na pedagogia, entende-se que o lúdico é um elemento crucial para o  desenvolvimento integral das crianças, atuando não apenas como forma de  entretenimento, mas como uma ferramenta educativa que facilita a aprendizagem e  a socialização. As atividades lúdicas estimulam a criatividade, a interação social e o  desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais, promovendo uma  aprendizagem mais significativa e prazerosa (ANDRADE, 2018). 

Conforme argumentam Alves e Teixeira (2022), a ludicidade permite que o  processo de alfabetização e letramento ocorra de maneira mais dinâmica e  acessível, contribuindo para a construção do conhecimento por meio de experiências  concretas e interativas. Por sua vez, Silva (2023) destaca a importância do educador  no planejamento de atividades lúdicas intencionais, que estejam alinhadas aos  objetivos pedagógicos, buscando aprimorar as capacidades dos alunos de forma abrangente. 

Além disso, Moreira e Maciel (2023) enfatizam que, apesar de desafiadora, a  incorporação do lúdico na educação proporciona um ambiente de aprendizagem em  que a criança participa ativamente, transformando-se em protagonista de seu próprio  desenvolvimento. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),  documento que estabelece as aprendizagens essenciais que os estudantes devem  desenvolver na Educação Básica no Brasil, a alfabetização das crianças começa no  primeiro ano do ensino fundamental e deve ser concluída até o segundo ano). (BRASIL, 2020).  

Portanto, este processo se inicia por volta dos 6 anos e é finalizado  aproximadamente até os 8 anos. As crianças são naturalmente brincantes e, na  alfabetização, esse aspecto não é diferente. O uso de jogos pedagógicos e  brincadeiras facilita o aprendizado, pois as crianças aprendem enquanto se  divertem. Assim, a ludicidade na alfabetização e letramento tem sido cada vez mais aplicada nas práticas pedagógicas, devido à sua capacidade de tornar o  aprendizado significativo e prazeroso (SILVA, 2023). 

Os professores dos anos iniciais do ensino fundamental, que são responsáveis por guiar o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, têm à  disposição diversos recursos lúdicos como aliados seguidos. Jogos pedagógicos,  brincadeiras tradicionais, contação de histórias, teatro, dramatizações, música,  canto, desenho, pintura, atividades sensoriais, jogos de tabuleiro adaptados e outros  podem ser muito úteis na fundamentação da alfabetização e do letramento. Essas  abordagens lúdicas colaboram para a formação de conhecimentos nos quais as  crianças se apoiam para conseguir ler e escrever (SANDINI E PAZ, 2023). 

Através da brincadeira, as crianças desenvolvem habilidades como  concentração, coordenação motora fina, raciocínio lógico, compreensão simbólica,  memória e linguagem oral, além de pensamento crítico e criativo, que são essenciais  para adquirir a leitura e a escrita. Essas habilidades estão em sintonia com as  competências gerais que os alunos devem atingir, conforme a BNCC“ interrelacionam e perpassam todos os componentes curriculares ao longo da  Educação Básica, sobrepondo-se e interligando-se na construção de conhecimentos e habilidades e na formação de atitudes e valores)” (BRASIL , 2020, . 18). 

2.1 O LÚDICO E SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 

Conforme ressalta Alves e Teixeira (2022), as atividades lúdicas são  fundamentais para o desenvolvimento das crianças, particularmente no que se refere  ao processo de alfabetização e letramento dentro do ambiente escolar. As autoras  defendem que essas práticas possuem um papel essencial nesse contexto  educacional, contribuindo significativamente para o aprendizado e o  desenvolvimento integral dos pequenos. 

Com a ludicidade o letramento se torna mais considerável na ação pedagógica, incorporando o saber através das características e conhecimento de mundo. Além de adquirir entendimento de mundo, com o lúdico o aprendizado escolar aprimora a oralidade, o pensamento e o sentido. O universo do divertimento é onde a criança está em permanente exercício, fantasiando, criando, jogando e vivenciando as brincadeiras do cotidiano  (ALVES E TEIXEIRA, 2022, p. 604). 

Silva (2023), por sua vez, destaca que o lúdico possibilita a interação social e  a internalização de conceitos complexos de forma acessível. A autora acrescenta  ainda que “cabe ao educador trabalhar com atividades lúdicas que possam contribuir para a aprendizagem do aluno, que é para além do brincar ” (2023, .20). Dessa forma, a função do educador é essencial para converter o lúdico em  uma prática pedagógica, assegurando que as brincadeiras e jogos não apenas  proporcionam diversão, mas também se articulem com o processo de alfabetização.  As atividades lúdicas desempenham um papel importante na alfabetização e no  letramento, mas é crucial que sejam cuidadosamente planejadas e acompanhadas  de estratégias apropriadas.  

