O PAPEL DA ENFERMAGEM NA HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

 THE ROLE OF NURSING IN THE HUMANIZATION OF CARE IN PRIMARY HEALTH CARE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202505052145


Edivane Cabral Nunes1
Bruna Caroline Melo Vieira1
Fernanda Lopes Fernandes1
Geane da Silva Jefferson1
Suzana Pacífico de Castro1


RESUMO

Este estudo tem como objetivo identificar os principais benefícios da implementação da humanização na Atenção Primária à Saúde (APS), como a melhoria da relação entre profissionais de saúde e pacientes, e a redução de custos operacionais. Além disso, busca avaliar como o acolhimento e a escuta qualificada influenciam o processo de cuidado e a resposta dos pacientes ao tratamento, impactando na recuperação e no tempo de internação. Outro objetivo é desenvolver estratégias para promover a participação ativa dos pacientes e suas famílias no processo de cuidado, contribuindo para a autonomia e empoderamento dos pacientes. Por fim, o estudo pretende implementar práticas humanizadas por meio do papel ativo da equipe multiprofissional, incluindo a criação de planos terapêuticos singulares (PTS) no atendimento ao paciente. A humanização do cuidado é essencial para garantir que os pacientes sejam tratados com dignidade, respeito e empatia, elementos fundamentais para a qualidade do atendimento. A APS, como porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), busca promover a saúde e prevenir doenças, com os enfermeiros desempenhando papel central nesse processo, através da promoção da saúde, acompanhamento de pacientes crônicos e educação em saúde, estabelecendo uma relação de confiança com os pacientes. O objetivo geral do estudo é analisar como os enfermeiros contribuem para a humanização do cuidado na APS, identificando benefícios, desafios e impactos dessa prática na qualidade do atendimento e no bem-estar dos pacientes. A justificativa do estudo baseia-se na necessidade de melhorar a relação entre profissionais de saúde e pacientes, otimizar tratamentos, reduzir custos operacionais e aumentar a satisfação e adesão dos pacientes ao tratamento. A metodologia adotada foi qualitativa e descritiva, com revisão bibliográfica de estudos acadêmicos sobre humanização e o papel do enfermeiro na APS, utilizando a técnica de análise de conteúdo para identificar práticas humanizadas na APS. Os resultados indicam que a humanização melhora significativamente a qualidade do atendimento, reduz custos operacionais, diminui readmissões hospitalares e promove uma recuperação mais rápida e eficaz dos pacientes. A participação ativa dos pacientes e suas famílias, aliada à atuação colaborativa da equipe multiprofissional, fortalece o vínculo paciente-profissional e contribui para melhores resultados clínicos. A discussão aponta que a implementação da humanização enfrenta desafios como escassez de recursos, sobrecarga de trabalho, resistência à mudança e barreiras culturais. Superar esses desafios exige capacitação contínua dos profissionais, mudanças organizacionais e maior suporte às equipes de saúde. A prática humanizada não apenas melhora o atendimento, mas também motiva e beneficia os profissionais de saúde. As considerações finais destacam que a humanização é essencial para um cuidado integral e de qualidade na APS, com os enfermeiros desempenhando um papel decisivo ao oferecer suporte técnico, emocional e educacional. A humanização contribui para a eficácia do tratamento, melhora a experiência dos pacientes e otimiza o funcionamento das instituições de saúde.

Palavras- chaves: Saúde, Estratégias, Humanização, Enfermagem.

ABSTRACT

This study aims to identify the main benefits of implementing humanization in Primary Health Care (PHC), such as improving the relationship between health professionals and patients and reducing operating costs. In addition, it seeks to evaluate how welcoming and qualified listening influence the care process and patients’ response to treatment, impacting recovery and length of hospital stay. Another objective is to develop strategies to promote the active participation of patients and their families in the care process, contributing to patient autonomy and empowerment. Finally, the study aims to implement humanized practices through the active role of the multidisciplinary team, including the creation of unique therapeutic plans (PTS) in patient care. Humanizing care is essential to ensure that patients are treated with dignity, respect, and empathy, which are fundamental elements for quality care. The PHC, as the gateway to the Unified Health System (SUS), seeks to promote health and prevent diseases, with nurses playing a central role in this process, through health promotion, monitoring of chronic patients and health education, establishing a relationship of trust with patients. The general objective of the study is to analyze how nurses contribute to the humanization of care in PHC, identifying benefits, challenges and impacts of this practice on the quality of care and the well-being of patients. The justification for the study is based on the need to improve the relationship between health professionals and patients, optimize treatments, reduce operational costs and increase patient satisfaction and adherence to treatment. The methodology adopted was qualitative and descriptive, with a bibliographic review of academic studies on humanization and the role of nurses in PHC, using the content analysis technique to identify humanized practices in PHC. The results indicate that humanization significantly improves the quality of care, reduces operating costs, decreases hospital readmissions, and promotes faster and more effective patient recovery. The active participation of patients and their families, combined with the collaborative action of the multidisciplinary team, strengthens the patient-professional bond and contributes to better clinical outcomes. The discussion points out that the implementation of humanization faces challenges such as scarcity of resources, work overload, resistance to change, and cultural barriers. Overcoming these challenges requires continuous training of professionals, organizational changes, and greater support for health teams. Humanized practice not only improves care, but also motivates and benefits health professionals. The final considerations highlight that humanization is essential for comprehensive and quality care in PHC, with nurses playing a decisive role in offering technical, emotional, and educational support. Humanization contributes to the effectiveness of treatment, improves the patient experience, and optimizes the functioning of health institutions.

