REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch102025005100719
Ádria Monique S.Silveira;
Maria Lina da Silva;
Milena Stefhany A. Sousa;
Jonas Pereira da Luz;
Thalison da Silva Araújo;
Orientadores : Bianca Sousa Leal; Lara Priscila Freitas Ferreira1
RESUMO
As hepatites virais representam um grupo de doenças infecciosas com potencial de causar sérias complicações hepáticas, incluindo cirrose e carcinoma hepatocelular. Cada tipo viral — A, B, C, D e E — possui particularidades quanto ao agente etiológico, formas de transmissão, evolução clínica e estratégias de prevenção e controle. A compreensão dos mecanismos patogênicos, dos fatores de risco associados e da importância do monitoramento clínico é fundamental para a formulação de políticas públicas eficazes e para a atuação adequada dos profissionais de saúde. Considerando o impacto dessas infecções na saúde pública brasileira e mundial, o presente trabalho se propõe a realizar uma revisão narrativa da literatura sobre o tema, destacando os principais avanços e desafios enfrentados. O estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica em fontes científicas confiáveis, priorizando trabalhos recentes e de autores reconhecidos na área. O objetivo é contribuir para a ampliação do conhecimento sobre as hepatites virais, promovendo uma abordagem mais crítica e reflexiva entre profissionais, estudantes e demais interessados no tema.
Palavras-chave: Hepatite viral. Infecção hepática. Monitoramento clínico. Saúde pública.
1 INTRODUÇÃO
As hepatites virais configuram-se como um dos maiores desafios enfrentados pela saúde pública em âmbito mundial. Trata-se de infecções que atingem diretamente o fígado, causadas por diferentes vírus, cada um com suas especificidades quanto à forma de transmissão, evolução clínica e possibilidades terapêuticas (FONSECA, 2004). A Organização Mundial da Saúde estima que centenas de milhões de pessoas vivem com hepatite crônica, muitas sem diagnóstico ou acesso ao tratamento adequado, o que contribui para o agravamento silencioso da doença (LEMOS; FRANÇA; COSTA, 2021).
No Brasil, o cenário das hepatites virais revela desigualdades regionais no acesso ao diagnóstico e tratamento, além de subnotificação persistente. A hepatite C, por exemplo, destaca-se pelo alto índice de cronificação, sendo muitas vezes diagnosticada tardiamente, quando já há comprometimento severo do fígado. Já a hepatite B continua sendo um desafio em populações vulneráveis, apesar da ampla oferta de vacinação (SILVA, 2024). Estes aspectos tornam necessário um olhar mais aprofundado sobre os fatores de risco, como práticas inseguras de uso de drogas, relações sexuais desprotegidas e deficiências no saneamento básico.
O avanço da medicina tem possibilitado novas formas de controle e monitoramento das hepatites virais, sobretudo com a chegada de antivirais de ação direta no caso da hepatite C. No entanto, o conhecimento sobre os mecanismos patogênicos e a adoção de estratégias eficazes de prevenção ainda precisam ser ampliados, especialmente em áreas com maior vulnerabilidade social (SANTOS, 2019). A abordagem contínua dessas doenças se faz urgente não apenas do ponto de vista biomédico, mas também social e educacional.
A escolha por uma revisão narrativa se justifica diante da necessidade de reunir e sistematizar informações atualizadas sobre as hepatites virais, facilitando o acesso ao conhecimento por parte de estudantes, profissionais de saúde e gestores públicos. Considerando a persistência e a complexidade do problema, a pergunta central que orienta este trabalho é: quais os principais mecanismos patogênicos, fatores de risco e estratégias de monitoramento clínico relacionados às hepatites virais?
O presente trabalho tem como objetivo principal realizar uma análise das hepatites virais por meio de uma revisão narrativa da literatura científica. Pretende-se identificar e discutir os aspectos patológicos das diferentes hepatites, os fatores que influenciam sua disseminação e agravamento, bem como as práticas de acompanhamento clínico mais eficazes. Busca-se, com isso, ampliar o entendimento sobre o tema e contribuir para a melhoria das ações em saúde coletiva.
A metodologia adotada consiste em uma pesquisa de natureza qualitativa, com abordagem bibliográfica. Foram utilizados artigos científicos, livros, dissertações e publicações acadêmicas publicadas a partir de 2020, buscando autores reconhecidos na área da infectologia e saúde pública. A seleção das fontes priorizou conteúdos atualizados, disponíveis em bases como SciELO, ResearchGate e Google Acadêmico, de modo a garantir a relevância e a confiabilidade das informações analisadas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Fatores de Risco Associados às Hepatites Virais
Falar sobre hepatites virais é, inevitavelmente, mergulhar em uma realidade que afeta silenciosamente milhões de pessoas no mundo. Essas infecções, que atingem o fígado, podem passar despercebidas por longos períodos, mesmo quando já estão causando danos progressivos. Uma das principais preocupações em relação a essas doenças é justamente o modo como se espalham, quase sempre de forma discreta, por meio de práticas do dia a dia que muitas vezes não são reconhecidas como perigosas pela população. E é por isso que entender os fatores de risco é tão importante: eles são o ponto de partida para ações preventivas realmente eficazes.
