REVISÃO INTEGRATIVA: SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS E QUALIDADE DE VIDA

INTEGRATIVE REVIEW: POLYCYSTIC OVARY SYNDROME AND QUALITY OF LIFE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505071258


Amanda Ferreira Pavone1
Giovanna Monteiro de Barros Martins2
Kleber Domingues de Souza Filho3
Ana Paula da Cunha4


RESUMO 

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma condição endócrino-metabólica que acomete mulheres em idade reprodutiva, sendo marcada por alterações hormonais, anovulação crônica e presença de ovários policísticos. Seus sintomas variam de irregularidades menstruais, hirsutismo, acne e infertilidade até complicações metabólicas como resistência à insulina, obesidade e dislipidemia, impactando significativamente a saúde física e emocional das pacientes. O diagnóstico é estabelecido com base em critérios específicos, incluindo hiperadrogenismo, disfunção ovulatória e a presença de cistos ovarianos visíveis em ultrassonografia. Portanto, a presente revisão integrativa tem como objetivo compreender de que maneira os diferentes aspectos da SOP, juntamente com o estilo de vida, influenciam a qualidade de vida das mulheres que convivem com essa condição. 

Palavras-chave: Síndrome do Ovário Policístico (SOP); Qualidade de Vida; Estilo de Vida. 

ABSTRACT 

Polycystic Ovary Syndrome (PCOS) is an endocrine-metabolic condition that affects women of reproductive age, characterized by hormonal imbalances, chronic anovulation, and the presence of polycystic ovaries. Associated symptoms range from menstrual irregularities, hirsutism, acne, and infertility to metabolic complications such as insulin resistance, obesity, and dyslipidemia, significantly impacting the physical and emotional health of affected individuals. Diagnosis is based on specific criteria, including hyperandrogenism, ovulatory dysfunction, and the presence of ovarian cysts identified by ultrasound. Therefore, this integrative review aims to understand how the various aspects of PCOS, along with lifestyle fator, influence the quality of life of women living with this condition.  

Keywords: Polycystic Ovary Syndrome (PCOS); Quality of Life; Life Style. 

RESUMEN 

El Síndrome de Ovario Poliquístico (SOP) es una condición endocrino-metabólica que afecta a mujeres en edad reproductiva, caracterizada por desequilibrios hormonales, anovulación crónica y la presencia de ovarios poliquísticos. Los síntomas asociados van desde irregularidades menstruales, hirsutismo, acné e infertilidad hasta complicaciones metabólicas como resistencia a la insulina, obesidad y dislipidemia, impactando de manera significativa la salud física y emocional de las pacientes. El diagnóstico se basa en criterios específicos, como hiperandrogenismo, disfunción ovulatoria y la presencia de quistes ováricos evidenciados por ecografía. Por lo tanto, esta revisíon integrativa tiene como objetivo comprender de qué manera los diferentes aspectos del SOP, junto con el estilo de vida, influyen en la calidad de vida de las mujeres que conviven con esta condición. 

Palabras-clave: Síndrome de Ovario Poliquístico (SOP); Calidad de Vida; Estilo de Vida.  

1. INTRODUÇÃO 

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino e metabólico que afeta mulheres em idade reprodutiva, caracterizando-se principalmente por anovulação crônica, hiperandrogenismo e a presença de ovários policísticos. Essa condição pode levar a uma série de sintomas, como hirsutismo, irregularidade menstrual e infertilidade, impactando significativamente a qualidade de vida das mulheres afetadas (Wang et al.,2021). Embora sua etiologia ainda não seja completamente compreendida, a interação entre fatores genéticos, ambientais e alterações na microbiota parece contribuir para o desequilíbrio hormonal e metabólico que caracteriza a síndrome. Tais alterações podem acarretar tanto problemas ginecológicos quanto complicações relacionadas à síndrome metabólica sistêmica, o que agrava a saúde geral das mulheres com SOP (Cao; Li; Ren, 2023). Além disso a SOP está associada a diversas condições crônicas como diabetes tipo 2, câncer pré-menopausa, doença hepática gordurosa não alcoólica, envelhecimento vascular acelerado, complicações durante gestação e transtornos psicológicos, comprometendo a saúde física e emocional das mulheres afetadas e de seus filhos (García-Beltrán et al., 2023). 

