PALLIATIVE CARE PRACTICES FOR THE ELDERLY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505101905
Bruno de Oliveira Dias; Cleide Jane Silva de Lima; Eliade Fernandes de Oliveira; Nathalia da Silva Lopes da Cruz; Noemi Garcia Silva de Melo; Roberta Moreira; Andréa Lucia Reis Gracio.
RESUMO
Este estudo aborda a importância dos cuidados paliativos para pacientes idosos e o papel da equipe de enfermagem nesse contexto. Objetivo: Identificar os cuidados paliativos a ser oferecido aos idosos. Baseado em um referencial teórico sobre cuidados paliativos, o estudo destaca os princípios e a relevância de um cuidado humanizado, com ênfase na equipe de enfermagem. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, utilizando revisão bibliográfica e observação direta de práticas de enfermagem. Resultados: Os resultados indicaram que, embora a equipe de enfermagem desempenhe um papel crucial, enfrentam-se limitações, como falta de recursos e capacitação. Discussão: A discussão reflete sobre a eficácia dos cuidados paliativos, apesar das barreiras, como a sobrecarga de trabalho e falta de políticas públicas adequadas. Considerações finais: Conclui-se, portanto, que os cuidados paliativos desempenham um papel fundamental na qualidade de vida de pacientes em fase terminal e seus familiares. Logo, o enfermeiro, nesse contexto, desempenha papel fundamental para garantir a assistência de qualidade e com atuação humanizada ao paciente e seus familiares, promovendo os cuidados paliativos adequados e contribuindo significativamente para o conforto, dignidade e qualidade de vida das pessoas idosas e sua família.
Palavras-chave: Cuidados Paliativos, Idosos, Enfermagem, Cuidados de Enfermagem.
ABSTRACT
This study addresses the importance of palliative care for elderly patients and the role of the nursing team in this context. Objective: To identify the palliative care to be offered to the elderly. Based on a theoretical framework on palliative care, the study highlights the principles and relevance of humanized care, with an emphasis on the nursing team. Methodology: This is a qualitative research, using bibliographic review and direct observation of nursing practices. Results: The results indicated that, although the nursing team plays a crucial role, they face limitations, such as lack of resources and training. Discussion: The discussion reflects on the effectiveness of palliative care, despite barriers, such as work overload and lack of adequate public policies. Final considerations: Therefore, it is concluded that palliative care plays a fundamental role in the quality of life of terminally ill patients and their families. Therefore, in this context, the nurse plays a fundamental role in ensuring quality care and humanized action for the patient and their families, promoting appropriate palliative care and contributing significantly to the comfort, dignity and quality of life of elderly people and their families.
Keywords: Palliative Care. Elderly. Nursing. NursingCare.
1. INTRODUÇÃO
Os cuidados paliativos têm sido amplamente reconhecidos como uma abordagem essencial para promover qualidade de vida em pacientes com doenças crônicas em estágio avançado. Esse cuidado abrange aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais, direcionando-se não apenas ao paciente, mas também ao suporte às famílias (Luzia, 2020).
Com o aumento do envelhecimento populacional, especialmente em países como o Brasil, o número de idosos que necessitam de cuidados paliativos tem crescido substancialmente. Estudos ressaltaram que as instituições de longa permanência desempenham um papel fundamental nesse cenário, muitas vezes sendo o local onde esses pacientes passam seus últimos dias de vida (Alves et al., 2023).
O papel da enfermagem dentro dos cuidados paliativos é fundamental, pois envolve a administração de intervenções voltadas ao alívio do sofrimento e à promoção do conforto. As práticas de enfermagem têm se mostrado indispensáveis para garantir que o idoso receba assistência adequada em situações de terminalidade (Sousa et al., 2023).
Pesquisas anteriores evidenciaram a necessidade de sistematizar essas práticas, destacando a formação contínua de profissionais como estratégia para melhorar o cuidado ofertado. Aspectos como o manejo da dor crônica e a hipodermóclise foram destacados como intervenções críticas para o bem-estar do idoso em cuidados paliativos (Carneiro et al., 2024; De Souza et al., 2023).