Keywords: Health, Strategies, Humanization, Nursing.

1. INTRODUÇÃO

A Atenção Primária à Saúde (APS) é considerada a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo a primeira linha de contato do indivíduo com os serviços de saúde. Seu objetivo é garantir que as necessidades de saúde da população sejam atendidas de forma integral e acessível, promovendo a saúde e prevenindo doenças. Dentro desse contexto, a humanização do cuidado tem se mostrado um princípio essencial, visando transformar a relação entre os profissionais de saúde e os pacientes, garantindo que este último seja tratado com dignidade, respeito e empatia.

A enfermagem, enquanto profissão de destaque no contexto da APS, desempenha um papel fundamental na implementação da humanização do cuidado. O enfermeiro é responsável por diversas atividades, como a promoção de saúde, prevenção de doenças, acompanhamento de pacientes crônicos e educação em saúde, sendo um elo crucial entre o paciente e os demais profissionais da saúde. Nesse cenário, o presente trabalho busca analisar o papel da enfermagem na humanização do cuidado na APS, destacando as práticas implementadas pelos enfermeiros, os desafios encontrados e os impactos dessa abordagem no atendimento aos pacientes.

O objetivo geral deste estudo é analisar como os enfermeiros contribuem para a humanização do cuidado na Atenção Primária à Saúde. Para tanto, os objetivos específicos são: compreender o conceito de humanização no contexto da APS, identificar as práticas humanizadas adotadas pelos enfermeiros, examinar os desafios enfrentados na implementação da humanização e avaliar os impactos dessa abordagem na qualidade do cuidado prestado. A metodologia utilizada será de caráter qualitativo e descritivo, com ênfase na revisão bibliográfica de estudos acadêmicos que abordam a humanização no cuidado à saúde e o papel do enfermeiro nesse processo. A análise dos dados será realizada por meio da técnica de análise de conteúdo, com o intuito de identificar as principais práticas e estratégias humanizadas adotadas na APS.

Este estudo se concentrará em pontos-chave, como a definição e os princípios da Atenção Primária à Saúde, o conceito de humanização no cuidado, a função do enfermeiro na implementação de práticas humanizadas, os desafios que dificultam essa implementação e os impactos dessa abordagem na qualidade do atendimento aos pacientes. Além disso, serão apresentados exemplos de práticas humanizadas na organização do atendimento e os benefícios observados na satisfação dos pacientes e na promoção da saúde.

Por meio dessa análise, o trabalho busca contribuir para a compreensão da importância da enfermagem no processo de humanização, oferecendo sugestões para a melhoria das práticas de cuidado na APS e promovendo, assim, a melhoria da qualidade do atendimento e o bem-estar dos pacientes.

2. JUSTIFICATIVA

A humanização do cuidado na Atenção Primária à Saúde (APS) é um princípio fundamental que busca promover uma relação mais empática, acolhedora e respeitosa entre os profissionais de saúde e os pacientes. Diante das demandas crescentes por um atendimento mais humanizado, este estudo justifica-se pela necessidade de compreender como a enfermagem, como componente essencial da APS, contribui para essa abordagem.

Os profissionais de enfermagem desempenham um papel central na APS, atuando não apenas como executores de procedimentos técnicos, mas também como agentes de cuidado que consideram as necessidades emocionais, psicológicas e sociais dos pacientes. A humanização, nesse contexto, transcende a técnica e envolve práticas como a escuta ativa, o acolhimento e a criação de vínculos de confiança, elementos cruciais para a qualidade do cuidado e a adesão ao tratamento.

Além disso, a sobrecarga de trabalho, a escassez de recursos e a resistência cultural à mudança são desafios significativos que comprometem a implementação das práticas humanizadas. Essa realidade evidencia a importância de investigar como os enfermeiros enfrentam essas dificuldades e quais estratégias utilizam para manter a humanização no atendimento.

O estudo busca, portanto, preencher uma lacuna importante na literatura, ao explorar as práticas humanizadas adotadas pelos enfermeiros na APS, os desafios enfrentados e os impactos observados no cuidado dos pacientes. Ao analisar essas dimensões, o trabalho pretende oferecer contribuições valiosas para a melhoria das práticas de cuidado, enfatizando a importância da humanização para a qualidade do atendimento e o bem-estar dos pacientes.