Moreira e Maciel (2023, p. 4) abordam essa questão ao destacar que “deve ser cuidadosamente planejado e dosado, de forma a estar alinhado com os  objetivos pedagógicos e atender às necessidades e características dos ”.De  acordo com Batista (2006, citado por Andrade, 2018), a ludicidade e a alfabetização  devem estar interligadas, como duas faces da mesma moeda. Contudo, mesmo com  diversas opções para a aplicação do lúdico no processo de alfabetização, ainda se  observa uma resistência à sua implementação.  

As autoras Sandini e Paz (2023) ressaltam que, apesar da existência de uma  quantidade significativa de estudos sobre a relevância do brincar no Ensino  Fundamental, ainda são encontradas diversas práticas pedagógicas tradicionais nas  escolas que negligenciam metodologias lúdicas. Segundo as autoras “na Educação Infantil, a ludicidade está sempre presente por meio dos brinquedos, das  brincadeiras e dos jogos propostos, algo que, na alfabetização, torna-se escasso ou  mesmo inexistente” (SANDINI E PAZ, 2023, . 348). 

Dessa forma, é evidente que, apesar de a relevância do lúdico na  alfabetização ser amplamente reconhecida pelos especialistas, sua aplicação nas  práticas educativas ainda enfrenta barreiras consideráveis. A predominância de  métodos pedagógicos tradicionais, conforme apontam Sandini e Paz (2023),  demonstra que o potencial transformador das atividades lúdicas não é totalmente  aproveitado no âmbito da alfabetização. 

Mesmo diante das resistências em ambientes que favorecem abordagens  mais convencionais, é crucial reconhecer o brincar como um componente  fundamental da educação infantil e do desenvolvimento integral da criança. Isso  garante que essa prática de “brincar de criança” permaneça um método essencial  para o aprendizado e o crescimento. Assim, é importante abordar os desafios e as  dificuldades que os educadores enfrentam ao tentar integrar metodologias lúdicas  em suas salas de aula.

2.2 RELAÇÃO ENTRE LUDICIDADE E EDUCAÇÃO 

Brincar desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e na  aprendizagem das crianças. Ao aprender por meio de brincadeiras, elas cultivam  responsabilidade, afeto, respeito e valores sociais e culturais, além de outras  características essenciais. Isso ajuda a moldar suas formas de agir, pensar e  compreender o mundo, promovendo tanto a autonomia quanto a formação de sua  identidade. 

Como já foi mencionado, no Ensino Fundamental, a utilização de jogos e  brincadeiras nem sempre está presente na rotina escolar. Morais e Almeida (2022)  destacam que isso pode ocorrer porque algumas pessoas veem os jogos como uma  perda de tempo, o que não corresponde à realidade. Os jogos têm a capacidade de  “mobilizar conhecimentos, pois deixam os aprendizes instigados a vivenciar tudo que se relaciona às jogadas”.  

Segundo o autor, 

Conseguir ajudar a aprender brincando é respeitar um modo básico de funcionar das crianças, é realizar um ensino que aciona a motivação intrínseca: o indivíduo sente desejo de aprender porque experimenta o prazer de explorar, de descobrir, de viver o gozo de competir e ganhar etc. […] esse tipo de ensino, que acusa desejo de aprender e prazer em fazê-lo, não pode ser algo exclusivo da educação infantil, tem que ocorrer também no ensino fundamental (MORAIS, 2020, p. 142). 

De acordo com Silveira e Cunha (2014), a natureza sociável do ser humano  se manifesta desde a infância, momento em que já se evidencia a necessidade de  interação com outros indivíduos. Nesse contexto, “[…] o brincar é a linguagem pela qual as crianças estabelecem a comunicação e alimentam seus primeiros seus primeiros vínculos” (SILVEIRA E CUNHA, 2014, p. 11). 

As experiências lúdicas permitem a aquisição de conhecimento, pois, ao  vivenciar e explorar certos ambientes e objetos, as crianças realizam descobertas.  Além disso, ao entender a ludicidade como um estado interno relacionado a  sentimentos de prazer, é possível destacar sua relevância para o desenvolvimento  integral dos indivíduos, já que o aprendizado se torna mais envolvente e prazeroso.  As brincadeiras, dessa forma, favorecem o desenvolvimento global das crianças, abrangendo aspectos sociais, emocionais e cognitivos (MASSA, 2015).