Dentro desta perspectiva, é importante ressaltar que este estudo delimitou-se à análise dos cuidados de enfermagem oferecidos a idosos em cuidados paliativos, considerando os desafios enfrentados por profissionais de enfermagem nesse contexto.
A problemática central reside na seguinte questão: como as práticas de enfermagem podem ser aprimoradas para oferecer um cuidado integral e humanizado aos idosos em cuidados paliativos? A pesquisa buscou compreender, com base na literatura, estratégias e intervenções que contribuam para um fim de vida mais digno e confortável.
Entre as hipóteses levantadas, considerou-se que a capacitação dos profissionais de enfermagem pode melhorar significativamente a qualidade do cuidado prestado, reduzindo eventos adversos e promovendo maior conforto ao paciente idoso. Outra hipótese é que a implementação de protocolos padronizados pode otimizar as práticas de enfermagem e aumentar a eficiência no atendimento. Por fim, supõe-se que o suporte psicológico e emocional às famílias contribua para uma experiência de cuidado mais satisfatória e humanizada (Luzia, 2020; Sousa et al., 2023).
O objetivo geral deste trabalho foi identificar e analisar as principais intervenções de enfermagem voltadas para idosos em cuidados paliativos. Especificamente, buscou-se mapear os desafios enfrentados por profissionais no cuidado ao idoso, avaliar a eficácia de intervenções específicas no alívio do sofrimento e propor estratégias para a capacitação contínua de equipes de enfermagem.
A relevância deste trabalho está em sua contribuição para a ampliação do conhecimento sobre práticas de enfermagem em cuidados paliativos, oferecendo subsídios para melhorar a qualidade do atendimento aos idosos em situação de terminalidade. O estudo atende à necessidade de reforçar práticas humanizadas, tanto no âmbito clínico quanto no acadêmico, promovendo reflexões e melhorias na formação e atuação de enfermeiros (Ferreira et al., 2021).
A metodologia utilizada consistiu em uma revisão de literatura, baseada em uma abordagem qualitativa. O levantamento foi realizado nas bases de dados Lilacs, Periódicos Capes, Google Acadêmico e Scielo, abrangendo publicações entre os anos de 2020 e 2024.Essa estratégia permitiu a seleção de estudos relevantes e atualizados sobre o tema, contribuindo para uma análise robusta e fundamentada.
2. REFERENCIAL TEÓRICO CUIDADOSPALIATIVOS
O conceito de Cuidados Paliativos originou-se no movimento hospice, organizado por Cecily Saunders e seus colaboradores, cuja filosofia é o cuidar a partir do controle efetivo da dor e de outros sintomas, presente em fases avançadas das doenças, e o cuidado com as dimensões psicológicas, sociais e espirituais de pacientes e familiares (Carlos, 2015).
A palavra “hospice” se origina do latim hospes, que significa estranho e depois anfitrião; hospitalis significa amigável, ou seja, boas-vindas ao estranho, e evolui para o significado de hospitalidade. O termo palliare também se origina do latim e , significa proteger, amparar, cobrir, abrigar. A perspectiva do cuidar e não somente curar surge de forma ampla como foco principal. Doentes em cuidados paliativos apresentam alta ocorrência de sintomas físicos e psíquicos. Dor, por exemplo, alteração cognitiva, constipação intestinal e fadiga, são os mais frequentes (Ancp, 2021).
O sofrimento, gerado pelo temor da doença desde o seu diagnóstico, perpassa o tratamento e se agrava com a possibilidade da morte. Se morrer é fato para todos os seres vivos, como humanos, o que nos diferencia dos demais é a consciência da nossa finitude e a resposta a isso, em geral, é medo e sofrimento. O sofrimento pode conter o medo da solidão, do desconhecido, da separação de quem amamos, de interromper planos e sonhos traçados ao longo da vida e tantos outros medos que se apresentam no curso do adoecimento (Carlos,2015).