Cada tipo de hepatite viral – A, B, C, D e E – possui uma forma própria de contágio, com variações conforme a estrutura do vírus, as condições sanitárias e os comportamentos sociais envolvidos. No entanto, todos esses tipos têm algo em comum: afetam mais fortemente pessoas em situação de vulnerabilidade, onde faltam informações, recursos e cuidados básicos de saúde. E quando se olha para o Brasil, isso se torna ainda mais evidente.
A hepatite A, por exemplo, costuma estar associada a locais onde o saneamento básico é deficiente. A transmissão ocorre por via fecal-oral, geralmente por meio de alimentos e água contaminados. Regiões com esgoto a céu aberto, ausência de água potável e baixa cobertura vacinal tornam-se focos naturais para esse tipo de contaminação (Fonseca, 2004). Isso significa que a vulnerabilidade social, e não apenas o comportamento individual, é um fator de risco determinante para a disseminação dessa forma de hepatite.
Já a hepatite B apresenta um risco mais elevado de infecção em contextos onde há práticas sexuais desprotegidas, compartilhamento de objetos perfurocortantes e exposição a sangue contaminado. Pessoas que utilizam drogas injetáveis, profissionais do sexo, indivíduos que fazem tatuagens ou piercings em locais sem higiene adequada e até mesmo profissionais de saúde sem equipamento de proteção adequado estão entre os mais vulneráveis (Silva, 2024). O que se percebe, nesse cenário, é que o risco não é apenas biológico, mas também social e estrutural, muitas vezes ligado a desigualdades no acesso à informação e aos serviços de saúde.
A hepatite C, por sua vez, é considerada uma infecção silenciosa, pois muitas pessoas só descobrem que estão contaminadas anos depois, quando os sintomas já são graves. Ela é transmitida principalmente por contato com sangue contaminado e, até a década de 1990, era comum a infecção por meio de transfusões sanguíneas, já que os exames de triagem não eram tão rigorosos. Atualmente, o maior risco continua sendo o compartilhamento de seringas entre usuários de drogas, além de procedimentos invasivos sem esterilização adequada, como cirurgias, exames ginecológicos e odontológicos (Lemos et al., 2021).
A hepatite D é menos comum, mas seu agravante é que ela depende da presença da hepatite B para se manifestar. Ou seja, uma pessoa só desenvolve a hepatite D se já estiver infectada com o vírus da hepatite B. Isso faz com que os fatores de risco estejam diretamente relacionados entre si, principalmente em populações já expostas aos riscos mencionados anteriormente (Silva et al., 2024). Pessoas imunossuprimidas e com histórico de múltiplas internações ou cirurgias, por exemplo, também passam a ter maior probabilidade de coinfecção.
A hepatite E, mais frequente em áreas com carência de saneamento e higiene, é transmitida de forma semelhante à hepatite A. No entanto, ela se torna ainda mais preocupante em gestantes, pois pode evoluir para formas mais graves da doença. Em regiões com abastecimento de água comprometido e hábitos alimentares pouco seguros, a chance de surtos aumenta consideravelmente (MSD Manuals, 2025). Ou seja, a precariedade das condições de vida continua sendo um fio condutor entre os tipos de hepatite.
É importante perceber que os fatores de risco não são apenas comportamentais, mas também coletivos e estruturais. Um bom exemplo disso é a realidade das pessoas privadas de liberdade. Em presídios, a superlotação, o acesso limitado a serviços de saúde e o uso compartilhado de objetos cortantes favorecem significativamente a disseminação de hepatites B e C. O mesmo vale para populações em situação de rua, onde o uso de drogas injetáveis, a falta de higiene e a dificuldade de acessar exames e tratamentos são marcantes (Fonseca, 2004).
Mesmo dentro dos serviços de saúde, existem riscos. Embora as práticas tenham evoluído muito, ainda há registros de contaminação por falhas em esterilização de materiais ou descarte incorreto de objetos perfurocortantes. Isso mostra que o cuidado precisa ser contínuo, com capacitação constante dos profissionais e fiscalização adequada das unidades (Santos, 2019). Além disso, a atualização dos protocolos de biossegurança deve ser uma prioridade permanente, considerando que esses espaços atendem justamente pessoas mais vulneráveis.
Outro ponto importante é a transmissão vertical, ou seja, da mãe para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação. No caso da hepatite B, isso representa uma das principais formas de transmissão em países em desenvolvimento. A falta de testagem pré-natal e a ausência de medidas preventivas, como o uso da imunoglobulina e da vacina logo após o nascimento, são fatores de risco determinantes nesse processo (Brasil, 2025). Nessas situações, a prevenção depende muito mais da organização dos serviços de saúde do que da escolha da gestante.