Os sintomas físicos da SOP incluem uma série de manifestações clínicas, como irregularidades menstruais, resistência à insulina, ganho de peso, acne, lipedema, hirsutismo e dislipidemia, todos os quais afetam o bem-estar físico e emocional das mulheres afetadas. O diagnóstico da SOP, conforme os critérios de Rotterdam exige a presença de pelo menos dois dos seguintes fatores: Hiperandrogenismos, disfunção na ovulação e a identificação de cistos ovarianos por ultrassonografia (Christ; Cedaes, 2023). O hirsutismo, uma das manifestações mais evidentes do hiperandrogenismo é caracterizado pelo crescimento excessivo de pelos no padrão masculino (Spritzer et al., 2022). As mulheres afetadas por esse sintoma frequentemente enfrentam questões de autoestima, ansiedade e depressão, resultando em um impacto significativo na qualidade de vida (Lumezi et al., 2018). Outro sintoma comum é a acne vulgar uma condição inflamatória da pele que afeta até 85% da população em algum momento da vida, com maior prevalência em mulheres jovens, e que também pode acarretar sérios problemas emocionais (Leung et al., 2021; Tan et al., 2018) 

A obesidade é um fator relevante no manejo da SOP, afetando cerca de 15% das mulheres com a síndrome. A condição é caracterizada por um desequilíbrio entre o consumo calórico e o gasto energético, e a obesidade está associada com um risco elevado de complicações metabólicas e cardiovasculares (Wen et al., 2022). Considerada uma doença crônica multifatorial, a obesidade nas mulheres com SOP requer uma abordagem que priorize a saúde geral e seja sensível ao estigma social frequentemente associado à condição (Maxwell et al., 2023). Além disso, a infertilidade que afeta aproximadamente 70% das mulheres com SOP, está frequentemente relacionada às irregularidades menstruais. Esse sintoma pode ser uma fonte significativa de estresse emocional e dificuldades relacionais, uma vez que muitas culturas ainda associam o estigma à infertilidade feminina (Rababa`h et al., 2022).  

O impacto psicológico da SOP também é significativo. A condição está associada a uma elevada prevalência de transtornos emocionais, incluindo depressão e ansiedade. Estudos indicam que a incidência desses transtornos pode variar de 28% a 64% entre mulheres com SOP (de Lima Nunes et al., 2023). A prevalência de sintomas de depressão e ansiedade nas mulheres com SOP é consideravelmente mais alta do que na população geral, com chances cinco vezes maiores de desenvolver ansiedade e três vezes maiores de desenvolver depressão (Dybciak et al., 2022). Isso é relevante, pois as consequências da SOP podem gerar estresse, afetando a vida pessoal e social das mulheres. O sofrimento emocional relacionado aos sintomas da síndrome têm um impacto negativo na qualidade de vida, sendo considerado um fator significativo de morbidade psicológica (Lumezi et al., 2018). Diante desse quadro, as diretrizes internacionais sugerem a realização de avaliações psicológicas no diagnóstico de SOP, além da abordagem integrada que considere tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos da condição de tratamento (Teede et al., 2018). Mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, têm demonstrado benefícios significativos principalmente para mulheres com infertilidade contribuindo para a regulação dos ciclos menstruais e aumentando as chances de concepção (Malhotra et al., 2023). 