A experiência do adoecimento é muito difícil não só para o paciente, mas também para seus familiares, amigos, cuidadores e equipe de saúde envolvida em seu tratamento. O sistema familiar funciona de acordo com regras e padrões próprios e o adoecimento de um membro “desestabiliza” esse sistema, que precisará ser reorganizado para atender às demandas advindas da doença e tratamento. As adaptações feitas pelos membros da família, mudanças de papéis, flexibilidade e cuidado integral proporcionarão alívio do sofrimento. Adaptação não significa resolução, no sentido da aceitação completa e definitiva das perdas, mudanças etc., ao contrário, envolve a descoberta de maneiras de seguir em frente com a vida. A família promove a adaptação e torna-se verdadeiramente um sistema funcional pelo reconhecimento, compartilhado por todos os membros da família, da realidade da dor e da morte, fazendo disso uma experiência comum de perda. A comunicação entre a família e os profissionais de saúde pode auxiliar na reorganização do sistema familiar e no reinvestimento desses em outras relações e projetos de vida (Ferreita et al., 2008).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o exercício da medicina paliativa consiste em estudar e tratar o paciente com doença ativa, progressiva e avançada, para qual o prognóstico é limitado e assim a assistência é voltada para a qualidade de vida.
O manejo não farmacológico para o paciente com Alzheimer se divide em 3 esferas: o biológico/físico, o psicológico e o sócio interacional. Os cuidados biológico/físicos visam o controle de sintomas e a manutenção das atividades básicas diárias. Os cuidados psicológicos dizem respeito ao suporte emocional fornecido a estes pacientes, aos seus cuidadores e profissionais da saúde. Para o manejo dos sintomas emocionais e comportamentais pode ser utilizado a estimulação multissensorial, estimulação cognitiva e musicoterapia, por exemplo. Os cuidados socio interacionais buscam proporcionar a integração dos pacientes com o Alzheimer na sociedade de forma contínua, tais cuidados incluem a prática de atividade física em grupo, oficinas. em grupos, entre outras.
O Brasil, de acordo com a categorização de desenvolvimento de cuidados paliativos de 2011, oferece cuidados paliativos isolados, sem integração a outros serviços de saúde básicos, com alcance limitado devido a um suporte financeiro e estrutural deficitário, como por exemplo o reduzido número de instituições de saúde que oferecem esses cuidados (Ferreita et al.,2008).
3. METODOLOGIA
Este estudo adotou uma abordagem metodológica que combina a revisão sistemática e a revisão integrativa da literatura como objetivo de investigar as práticas de cuidados paliativos voltadas para idosos em final de vida. A escolha dessas metodologias fundamenta-se na capacidade de ambas oferecerem uma visão ampla e estruturada sobre o tema, permitindo a integração de dados provenientes de diferentes estudos e proporcionando, assim, uma análise mais robusta e detalhada das evidências disponíveis. Essa combinação metodológica busca ampliar a compreensão das práticas e intervenções no contexto dos cuidados paliativos para essa população, consolidando o conhecimento existente e apontando para lacunas e possibilidades de pesquisa futura.
Neste trabalho, a fase inicial trata da importância de atualizar o tema, orientada pela pergunta: de que maneira os cuidados paliativos contribuem para reduzir o sofrimento físico e emocional de idosos com doenças crônicas avançadas nas atuais discussões sobre o cuidado a pacientes em fase terminal? Dessa forma, o principal objetivo dessa etapa foi examinar como a questão do alívio do sofrimento está sendo abordada nas publicações científicas mais recentes relacionadas aos cuidados paliativos em situações de terminalidade.
Na segunda fase, foram definidos os bancos de dados para a busca dos estudos, além dos critérios de inclusão e exclusão que orientariam a seleção dos artigos encontrados, delimitando o alcance da análise. Considerando sua importância, abrangência e compromisso com a produção e disseminação de conhecimento em múltiplas áreas, a base de dados escolhida para este estudo foi a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).