Ao destacar o papel da enfermagem na humanização do cuidado, este estudo também visa sensibilizar gestores e profissionais da saúde sobre a necessidade de investir em formação, recursos e estratégias organizacionais que fortaleçam a abordagem humanizada na APS. Essa pesquisa contribui para a construção de um modelo de atenção à saúde mais justo, acessível e centrado no paciente, alinhado com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e com as diretrizes internacionais de saúde.

3.  OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste estudo é analisar os impactos da humanização no processo de cuidado na Atenção Primária à Saúde (APS), destacando como as práticas humanizadas contribuem para a melhoria da qualidade do atendimento e do bem-estar dos pacientes, além de otimizar o funcionamento das instituições de saúde.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Identificar os principais benefícios da implementação da humanização na APS, como a melhoria da relação entre profissionais de saúde e pacientes, e a redução de custos operacionais. 
  • Avaliar como o acolhimento e a escuta qualificada influenciam o processo de cuidado e a resposta dos pacientes ao tratamento, impactando na recuperação e no tempo de internação. 
  • Desenvolver estratégias para promover a participação ativa dos pacientes e suas famílias no processo de cuidado, contribuindo para a autonomia e empoderamento dos pacientes. 
  • Implementar práticas humanizadas por meio do papel ativo da equipe multiprofissional, incluindo a criação de planos terapêuticos singulares (PTS) no atendimento ao paciente.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

A Atenção Primária à Saúde (APS) é uma estratégia de organização dos sistemas de saúde, voltada para a resposta contínua, sistematizada e regionalizada às necessidades de saúde da população. No Brasil, a APS é baseada nos princípios da Reforma Sanitária, sendo responsável pela reorientação do modelo assistencial e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Internacionalmente, a APS busca integrar ações preventivas e curativas, atendendo tanto a indivíduos quanto comunidades de forma integral e acessível.

Historicamente, a ideia de APS surgiu com o Relatório Dawson de 1920, elaborado pelo governo britânico, como uma resposta ao modelo de saúde americano, baseado no tratamento curativo e na especialização. Esse relatório sugeria uma organização hierárquica dos serviços de saúde, que começava nos centros de saúde primários e se expandia para os níveis secundário e terciário de atendimento. A proposta de organizar a saúde em níveis escalonados visava a maior resolutividade nas áreas mais básicas de saúde, com clínicos gerais responsáveis pelo atendimento inicial e especialistas encarregados dos casos mais complexos. A proposta também destacava a importância da regionalização e da integralidade dos cuidados, caracterizando dois pilares fundamentais da APS: a regionalização, com serviços distribuídos conforme a necessidade populacional, e a integralidade, com a integração de ações curativas e preventivas.

Em 1978, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNICEF realizaram a I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde em Alma-Ata, no Cazaquistão, onde foi definida a meta de alcançar o maior nível possível de saúde para todos até o ano 2000. A Declaração de Alma-Ata foi um marco para a implementação da APS em diversas partes do mundo, enfatizando a importância da saúde como um direito humano e propondo uma abordagem de saúde centrada na comunidade, com participação social na gestão dos serviços de saúde. Além disso, a declaração estabeleceu ações essenciais como educação em saúde, prevenção de doenças, controle de doenças endêmicas e o fornecimento de medicamentos essenciais, com o objetivo de garantir uma cobertura de saúde universal e acessível.

Embora as metas propostas pela Declaração de Alma-Ata não tenham sido totalmente alcançadas, a APS se consolidou como uma referência para a organização de sistemas de saúde em diversos países, principalmente durante as reformas sanitárias dos anos 80 e 90. No entanto, organizações como o Banco Mundial reduziram a APS a um modelo de saúde de baixa complexidade, voltado para populações de baixa renda, com um enfoque mais focalizado e menos universalista.

No Brasil, a concepção de Atenção Primária à Saúde evoluiu a partir das primeiras experiências de saúde pública no início do século XX. A criação de centros de saúde em 1924 e o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) na década de 1940 representaram os primeiros esforços para organizar a saúde em bases populacionais e integrar as ações curativas e preventivas. Na década de 1970, o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento do Nordeste (Piass) buscou ampliar o acesso aos serviços de saúde para populações historicamente excluídas, mas sem alcançar a integralidade do cuidado.

Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, e sua regulamentação nos anos 90, a Atenção Básica à Saúde (ABS), como é denominada no Brasil, ganhou protagonismo. O modelo de ABS é orientado pelos princípios de universalidade, integralidade, descentralização, participação social e humanização. A Política Nacional de Atenção Básica, estabelecida em 2006, define a ABS como um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo, envolvendo promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. O modelo de Saúde da Família, implementado nos anos 2000, tem sido a principal estratégia da ABS no Brasil, com equipes de saúde responsáveis por áreas específicas e focadas na integralidade e continuidade do cuidado.

