AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA QUANTO AOS ASPECTOS MOTORES EM IDOSOS DA ÁREA URBANA E RURAL DE UM MUNICÍPIO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

QUALITY OF LIFE EVALUATION REGARDING MOTOR ASPECTS IN ELDERLY INDIVIDUALS FROM URBAN AND RURAL AREAS OF A MUNICIPALITY IN THE SEMI-ARID REGION OF BRAZIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202504301038


Marcos Saulo Patrício De Sousa
Lígia Maria Barros De Sousa
Lucas Mateus Melo Da Silva
Rickson Fabrício Soares Fonsêca
Marcus Vinicius Seixas
Orientadora: Renata Ferraz De Toledo


RESUMO

O aumento da expectativa de vida tem sido observado no mundo inteiro, sendo associado ao aumento de doenças e incapacidades, afetando diretamente a qualidade de vida da população. Entre as variáveis determinantes na qualidade de vida, a capacidade funcional ocupa destaque, estando associada a um declínio da habilidade de desempenhar as atividades da vida diária. O meio urbano e rural apresentam diferenças, podendo impactar diariamente na vida das pessoas. O estudo tem como objetivo avaliar a qualidade de vida quanto as variáveis motoras em idosos de uma área urbana e rural da cidade de Mossoró-RN. O estudo foi realizado no CRAS – Bom Jardim, e nos assentamentos Cordão de Sombra I e II, entre março e agosto de 2017. Foram selecionados 120 idosos, 58 do sexo masculino e 62 do sexo feminino, sendo 60 de cada localidade, entre 60 e 72 anos. Para a análise da qualidade de vida foi utilizado o questionário WHOQOL-BREF (domínio físico). Todos foram submetidos ao Protocolo GDLAM de autonomia funcional. Para análise dos dados foram utilizados valores de média, desvio padrão, o teste de coeficiente de correlação de Spearman, análise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey para comparação de médias entre as variáveis. Os resultados mostraram que houve correlação apenas entre a qualidade de vida e a idade. Também não foram observadas diferenças estatísticas significativas entre as localidades. Em relação as variáveis analisadas, a zona urbana apresentou uma melhor qualidade de vida entre os idosos avaliados. 

Palavras-chave: Envelhecimento; Qualidade de vida; Capacidade funcional.

ABSTRACT

Increased life expectancy has been observed worldwide, and is associated with an increase in diseases and disabilities, directly affecting the quality of life of the population. Among the variables that determine quality of life, functional capacity stands out, being associated with a decline in the ability to perform activities of daily living. Urban and rural environments present differences, which can impact people’s lives on a daily basis. The study aims to evaluate the quality of life regarding motor variables in elderly people from an urban and rural area of ​​the city of Mossoró-RN. The study was carried out at CRAS – Bom Jardim, and in the Cordão de Sombra I and II settlements, between March and August 2017. A total of 120 elderly people were selected, 58 males and 62 females, 60 from each location, between 60 and 72 years old. The WHOQOL-BREF questionnaire (physical domain) was used to analyze quality of life. All participants underwent a GDLAM Protocol test battery. Mean values, standard deviations, Spearman’s correlation coefficient test, analysis of variance (ANOVA) and Tukey’s test were used to compare means between variables for data analysis. The results showed that there was only a correlation between quality of life and age. No statistically significant differences were observed between the locations. Regarding the variables analyzed, the urban area presented a better quality of life among the elderly evaluated.

Keywords: Aging; Quality of life; Functional capacity.

1. INTRODUÇÃO

A população idosa no Brasil vem crescendo significativamente nos últimos anos em relação aos demais grupos etários. Estimativas indicam, aproximadamente, 30 milhões de idosos, representando 14% da população brasileira. Esses dados do Ministério da Saúde indicam que até 2050 a população idosa representará, aproximadamente, 30% da população brasileira (BRASIL, 2021).

Esse crescimento acelerado é um grande desafio para a saúde pública, pois esse fenômeno geralmente está associado ao aumento de doenças e incapacidades, ocasionando mudanças que afetam diretamente a saúde e a qualidade de vida de uma população (Miranda; Mendes; Silva, 2016).

A qualidade de vida tem um conceito bastante amplo, e engloba fatores como a percepção e bem-estar em relação a posição de um indivíduo numa sociedade, o estado emocional e espiritual, o desempenho de funções e fatores psicológicos e sociais, sendo definida como a percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (Faria et al., 2013; Freitas; Ferreira, 2013).