Quando se fala em risco, é preciso também olhar para o que se convencionou chamar de “riscos invisíveis”. São aqueles que não estão diretamente ligados a comportamentos considerados perigosos, mas que, por estarem presentes em situações cotidianas, acabam sendo ignorados. A reutilização de lâminas de barbear, o uso de instrumentos de manicure sem esterilização adequada, ou até mesmo acidentes domésticos com objetos cortantes, por exemplo, são formas silenciosas de exposição ao vírus (Silva et al., 2024). Muitas pessoas nem imaginam que estão expostas.
Além disso, a desinformação ainda é um fator de risco significativo. Muitos acreditam que a hepatite só se transmite por relações sexuais ou por contato com sangue, ignorando os outros caminhos possíveis. Isso leva à falsa sensação de segurança, principalmente em locais onde há pouca circulação de informação qualificada. Campanhas educativas mais acessíveis, que dialoguem com a realidade das pessoas, são essenciais nesse contexto (Lemos et al., 2021).
Outro fator que agrava o cenário é o estigma. O medo de ser diagnosticado, o preconceito com pessoas infectadas e a associação das hepatites a comportamentos marginalizados dificultam o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento. Muitas pessoas preferem não procurar atendimento por medo de julgamento ou exclusão social. Essa barreira invisível, mas potente, é um risco tão sério quanto os outros, pois alimenta a subnotificação e o avanço silencioso da doença (Fonseca, 2004).
O ambiente de trabalho também pode representar um fator de risco, especialmente para profissionais da saúde, cuidadores, coletores de lixo hospitalar e trabalhadores de limpeza urbana. A exposição constante a materiais contaminados exige protocolos rígidos de proteção, que nem sempre são seguidos à risca. Isso reforça a importância de políticas públicas de saúde e segurança do trabalho que estejam atentas às rotinas desses profissionais (Santos, 2019).
A vacinação ainda é uma das principais formas de prevenção, especialmente contra a hepatite B. No entanto, mesmo com a oferta gratuita da vacina pelo SUS, há lacunas importantes na cobertura vacinal, principalmente entre adultos jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade. Muitas vezes, a falta de informação ou o medo de reações adversas impedem que a imunização ocorra de forma eficaz. A ausência dessa proteção torna-se, portanto, um fator de risco evitável (Silva, 2024).
As políticas públicas precisam acompanhar essas demandas com planejamento e sensibilidade. O acesso aos testes rápidos, o acompanhamento clínico contínuo e o tratamento gratuito são estratégias fundamentais para reduzir os danos provocados pelas hepatites virais. No entanto, ainda há uma distância entre o que está no papel e o que é, de fato, oferecido nas unidades de saúde, principalmente nas regiões mais periféricas (Brasil, 2025).
Outro desafio enfrentado é o mapeamento epidemiológico. A ausência de dados atualizados e a subnotificação comprometem o planejamento de ações efetivas. Sem saber onde estão os casos, quem são as pessoas mais afetadas e quais são os comportamentos mais comuns, torna-se difícil elaborar campanhas direcionadas. A vigilância em saúde, portanto, deve ser fortalecida, com investimentos em tecnologias e capacitação de equipes (Brasil, 2025).
2.2 Desafios e Avanços no Monitoramento Clínico
O acompanhamento de pessoas com hepatites virais tem passado por importantes transformações nos últimos anos, refletindo avanços tecnológicos, mudanças nas diretrizes clínicas e uma crescente atenção à integralidade do cuidado. No entanto, o monitoramento dessas infecções ainda esbarra em diversos obstáculos, principalmente quando se trata da realidade dos serviços públicos de saúde no Brasil (Santos, 2019). Não se trata apenas de aplicar exames e prescrever medicamentos, mas sim de acompanhar a trajetória do paciente, desde o diagnóstico até o controle da carga viral e das funções hepáticas, garantindo um cuidado contínuo e sensível às suas necessidades.
Ao longo do tempo, houve uma evolução considerável nas ferramentas que permitem identificar, classificar e acompanhar a evolução das hepatites. Ainda assim, persistem desafios relacionados ao acesso aos exames, à interpretação dos resultados e à inclusão efetiva dos pacientes nos serviços de cuidado. Muitos indivíduos sequer chegam a ser diagnosticados, o que dificulta qualquer tipo de intervenção precoce. A testagem limitada, a carência de profissionais capacitados e a sobrecarga dos serviços de saúde são algumas das dificuldades enfrentadas por quem depende do sistema público.
Apesar disso, há progressos que merecem ser destacados. Hoje, com os testes rápidos disponíveis em muitas unidades básicas, é possível detectar as hepatites B e C com uma simples gota de sangue. Essa praticidade amplia o alcance do diagnóstico, principalmente em áreas remotas ou em campanhas de testagem coletiva. Segundo Silva (2024), a ampliação da testagem rápida contribui diretamente para a identificação precoce, permitindo que o tratamento comece antes que o fígado sofra maiores danos.