Em uma pesquisa conduzida por Mineiro de D’Ávila (2019) com alunos pós-graduação, foi observado que, embora reconheçam a contribuição das experiências  lúdicas para a aprendizagem, ainda não sabem como incorporá-las efetivamente nas  aulas. As crianças exploram suas potencialidades ao aprender fazendo, de forma  espontânea, sem a pressão ou o medo de cometer erros, e encontram prazer na  busca pelo conhecimento, mesmo que não percebam que estão aprendendo. 

Depreendeu-se, ainda, que a ludicidade é vista como contribuição, como caminho para o processo de ensino e aprendizagem, sem, contudo, dizer em que ela consiste. Percebe-se que há o reconhecimento da importância  sem materializá-la em ações, a ludicidade ainda não é totalmente  compreendida como elemento estruturante do processo educativo. Entende sei que é importante, mas não se sabe como evocá-la na prática nas ações  (MINEIRO; D’ÁVI A, 2019, . 12). 

Outro aspecto destacado pelas autoras é que a ludicidade não deve ser vista  como uma mera ferramenta, e não é apropriado que seja definida dessa forma. Isso  nos leva a perceber que ela vai muito além disso, configurando-se como uma  linguagem que pode e deve ser incorporada ao processo educativo. 

Por ingenuidade, desconhecimento, falta de formação adequada ou por opção intencional, o fato é que não se pode fomentar que essa ideia de ludicidade como ferramenta seja disseminada. A ludicidade é elemento estruturante, um meio, uma linguagem que pode permear todo o fazer  docente, o instrumento que pode, em consonância com os outros instrumentos da orquestra educativa, tocar uma enternecedora canção de ressignificação (MINEIRO; D’ÁVILA, 2019, p. 13). 

De acordo com Morais e Almeida (2022), é fundamental que as experiências  lúdicas estejam integradas na sala de aula, e para que os jogos promovam a  aprendizagem de forma eficaz, é necessário que o professor faça um planejamento  adequado. Mesmo que reconheçamos os benefícios dessas atividades para o  processo de ensino-aprendizagem e proporcionamos às crianças a oportunidade de  explorar essas experiências, é crucial termos um plano estruturado sobre como  conduzir essas atividades. 

[…] não é apenas promovendo o contato e a exploração de jogos que garantimos a aprendizagem de conteúdos escolares por nossos estudantes. É preciso que esses jogos tenham sido planejados previamente pela/o docente e que as jogadas sejam mediadas de modo a promover o máximo de reflexão e descobertas possíveis (MORAIS; ALMEIDA, 2022, p. 38).

Baseando-se em pesquisas anteriores, os autores enfatizam a necessidade  de distinguir entre jogos educativos e jogos didáticos, pois cada um deles possui  uma finalidade específica.  

[…] jogos educativos não têm uma intencionalidade didática, enquanto os jogos didáticos, sim, têm a finalidade de promover a aprendizagem de  conceitos e habilidades de diferentes áreas do conhecimento. Esses últimos exigem que o professor tenha propósitos claros de ensino, para que possa atingir os objetivos propostos em seus planejamentos (MORAIS; ALMEIDA, 2022, p. 38). 

Nesse contexto, Kishimoto (2011) destaca a relevância da intenção ao  planejar o uso de um jogo, enfatizando que: 

Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão  educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para o brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem (KISHIMOTO, 2011, p. 41). 

Assim, constata-se que a ludicidade deve ser uma parte integrante do  processo educacional, sendo essencial para que as crianças adquiram  conhecimentos e habilidades relevantes durante a alfabetização e o letramento. A  ludicidade também deve promover o desenvolvimento da imaginação e da  criatividade, permitindo que a criança vivencie o mundo ao seu redor a partir de suas  condições e contextos (LUCKESI, 2014). 

Além disso, a brincadeira não deve ser encarada apenas como um momento  de diversão, mas também como uma oportunidade de educação, socialização e  desenvolvimento de habilidades. Para que os objetivos de aprendizagem sejam  atingidos, é fundamental que essa experiência lúdica seja bem planejada pelo  educador. 

2.3 PRÁTICAS LÚDICAS NA ALFABETIZAÇÃO 

A alfabetização é um processo intrincado, no qual as crianças desenvolvem e  ajustam suas hipóteses sobre a escrita. Por ser uma construção cultural, a escrita  não ocorre de maneira automática; por isso, é necessário adotar práticas pedagógicas organizadas e envolventes que promovam o desenvolvimento de habilidades essenciais para esse processo (LUCKESI, 2022). 

As práticas lúdicas se destacam como ótimas alternativas, pois oferecem  experiências que ajudam a aprimorar a percepção, a atenção e a memória. Contudo,  é importante destacar que, isoladamente, essas atividades não levam os  alfabetizandos a refletir sobre a escrita. Quando são bem organizadas, elas podem  proporcionar um aprendizado significativo (MAFRA, 2008). 