A capacidade funcional exerce grande influência entre as variáveis determinantes na classificação da qualidade de vida, sendo definida como a capacidade que um indivíduo tem em manter suas funções físicas e mentais em níveis adequados para sua autonomia e independência. Em idosos, essa variável está associada a um declínio na habilidade de desempenhar as atividades da vida diária (Assis et al., 2014).

O último censo apresentou dados que mostraram um aumento da população idosa no meio urbano, quando comparado às demais faixas etárias, em contrapartida há uma diminuição dessa população no meio rural (IBGE, 2022). Essa maior concentração na zona urbana tem como causas o processo de industrialização, que passou a atrair mão de obra para as cidades e, portanto, provocando novas configurações no espaço urbano, e consequentemente melhores condições de vida e acesso a diversos serviços (Monteiro; Veras, 2017).

Os desafios impostos para a manutenção de um envelhecimento ativo e saudável necessitam de um olhar diferenciado, no intuito de encontrar estratégias para que essa fase da vida seja vivida com autonomia, independência e qualidade de vida, possibilitando a harmonia entre os diversos fatores que determinam um estilo de vida saudável. Um desses fatores determinantes na saúde e qualidade de vida é o ambiente onde se vive. O meio urbano e rural apresentam diferenças, podendo impactar diariamente na vida de uma pessoa idosa. No meio urbano, por exemplo, as atividades ocupacionais estão voltadas ao desenvolvimento da tecnologia e informação, já no meio rural predominam as atividades agrícolas, as atividades domésticas, a pecuária e o extrativismo vegetal (Ferretti et al., 2015).

Assim, observa-se ambientes distintos, com variáveis distintas que associadas a outros aspectos como desigualdades socioeconômicas e educacionais, podem influenciar na qualidade de vida e na autonomia funcional de maneiras diferentes na população do meio urbano e rural. De forma geral, estudos acerca de condições de vida entre essas populações são de grande importância, no sentido de subsidiar ações e políticas voltadas para a promoção de um estilo de vida saudável (Silva et al., 2013). 

Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo avaliar e comparar a qualidade de vida e a autonomia funcional em idosos da população de uma área urbana e rural da cidade de Mossoró-RN.

2. MÉTODOS

A pesquisa caracteriza-se como descritiva e foi realizada no município de Mossoró-RN, que apresenta uma população de aproximadamente 264.577 habitantes (IBGE, 2022), sendo que aproximadamente 91,31% vivem na zona urbana, contra aproximadamente 8,69 % na zona rural (IBGE, 2010).

O estudo foi realizado em uma zona urbana e rural da cidade, mais precisamente no grupo de idosos do bairro Bom Jardim, um bairro na região central da cidade, com população total de 10.844 habitantes, sendo 9,8% composta por idosos, ou seja, um total de 1.062, onde os avaliados são frequentadores do CRAS (Centro de Referência e Assistência Social), e na zona rural nos assentamentos Cordão de Sombra I e II, localizados nas proximidades da zona sul da cidade, com população aproximada de 277 habitantes (IBGE, 2010).

O período do experimento foi de março a agosto de 2017, com visitas quinzenais às residências dos avaliados.

Foram selecionados 60 idosos fisicamente saudáveis e sem qualquer deficiência, sendo 28 do sexo masculino e 32 do sexo feminino, onde 30 residiam na zona urbana e 30 na zona rural, com idades compreendidas entre 60 e 72 anos, sendo todos não praticantes de atividades físicas. O número de pessoas selecionadas foi descrito de acordo com a metodologia de Levine e Berenson (2000), baseado na equação para o cálculo amostral de variáveis quantitativas, considerando o desvio padrão de ±1,9, sendo 1 o erro adotado. Aplicando os dados na equação do tamanho amostral temos que:

K7D9vK1cP1aCTavlX9O5JU8YQrzFHNGy1GiCJQWoGjX3FPK5q8pnDrFF5nYVeKkMc1DBpzlr3tMdZrOX8mwD2iePOgBezZvrNXDszXv3hKqeYDuywsXoERyumnlIb2UVHZwby3ZghEZZtXxcuA

onde:

E = Erro Estimado, sendo o valor 1 o erro adotado para o presente estudo.