Por outro lado, apenas o teste inicial não basta. A confirmação da infecção, embora fundamental, representa apenas o primeiro passo de um processo mais longo e complexo de cuidado. A partir do diagnóstico, é indispensável aprofundar a investigação clínica e laboratorial, o que inclui uma série de exames mais específicos que ajudam a entender o grau de comprometimento hepático e o estágio da doença. É justamente nessa fase que muitos pacientes começam a enfrentar dificuldades, revelando um dos principais gargalos do sistema de saúde (Fonseca, 2004).
A realidade de boa parte dos usuários do SUS é marcada por obstáculos que vão desde a falta de informação até a indisponibilidade de exames como a carga viral e a elastografia hepática, exame que avalia o grau de rigidez do fígado e a presença de fibrose. Essas ferramentas são essenciais para que o profissional possa tomar decisões mais seguras sobre o tratamento, definindo se o paciente deve começar a terapia imediatamente, se pode aguardar ou se já apresenta risco de complicações mais graves. A ausência desses exames compromete diretamente o tempo de resposta da equipe médica e, consequentemente, a saúde da pessoa acometida (Lemos et al., 2021).
Não raro, pacientes diagnosticados com hepatite são encaminhados para serviços de referência e acabam enfrentando filas demoradas, muitas vezes aguardando por meses até conseguir vaga para exames mais detalhados. Esse tempo de espera, por si só, já representa um risco, principalmente para aqueles com sinais iniciais de comprometimento hepático que poderiam ser evitados com uma intervenção precoce (Silva, 2024). Além disso, o estresse emocional causado pela incerteza e pela demora afeta diretamente a adesão ao tratamento e à continuidade do cuidado.
É importante compreender que acompanhar a progressão da doença não é uma etapa opcional: é uma necessidade que exige uma estrutura mínima de suporte clínico e acesso periódico a exames laboratoriais e de imagem. No entanto, esse padrão de cuidado está longe de ser uma realidade em todas as regiões do país. Em muitos municípios, especialmente os mais distantes dos grandes centros urbanos, não há laboratórios equipados, tampouco profissionais capacitados para interpretar adequadamente os resultados (Fonseca, 2004).
O Brasil, por suas dimensões continentais e desigualdades históricas, ainda apresenta inúmeros vazios assistenciais. Em comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas, por exemplo, é comum que o diagnóstico até aconteça — especialmente em ações pontuais —, mas o acesso a exames complementares ou acompanhamento especializado quase sempre esbarra na escassez de infraestrutura. Em alguns casos, a pessoa diagnosticada precisa se deslocar por horas ou até mesmo dias para realizar um simples exame, o que acaba desmotivando o seguimento do tratamento ou fazendo com que muitos abandonem o processo no meio do caminho.
A escassez de recursos não se limita aos exames, mas se estende também ao pessoal. A carência de médicos infectologistas, hepatologistas ou mesmo de clínicos treinados para lidar com hepatites é um problema recorrente (Silva et al., 2024). Além disso, em algumas localidades, os protocolos utilizados nas unidades de saúde não estão atualizados com as diretrizes mais recentes, o que faz com que o cuidado prestado não acompanhe os avanços da ciência nem as possibilidades mais modernas de tratamento. Assim, mesmo com diretrizes nacionais bem estabelecidas, as barreiras locais dificultam a sua efetivação.
Outro fator que contribui para a fragilidade do acompanhamento é o modelo fragmentado de atendimento, que muitas vezes não integra os diferentes níveis de atenção à saúde. O paciente é diagnosticado em um ponto da rede, mas não consegue ser acompanhado de forma contínua, por falta de comunicação entre os serviços. Isso compromete a linha de cuidado e reforça a ideia de que o sistema não está preparado para acompanhar a hepatite como uma condição crônica que demanda atenção prolongada.
Diante de tudo isso, torna-se evidente que o acompanhamento clínico das hepatites virais ainda é um dos pontos mais frágeis da resposta institucional à doença.
Enquanto o diagnóstico avança com a popularização dos testes rápidos, a etapa seguinte — a de monitoramento e cuidado — ainda enfrenta uma série de entraves, que vão desde a logística até o acolhimento dos pacientes (Lemos et al., 2021). Para mudar esse cenário, é preciso não apenas ampliar o acesso aos exames, mas também fortalecer a presença do Estado nas regiões mais vulneráveis, com investimento em infraestrutura, formação continuada de profissionais e políticas públicas que respeitem as particularidades de cada território.