No contexto da APS, a humanização do cuidado é um princípio essencial. A humanização envolve o respeito à dignidade do paciente, considerando suas necessidades físicas, emocionais e sociais, e buscando sempre uma relação de confiança entre os profissionais de saúde e os pacientes. A enfermagem desempenha um papel crucial nesse processo, pois é o enfermeiro que, muitas vezes, estabelece a primeira conexão com o paciente, promovendo um atendimento que vai além do aspecto técnico, envolvendo também a escuta ativa, o acolhimento e o apoio emocional. A prática da humanização na APS visa a melhorar a qualidade do atendimento, promover a adesão ao tratamento e garantir o bem-estar do paciente, considerando suas singularidades.

A implementação de práticas humanizadas, no entanto, enfrenta desafios, como as barreiras estruturais e a resistência à mudança por parte dos profissionais de saúde. A escassez de recursos financeiros e a sobrecarga de trabalho nas unidades de saúde são fatores que dificultam a adoção de uma abordagem totalmente humanizada. Entretanto, experiências de sucesso têm mostrado que, com a formação contínua dos profissionais e a melhoria na gestão dos serviços, é possível criar um ambiente mais acolhedor e eficiente para os pacientes.

A humanização, portanto, não é apenas uma questão de atitudes individuais, mas um esforço coletivo, que envolve a gestão do sistema de saúde, os profissionais de saúde e a participação ativa da comunidade. Ao priorizar a dignidade, o respeito e a escuta, a APS, com sua abordagem integral, pode efetivamente contribuir para a melhoria da qualidade de vida e a promoção de saúde de forma mais justa e equitativa.

4.1 O PAPEL DA ENFERMAGEM NA HUMANIZAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Na Atenção Primária à Saúde (APS), o enfermeiro desempenha um papel central e multifacetado, sendo responsável por diversas atividades essenciais para a promoção da saúde e o cuidado integral do paciente. Entre suas funções, destacam-se a promoção da saúde, prevenção de doenças, acompanhamento de pacientes crônicos e a educação em saúde. 

O enfermeiro atua como elo entre o paciente e o restante da equipe de saúde, sendo fundamental na gestão do cuidado e na implementação de práticas humanizadas. Seu papel é essencial para garantir que a APS seja eficaz e acessível, considerando as necessidades específicas de cada paciente dentro de um contexto comunitário (Costa; Souza, 2020).

A humanização do cuidado é um princípio que permeia todas as ações do enfermeiro na APS. O enfermeiro utiliza uma abordagem centrada no paciente, tratando-o com respeito e dignidade, e reconhecendo sua singularidade. A escuta ativa e a comunicação clara são ferramentas essenciais para estabelecer uma relação de confiança, um pilar fundamental para o sucesso do tratamento. O enfermeiro não se limita à atenção técnica, mas também desempenha um papel importante no acolhimento, resolvendo dúvidas e oferecendo apoio emocional, o que contribui para o bem-estar físico e psicológico do paciente. Dessa forma, ele promove um ambiente de cuidado mais acolhedor e receptivo, respeitando as necessidades e desejos do paciente (Rôlo et al., 2019).

A educação em saúde é um dos principais instrumentos de humanização do cuidado utilizado pelo enfermeiro na APS. Seu objetivo é capacitar os pacientes a promoverem sua própria saúde, com foco na prevenção e no manejo de doenças. Por meio de orientações claras e acessíveis, o enfermeiro auxilia o paciente a compreender suas condições de saúde, o tratamento e os cuidados necessários para o autocuidado. 

Esse processo de educação cria uma relação de empoderamento e autonomia, onde o paciente se sente mais informado, capaz e motivado a tomar decisões sobre sua saúde. Além disso, a educação em saúde contribui para a construção de um vínculo mais forte e colaborativo entre o enfermeiro e o paciente, fortalecendo o compromisso do paciente com sua saúde e com o sistema de saúde de maneira geral.

A atuação do enfermeiro na APS vai além do cuidado técnico, envolvendo uma prática humanizada que foca na integralidade do cuidado, respeitando os aspectos emocionais, psicológicos e sociais do paciente. O enfermeiro, com sua prática, contribui para um modelo de saúde mais acessível, resolutivo e focado nas necessidades da população. A humanização na atenção primária à saúde é um conceito fundamental para o desenvolvimento das práticas médicas e de enfermagem, proporcionando um atendimento mais individualizado e respeitoso.

Dentro da APS, o enfermeiro exerce uma função crucial, atuando não só na realização de procedimentos técnicos, mas também como um suporte emocional e fonte de informações para os pacientes (Costa; Souza, 2020). 