sYvdT583XQRwwBA5U0Cotnvm2XLSGVawkq33HD3xvwhGucCMaN8IScd3WuUKl_CTPyQqhjEAt7eyNZsewWJ2QBFI2pnBC9VlfWgwFDyJxlE72gzOSPBtXdRvx0FJobmG3wElQpMCN_yZdEi6tQ

Foram realizados questionários socioeconômicos com perguntas relacionadas a saúde geral e aspectos econômicos e familiares. Para a análise da qualidade de vida foi utilizado o questionário abreviado de Qualidade de Vida na versão em português WHOQOL-BREF, somente no domínio físico, composto por sete questões, com variáveis como dependência física, mobilidade, repouso, doenças e estilo de vida (Fleck et al., 2000). Apesar de ser um instrumento autoaplicável, optou-se pela entrevista direta devido à baixa acuidade visual dos participantes percebida no início da pesquisa.

Após a aplicação do questionário, todos foram submetidos a uma avaliação física contendo variáveis de peso, altura e percentual de gordura por meio do protocolo de Durnin e Womersley (1974), onde foram utilizadas as dobras cutâneas tricipital, bicipital, supra-ilíaca e subescapular. 

A autonomia funcional foi avaliada através do Protocolo GDLAM, que engloba as capacidades físicas velocidade, força de membros inferiores, agilidade e coordenação motora. Esse protocolo é composto pelos testes de caminhar 10 metros (C10m), levantar-se da posição sentada (LPS), levantar-se da posição decúbito ventral (LPDV), vestir e tirar a camiseta (VTC) e levantar-se da cadeira e locomover-se pela casa (LCLC) (Dantas et al., 2014). Os testes foram aplicados entre abril e agosto de 2017, sendo uma aplicação mensal, totalizando 5 aplicações (Dantas et al., 2014).

Para análise dos dados foram utilizados valores de média, desvio padrão, o teste não paramétrico de coeficiente de correlação de Spearman, análise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey para comparação de médias entre as variáveis. Esta pesquisa respeitou a autonomia do indivíduo, a beneficência, a justiça e a equidade, sendo aprovado através do CAAE: 58428216.8.0000.5294, pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e está de acordo a Resolução – CNS 412/2012.

Todas as atividades ocorreram em condições ambientais favoráveis e confortáveis, no horário entre 14:00 e 17:00 horas.

3. RESULTADOS

Os dados obtidos com a aplicação dos questionários aos idosos da zona urbana e rural de Mossoró/RN quanto às questões demográficas estão descritos na tabela 01. Pode-se observar que tanto na zona urbana como na zona rural, a faixa etária com maior número de participantes foi a de 65-68 anos. Nesta faixa etária ao todo foram 28 entrevistados, sendo 15 (50%) da zona urbana e 13 (43,3%) da zona rural. Em relação ao gênero, na zona rural 63,3% são do sexo feminino e na zona urbana foi de 43,3%. Já em relação à escolaridade, 23,3% da zona urbana não são alfabetizados e na zona rural esse percentual foi de 56,7%. 

Tabela 01: Apresentação de gênero e escolaridade de idosos da zona urbana e rural da cidade de Mossoró – RN.

Os dados referentes ao comportamento social dos idosos avaliados estão descritos na tabela 02. Observa-se que na zona urbana somente 16,6% dos avaliados apresentaram atividade laboral, já na zona rural esse percentual foi de 66,6%, onde eram trabalhadores do campo. Em relação ao tabagismo, 23% dos avaliados da zona urbana tinham o hábito de fumar, já na zona rural esse percentual foi superior, sendo observado em 63,3%. Na variável doenças crônicas, 80% da população urbana avaliada disseram ter algum tipo de doença e na zona rural o percentual foi de 76,6%. Os indivíduos de ambas as zonas pesquisadas citaram doenças crônicas como diabetes, hipertensão, osteoporose, artrite e artrose.

Tabela 02: Variáveis Sociais e Comportamentais de idosos da zona urbana e zona rural da cidade de Mossoró – RN.

* Diabetes, osteoporose, artrite, artrose e hipertensão arterial

Os dados referentes à avaliação da qualidade de vida estão expostos na tabela 03. Observa-se que a faixa etária com melhor desempenho foi a dos indivíduos de 60-64 anos, obtendo um escore de 4,85 na zona urbana e 4,55 na zona rural, ambas sendo classificadas com boa qualidade de vida. Em relação as outras faixas etárias, quanto maior foi a idade, menor foi a qualidade de vida, tanto na zona urbana como na zona rural. Pela comparação de Tukey (p<0,05), não houve diferenças estatísticas significativas entre a zona urbana e rural em nenhuma faixa etária.