Diante desses desafios, esta revisão integrativa busca agrupar e analisar os estudos existentes sobre a Síndrome do Ovário Policístico (SOP) e a qualidade de vida das mulheres afetadas. O objetivo é compreender como os diferentes sintomas da SOP, tanto físicos como emocionais, impactam o bem-estar geral das pacientes. 

2. METODOLOGIA 

Foi realizada uma revisão integrativa de literatura, analisando artigos disponíveis nas bases de dados PubMed e Scielo. A pesquisa foi realizada entre março e abril de 2025 utilizando os descritores disponíveis no “DeCS/MeSH”: “Polycystic Ovary Syndrome” [MeSH] AND “Quality of Life” [MeSH] AND “Life Style” [MeSH]. O período de publicação considerado foi de 2019 a 2024, totalizando cinco anos, e foram incluídas publicações nos idiomas português, inglês e espanhol.  

Cinco estudos foram excluídos na fase de leitura completa, por não apresentarem informações relevantes aos objetivos do estudo, resultando em 10 artigos selecionados para a análise final. A análise dos artigos foi realizada por meio de uma leitura crítica e esquematizada, com a finalidade de identificar as principais evidências sobre a relação entre a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), qualidade de vida e estilo de vida.  

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Com base na literatura revisada, os estudos (Tabela 1) indicam que os sintomas físicos e emocionais da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) estão fortemente associados à redução da qualidade de vida das mulheres afetadas, comprometendo aspectos como autoestima, bem-estar psicológico e relações sociais. 