Para compor o conjunto de artigos analisados neste estudo, foram adotados critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos. Apenas artigos científicos completos e de acesso aberto foram considerados. A busca foi realizada com os seguintes descritores: Cuidados Paliativos AND Idoso AND Enfermagem AND Cuidados de Enfermagem, o que resultou inicialmente em 136 artigos. Em seguida, aplicaram-se filtros, como Idoso, Saúde do Idoso, Cuidados Paliativos, Envelhecimento, idioma português e período de publicação dos últimos 5 anos, reduzindo o total para 24 artigos, obtidos nas bases da BVS.
Para a seleção dos artigos, é feita uma pesquisa constantemente sobre os volumes publicados dentro do período previsto para este estudo. A escolha dos textos foi feita com base na leitura dos resumos, selecionando aqueles que incluíam a palavra-chave: “Idoso”. Foram excluídos da análise artigos repetidos, monografias, teses, dissertações, bem como resenhas e editoriais presentes em diversas bases de dados. Além disso, foram descartados os artigos que não estavam diretamente relacionados.
Na terceira fase, foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão aos 24 artigos, o que levou à exclusão de 16 trabalhos que não atenderam aos requisitos definidos, como o tipo de produção científica (monografias, teses e dissertações) ou que estavam duplicados, resultando em 8 artigos restantes.
Para tornar mais claro o processo das etapas da pesquisa, foi criado um diagrama que demonstra as diversas fases adotadas na formação do corpus de análise, conforme mostrado na Figura 1.
FIGURA 1.

QUADRO 1: Síntese de artigos selecionados nas bases de dados: Rio de Janeiro, 2025.
Título | Autores | Ano | Revista | Resumo |
Intervenções de enfermagem para pessoas com dor crônica em paliação: protocolo de revisão de escopo. | CARNEIRO, Raércia dos Santos et al | 2024 | Revista baiana enfermagem | O artigo explora o Processo de Enfermagem (PE) como ferramenta essencial para o cuidado personalizado em pacientes com dor crônica em cuidados paliativos. Em cinco etapas, o PE permite intervenções de enfermagem focadas no alívio da dor, promovendo a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. |
Incidência e eventos adversos da hipodermóclise no idoso em cuidados paliativos | DESOUZA, Raquel Eustaquia et al. | 2023 | Revista de Enfermagem do Centro- Oeste Mineiro | O estudo analisou a hipodermóclise em 127 idosos em cuidados paliativos, revelando uma taxa de eventos adversos de 22,8% e uma permanência média do cateter de quatro dias. O risco de complicações aumentou ao longo do tempo, alcançando 48% no décimo dia. |
Cuidados paliativos em idosos com dispneia: estudo de validação | DESOUSA, Ester Figueiredo et al. | 2023 | Avances em Enfermería | O estudo valido num cenário de simulação clínica para o ensino de cuidados paliativos a pacientes idosos com dispneia, utilizando revisão de literatura e validação por especialistas. Com um índice de validade de 0,91, o cenário se mostrou eficaz na formação em gerontologia, promovendo assistência humanizada aos estudantes de enfermagem. |
Enfermagem e cuidados paliativos em idosos | GONÇALVES, Gisele Mara Silva; MAYR, Maria Paula; DESOUZA, Natália Rocha | 2023 | Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde | Este estudo revisou artigos sobre o papel da Enfermagem nos cuidados paliativos a idosos, analisando 20publicações Selecionadas entre 558 identificadas. Constatou-se que os cuidados devem ser personalizados para atender às necessidades individuais dos pacientes, destacando a importância do enfermeiro como um elo essencial entre o paciente e a família, proporcionando um cuidado integral e humanizado. |
Percepção de cuidadores familiares de pacientes idosos sobre cuidados paliativos | DA SILVA FERREIRA, Erica Conceição et al. | 2021 | Revista de Enfermagem UFPE online | O estudo investigou a compreensão de 11 cuidadores familiares sobre cuidados paliativos em idosos, revelando que eles reconhecem a importância e as diferenças desse tipo de cuidado em comparação com outras abordagens. Os cuidadores demonstraram boa comunicação com a equipe de saúde, evidenciando seu entendimento sobre o assunto. |