Tabela 03: Pontuação, percentual e classificação da qualidade de vida referente ao domínio físico de idosos da zona urbana e rural da cidade de Mossoró – RN.

Teste de Tukey (*p<0,05)

A correlação encontrada entre a qualidade de vida e o percentual de gordura (p=0,42) é fraca e diretamente proporcional em ambas as localidades. Resultado semelhante foi constatado entre as variáveis qualidade de vida e o protocolo GDLAM (p=0,24), observados através dos coeficientes de correlação de Spearman (Gráfico 01). Considerando o fator idade dos participantes da amostra, foi observado uma correlação forte e inversamente proporcional de acordo com a classificação de Bryman e Craemer (1992), os valores dos coeficientes foram -0,809 para a zona urbana e -0,78 para zona rural (p ≤ 0,01), uma vez que, quanto menor a idade dos participantes neste estudo, maior foi a qualidade de vida.

Gráfico 01: Coeficiente de Correlação de Spearman entre a qualidade de vida e as variáveis de percentual de gordura, protocolo GDLAM de autonomia funcional e a idade dos idosos da zona urbana e rural da cidade de Mossoró-RN.

4. DISCUSSÃO

Nesse estudo, tanto na zona urbana como na zona rural, onde a faixa etária foi dividida em três classes, foi observado que o maior número de idosos está na classe intermediária (65-68 anos). Essa aparência foi semelhante ao estudo realizado na cidade de Independência-RS, descrito por Berlezi e colaboradores (2016). Observou-se em ambos os estudos que quanto maior a faixa etária, menor foi o percentual de indivíduos avaliados. Isso pode ser justificado pelo número de limitações físicas e enfermidades com o avanço da idade, que impedem a participação nesse tipo de pesquisa, o mesmo comportamento de dados foi observado no estudo de Gavasso e Beltrame (2017).

Em relação ao gênero dos idosos avaliados, na zona urbana, a maioria era do sexo feminino, já na zona rural foi observado o inverso. Estudos com idosos, observa-se que na maioria das vezes, possuem um maior percentual do sexo feminino como foi o caso de uma pesquisa realizada por Casagranda e colaboradores (2016), no estado do Rio Grande do Sul, onde o gênero feminino foi superior quando comparado com o gênero masculino. O mesmo comportamento foi observado em outro estudo, realizado na cidade de Santiago no Chile (Román et al., 2017). 

Essa diferença de gênero, na maioria dos estudos, pode ser explicada pelo fato da população feminina ser mais participativa em estudos relacionados à saúde (Cândido; Melo, 2016). Fatores como comportamento, características de trabalho e características genéticas podem ser apontados como preponderantes para superioridade feminina nessas pesquisas, pois se preocupam mais com a saúde. 

Já o gênero masculino tem uma maior resistência e preconceitos em alguns aspectos como postura em exercícios físicos. Essa resistência ocorreu no presente estudo, onde vários idosos do gênero masculino não aceitaram participar da pesquisa, provavelmente devido a conceitos pré-estabelecidos da cultura do gênero masculino residentes na zona rural (Duarte et. al., 2013).

O nível de escolaridade também foi uma variável abordada no estudo e apontou que na zona urbana houve um menor número de idosos não alfabetizados. Um estudo realizado em Anagé-BA, apresentou um resultado similar quando a escolaridade dos idosos foi observada, onde na zona urbana, a maioria eram alfabetizados (Sampaio et al., 2017). 

Um estudo feito por Tavares e colaboradores (2015), na cidade de Uberaba-MG, também obteve um maior percentual de idosos alfabetizados que residiam na zona urbana. A questão da alfabetização ser mais frequente na zona urbana é justificada pelo fato dessa localidade dispor de mais oportunidades e infraestrutura para a aprendizagem, com mais opções de escolas e centros educativos, diferente da maioria das zonas rurais (Morais; Rodrigues; Gerhardt, 2008).

Um menor nível de escolaridade e maior prevalência de atividades agrárias são predominantes em idosos da zona rural, podendo ser justificado pelo fato de que nas décadas de 10 a 40 do século XX, período de frequência escolar dos idosos nesse estudo, havia um número reduzido de escolas, priorizando o trabalho em detrimento da educação (Sampaio et al., 2017).