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a atenção à saúde é uma abordagem extremamente eficiente e resolutiva para enfrentar as principais causas de problemas de saúde e os riscos à qualidade de vida, além de permitir a gestão dos desafios futuros que podem comprometer a saúde e o bem-estar. Dessa forma, é importante reconhecer que o enfermeiro desempenha uma função essencial na humanização do atendimento ao paciente. É responsabilidade desse profissional oferecer cuidado direto, focando no bem-estar do indivíduo, reconhecendo-o como um ser humano, e não apenas como um paciente (Rôlo et al., 2019).

4.2 DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO NA APS

A implementação da humanização na Atenção Primária à Saúde (APS) enfrenta diversos desafios que envolvem questões estruturais, culturais e educacionais. Um dos principais obstáculos é a escassez de recursos, como a falta de equipamentos adequados, condições de trabalho deficientes e o número insuficiente de profissionais de saúde. Essa realidade muitas vezes dificulta a criação de um ambiente favorável à prática humanizada, que exige, entre outras coisas, tempo para escuta ativa e uma atenção personalizada. Além disso, a sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde na APS, com atendimentos em larga escala e muitas vezes em contextos de vulnerabilidade social, pode comprometer a qualidade do cuidado e dificultar a construção de uma relação de confiança com o paciente.

Outro desafio significativo está na formação dos profissionais. Embora a humanização seja um conceito cada vez mais presente nos cursos de graduação e nas políticas públicas, a prática da humanização exige uma mudança na cultura organizacional e na mentalidade dos profissionais de saúde, que muitas vezes ainda priorizam a abordagem técnica em detrimento da escuta e do acolhimento. Além disso, a resistência de parte dos profissionais em adotar práticas mais humanizadas, devido à falta de conhecimento, capacitação ou até mesmo crenças pessoais, pode dificultar a sua aplicação efetiva no dia a dia.

A própria organização dos serviços de saúde também pode representar uma barreira. A APS, em muitos lugares, ainda é caracterizada por um modelo de atendimento voltado para a resolução de problemas imediatos, o que dificulta a implementação de práticas mais integradas e centradas no paciente. A fragmentação dos serviços de saúde e a falta de integração entre as diversas áreas da saúde e assistência social tornam a abordagem integral do paciente mais difícil de ser alcançada, prejudicando a humanização no atendimento.

Ademais, o contexto socioeconômico e cultural das populações atendidas pela APS também impõe desafios. A desigualdade social, a pobreza, o acesso restrito à educação e à informação são fatores que dificultam a criação de vínculos de confiança e de um atendimento que respeite as especificidades de cada paciente. Pacientes em situações de vulnerabilidade podem ter dificuldades para entender os cuidados que lhes são oferecidos, o que exige dos profissionais não só habilidades técnicas, mas também uma capacidade de adaptação e de comunicação eficaz.

Por fim, a avaliação da humanização na APS é outro ponto desafiador. A medição de práticas humanizadas, que envolvem aspectos subjetivos como a relação de empatia e acolhimento, nem sempre pode ser quantificada de maneira objetiva, o que dificulta a mensuração do sucesso das políticas e práticas implementadas. A falta de ferramentas adequadas para monitorar e avaliar a qualidade do cuidado humanizado também impacta a melhoria contínua nesse processo. 

4.3 IMPACTOS DA HUMANIZAÇÃO NA QUALIDADE DO CUIDADO

A humanização no contexto da saúde tem impactos profundos e significativos tanto na qualidade do atendimento quanto na eficiência das instituições de saúde. A adoção de práticas humanizadas não só melhora a experiência dos pacientes, mas também resulta em benefícios diretos para as organizações de saúde. Entre os principais efeitos, destaca-se a melhoria nas relações entre pacientes e profissionais, o que leva a uma redução considerável nos custos operacionais. A relação estreita e respeitosa entre os profissionais e os pacientes resulta em menos readmissões hospitalares, além de diminuir complicações pós-operatórias, gerando um impacto positivo nos custos com tratamentos adicionais (Silva, 2023).

Ademais, um ambiente de cuidado humanizado contribui para a segurança e efetividade dos tratamentos, proporcionando um ciclo de recuperação mais rápido e eficiente. Pacientes que se sentem acolhidos e compreendidos tendem a responder melhor aos tratamentos, o que leva a uma redução no tempo de internação e na necessidade de intervenções emergenciais. Esse cenário favorece não apenas a recuperação dos pacientes, mas também impacta positivamente o bem-estar e a motivação dos profissionais de saúde, que trabalham em ambientes mais colaborativos e harmoniosos (De Melo, 2021). A humanização, portanto, se reflete em uma melhoria contínua tanto para os pacientes quanto para os profissionais envolvidos.

Outro fator crucial para a implementação da humanização é o fortalecimento de protocolos que incentivem a participação ativa dos pacientes e suas famílias no processo de cuidado. A liderança nas instituições de saúde deve promover uma cultura organizacional que valorize a humanização, garantindo que os profissionais de enfermagem recebam o suporte emocional necessário e tenham os recursos adequados para aplicar essas práticas (Santos, 2024).