A intervenção de enfermagem promotora do conforto na pessoa idosa hospitalizada, em situação paliativa | LUZIA,Márcia Reis. | 2020 | ESEL–Escola Superior de Enfermagem de Lisboa | O relatório analisa as necessidades de conforto de idosos em cuidados paliativos, evidenciando que intervenções de enfermagem podem aliviar seu sofrimento. O projeto “Conforta-me” foi desenvolvido para aprimorar as habilidades da equipe de enfermagem, beneficiando pacientes e famílias. |
Cuidados paliativos à pessoa idosa hospitalizada: discursos de enfermeiros assistenciais | SILVA, JUNIOR, Sergio Vitalda et al. | 2019 | Rev. Enferm. Atual In Derme | O estudo analisou a compreensão de enfermeiros sobre cuidados paliativos em idosos hospitalizados, envolvendo 10 profissionais. Identificaram-se três categorias: a percepção dos cuidados paliativos, as ações assistenciais dos enfermeiros e os desafios enfrentados na prática. Os resultados ressaltam a necessidade de entender as dificuldades na assistência a essa população. |
Cuidado à pessoa idosa institucionalizada na perspectiva de um fim de vida pacífico | ALVES, Manuela Bastos et al. | 2023 | Ciênc.cuid. saúde | O estudo abordou os cuidados de fim de vida para idosos em uma Instituição de Longa permanência, enfatizando a importância do conforto do paciente e do suporte à família, além da necessidade de formação contínua para os cuidadores. |
Nesta seção, apresentamos uma tabela contendo os principais artigos selecionados para a revisão sistemática da literatura sobre as práticas de cuidados paliativos em idosos. Os critérios de inclusão foram estabelecidos para garantir a relevância e qualidade dos estudos selecionados. A tabela lista os artigos, seus respectivos autores, anos de publicação, e uma breve descrição do conteúdo de cada estudo, destacando os principais achados e contribuições para a compreensão das práticas de cuidados paliativos nessa população específica.
4. RESULTADOS
Os estudos analisados abordam diversas dimensões dos cuidados paliativos a idosos, destacando a importância da Enfermagem em proporcionar um cuidado humanizado e centrado nas necessidades do paciente. Carneiro et al. (2024) ressaltam que o Processo de Enfermagem (PE) é fundamental na assistência a pacientes com dor crônica, promovendo intervenções direcionadas que buscam não apenas o alívio da dor, mas também a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
Além disso, de Souza et al. (2023) investigaram a hipodermóclise em idosos, encontrando uma taxa de eventos adversos de 22,8%. O estudo aponta que o risco de complicações aumenta com o tempo, o que destaca a necessidade de monitoramento cuidadoso durante a permanência do cateter. Em relação à formação de profissionais, De Sousa et al. (2023) validaram um cenário de simulação para o ensino de cuidados paliativos a idosos com dispneia, obtendo um índice de validade de 0,91, evidenciando a eficácia do cenário na formação de estudantes e contribuindo para uma assistência mais humanizada.
Gonçalves et al. (2023) revisaram o papel da Enfermagem nos cuidados paliativos, confirmando que o cuidado deve ser adaptado às necessidades individuais dos pacientes, com o enfermeiro atuando como um elo essencial entre paciente e família. Alves et al. (2023) enfatizaram a importância do conforto para os idosos em instituições de longa permanência, além do suporte à família e da formação contínua para os cuidadores, visando um fim de vida pacífico.
Da Silva Ferreira et al. (2021) exploraram a percepção de cuidadores familiares sobre cuidados paliativos, revelando que eles reconhecem a importância desse cuidado e mantêm uma boa comunicação com a equipe de saúde, o que é crucial para a eficácia do tratamento. Luzia (2020) destacou que intervenções de enfermagem focadas nas necessidades de conforto dos idosos podem aliviar significativamente o sofrimento, sendo o projeto “Conforta-me” um exemplo de como aprimorar as habilidades da equipe de enfermagem nesse aspecto.