2.2.1 Ferramentas Diagnósticas
Quando se fala em ferramentas diagnósticas, é preciso reconhecer que o cenário mudou bastante nos últimos anos. Houve uma expansão significativa dos testes rápidos, o que contribuiu para tornar o diagnóstico mais acessível. Hoje em dia, é possível detectar anticorpos contra os vírus das hepatites B e C em minutos, o que agiliza o encaminhamento do paciente para os exames confirmatórios (Silva et al., 2024). Essa agilidade tem sido um ponto positivo na detecção precoce, especialmente em ações de busca ativa.
No entanto, o diagnóstico das hepatites virais não pode parar na testagem inicial. Confirmar a infecção ativa exige exames laboratoriais mais robustos, como a carga viral por PCR, além da avaliação do estado do fígado. É aí que muitas pessoas enfrentam obstáculos (Lemos et al., 2021). Em diversos municípios, os exames complementares não estão disponíveis na rede pública, e quando estão, o acesso é limitado a centros de referência, o que implica em deslocamentos e demora no atendimento.
Outro exame importante é a elastografia hepática, um procedimento não invasivo que substitui, em muitos casos, a biópsia do fígado. Ela permite avaliar o grau de fibrose hepática, ajudando o médico a entender como a doença está progredindo. O problema é que essa tecnologia, embora segura e eficaz, ainda é restrita a poucos centros. Mesmo com a descentralização proposta pelas políticas de saúde, muitas cidades ainda não possuem o equipamento necessário (Fonseca, 2004).
Além disso, há os exames de sorologia e de genotipagem, que ajudam a definir qual tipo de vírus está presente e qual o tratamento mais adequado. Esses testes são essenciais para indicar se o paciente tem uma infecção recente, crônica, se há coinfecções ou se já houve contato prévio com o vírus. Como ressalta Santos (2019), o monitoramento imunológico e virológico é uma etapa fundamental no cuidado, pois permite o ajuste do tratamento conforme a evolução da infecção.
Nesse processo, a capacitação dos profissionais de saúde também faz toda a diferença. Não basta apenas ter os exames disponíveis; é preciso saber interpretar os resultados, entender o histórico do paciente e tomar decisões clínicas com base em evidências. Em muitos locais, infelizmente, ainda falta formação específica sobre hepatites, o que compromete a qualidade do cuidado oferecido (Silva, 2024).
Há ainda a questão do estigma, que dificulta a procura pelo diagnóstico. Muitas pessoas evitam os testes por medo de serem discriminadas, principalmente em comunidades pequenas onde todos se conhecem (Lemos et al., 2021). Isso gera um ciclo de silêncio e invisibilidade, no qual o diagnóstico tardio agrava as chances de tratamento bem-sucedido. Assim, por mais que as ferramentas existam, seu uso ainda esbarra em barreiras sociais, culturais e institucionais.
2.2.2 Critérios para monitoramento de progressão
Depois de confirmada a infecção, o grande desafio é acompanhar como o corpo reage ao vírus. E isso não se resume apenas a exames de sangue. Monitorar a evolução da hepatite envolve uma avaliação contínua da função hepática, da resposta ao tratamento e da possível presença de complicações, como fibrose, cirrose ou carcinoma hepatocelular. Ou seja, o acompanhamento precisa ser completo, individualizado e periódico (Santos, 2019).
Os principais exames utilizados nesse monitoramento são as dosagens das enzimas hepáticas, a carga viral e a avaliação da fibrose. Cada um deles revela uma parte da história do paciente. As enzimas ALT e AST, por exemplo, indicam o grau de inflamação no fígado. A carga viral mostra o quanto o vírus está ativo no organismo, enquanto exames de imagem ou elastografia ajudam a verificar se o tecido hepático está sofrendo algum tipo de endurecimento ou cicatrização (Lemos et al., 2021).
Além dos exames, o próprio relato do paciente é importante. Sintomas como fadiga, dor abdominal, náuseas e icterícia não devem ser ignorados. Embora muitas vezes sutis, eles sinalizam que algo não está bem e que talvez seja necessário reavaliar a conduta médica. Por isso, consultas regulares e escuta ativa são parte essencial do monitoramento (Silva et al., 2024).
Um dos grandes avanços dos últimos anos foi a introdução de antivirais de ação direta, principalmente no tratamento da hepatite C. Esses medicamentos têm alto índice de cura e permitem reduzir drasticamente a carga viral em poucos meses. Contudo, mesmo após a cura virológica, é preciso continuar acompanhando o paciente, especialmente se ele já apresentava comprometimento hepático antes do tratamento (Fonseca, 2004). Afinal, a cura do vírus não reverte automaticamente os danos já causados ao fígado.
Outro ponto a ser considerado é a coinfecção com outros vírus, como HIV ou hepatite D. Nesses casos, os critérios de monitoramento mudam, exigindo uma abordagem ainda mais detalhada. A presença de múltiplas infecções pode acelerar o avanço da doença hepática, tornando o cuidado mais delicado. Segundo Silva (2024), o monitoramento integrado dessas condições é essencial para evitar complicações mais graves.