Tabela 1: artigos analisados

Autor/ Ano Título Objetivo Metodologia Conclusão 
Alkoudsi; Alquadah; Basheti. (2020) Assessing the effectiveness of a pharmaceutical care service on the quality of life of women with polycystic ovarian syndrome living in war and non-war countries Avaliar eficácia de tratamento farmacológico em mulheres diagnosticadas com SOP em áreas de guerra ou não e se houve melhora na qualidade de vida. Ensaio clínico randomizado de estudo simplescego, aprovado pelo comitê de ética. 134 Participantes: Mulheres da Syria ou Jordânia, maiores de 16 anos que podiam fazer o uso do tratamento medicamentoso por 4 meses. Usaram questionários para dimensionar a saúde mental. A intervenção farmacológica melhorou o estilo de vida de mulheres que moram em ambientes diferentes, zona de guerra e zona sem guerra. 
Ashraf et al. (2022) Environmental determinants and PCOS symptoms severity: a crosssectional study Estabelecer determinantes ambientais que contribuem para a gravidade dos sintomas de SOP. Estudo quantitativo com 150 mulheres de 16 a 45 anos de clínicas e hospitais privados no Paquistão. O consumo de fast food, alimentos picantes foram identificados como preditores de gravidade de SOP. Também como a vida sedentária e IMC. O status socioeconômico não significa gravidade na doença. 
Cao; Li; Ren (2023) Association between selfreported sedentary behavior and health-related quality of life among infertile women with polycystic ovary syndrome Investigar a relação entre tempo sedentário e qualidade de vida em mulheres inférteis com SOP. Estudo transversal com 238 mulheres, usando questionários para avaliar sedentarismo, atividade física, ansiedade, depressão e qualidade de vida. Reduzir o sedentarismo pode ser mais eficaz que incentivar a atividade física para melhorar a qualidade de vida. 
de Lima Nunes et al (2019) Lifestyle interventions and quality of life for women with polycystic ovary syndrome: A systematic review and meta-analysis protocol Determinar os efeitos das mudanças do estilo de vida em mulheres com SOP. Revisão sistemática utilizando as databases: MEDLINE. PubMed, PsychINFO, Embase, SportDiscus, Web of Science, Cochrane Database, Cochrane Controlled Register K of Trials, e Google Scholar. Devido à falta de dados, não há evidências suficientes sobre a eficácia da atividade física na qualidade de vida em mulheres com SOP. 
Garcia-Beltran et al (2023) SPIOMET4HEALTH-efficacy, tolerability and safety of lifestyle intervention plus a fixed dose combination of spironolactone, pioglitazone and metformin (SPIOMET) for adolescent girls and young women with polycystic ovary syndrome: study protocol for a multicentre, randomised, double-blind, placebocontrolled, fourarm, parallel-group, phase II clinical trialAvaliar a eficácia, tolerabilidade e segurança do SPIOMET (pioglitazona + metformina + espirolactona) junto com mudanças no estilo de vida para tratamento de adolescentes e mulheres jovens.  Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, com grupo placebo controlado. Tratamento por 12 meses e follow up de 6 meses. Total de 364 pacientes.  A combinação de espirolactona, pioglitazona e metformina com mudanças no estilo de vida é eficaz e seguro para melhorar a saúde metabólica e reprodutiva em mulheres com SOP, sendo uma alternativa viável para reduzir riscos metabólicos a longo prazo.   
Kazemi et al (2020) A pulse-based diet and the Therapeutic Lifestyle Changes diet in combination with health counseling and exercise improve healthrelated quality of life in women with polycystic ovary syndrome: secondary analysis of a randomized controlled trial Avaliar o impacto de uma dieta com leguminosas e de mudanças no estilo de vida na qualidade de vida de mulheres com SOP. Sessenta e uma mulheres (18-35 anos) seguiram uma intervenção de 16 semanas com aconselhamento em saúde e exercícios. Ambas as intervenções melhoraram a qualidade de vida, com efeitos positivos na alimentação, atividade física e conhecimento sobre SOP. 
Malhotra et al (2023) Individualized lifestyle intervention in PCOS women (IPOS): a study protocol for a multicentric randomized controlled trial for evaluating the effectiveness of an individualized lifestyle intervention in PCOS women who wish to conceive Avaliar os efeitos de uma intervenção personalizada no estilo de vida sobre parâmetros metabólicos, hormonais e qualidade de vida em mulheres com SOP. Ensaio clínico randomizado multicêntrico com mulheres diagnosticadas com SOP. O grupo de intervenção recebeu orientações personalizadas sobre dieta, exercício físico, enquanto o grupo controle seguiu cuidados padrão. O estudo visa determinar se intervenções individualizadas melhoram marcadores metabólicos e hormonais, além da qualidade de vida, comparadas aos cuidados convencionais (resultados ainda não disponíveis, pois é um protocolo de estudo). 
Moeller et al (2019) Motivational interviewing in obese women with polycystic ovary syndrome – a pilot study Analisar a relação entre comportamento alimentar, estresse e controle. emocional no peso corporal.  Questionários e dados antropométricos de participantes para avaliar hábitos alimentares e impacto emocional. O estresse afeta a alimentação, podendo levar ao ganho de peso, enquanto maior controle emocional favorece hábitos equilibrados.  
Shangguan et al (2024) Effectiveness and acceptability of different lifestyle interventions for women with polycystic ovary syndrome: protocol for a systematic review and network metaanalysis Avaliar os efeitos de uma intervenção no estilo de vida sobre a saúde metabólica e reprodutiva em mulheres com SOP. Ensaio clínico randomizado com mulheres diagnosticadas com SOP, comparando um grupo que recebeu intervenção no estilo de vida com um grupo controle.  A intervenção melhorou parâmetros metabólicos e reprodutivos, sugerindo que mudanças no estilo de vida são eficazes no manejo da SOP. 
Wang et al (2021) Effectiveness of a 6-Month Lifestyle Intervention on Diet, Physical Activity, Quality of Life, and Markers of Cardiometabolic Health in Women with PCOS and Obesity and Non-PCOS Obese Controls: One Size Fits All? Avaliar os efeitos de uma intervenção de 6 meses no estilo de vida sobre dieta, atividade física, qualidade de vida e síndrome metabólica. Estudo com participantes em risco de síndrome metabólica, submetidos a mudanças na alimentação, atividade física e suporte comportamental.  Melhora na dieta, aumento da atividade física, melhor qualidade de vida e redução de fatores de risco metabólicos. 