Por fim, Silva Junior et al. (2019) identificaram três categorias em relação à compreensão de enfermeiros sobre cuidados paliativos: a percepção dos cuidados, as ações assistenciais e os desafios enfrentados, ressaltando a complexidade da assistência a essa população vulnerável. Os resultados demonstram que a atuação da Enfermagem nos cuidados paliativos a idosos é multifacetada e essencial para garantir o conforto e a qualidade de vida dos pacientes. A personalização do cuidado, a comunicação efetiva com os familiares e a formação contínua dos profissionais são fatores cruciais para o sucesso das intervenções em cuidados paliativos.
5. DISCUSSÃO
Com base nos 8 artigos selecionados, foi realizada a categorização dos dados, sendo elas: Cuidados personalizados e intervenções de enfermagem, Importância do conforto e suporte familiar e Desafios na prática em cuidados paliativos e formação dos profissionais
CUIDADOS PERSONALIZADOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
A personalização dos cuidados em situações de enfermagem é fundamental, especialmente para idosos portadores de demência em cuidados paliativos. Conforme enfatizado por Gonçalves et al. (2023), os cuidados devem ser adaptados às necessidades individuais de cada paciente, considerando as particularidades de sua condição. Essa abordagem é essencial para garantir não apenas o alívio dos sintomas, mas também a promoção de uma melhor qualidade de vida.
O comprometimento neurocognitivo é uma condição que impacta significativamente a cognição eacomunicaçãodopaciente,tornandoessencialqueasintervençõesdeenfermagem sejam planejadas e executadas de forma a respeitar a individualidade do idoso. Carneiro et al. (2024) destacam o Processo de Enfermagem(PE) como uma ferramenta crucial para esse fim, permitindo que enfermeiros realizem avaliações detalhadas e intervenções direcionadas.
O PE, composto por cinco etapas, é um ciclo contínuo que envolve a avaliação das necessidades do paciente, o planejamento das intervenções, a implementação das ações e a avaliação dos resultados. Para pacientes com comprometimento neurocognitivo, isso pode incluir o uso de técnicas de comunicação adaptadas, estratégias de manejo da dor e a consideração das preferências e valores do paciente. Além disso, a aplicação de cuidados personalizados pode levar a um aumento no envolvimento e na satisfação do paciente e da família. Ao respeitar as escolhas e desejos do idoso, os enfermeiros podem contribuir para a construção de um ambiente de cuidado mais acolhedor e menos angustiante. É importante que as intervenções se estendam para além do manejo físico, incluindo aspectos emocionais e espirituais, que são frequentemente negligenciados.
Os enfermeiros, como elos essenciais entre o paciente, a família e a equipe de saúde, devem ser capacitados para identificar sinais de sofrimento que podem não ser verbalizados devido à natureza dos transtornos neurocognitivos. A compreensão das necessidades emocionais e psicológicas dos idosos com comprometimentos neurocognitivos avançados é uma parte vital do cuidado paliativo. Isso requer um treinamento contínuo para os profissionais de saúde, conforme sugerido por Luzia (2020), que enfatiza a importância das habilidades de comunicação e da sensibilidade nas interações com esses pacientes.
A personalização dos cuidados e as intervenções de enfermagem em idosos com comprometimentos neurocognitivos graves são imprescindíveis para a eficácia dos cuidados paliativos. A adoção de práticas centradas no paciente, aliadas à capacitação contínua da equipe de enfermagem, pode resultar em um cuidado mais humanizado, que respeita a dignidade do idoso e promove a sua qualidade de vida até o fim. A implementação dessas estratégias deve ser uma prioridade nas instituições de saúde que atendem essa população, garantindo que os cuidados paliativos sejam oferecidos de forma integral e eficaz.