Considerando as práticas lúdicas, podemos entendê-las, de maneira geral,  como brincadeiras e jogos que oferecem diversão, interesse, motivação e prazer,  além de contribuírem para desenvolver habilidades fundamentais, como  sociabilidade, cognição e afetividade. Entretanto, conforme mencionado  anteriormente, os jogos por si só não têm uma função didática eficaz. Para cumprir  os objetivos educacionais, eles precisam ser cuidadosamente planejados e  executados (SANTOS, 2010). 

Dessa forma, definimos as práticas lúdicas como brincadeiras e jogos que são  realizados de maneira intencional, estruturada e sistemática. Por outro lado, as  atividades lúdicas podem não ter um propósito pedagógico explícito, como, por  exemplo, facilitar a aprendizagem para alcançar metas educacionais (SANTOS,  2010). Compreendendo essas distinções, torna-se mais fácil para o educador buscar  estratégias adequadas para atingir os objetivos estabelecidos para cada etapa  escolar ou nível de aprendizagem em que a criança se encontra. 

2.4 ANÁLISE DE ATIVIDADES LÚDICAS: BINGO, LETRAS MÓVEIS E JOGO DA  MEMÓRIA 

A educação é um campo fértil para a inovação e a aplicação de métodos que  tornem o aprendizado mais dinâmico e efetivo. Neste sentido, as atividades lúdicas  desempenham um papel crucial ao facilitar a assimilação de conhecimentos,  promover a inclusão e desenvolver diversas habilidades. Neste texto, analisaremos  três dessas atividades: o bingo, as letras móveis e o jogo da memória, enfatizando  sua relevância e versatilidade no contexto educacional. 

1. Bingo: A Aprendizagem Divertida 

O bingo é uma atividade que, embora tradicional, se mostra extremamente eficaz em diversos aspectos da aprendizagem. Tradições pedagógicas já inseriram o  jogo como um recurso didático para ensinar desde números até vocabulário em diferentes línguas (DA SILVA E JOAQUIM , 2025). 

Uma das principais vantagens do bingo é a sua capacidade de promover o  engajamento dos alunos. Ao transformar o aprendizado em um jogo, favorece-se a  participação ativa e a motivação dos alunos. Além disso, a natureza competitiva e  interativa do bingo estimula a atenção e a memorização, habilidades essenciais para  o sucesso acadêmico (DA SILVA E JOAQUIM , 2025). 

O bingo pode ser adaptado para diversos conteúdos, como matemática, ciências, história e linguagens, sendo possível criar cartelas temáticas que atendam  às necessidades específicas do grupo. Essa flexibilidade permite atender a  diferentes estilos de aprendizagem, propiciando um ambiente de inclusão em que  todos os alunos se sintam parte da atividade (DA SILVA E JOAQUIM , 2025). 

2. Letras Móveis: Construindo Palavras de Forma Criativa 

As letras móveis representam uma ferramenta indispensável para o  desenvolvimento da linguagem e da leitura. Este recurso é particularmente eficaz na  alfabetização, permitindo que os alunos explorem a formação de palavras e  desenvolvam a consciência fonológica. A atividade com letras móveis oferece um  aprendizado ativo, onde os alunos podem tocar, manipular e experimentar. Essa  abordagem tátil é especialmente benéfica para crianças que aprendem melhor  através de métodos concretos (AMBROSIO, 2024). 

Além do desenvolvimento da linguagem, as letras móveis promovem a  criatividade e o pensamento crítico, pois os alunos têm a liberdade de criar suas  próprias palavras e frases. Essa atividade pode ser facilmente integrada em diversas  disciplinas, permitindo que os alunos também expressem conceitos de ciências,  matemática ou arte por meio de palavras (JAQUELINE, 2022). 

3. Jogo da Memória: Estimulando a Concentração e a Memória

O jogo da memória, com sua simplicidade e versatilidade, é outra atividade  valiosa no processo educativo. Este jogo não se limita apenas a questões de  memória, mas também pode ser utilizado para reforçar conteúdos de diferentes  áreas, como vocabulário, fatos históricos, fórmulas matemáticas, entre outros. Ao  retirar a pressão associada ao aprendizado tradicional, o jogo cria um ambiente de  descontração que favorece a fixação do conhecimento (CUNHA E DE SOUZA,  2021).

Além disso, o jogo da memória estimula a concentração e a habilidade de  reconhecimento visual, fatores importantes no desenvolvimento cognitivo das  crianças. A natureza repetitiva do jogo também solidifica o aprendizado ao permitir  que os alunos revisitem e retenham informações de maneira leve e divertida  (CUNHA E DE SOUZA, 2021). 