Em meio a tantos elementos, talvez o maior desafio seja garantir que o acompanhamento ocorra de forma contínua. Muitas pessoas abandonam o tratamento ou simplesmente somem do radar do sistema de saúde. Fatores como dificuldades financeiras, distância dos centros de referência, desinformação e até mesmo cansaço emocional contribuem para esse afastamento. Por isso, é preciso fortalecer os vínculos com os usuários, promovendo um cuidado mais acolhedor, que enxergue o paciente além da doença.
A criação de sistemas informatizados, como o Painel de Monitoramento das Hepatites, tem ajudado a mapear casos e orientar estratégias de acompanhamento (Brasil, 2025). Esses instrumentos permitem que gestores e profissionais identifiquem falhas no processo, avaliem indicadores e proponham melhorias. No entanto, para que esse tipo de ferramenta funcione bem, é necessário que os dados sejam alimentados corretamente, o que ainda não ocorre de forma uniforme em todo o país. Cabe destacar que o monitoramento clínico das hepatites não é uma tarefa pontual, mas sim um processo contínuo, que exige cuidado, sensibilidade e responsabilidade compartilhada. Profissionais de saúde, gestores, pacientes e a sociedade em geral precisam caminhar juntos para garantir que o diagnóstico não seja o ponto final, mas sim o começo de um percurso de cuidado digno, humano e resolutivo.
Quando se observa a situação de coinfecções, o cenário se torna ainda mais desafiador. Em pessoas vivendo com HIV, por exemplo, a presença simultânea de hepatite C ou B pode comprometer ainda mais o sistema imunológico, dificultando a resposta aos tratamentos. Além disso, os medicamentos utilizados para cada uma dessas infecções precisam ser cuidadosamente ajustados para evitar interações adversas. A escolha da terapia exige conhecimento técnico, atenção aos efeitos colaterais e vigilância constante sobre os parâmetros laboratoriais (Santos, 2019).
A hepatite D, por sua vez, depende da presença do vírus da hepatite B para se manifestar. Essa dependência viral torna a coinfecção uma condição especialmente perigosa, pois há um risco maior de evolução rápida para cirrose ou insuficiência hepática. Monitorar esse tipo de caso exige uma combinação de exames, incluindo marcadores virais específicos, sorologias completas e exames de imagem que avaliem o estado do fígado (Silva et al., 2024). Nessas situações, o acompanhamento deve ser mais frequente, e o vínculo com a equipe de saúde precisa ser reforçado.
Outra questão delicada envolve a manutenção da adesão ao tratamento. Muitos pacientes enfrentam obstáculos que vão além das questões clínicas. Há relatos de pessoas que deixam de comparecer às consultas por falta de dinheiro para a passagem, por não conseguirem dispensa no trabalho ou, simplesmente, por não conseguirem lidar emocionalmente com o diagnóstico. A sobrecarga do sistema de saúde também interfere nesse processo, dificultando o agendamento de consultas e o retorno rápido de exames (Lemos et al., 2021).
Nesse contexto, a atuação da atenção básica se torna central. Equipes de saúde da família, agentes comunitários e profissionais da rede primária têm um papel fundamental na busca ativa de pacientes, na educação em saúde e no fortalecimento do vínculo com os serviços. Quando bem estruturada, a atenção primária permite acompanhar de perto os pacientes, identificar sinais de agravamento e garantir que o tratamento seja mantido. No entanto, essa estrutura ainda é precária em muitas localidades, principalmente nas áreas rurais e nas periferias urbanas (Fonseca, 2004).
A desinformação também se mantém como um grande entrave. Muitos ainda acreditam que a hepatite só afeta pessoas que usam drogas, ou que se trata de uma doença contagiosa pelo toque, o que reforça o estigma e alimenta o preconceito. O medo do julgamento social faz com que muitas pessoas escondam o diagnóstico, evitando procurar ajuda até que os sintomas se tornem graves. Por isso, investir em campanhas de informação, com linguagem acessível e respeitosa, é tão necessário quanto garantir exames e medicamentos (Silva, 2024).
Os dados mais recentes do Painel de Monitoramento das Hepatites B e C indicam que, apesar dos esforços, ainda há um número expressivo de casos não notificados e de pessoas que não retornam para acompanhamento após o diagnóstico inicial (Brasil, 2025). Isso reforça a ideia de que o cuidado com as hepatites precisa ir além do tratamento médico e envolver ações contínuas de prevenção, educação e suporte emocional. O papel da escuta ativa e da empatia por parte dos profissionais também precisa ser valorizado, já que muitos pacientes se sentem inseguros ou desmotivados para seguir o tratamento sem o apoio adequado.
Do ponto de vista técnico, os avanços nas ferramentas de monitoramento oferecem novas possibilidades para o cuidado mais qualificado. A ampliação da oferta de exames como a elastografia hepática, a dosagem de carga viral e os testes de genotipagem viral permite aos profissionais uma visão mais completa da situação clínica do paciente. Esses dados ajudam a personalizar a abordagem, decidir o momento certo para iniciar o tratamento e acompanhar sua eficácia. No entanto, como destaca Silva (2024), a incorporação dessas ferramentas precisa vir acompanhada de capacitação profissional e de garantia de acesso universal.