Em relação ao tabagismo, na população da zona urbana, uma redução significativa foi observada quando comparada com a zona rural. Um comportamento semelhante foi observado num estudo na cidade de Cachoeira do Sul-RS, no qual Silva (2013), constatou que apesar de não haver diferença significativa entre os idosos da zona urbana e rural, o percentual de fumantes foi maior entre os idosos da zona rural. 

Outro estudo também no estado do Rio Grande do Sul, na cidade de Aratiba, conhecida por suas características rurais, verificou-se que a maioria dos idosos da zona rural eram fumantes (Bombardelli et al., 2017). Essa prevalência do uso do cigarro por idosos da zona rural pode ser explicado pelo menor acesso a informação sobre o risco do tabagismo quanto a saúde (Mengue et al., 2016).

Na variável doenças crônicas, as mais citadas na zona urbana foram a hipertensão, em seguida a osteoporose e a diabetes. Essas enfermidades provavelmente estão associadas ao estilo de vida das cidades, e fatores como o tipo de alimentação, sedentarismo e a emissão de gases poluentes (Cruz et al., 2017). Já na zona rural, a doença crônica mais citada foi a artrite, essa ocorrência provavelmente é devido às atividades laborais do homem do campo, onde atividades como a agricultura e a pecuária incidem sobre as articulações desses indivíduos (Ferreira, 2014; Vilela et al., 2015).

Silva e colaboradores (2013), constataram em um estudo realizado com idosos residentes na zona urbana e rural, que as doenças mais citadas foram a hipertensão, o reumatismo e a diabetes. Observa-se uma incidência maior de hipertensão e diabetes na zona rural, diferente do comportamento do presente estudo, onde a hipertensão e a diabetes foi citada por um percentual de idosos maior na zona urbana. Já em outro estudo feito por Alves e colaboradores (2017), constataram inúmeras doenças como diabetes, hipertensão arterial, e doenças que influenciam nos acidentes relacionados ao sistema locomotor, tais como artrite, artrose e osteoporose.

Doenças crônicas degenerativas são cada vez mais comuns em populações idosas, pois ela se torna mais vulnerável com o passar dos anos, pelo processo natural e fisiológico do envelhecimento. Porém, fatores como estilo de vida, prática de atividade física, tabagismo e pré-disposição genética contribuem para uma maior prevalência dessas doenças, independente da localização e de variáveis ambientais (Cruz et al., 2017).

O presente estudo, ao analisar o domínio físico da qualidade de vida, constatou que nas três faixas etárias os idosos da zona urbana obtiveram maiores escores. Embora seja observado que quanto maior a idade, menor foi a pontuação na qualidade de vida, isso pode ser explicado pelas alterações fisiológicas e perda de capacidades físicas, ou seja, menor autonomia funcional e predisposição a algumas doenças que ocorrem em idosos com as maiores faixas etárias (Bispo et al., 2016).

Um estudo realizado por Ribeiro, Ferretti e Sá (2017), na cidade de Palmas-PR, com idosos da zona urbana e rural, mostrou um resultado diferente, onde os idosos residentes na zona rural obtiveram melhores desempenhos que na zona urbana em relação ao domínio físico. Segundo o autor, esse fato se justifica pela infraestrutura e acesso a serviços de saúde, educação, convívio social e espaços de lazer, e varia de acordo com cada localidade e a disposição desses serviços. 

A correlação entre a qualidade de vida e a idade demonstrou que quanto maior a idade, menor a qualidade de vida nas duas zonas estudadas. Esse comportamento também foi observado no estudo de Bombardelli e colaboradores (2017), que avaliou idosos de uma zona rural da cidade de Aratiba-RS, e constatou que houve correlação significativa forte e inversa do domínio físico na qualidade de vida com a idade dos avaliados, sendo justificado pelo fato de que quanto mais avançada a idade, maior a probabilidade ao desenvolvimento de doenças, principalmente em populações sedentárias como ocorreu com a população nesse estudo (Bispo et al., 2016).

5. CONCLUSÃO

Em relação às variáveis físicas avaliadas, pode-se concluir que a zona urbana apresentou uma melhor qualidade de vida entre os idosos avaliados. Assim, políticas públicas municipais devem ser adotadas, no sentido de melhoria da infraestrutura, serviços de saúde, grupos sociais e de lazer, para incentivo a prática saudáveis como a atividade física e o lazer, como forma de melhoria da qualidade de vida nos idosos da zona rural.

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