IMPORTÂNCIA DO CONFORTO E SUPORTE FAMILIAR
O conforto e o suporte familiar são componentes essenciais nos cuidados paliativos para idosos com comprometimentos neurocognitivos avançados. Como ressaltado por Alveset al. (2023), a abordagem do fim de vida deve priorizar o bem-estar do paciente, garantindo que ele se sinta confortável e acolhido em um ambiente que respeite sua dignidade. Para esses pacientes, essa busca pelo conforto é ainda mais crítica, uma vez que suas capacidades cognitivasecomunicativassãolimitadas,tornando-osmaisvulneráveisàsexperiênciasdedor e desconforto.
A promoção do conforto físico é um dos pilares dos cuidados paliativos, especialmente no contexto dos transtornos neurocognitivos. As intervenções de enfermagem devem incluir a gestão da dor e o controle de sintomas, aspectos frequentes citados como fundamentais na literatura. A avaliação contínua das necessidades do paciente é vital, uma vez que as manifestações de dor ou desconforto podem não ser claramente expressas. Isso exige que os enfermeiros desenvolvam habilidades de observação e empatia, identificando sinais não verbais de sofrimento (Carneiroetal.,2024).
Além do conforto físico, o suporte emocional e social proporcionado à família é crucial. Da Silva Ferreira et al. (2021) indicam que os cuidadores familiares desempenham um papel vital na experiência de cuidados paliativos, sendo frequentemente a primeira linha de apoio para os idosos. A comunicação aberta e eficaz entre a equipe de saúde e os cuidadores é fundamental para que estes compreendam o processo de cuidados paliativos, suas diferenças em relação a outros tipos de cuidado e a importância de seu papel. Isso pode reduzir a ansiedade e o estresse dos familiares, ao mesmo tempo que fortalece a rede de apoio ao paciente.
A formação contínua dos cuidadores e a criação de ambientes que incentivem a comunicação são ações que podem ser implementadas para melhorar essa dinâmica. O estudo de Gonçalves et al. (2023) sublinha que o enfermeiro é um elo essencial entre o paciente, a família e a equipe de saúde, desempenhando um papel crítico na educação e no apoio aos familiares. Por meio de orientações sobre como lidar com comprometimentos neurocognitivos, estratégias de manejo de sintomas e a importância do autocuidado dos cuidadores, a equipe de enfermagem pode ajudar a construir uma base mais sólida para o suporte familiar.
A ênfase no conforto e no suporte familiar nos cuidados paliativos para idosos com transtornos neurocognitivos não apenas melhorar a qualidade de vidado paciente, mas também ajuda a aliviar a carga emocional dos cuidadores. A implementação de intervenções que promovam um ambiente acolhedor e que ofereçam suporte educacional e emocional à família é fundamental para garantir que o paciente viva seus últimos dias com dignidade e paz. A formação e a capacitação contínuas da equipe de enfermagem são essenciais para que esses cuidados sejam oferecidos de maneira integrada e eficaz, criando uma rede de apoio que valorize o bem-estar do idoso e de sua família.
DESAFIOS NA PRÁTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS E FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
A formação contínua da equipe de enfermagem é um aspecto crucial para garantir a qualidade dos cuidados paliativos prestados a idosos com comprometimentos neurocognitivos avançados. A complexidade das necessidades desses pacientes exige que os profissionais estejam atualizados sobreas melhores práticas e abordagens, especialmente em um campo em constante evolução como os cuidados paliativos. Segundo Alves et al. (2023), a formação contínua não apenas aprimora as habilidades técnicas, mas também contribui para a sensibilidade e empatia necessárias ao cuidado dessa população vulnerável.
Os cuidados paliativos vão além do tratamento de doenças, focando na qualidade de vida e na assistência integral do paciente e de sua família. Para idosos com transtornos neurocognitivos, que frequentemente apresentam dificuldades de comunicação e compreensão, os desafios se intensificam. Portanto, os enfermeiros devem estar preparados para implementar intervenções que considerem não apenas a dor física, mas também o desconforto emocional e social. A pesquisa de Luzia (2020) destaca que intervenções voltadas ao conforto, como a criação de um ambiente tranquilo e a atenção às necessidades emocionais dos pacientes, são fundamentais para reduzir o sofrimento.