Além disso, os critérios clínicos precisam ser sempre revistos à luz dos contextos sociais e regionais. O que funciona bem em centros urbanos com boa infraestrutura pode não ser viável em áreas mais distantes, onde há escassez de insumos, profissionais e tecnologia. Por isso, é fundamental que as diretrizes clínicas sejam adaptáveis, respeitando as especificidades locais e oferecendo alternativas viáveis para o monitoramento, mesmo em condições adversas (Lemos et al., 2021).
A integração entre os diferentes níveis de atenção também é uma meta importante, mas ainda pouco alcançada. É comum que o paciente receba o diagnóstico em uma unidade básica de saúde, mas não consiga realizar os exames especializados por falta de encaminhamento ou demora nas filas de regulação. Isso gera frustração, insegurança e abandono do cuidado. Uma rede bem articulada, com comunicação eficiente entre as equipes e protocolos bem definidos, pode reduzir significativamente essas perdas no acompanhamento (Fonseca, 2004).
Por outro lado, não se pode ignorar os impactos positivos já alcançados. A ampliação do acesso aos antivirais para hepatite C, por exemplo, tem permitido a cura de milhares de pessoas em todo o país. A eliminação do vírus, no entanto, não encerra o processo de cuidado. É preciso continuar avaliando o estado do fígado, promovendo hábitos saudáveis e garantindo que possíveis sequelas sejam tratadas a tempo. O monitoramento pós-cura é uma etapa ainda negligenciada, mas que merece atenção redobrada (Silva et al., 2024).
A participação ativa dos usuários também deve ser incentivada. Quando a pessoa compreende a importância do acompanhamento, entende os resultados dos exames e se sente parte do processo, a chance de adesão ao tratamento aumenta. Isso só é possível quando há diálogo, respeito e acolhimento por parte da equipe de saúde. Profissionais que sabem ouvir, que explicam com paciência e que não tratam o paciente apenas como um número fazem toda a diferença no sucesso do cuidado (Santos, 2019).
O monitoramento clínico das hepatites virais não pode ser tratado como um luxo ou um detalhe técnico. Ele é uma necessidade básica, um direito das pessoas que convivem com essas infecções e um dever do sistema de saúde. É por meio dele que se evitam complicações, se salvam vidas e se constrói um cuidado mais humano. A jornada de quem vive com hepatite deve ser acompanhada com responsabilidade, e isso envolve garantir ferramentas diagnósticas, exames regulares, apoio psicológico e um sistema de saúde preparado para acolher e cuidar.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
É possível perceber que os mecanismos patogênicos das hepatites virais variam bastante entre os tipos de vírus, mas todos compartilham um elemento comum: o comprometimento do fígado como órgão-alvo. Os vírus hepatotrópicos A, B, C, D e E possuem formas distintas de ação no organismo, influenciando diretamente a gravidade da infecção, o tempo de evolução e os sintomas apresentados. O vírus da hepatite A, por exemplo, tende a causar uma infecção aguda autolimitada, enquanto o da hepatite C, na maioria dos casos, evolui para uma forma crônica e silenciosa, podendo levar à cirrose ou até ao câncer hepático ao longo dos anos.
No que diz respeito aos fatores de risco, estão fortemente relacionados às condições sociais, ambientais e comportamentais das populações expostas. Práticas como o compartilhamento de seringas, relações sexuais desprotegidas, ausência de vacinação, precariedade no saneamento básico e baixa escolaridade aparecem com frequência entre os elementos que facilitam a transmissão viral. Além disso, situações de vulnerabilidade social, como a vivência em presídios, abrigos ou em situação de rua, aumentam consideravelmente o risco de contágio, especialmente pelas hepatites B e C.
Apesar dos avanços no campo diagnóstico e terapêutico, ainda há grandes desigualdades no acesso aos serviços de saúde. Muitas pessoas vivem com hepatite viral sem saber, justamente pela ausência de sintomas nas fases iniciais. Isso reforça a necessidade de ampliar as ações de testagem e educação em saúde, a fim de garantir que o diagnóstico ocorra precocemente e que o tratamento possa ser iniciado antes que os danos ao fígado se tornem irreversíveis. O silêncio clínico das hepatites crônicas ainda representa um dos maiores desafios na sua identificação.
Quanto ao monitoramento clínico, é um componente indispensável para o controle das infecções virais. Uma vez feito o diagnóstico, é preciso que o paciente seja acompanhado periodicamente por meio de exames que avaliem tanto a presença do vírus quanto a integridade hepática. Exames laboratoriais, como carga viral e transaminases, associados a exames de imagem, como a elastografia hepática, permitem uma leitura mais precisa da progressão da doença. Ainda assim, nem todas as regiões do país contam com infraestrutura adequada para realizar esse tipo de acompanhamento de forma eficaz e contínua.