A escolha do bingo, das letras móveis e do jogo da memória como atividades  lúdicas para o aprendizado revela-se uma estratégia eficaz para promover o  engajamento, a inclusão e o desenvolvimento de habilidades diversificadas em um  ambiente escolar. A capacidade de adaptação dessas atividades a diferentes  contextos e conteúdos as torna ferramentas valiosas no arsenal educacional. Ao  utilizar essas abordagens, educadores podem criar experiências de aprendizado  mais ricas e eficientes, beneficiando todos os alunos e contribuindo para sua  formação integral. 

RESULTADOS  

A pesquisa realizada buscou investigar como a implementação de estratégias  lúdicas contribui para o processo de alfabetização nos anos iniciais do Ensino  Fundamental. Para alcançar esse objetivo, foram realizadas entrevistas com três  professoras, que foram identificadas de forma fictícia como A, B e C, a fim de  preservar sua identidade.  

A coleta de dados ocorreu em uma escola municipal de Ensino Fundamental  em Jaru/RO, por meio de observações em sala de aula e entrevistas, e foi adotada  uma abordagem qualitativa, permitindo uma análise detalhada das experiências  relatadas. 

Os dados coletados foram organizados em um quadro que apresenta as  perguntas e respostas das entrevistadas, facilitando a visualização das informações.  A pesquisa demonstrou que as atividades lúdicas são reconhecidas como  ferramentas valiosas no ensino da leitura e escrita, tornando o aprendizado mais  atraente e reduzindo a ansiedade associada ao processo alfabetizador. As práticas  lúdicas estimulam a interatividade, o envolvimento emocional e a criatividade dos  alunos, criando um ambiente de aprendizado mais prazeroso e significativo.