Entretanto, a prática em cuidados paliativos enfrenta desafios significativos, conforme apontado por Silva Júnior et al. (2019). Muitos enfermeiros relatam dificuldades em implementar cuidados paliativos devido à falta de tempo, recursos inadequados e suporte institucional. Ambientes de trabalho sobrecarregados, onde a demanda frequentemente excede a capacidade da equipe, podem resultar em um foco desproporcional em intervenções curativas, em detrimento de uma abordagem holística e humanizada.
Para superar esses desafios, é essencial que as instituições de saúde fomentem uma cultura que valorize e priorize os cuidados paliativos. Isso inclui a alocação de recursos adequados, como o aumento da equipe de enfermagem e a criação de protocolos que integrem os cuidados paliativos em todas as fases do atendimento. Além disso, a formação interprofissional e a troca de experiências entre os profissionais são cruciais para fortalecer a segurança e a capacitação da equipe diante das dificuldades cotidianas.
Ademais, a validação de cenários de simulação clínica, conforme proposto por De Sousa et al. (2023), apresenta-se como uma ferramenta eficaz para aprimorar as competências dos profissionais. A simulação permite que os enfermeiros pratiquem a comunicação, o manejo de sintomas e outras intervenções em um ambiente controlado, aumentando sua confiança e habilidade para lidar com situações desafiadoras no atendimento a idosos com transtornos neurocognitivos.
A formação contínua da equipe de enfermagem é indispensável para a qualidade dos cuidados paliativos oferecidos a idosos com comprometimentos neurocognitivos. Contudo, é necessário enfrentar os desafios da prática para que os profissionais possam aplicar seu conhecimento de maneira eficaz. Investir na valorização dos cuidados paliativos no ambiente de trabalho, integrar simulações clínicas e fortalecer o suporte institucional são estratégias fundamentais para melhorar a assistência prestada a essa população. A capacitação adequada não apenas beneficia os enfermeiros, mas também assegura que os pacientes e suas famílias recebam cuidados humanizados e de qualidade, promovendo dignidade e conforto em todas as etapas do processo de vida.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os cuidados paliativos têm se mostrado essenciais para melhorar a qualidade de vida dos idosos. O papel da equipe de enfermagem é fundamental nesse processo, proporcionando suporte físico e emocional tanto para os pacientes quanto para suas famílias. O estudo alcançou o o objetivo de destacar a importância desses cuidados e a necessidade de uma atuação integrada entre profissionais de saúde. Contudo, limitações como a falta de recursos, treinamento adequado e políticas públicas insuficientes ainda são obstáculos significativos.
Superar esses desafios é crucial para garantir um atendimento mais eficiente e humanizado.
Um dos principais princípios discutidos é a abordagem centrada no paciente, que coloca o idoso no centro das decisões relacionadas ao seu tratamento. Isso não apenas respeita a individualidade do paciente, mas também promove sua autonomia e dignidade, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. A gestão de sintomas, incluindo o controle da dor, foi enfatizada como uma prática fundamental para aliviar o sofrimento físico dos idosos em cuidados paliativos, permitindo-lhes engajar-se em atividades significativas.
À medida que a população idosa continua a crescer em todo o mundo, o compromisso com os princípios e práticas dos cuidados paliativos aos idosos é mais crucial do que nunca, garantindo que os idosos recebam o apoio de que precisam em suas últimas fases de vida.
Conclui-se, portanto, que os cuidados paliativos desempenham um papel fundamental na qualidade de vida de pacientes em fase terminal e seus familiares. Logo, o enfermeiro, nesse contexto, desempenha papel fundamental para garantir a assistência de qualidade e com atuação humanizada ao paciente e seus familiares, promovendo os cuidados paliativos adequados e contribuindo significativamente para o conforto, dignidade e qualidade de vida das pessoas idosas e sua família.
REFERÊNCIAS
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