Com os antivirais de ação direta, muitos pacientes alcançam a cura virológica em poucos meses, com mínimas reações adversas. Essa conquista representa um marco importante na luta contra as hepatites, mas também evidencia a importância do monitoramento após o tratamento, já que nem sempre a eliminação do vírus impede as complicações hepáticas, principalmente quando o fígado já apresentava sinais de fibrose antes da terapia.
O enfrentamento das hepatites virais não deve se limitar ao âmbito biomédico. É preciso envolver ações educativas, campanhas de vacinação, fortalecimento da atenção básica e melhorias nas condições sociais. A promoção de ambientes seguros, a formação continuada de profissionais de saúde e a escuta ativa dos usuários são estratégias fundamentais para garantir um cuidado mais efetivo. As hepatites são mais do que infecções: são expressões de desigualdade que precisam ser enfrentadas com compromisso coletivo.
O preconceito que ainda recai sobre pessoas com hepatite, sobretudo as formas B e C, dificulta a procura por atendimento, gera isolamento e alimenta a desinformação. Muitos deixam de buscar o diagnóstico por medo de julgamentos ou por associarem a doença a comportamentos considerados socialmente condenáveis. Romper com esses estigmas é uma tarefa urgente para que o cuidado em saúde possa ser, de fato, acolhedor e inclusivo.
Compreender como o vírus age, em quais contextos ele se propaga com maior facilidade e de que forma o paciente pode ser acompanhado é essencial para formular políticas públicas mais eficazes. A revisão deixa evidente que, embora muitos avanços tenham sido alcançados, ainda há um longo caminho a ser percorrido no sentido de tornar o cuidado mais equitativo, acessível e humanizado. O combate às hepatites virais não se faz apenas com medicamentos, mas com empatia, informação e compromisso com a dignidade humana.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tudo que foi apresentado, fica evidente que as hepatites virais continuam sendo um sério problema de saúde pública, exigindo atenção contínua e estratégias cada vez mais integradas de enfrentamento. Os mecanismos patogênicos desses vírus, embora distintos entre si, têm em comum o potencial de causar danos expressivos ao fígado e comprometer a qualidade de vida das pessoas infectadas. A compreensão dessas particularidades é essencial para orientar tanto o diagnóstico quanto a conduta clínica adequada.
Os fatores de risco associados às hepatites revelam, por sua vez, uma forte relação com contextos de vulnerabilidade social, práticas inseguras e deficiências nos serviços de saúde. A infecção por esses vírus não se limita a uma questão individual, mas atravessa desigualdades históricas, falhas estruturais e, em muitos casos, a ausência de políticas eficazes de prevenção. Quando o cuidado não alcança todas as pessoas de forma equitativa, o risco se torna coletivo.
Outro ponto que se destacou ao longo da discussão foi a importância do monitoramento clínico como parte fundamental do processo de cuidado. Não basta diagnosticar e tratar: é preciso acompanhar, escutar, avaliar a progressão da doença e garantir que os pacientes não fiquem desassistidos após o início da terapia. Ferramentas diagnósticas modernas e protocolos clínicos atualizados são essenciais, mas sua eficácia depende de acesso, continuidade do cuidado e da presença ativa dos profissionais de saúde na realidade de cada paciente.
Também ficou claro que os desafios enfrentados no monitoramento das hepatites virais não são apenas técnicos, mas sociais, emocionais e institucionais. A adesão ao tratamento, por exemplo, muitas vezes está ligada a questões que vão além da medicação: medo, cansaço, estigmas, dificuldades de transporte ou falta de acolhimento são fatores que interferem diretamente na continuidade do cuidado.
As experiências relatadas, os dados analisados e os autores consultados nesta revisão narrativa reforçam a necessidade de olhar para as hepatites virais com um senso de responsabilidade compartilhada. Não se trata apenas de combater uma infecção, mas de construir um sistema que funcione para todas as pessoas, sem distinção. Isso envolve investir em prevenção, ampliar o acesso ao diagnóstico precoce, fortalecer os vínculos na atenção primária e garantir que o tratamento e o acompanhamento sejam direitos efetivamente assegurados.
Por fim, é possível afirmar que, embora ainda haja muito a ser feito, os avanços alcançados nos últimos anos indicam caminhos promissores. A incorporação de novas tecnologias, a ampliação do acesso aos antivirais e a criação de sistemas de monitoramento representam conquistas importantes. No entanto, para que esses avanços se traduzam em resultados concretos, é fundamental que sejam acompanhados de uma escuta mais sensível, de ações territoriais bem planejadas e de um compromisso real com a vida de quem vive com hepatite. Somente assim será possível transformar o cuidado em algo verdadeiramente humano, efetivo e transformador.
REFERÊNCIAS
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1Mestre em Farmacologia