PERGUNTAS PROFESSORA (A)PROFESSORA (B)PROFESSORA (C) 
1. Como você define atividades lúdicas e qual a  sua importância no processo de alfabetização?Resposta 
As atividades lúdicas são  experiências de  aprendizado que utilizam  jogos, brincadeiras e  dinâmicas interativas.  São essenciais no  processo de  alfabetização porque  tornam o aprendizado  mais atraente,  estimulando a  curiosidade e a  criatividade das crianças.  Elas ajudam a fixar o  conteúdo de forma  prazerosa e significativa.
Resposta 
Atividades lúdicas são  aquelas que envolvem  jogos e brincadeiras,  servindo como  ferramentas de  aprendizagem. São  extremamente  importantes para o  processo de  alfabetização, pois  permitem que as  crianças aprendam de  maneira divertida,  facilitando a  assimilação do  conteúdo e reduzindo a  ansiedade que muitas  vezes acompanha o  aprendizado da leitura  e da escrita.
Resposta 
Atividades lúdicas são  experiências que  envolvem jogos e  brincadeiras  educacionais. Elas  são fundamentais na  alfabetização, pois  engajam os alunos e  permitem uma maior  experimentação com  a linguagem,  favorecendo um  ambiente de  aprendizado mais  relaxado e  estimulante.
2. Poderia descrever algumas das estratégias lúdicas que você utiliza em  sua prática pedagógica?  De que maneira essas estratégias são implementadas nas aulas?Resposta 
Costumo utilizar jogos de  tabuleiro personalizados  com letras e palavras,  bem como atividades de  dramatização onde os  alunos representam  histórias. Implemento essas estratégias  integrando-as ao  conteúdo curricular,  sempre visando a  interação e o trabalho em  grupo. Por exemplo, ao  aprender novas palavras,  as crianças as utilizam  em contextos de histórias  que criam juntas.
Resposta 
Eu uso muitas músicas  e canções educativas  que revisitam letras e  palavras. Também  incorporo jogos de  palavras e  adivinhações que  estimulam a  criatividade e o  raciocínio. Essas  atividades são  implementadas em  momentos de “aula  livre”, onde os alunos  podem escolher o que  querem aprender,  sempre alinhando ao  currículo.
Resposta 
Uso contação de  histórias interativas,  onde as crianças  fazem parte da  narrativa. Além disso,  utilizo jogos com  cartas para formar  palavras e colaborar  em grupos. Implemento essas  atividades logo no  início das aulas, o que  ajuda a criar um clima  de cooperação e  relevância para o  aprendizado.
3. Qual tem sido a reação dos alunos ao participar de  atividades lúdicas durante  o processo de alfabetização? Você percebeu alguma mudança  no comportamento ou na motivação deles? Resposta 
As crianças geralmente  reagem com entusiasmo  e curiosidade. Durante as  atividades lúdicas,  percebo um aumento  significativo na  participação e na alegria  delas. Isso reflete uma  mudança no  comportamento, com  menos resistência e mais  disposição para  aprender.
Resposta 
A reação dos alunos é  predominantemente  positiva. Eles ficam  animados e envolvidos,  muitas vezes pedindo  para repetir as  atividades.  Observando isso,  percebo que a  motivação deles  aumenta, e se tornam  mais colaborativos e  descontraídos em sala  de aula.
Resposta 
A reação dos alunos é  espetacular. Eles  ficam bastante  motivados para  participar, com  sorrisos e risadas.  Certamente, essas  atividades criam uma  atmosfera de  curiosidade e eles se  sentem mais à  vontade para explorar  e aprender.
4. Como você avalia a eficácia das atividades  lúdicas no  desenvolvimento da leitura  e escrita dos alunos? Você  observou melhorias  específicas em seus  desempenhos?Resposta 
eficácia das atividades  lúdicas no  desenvolvimento da leitura  e escrita dos alunos? Você  observou melhorias  específicas em seus  desempenhos?
Resposta 
A eficácia dessas  atividades é avaliada  por meio de  observações e testes  rápidos de leitura e  escrita. Tenho notado  um aumento na  fluência dos alunos,  além de uma maior  capacidade de formar  sentenças. O  progresso deles é  significativo, e isso me  dá confiança na  abordagem lúdica.
Resposta
A eficácia é avaliada  através da  observação do  progresso nas leituras  e na escrita. Vejo que  muitos alunos estão  mais confortáveis com  as letras e palavras.  As crianças que antes  mostravam  insegurança agora  são mais  autoconfiantes e  ativas na  aprendizagem.
5. Quais desafios você  enfrenta ao implementar  estratégias lúdicas em sua  sala de aula? Existem  limitações que você  gostaria de superar?Resposta 
Um desafio que enfrento  é a falta de materiais  adequados para todas as  atividades lúdicas que  gostaria de implementar.  Além disso, algumas  crianças têm diferentes  ritmos de aprendizado, o  que pode dificultar a  igualdade nas atividades  em grupo. Gostaria de ter  mais recursos para  personalizar ainda mais  as experiências.
Resposta 
Um desafio recorrente  é o tempo disponível  para desenvolver  atividades lúdicas,  devido à carga  curricular. Além disso,  é um desafio manter o  foco dos alunos  durante essas  atividades,  especialmente quando  são mais dispersos.  Superar a limitação do  tempo é algo que  preciso trabalhar.
Resposta 
Um desafio que  enfrento é a  resistência de alguns  alunos que preferem  métodos mais  tradicionais de  aprendizado. Outro é  a diversidade dos  níveis de aprendizado  da turma, pois isso  torna complicado o  planejamento de  atividades que  contemplem a todos  de maneira justa.
6. Você percebe uma  correlação entre o uso de  práticas lúdicas e a  participação dos alunos  nas atividades de  alfabetização? Como isso  se manifesta em sala de  aula?Resposta 
Sim, percebo uma  correlação clara. Quando  utilizo práticas lúdicas, a  participação dos alunos  aumenta  significativamente. Eles  se tornam mais  engajados e  interessados, o que se  manifesta em discussões  mais animadas e em um  maior desejo de  contribuir nas atividades.
Resposta 
Com certeza, há uma  correlação. Ao  introduzir jogos e  atividades interativas,  os alunos se tornam  mais participativos e  expressivos. Eles  tendem a se sentir  mais à vontade para  perguntar e  experimentar novas  ideias, o que cria um  ambiente de  aprendizado mais  dinâmico.
Resposta 
Sim, definitivamente.  As práticas lúdicas  incentivam a  participação,  resultando em um  aumento do  envolvimento dos  alunos nas atividades  propostas. Quando  brincam e jogam, a  vontade deles de  participar e explorar o  aprendizado aumenta  consideravelmente.
7. Na sua opinião, quais são os principais benefícios das estratégias lúdicas para o processo de  alfabetização? Resposta 
Os principais benefícios  incluem o  desenvolvimento de  habilidades sociais e  emocionais, como a  cooperação e a empatia.  Além disso, as  estratégias lúdicas  promovem a retenção  dos conteúdos, tornam a  aprendizagem mais  prazerosa e ajudam a  formar uma base sólida  para a leitura e a escrita,  tornando-as menos  intimidadoras.
Resposta 
Os benefícios são  imensos, mas destaco  a capacidade dos  alunos de reter  informações e seu  desenvolvimento  social, como a  interação e a  resolução de conflitos.  As atividades lúdicas também ajudam a  tornar as relações  entre os alunos mais  saudáveis e  colaborativas.
Resposta 
Os principais benefícios incluem o desenvolvimento de habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Os alunos aprendem melhor em um ambiente onde se sentem seguros e se divertem, e isso é fundamental para a alfabetização, uma vez que associa o ato de aprender a algo positivo e significativo.
Fonte: Dados de pesquisa, 2025. 

SÍNTESE DOS RESULTADOS 

A pesquisa realizada com as professoras A, B e C oferece uma visão  abrangente sobre o uso de atividades lúdicas no processo de alfabetização,  destacando definições, estratégias utilizadas, reações dos alunos, eficácia percebida, desafios enfrentados e os benefícios observados. 

Todas as professoras A, B e C concordam que as atividades lúdicas são  jogos e brincadeiras que favorecem a aprendizagem. Elas enfatizam a importância  dessas atividades como ferramentas que tornam o aprendizado mais atrativo e  significativo para os alunos. As lúdicas são vistas como essenciais para reduzir a  ansiedade associada à alfabetização, criando um ambiente mais relaxado para a  aprendizagem de leitura e escrita. 

As estratégias mencionadas pelas professoras A, B e C incluem jogos de  tabuleiro personalizados, dramatizações, músicas educativas, contação de histórias  interativas e atividades com cartas para formar palavras. Essas abordagens são  integradas ao currículo, promovendo não apenas a interação, mas também a  cooperação entre os alunos. A flexibilidade na implementação dessas atividades,  como em momentos de “aula livre”, permite que os alunos escolham o que desejam  aprender, alinhando seus interesses às metas de ensino. 

As reações dos alunos às atividades lúdicas são predominantemente  positivas, com aumento no entusiasmo, curiosidade e disposição para participar. As  professoras A, B e C relataram que as crianças manifestam alegria e motivação  durante as atividades, o que resulta em menos resistência ao aprendizado e em um  ambiente de sala de aula mais dinâmico. 

A eficácia das atividades lúdicas é avaliada por meio de observações diretas  e testes rápidos de leitura e escrita. As três professoras perceberam melhorias significativas no desempenho dos alunos, como maior fluência na leitura, formação  de sentenças e confiança nas habilidades de escrita. A prática lúdica mostra-se uma  estratégia eficaz para o desenvolvimento das competências alfabetizadoras. 

Apesar dos benefícios, as professoras mencionam desafios significativos. A  falta de materiais adequados e a diversidade nos ritmos de aprendizado dentro da  turma são barreiras recorrentes. Além disso, o tempo limitado para desenvolver  atividades lúdicas devido à carga curricular é um ponto de atenção. As professoras expressaram a necessidade de recursos adicionais e estratégias para atender a  todos os alunos de forma equitativa. 

Há uma correlação clara entre o uso de práticas lúdicas e a participação dos  alunos nas atividades de alfabetização. As professoras notam um aumento  expressivo no engajamento e na expressividade dos alunos durante as atividades  lúdicas, resultando em um ambiente de aprendizado mais ativo e colaborativo. 

Os benefícios incluem não apenas o avanço nas habilidades de leitura e  escrita, mas também o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. As atividades lúdicas promovem a retenção de informações, interação entre os alunos e  a criação de um ambiente de aprendizagem saudável, onde os alunos se sentem  seguros. Todas as professoras destacam que a abordagem lúdica torna o  aprendizado mais positivo e significativo, o que é crucial para o sucesso na alfabetização. 

A pesquisa revela que as atividades lúdicas são amplamente valorizadas como uma abordagem eficaz na alfabetização, com impactos positivos no desenvolvimento integral dos alunos. Embora existam desafios, as experiências e estratégias compartilhadas pelas professoras A, B e C sugerem que a integração de práticas lúdicas no ensino pode ser uma solução valiosa para criar ambientes de aprendizagem envolventes e produtivos. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A pesquisa realizada sobre a utilização de atividades lúdicas no processo de  alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental trouxe percepções valiosas  acerca da sua relevância para o desenvolvimento de habilidades fundamentais. O  objetivo geral de investigar como a implementação dessas estratégias contribui para a alfabetização foi alcançado, revelando tanto as nuances do comportamento dos  alunos quanto às percepções dos educadores sobre a eficácia do ensino lúdico. As atividades lúdicas foram amplamente reconhecidas como ferramentas  eficazes para o ensino da leitura e da escrita. Além de tornarem o aprendizado mais  atraente, essas práticas também ajudam a reduzir a ansiedade frequentemente  associada aos processos de alfabetização. A criação de um ambiente interativo e  emocionalmente envolvente, estimulada por meio de jogos e brincadeiras, favorece  a assimilação dos conteúdos de maneira prazerosa e significativa. Os dados coletados nas entrevistas demonstraram que as estratégias lúdicas  adotadas foram diversificadas e bem integradas ao currículo escolar. Abordagens  como jogos de tabuleiro, dramatizações, canções educativas e contação de histórias  interativas enriqueceram o processo de ensino e atenderam às diferentes formas de  aprendizagem dos alunos, resultando em um ambiente mais inclusivo e adaptado às necessidades individuais. 