Fonte: autores, 2025 

Após análise dos estudos, reforça-se que a SOP é um distúrbio endócrino-metabólico e fatores como obesidade e hirsutismo estão fortemente associados à redução da qualidade de vida dessas pacientes. Mudanças no estilo de vida são consideradas a principal abordagem terapêutica para mulheres com SOP e sobrepeso, embora a adesão, muitas vezes, seja um desafio (Moeller, et al., 2019). O hiperandrogenismo, cujas manifestações clínicas incluem hirsutismo, acne, alopecia, está associado a um estigma social que pode impactar de forma negativa a qualidade de vida e o bem-estar psicológico (Shangguan et al., 2024).  

Além disso, é importante destacar que mulheres com essas condições frequentemente se sentem menos femininas, uma vez que os sintomas afetam características associadas à feminilidade. Irregularidades menstruais, infertilidade e outros sinais clínicos da SOP influenciam negativamente a qualidade de vida relacionada à saúde, que costumam ser comprometida nesses casos. Esse prejuízo pode desencadear distúrbios de humor, ansiedade e até depressão (Kitzinger; Willmont, 2002, apud Alkoudsi; Alquada; Basheti., 2020). 

Intervenções não farmacológicas, como mudanças na alimentação, prática de exercícios físicos, abordagens comportamentais ou a combinação desses fatores, representam a principal estratégia de tratamento inicial para SOP (de Lima Nunes et al., 2023).  

Nesse contexto, destaca-se a importância de se considerar, além do incentivo à atividade física, a redução do comportamento sedentário como uma estratégia complementar e, possivelmente, mais viável. Mulheres com SOP enfrentam barreiras significativas à prática regular de exercícios, como dificuldade no controle de peso e baixa adesão a metas de saúde, o que pode dificultar o sucesso de intervenções tradicionais. Evidências indicam que a diminuição do comportamento sedentário pode trazer benefícios significativos e independentes para a saúde física e mental, contribuindo também para a melhora da qualidade de vida dessas mulheres (Cao; Li; Ren, 2023).  

Além disso, a formação de uma equipe multidisciplinar possibilita uma escuta mais ampla e acolhedora, essencial para que as mulheres com SOP se sintam compreendidas e apoiadas em todas as fases do tratamento. Profissionais de outras áreas, como psicologia, educadores físicos e nutricionista são fundamentais para auxiliar no enfrentamento de questões como autoestima prejudicada, transtorno de humor, planos de ações realistas e personalizados, respeitando as limitações individuais e promovendo a adesão às mudanças no estilo de vida. Essa cooperação entre diferentes áreas do conhecimento proporciona uma atenção integral e centrada na paciente, reduzindo risco de abandono do tratamento e aumentando as chances de sucesso terapêutico a longo prazo. 

A Tabela 1 apresenta 10 estudos com diferentes enfoques metodológicos, objetivos e intervenções, mas todos relacionados à SOP e seu impacto na qualidade de vida. Dois artigos falam sobre intervenções farmacológicas combinadas (Alkoudsi et al.,2020; Garcia-Beltrán et al., 2023). Ademais os outros 8 artigos falam sobre mudança no estilo de vida e intervenções comportamentais: Intervenções de estilo de vida (principalmente individualizadas e voltadas à redução do sedentarismo impactam positivamente a saúde física e mental. Com isso, abordagens motivacionais ajudam a lidar com a adesão.  

A SOP deve ser tratada como uma condição complexa, com impacto direto sobre a saúde física, emocional e social das mulheres. A negligência médica, a abordagem reducionista centrada apenas nos sintomas físicos e ausência de suporte multiprofissional comprometem a eficácia do tratamento e bem-estar das pacientes. Dessa forma, é essencial que os serviços de saúde adotem medidas mais integradas e humanizadas, garantindo que todas as dimensões da síndrome sejam reconhecidas, compreendidas e tratadas com a devida seriedade.  