Além disso, a humanização não pode ser reduzida à estrutura física e organizacional; ela também envolve uma componente ética que deve ser incorporada em todos os níveis de atendimento. Independentemente das condições sociais, econômicas ou culturais dos pacientes, o atendimento humanizado deve ser acessível a todos. O acolhimento, princípio essencial da humanização, é uma das práticas mais importantes, e sua implementação depende da escuta qualificada. Ouvir atentamente as necessidades dos pacientes, respeitando suas individualidades e proporcionando privacidade, cria uma relação de confiança crucial para o sucesso do tratamento (Galindo, 2019).

No contexto da Atenção Básica à Saúde (ABS), o acolhimento não se resume ao processo de triagem, mas envolve uma avaliação contínua, com a criação de um Plano Terapêutico Singular (PTS) que envolve a equipe multiprofissional e a rede de apoio do paciente (Franco, 2022). Dessa forma, o cuidado humanizado vai além da atuação individual e é uma responsabilidade coletiva, exigindo a participação ativa de todos os profissionais envolvidos no atendimento.

Os impactos da humanização são ainda mais evidentes quando consideramos as interações entre os profissionais de saúde e os pacientes. A qualidade dessas interações é fundamental para o sucesso do tratamento, sendo um fator determinante para a evolução clínica do paciente. A aplicação de ferramentas de comunicação eficazes e a escuta ativa ajudam a alinhar as metas de tratamento, promovendo um cuidado mais personalizado e direcionado (Costa, 2021).

A humanização na assistência à saúde não apenas melhora a qualidade do atendimento, mas também promove uma experiência de cuidado mais positiva para os pacientes e uma prática profissional mais gratificante e eficaz. Ela contribui para a criação de um ambiente mais seguro, colaborativo e eficaz, com resultados benéficos tanto no aspecto clínico quanto no organizacional.

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Este projeto de pesquisa é realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica, também conhecida como revisão de literatura, que busca explorar e analisar estudos acadêmicos, artigos científicos, livros e outras fontes relevantes sobre a humanização do cuidado na Atenção Primária à Saúde (APS) e o papel dos enfermeiros nesse contexto. A pesquisa bibliográfica permite compreender as práticas adotadas, os desafios enfrentados e os impactos dessa abordagem no atendimento aos pacientes.

A primeira fase envolve a definição do tema e dos objetivos, estabelecendo como foco a humanização do cuidado na APS e determinando objetivos específicos, como identificar benefícios, avaliar práticas de acolhimento, desenvolver estratégias para a participação ativa dos pacientes e implementar práticas humanizadas. Em seguida, ocorre a seleção das fontes, onde são escolhidos artigos científicos, livros, teses, dissertações e documentos oficiais a partir de bases de dados acadêmicas reconhecidas, como SciELO e Google Acadêmico.

Na terceira fase, realiza-se a leitura e análise das fontes, com atenção especial às práticas humanizadas adotadas, desafios enfrentados pelos profissionais de saúde, benefícios observados e impactos no atendimento e na recuperação dos pacientes. As informações relevantes são extraídas conforme os objetivos da pesquisa. Posteriormente, há a organização das informações, onde os dados coletados são sistematicamente categorizados por temas, como benefícios da humanização, práticas de acolhimento, participação dos pacientes e desafios enfrentados pela equipe multiprofissional.

A quinta fase consiste na análise e interpretação dos dados, utilizando a técnica de análise de conteúdo para identificar padrões, tendências e lacunas existentes na literatura, permitindo compreender como a humanização impacta a qualidade do atendimento e o bem-estar dos pacientes na APS. Em seguida, ocorre a discussão dos resultados, onde os achados são analisados à luz dos objetivos da pesquisa, refletindo sobre práticas adotadas e desafios como escassez de recursos, sobrecarga de trabalho e barreiras culturais.

Na penúltima fase, é realizada a conclusão e formulação de recomendações, destacando a importância da humanização na APS e enfatizando o papel central dos enfermeiros na promoção de cuidados mais empáticos e eficientes. São sugeridas recomendações para melhorar a humanização do cuidado, como a capacitação contínua dos profissionais, mudanças organizacionais e maior suporte às equipes de saúde. Finalmente, ocorre a redação e apresentação do trabalho, compilando todas as fases, resultados e análises em um relatório final que inclui introdução, metodologia, resultados, discussão, conclusão e referências bibliográficas, garantindo a clareza e coerência do estudo.

Essa abordagem bibliográfica permite uma compreensão aprofundada do tema, fornecendo uma base sólida para futuras pesquisas ou intervenções práticas no contexto da APS.

6. RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa indicam que a humanização do cuidado na Atenção Primária à Saúde (APS) exerce um impacto significativo na qualidade do atendimento, na recuperação dos pacientes e na eficiência operacional das instituições de saúde. A análise das fontes bibliográficas revelou que a implementação de práticas humanizadas melhora a relação entre profissionais de saúde e pacientes, promovendo um ambiente mais acolhedor, empático e respeitoso, o que contribui para o aumento da satisfação dos pacientes e a adesão aos tratamentos prescritos.

Os benefícios identificados incluem a redução dos custos operacionais devido à diminuição das readmissões hospitalares e à aceleração do processo de recuperação dos pacientes. A humanização também fortalece o vínculo entre pacientes e profissionais de saúde, o que favorece a comunicação, o entendimento das necessidades dos pacientes e a personalização do atendimento. Essas melhorias resultam em uma maior eficácia do tratamento e na otimização dos recursos disponíveis.

Em relação à avaliação das práticas de acolhimento e escuta qualificada, a pesquisa mostrou que essas práticas são fundamentais para a experiência do paciente, influenciando diretamente sua resposta ao tratamento e reduzindo o tempo de internação. Pacientes que se sentem ouvidos e acolhidos demonstram maior confiança nos profissionais de saúde, o que contribui para a adesão ao tratamento e para a melhoria dos desfechos clínicos.

Quanto às estratégias para promover a participação ativa dos pacientes e suas famílias, foi observado que essa participação está associada ao aumento da autonomia e empoderamento dos pacientes, resultando em uma maior responsabilidade sobre sua saúde. As práticas que incentivam o envolvimento familiar, como a inclusão dos familiares nas decisões terapêuticas, mostraram-se eficazes para melhorar a qualidade do cuidado e a satisfação dos pacientes.

A implementação de práticas humanizadas pela equipe multiprofissional, incluindo a criação de planos terapêuticos singulares (PTS), foi identificada como uma estratégia eficaz para garantir que o cuidado seja centrado no paciente, considerando suas necessidades, expectativas e contexto social. A atuação colaborativa da equipe multiprofissional fortalece o vínculo entre o paciente e os profissionais, contribuindo para melhores resultados clínicos e maior eficiência no atendimento.

Os resultados demonstram que a humanização do cuidado na APS não apenas melhora a experiência dos pacientes e a eficácia do tratamento, mas também contribui para a motivação e o bem-estar dos profissionais de saúde. A adoção dessas práticas beneficia tanto os pacientes quanto os profissionais e otimiza o funcionamento das instituições de saúde, evidenciando a importância de investir na humanização como uma estratégia essencial para a qualidade do atendimento.

7. DISCUSSÃO

Os resultados desta pesquisa demonstram que a humanização do cuidado na Atenção Primária à Saúde (APS) contribui significativamente para a qualidade do atendimento, melhorando a relação entre profissionais de saúde e pacientes, além de otimizar a eficiência dos serviços. Esses achados corroboram com Barbosa et al. (2024), que destacam que a humanização promove um ambiente mais acolhedor e empático, resultando em maior satisfação dos pacientes e adesão aos tratamentos. Isso é particularmente relevante na APS, onde a continuidade do cuidado e a construção de vínculos são essenciais para o acompanhamento preventivo e a promoção da saúde.

A redução dos custos operacionais, observada como um benefício significativo, está em concordância com Almeida (2007), que aponta que a humanização pode diminuir a sobrecarga dos serviços hospitalares, reduzindo a necessidade de readmissões e otimizando o uso dos recursos disponíveis. Essa otimização é crucial para o Sistema Único de Saúde (SUS), onde a gestão eficiente é um desafio constante devido à limitação de recursos.

A importância do acolhimento e da escuta qualificada, identificada como fator que melhora a recuperação dos pacientes e reduz o tempo de internação, confirma as conclusões de Teixeira (2005), que argumenta que a comunicação empática e o acolhimento adequado são determinantes para a adesão dos pacientes ao tratamento e para melhores desfechos clínicos. Isso destaca a necessidade de capacitação contínua dos profissionais, conforme sugerido por Barbosa et al. (2024), para que possam aplicar essas práticas de forma consistente.

Quanto à participação ativa dos pacientes e suas famílias, os resultados demonstram que essa prática melhora a autonomia e empoderamento dos pacientes, como observado por Xavier, Tenório e Santos (2024). A inclusão dos familiares nas decisões terapêuticas contribui para uma experiência mais satisfatória e personalizada do cuidado, alinhando-se com a Política Nacional de Humanização (BRASIL, 2006), que incentiva a participação ativa dos pacientes como estratégia para melhorar a qualidade do atendimento.

A implementação das práticas humanizadas pela equipe multiprofissional, incluindo a criação de planos terapêuticos singulares (PTS), foi identificada como uma estratégia eficaz. Essa prática fortalece a abordagem centrada no paciente, conforme destacado por Barbosa et al. (2024), que enfatiza a importância do trabalho colaborativo para a personalização do cuidado e para o fortalecimento do vínculo entre paciente e profissionais.

No entanto, a pesquisa identificou desafios significativos, como a escassez de recursos, sobrecarga de trabalho e resistência à mudança. Esses desafios são consistentes com as barreiras descritas por Xavier, Tenório e Santos (2024), que sugerem que a resistência cultural e organizacional pode ser superada por meio de estratégias educacionais e mudanças institucionais. Almeida (2007) também destaca a importância da capacitação dos profissionais como forma de minimizar a resistência à adoção das práticas humanizadas, garantindo que os profissionais reconheçam os benefícios dessas práticas tanto para os pacientes quanto para sua própria satisfação no trabalho.

A sobrecarga de trabalho, mencionada como uma barreira crítica, exige uma reorganização dos processos administrativos e uma revisão das políticas organizacionais para permitir que os profissionais dediquem mais tempo à prática humanizada (BRASIL, 2006). Isso pode incluir a contratação de mais profissionais e a adoção de tecnologias que reduzam a carga administrativa.

Em relação à resistência à mudança, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006) recomenda campanhas educacionais para sensibilizar tanto profissionais quanto pacientes sobre os benefícios da humanização, o que pode facilitar a aceitação dessas práticas. A promoção de uma cultura organizacional que valorize a humanização como parte integral do cuidado pode ajudar a superar essa barreira.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A humanização na Atenção Primária à Saúde (APS) se configura como um elemento essencial para a construção de um sistema de saúde mais eficiente, resolutivo e acessível. A prática humanizada não se limita ao atendimento técnico, mas abrange uma abordagem integral, respeitosa e centrada no paciente, que considera suas necessidades físicas, emocionais e psicológicas. Nesse contexto, o enfermeiro desempenha um papel central, sendo não apenas responsável pela execução de procedimentos técnicos, mas também atuando como elo entre o paciente e a equipe de saúde, promovendo uma comunicação clara, um acolhimento efetivo e um cuidado integral.

A implementação das práticas humanizadas, conforme discutido, contribui diretamente para a redução de custos operacionais, diminuição das taxas de readmissão hospitalar e complicações pós-operatórias, além de promover uma recuperação mais rápida e eficaz dos pacientes. A escuta qualificada e o acolhimento, princípios fundamentais da humanização, são imprescindíveis para a construção de uma relação de confiança, favorecendo um ambiente mais seguro e colaborativo, tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde. A atuação do enfermeiro, que vai além da técnica e se estende ao apoio emocional, educacional e ético, tem um impacto positivo tanto na saúde dos indivíduos quanto na dinâmica do cuidado.

A criação de protocolos que incentivem a participação ativa dos pacientes e de suas famílias também se revela essencial para o sucesso da humanização na APS, promovendo o empoderamento e a autonomia do paciente. A prática de envolver a família e a comunidade no processo de cuidado fortalece o vínculo entre os usuários e os profissionais de saúde, criando um modelo mais eficaz e sustentável de cuidado.

No entanto, apesar dos avanços e benefícios observados, a implementação da humanização enfrenta desafios, como as limitações estruturais, a escassez de recursos e a resistência à mudança por parte de alguns profissionais e gestores. Superar esses obstáculos exige o fortalecimento de uma cultura organizacional voltada para a valorização do cuidado humanizado, a capacitação contínua dos profissionais de saúde, e o apoio contínuo à equipe de enfermagem, que, em muitos casos, está na linha de frente desse processo.

Os enfermeiros, em particular, têm um papel fundamental nesse processo de humanização. Como profissionais que convivem diretamente com os pacientes, eles são os responsáveis por garantir que a abordagem humanizada seja efetivamente implementada no cotidiano da APS. Sua capacidade de estabelecer uma comunicação empática, de oferecer suporte emocional e de educar os pacientes sobre seus cuidados e tratamentos faz toda a diferença para que o atendimento seja eficaz e centrado no paciente. Além disso, a equipe de enfermagem, ao trabalhar de forma colaborativa com outros profissionais de saúde, contribui para a criação de planos terapêuticos singulares, que atendem de maneira mais personalizada e resolutiva as necessidades de cada paciente.

Portanto, a humanização da Atenção Primária à Saúde não é apenas uma filosofia de atendimento, mas um modelo de cuidado que visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e otimizar os resultados dos serviços de saúde. A atuação dos enfermeiros nesse processo é decisiva para transformar o atendimento em um espaço mais acolhedor, respeitoso e eficiente, garantindo que o paciente seja tratado como um ser humano integral e não apenas como um caso clínico.

9. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Débora Vieira de. O ensino da humanização nos currículos de graduação em enfermagem. 2009. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Escola de Enfermagem. Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 2007. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-20062007-103233/?gathStatIcon=true. Acesso em: 09 fev. 2025.

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XAVIER, Hatlla Layla Pimentel; DE ARAÚJO TENÓRIO, Hulda Alves; DOS SANTOS, Ewerton Amorim. Os desafios do enfermeiro na humanização da atenção básica à saúde: uma revisão da literatura. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 7, n. 14, p. e141194-e141194, 2024.


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