A reação dos alunos às atividades lúdicas foi consistentemente positiva, com  aumento significativo no entusiasmo, curiosidade e disposição para participar. Essa  motivação é crucial, pois reforça a ideia de que o aprendizado pode ser uma  experiência agradável, ao invés de uma tarefa árdua. Esse maior envolvimento  sugere, ainda, um impacto positivo nas relações interpessoais, promovendo um  ambiente de cooperação e respeito. A correlação observada entre a utilização de  atividades lúdicas e a participação dos alunos nas aulas destaca a criação de um  ambiente de aprendizado mais dinâmico e colaborativo. 

Quanto à eficácia das atividades lúdicas, as observações indicaram  progressos claros no desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Alunos  que participaram dessas atividades demonstraram maior fluência, autoconfiança e  habilidade na formação de palavras e sentenças, corroborando a hipótese de que a  aplicação de jogos e práticas lúdicas aumenta a motivação e melhora o desempenho  educacional. 

Entretanto, os desafios enfrentados não podem ser negligenciados. A  carência de materiais adequados e a diversidade nos ritmos de aprendizado exigem  adaptações constantes nas práticas pedagógicas. A limitação de tempo, devido à  carga curricular, é uma barreira crítica que necessita de atenção especial para que  as atividades lúdicas sejam integradas de forma efetiva ao cotidiano escolar. Além disso, a resistência de alguns alunos a métodos menos tradicionais representa um  obstáculo que requer estratégias adequadas para superação. 

Com relação ao segundo aspecto da pesquisa, é possível afirmar que as  práticas lúdicas observadas resultaram em um aumento significativo no interesse e  na participação dos alunos, sendo essa variável essencial para o sucesso do  processo de alfabetização. A aprendizagem ativa beneficiou não apenas as  habilidades linguísticas, mas também as sociais e emocionais, fundamentais para a formação integral do estudante. 

Entre as limitações encontradas neste estudo, destaca-se a dificuldade em  localizar artigos que tratam de práticas lúdicas no contexto da alfabetização e  letramento, uma vez que os poucos disponíveis enfocados estão mais voltados para  a educação infantil. Além disso, o conceito de ludicidade ainda está em  desenvolvimento, o que indica a necessidade de mais pesquisas e aprofundamentos sobre o tema. 

Entretanto, espera-se que esta pesquisa sirva como referência para  investigações futuras e colabore com a formação de profissionais da educação,  especialmente no que diz respeito à relação entre alfabetização, letramento e  ludicidade. É importante ressaltar que o conhecimento não é estático, e  reconhecendo as limitações inerentes a cada estudo, pesquisas futuras poderão  aprofundar o assunto e examinar de maneira mais detalhada os resultados obtidos  através de estudos de campo. 

As conclusões deste estudo enfatizam a necessidade de fortalecer e ampliar  a utilização de atividades lúdicas no Ensino Fundamental. As experiências e  resultados positivos indicam que, quando bem implementadas, as estratégias lúdicas  tornam o processo de alfabetização mais eficaz e transformam a sala de aula em um  ambiente acolhedor e propício à aprendizagem. Portanto, é imprescindível que as  instituições de ensino considerem essas práticas em suas metodologias, buscando  recursos e formas de viabilizar uma educação que não apenas ensine, mas também  humanize e inspire os alunos a explorar o conhecimento de maneira significativa e  prazerosa. 

REFERÊNCIAS

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1Graduada em Pedagogia, Matemática, e Administração de Empresas. Especialista em Educação  Matemática, Orientação, Supervisão e Direção e Mestranda em Educação pela FUNIBER. jaclene2@hotmail.com
2Graduada em Pedagogia, bacharelada em psicologia, Psicanalista e Mestranda em Educação pela  FUNIBER.Email: filosofiapura2012@hotmail.com
3Graduada em Pedagogia e Mestranda em Educação pela FUNIBER.Email: viviansl.coliveira@gmail.com
4Graduado em Licenciatura plena em Matemática e Mestrando em Educação pela FUNIBER. garciagol646@gmail.com
5Graduada em (UESPI) e  Mestranda em Educação pela FUNIBER.Email: mlucimarflp@hotmail.com