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A partir da análise dos estudos selecionados, foi possível constatar que a SOP compromete significativamente a saúde física, reprodutiva e emocional das mulheres, favorecendo o surgimento de quadros de ansiedade, depressão e alterações do humor, sobretudo devido a decorrência da obesidade, hiperandrogenismo e infertilidade.  

Intervenções no estilo de vida, envolvendo dieta equilibrada, exercícios regulares e estratégias comportamentais com apoio psicológico, são fundamentais para melhorar os parâmetros metabólicos, a ovulação e elevar a qualidade de vida. Apesar dos avanços apresentados, o conjunto de estudos revisados apresenta algumas limitações. Muitas pesquisas contaram com amostras pequenas, o que dificulta a generalização dos resultados. Poucos estudos abordaram de forma aprofundada os aspectos psicossociais e culturais que influenciam diretamente a percepção das pacientes e sua adesão às propostas terapêuticas.  Contudo, a baixa adesão a essas intervenções, muitas vezes agravada pelo comportamento sedentário, evidencia a necessidade de estratégias complementares e individualizadas para o manejo eficaz da síndrome.  

5. REFERÊNCIAS 

ALKOUDSI, K. T.; AL-QUDAH, R.; BASHETI, I. A. Assessing the effectiveness of a pharmaceutical care service on the quality of life of women with polycystic ovarian syndrome living in war and non-war countries. Journal of Evaluation in Clinical Practice, v. 26, n. 5, p. 1467–1477, 1 out. 2020. 

ASHRAF, S. et al. Environmental determinants and PCOS symptoms severity: a crosssectional study. Health Care for Women International, v. 43, n. 1-3, p. 98–113, 25 ago. 2021. 

CAO, Y.; LI, G.; REN, Y. Association between self-reported sedentary behavior and healthrelated quality of life among infertile women with polycystic ovary syndrome. BMC Women’s Health, v. 23, n. 1, 14 fev. 2023. 

DE LIMA NUNES, R. et al. Lifestyle interventions and quality of life for women with polycystic ovary syndrome. Medicine, v. 98, n. 50, 16 dez. 2019. 

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FULIANG SHANGGUAN et al. Effectiveness and acceptability of different lifestyle interventions for women with polycystic ovary syndrome: protocol for a systematic review and network meta-analysis. BMJ Open, v. 14, n. 10, p. e084815–e084815, 1 out. 2024. 

GARCÍA-BELTRÁN, C. et al. SPIOMET4HEALTH—efficacy, tolerability and safety of lifestyle intervention plus a fixed dose combination of spironolactone, pioglitazone and metformin (SPIOMET) for adolescent girls and young women with polycystic ovary syndrome: study protocol for a multicentre, randomised, double-blind, placebo-controlled, four-arm, parallel-group, phase II clinical trial. Trials, v. 24, n. 1, 15 set. 2023. 

KAZEMI, M. et al. A pulse-based diet and the Therapeutic Lifestyle Changes diet in combination with health counseling and exercise improve health-related quality of life in women with polycystic ovary syndrome: secondary analysis of a randomized controlled trial. Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology, v. 41, n. 2, p. 144–153, 27 set. 2019. 

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WANG, Z. et al. Effectiveness of a 6-Month Lifestyle Intervention on Diet, Physical Activity, Quality of Life, and Markers of Cardiometabolic Health in Women with PCOS and Obesity and 

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WEN, X. et al. Signaling pathways in obesity: mechanisms and therapeutic interventions. Signal Transduction and Targeted Therapy, v. 7, n. 1, 28 ago. 2022.


1UniFOA, Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ.
2UniFOA, Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ.
3UniFOA, Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ.
4UniFOA, Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ.